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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

PODER E VERDADE: SIGNIFICADO E ANÁLISE PRIMÁRIA

PODER E VERDADE: SIGNIFICADO E ANÁLISE

O poder é uma relação significativa e também analisável entre pessoas. Envolve assimetrias e também paralelismos e sua forma de exercício ou de constituição já não depende mais de uma hierarquia pré construída ou dada. O poder pode ser constituído e é constituído em diversas esferas de atuação nas relações humanas. Aqui nosso desafio ao pensamento é procurar compreender essas diferenças e suas conexões na realidade. Porque é na realidade que o poder se conecta com a verdade e nela que ele eventualmente aumenta sua força, seja por simulação, seja por valorização.

Enquanto a verdade parece ser mais extensa, seu conceito abrange mais relações e mais objetos, pois é uma relação significativa entre pessoas e fatos – aqui a coleção de fatos abrange muito mais do que as relações de poder - e que, por isso, possui a característica de ser mais transitiva socialmente e reger uma quantidade ou universo de objetos bem maior no tempo e no espaço por conta do significado presente e de certa forma hereditária e temporal do que é verdade com o tempo. O poder sofre uma restrição no âmbito da verdade e isso lhe parece ser congênito e permanente, pois sempre escapa da verdade trabalhando nos domínios do possível, do interpretável e daquilo que é crível ou incrível.

Nesse sentido, assim me parece e reconheço que talvez possa estar errado aqui, mas avanço nessa análise, o poder parece avançar pelo caminho das aparencias e ficar mais amplificado no domínio das crenças e percepções, enquanto a verdade acaba sendo se objetificando ou procurando se objetificar no conhecimento mais preciso, metódico e justificado dos seus objetos. São dois conjuntos amplos que se conectam quando há relação entre Poder e Verdade pela via do pensamento.

Parece haver, então, uma espécie de genética a ser descoberta para ambos. E essa genética ou genealogia para quem gosta mais dessa expressão nos leva para a dimensão temporal onde a universalidade ganha suas planícies e exibe os relevos de uma paisagem aparentemente acidentada e errônea, mas que pode ser determinada em suas coordenadas e medidas. O tempo aqui parece ser uma espécie de depósito ou arquivo vivo da verdade. Já o poder precisa ser sustentado ou repetido – ele necessita de sua reafirmação através de registos ou informes – ele é atualizado no tempo numa dimensão bem mais revisável do que a verdade. O poder parece ser mais exposto à opinião. Isso me faz considerar que tem certas consequências outras quando vamos relacionar e conectar poder e verdade.

A análise desse processo me leva rapidamente para uma certa conclusão: O poder precisa mais da verdade do que esta dele. Pois o poder pode sofrer maior dissolução e perda de significado com mais facilidade. Sendo assim devo considerar que poder e verdade se encontram em relações assimétricas de níveis e em níveis diferentes de consideração, pois as instancias de revisão do poder são mais suscetíveis e menos resistentes que as instâncias de revisão da verdade. Quando falo em instâncias aqui, estou a tratar principalmente dos momentos de legitimação, reconhecimento e da possibilidade de reprodução ou sustentação do significado do poder e da verdade. Por isso, ao poder que depende mais da verdade do que o inverso é tão forte a impressão de que não lhe vale apenas a verdade simplesmente.

Tudo se passa como se a verdade tivesse uma maior relação ou uma relação mais privilegiada com o tempo. Poderia chamar isso de duração, mas creio que legitimação é aqui seu resultado mais conveniente porque refere ao processo que sustenta e ao modo como se sustenta o significado tanto de poder quanto da verdade. Logo, a legitimação do poder pela verdade parece ser essencial a ele. Legitimar aqui funciona como atualização do significado e presentificação do poder. O significado, na acepção que uso aqui, não permanece ou sobrevive se não for reforçado, repetido ou atualizado no jogo social de linguagem. E o significado do poder tem, então, sua sobrevivência mantida ou não, derrisória ou dissolvida, fortalecida e ou reconstituída e instituída pelo jogo de linguagem e suas dominâncias sociais.


Aqui entra uma espécie de jogo de reconhecimento, aceitação ou assentimento – para usar os três conceitos que me parecem clássicos nesse caso – em que tanto o poder quanto a verdade passam por processos eletivos diversos, porém combinados na análise que aqui realizamos.          

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