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sábado, 24 de junho de 2017

O PESO DO PASSADO

Eu entendo em parte o que acontece com muitas pessoas em relação ao seu próprio passado.

O passado cumpre uma espécie de papel de peso na sua forma de ver as coisas no presente e construir perspectivas de futuro.

Muita coisa as prende às perdas ou ganhos do passado.

Mas o passado não pode e não deve ser o guia para deliberar o tempo todo sobre o futuro.

Também as nossas experiências e as nossas crenças sobre elas precisam ser postas em questão.

Não existe e nem precisa haver interpretação definitiva ou questão fechada sobre o nosso próprio passado.

Ou seja, você não é obrigado a ficar preso a interpretação que você tinha de suas experiências.

Pode mudar isso e parece mesmo que fazer isso facilita na sua libertação desse peso.

Somos mais justos com nossas experiências quando fazemos isso.

Tanto o nosso peso quanto as culpas e também o papel dos outros em relação ao teu passado podem mudar.

Se você não mudar isso pode passar o resto da vida ruminando com os mesmos elementos e o mesmo sofrimento ou as mesmas ilusões do seu passado.

Salvo se você deixar que isso aconteça.

Nossa avaliação do passado incide sobre nossas decisões atuais.

Comparamos experiências e projetamos a sombra e a luz delas sobre as nossas perspectivas atuais.

E quando as justificativas para a decisão sobre o presente e o futuro, são inferiores a ela, então é só uma questão de decisão mesmo.

Creio que as razões do passado e da experiência pregressa devem sempre ser levadas em conta, mas são na maior parte dos casos inferiores às questões e aos elementos postos no presente.

Olho para isso como se houvessem camadas diferentes de razões.

As razões do passado são apenas a base, mas não a base definitiva dos nossos raciocínios.

Precisamos atualizar elas com os elementos do presente.

Pressupor que algo pode estar oculto também pela sombra do passado e que as expectativas do futuro também podem encobrir isso.

Então, eu discordo mesmo deste recurso generoso da gente em buscar as razões principais onde elas não se encontram mais.

Será isso um impulso neurótico ou paranóico?

Será isso o reflexo de um impulso a se auto boicotar?

Será isso uma espécie de negação inconsciente de si mesmo e talvez do outro?

São perguntas possíveis para se pensar nesse peso do passado.

Não sei, mas desconfio que é algo que acaba sempre limitando os cursos de ação e as possibilidades do presente e do futuro.

Se as razões do passado fossem definitivas, não haveriam variações nos cursos de ação frente às circunstâncias semelhantes.

Veja que não é um tema conceitual, de mérito ou de princípio, a decisão de não fazer ou fazer é só uma decisão.


E ela começa justamente quando as condições para fazer não são criadas ou quando são e você percebe que é possível se diferenciar do passado adverso ou diverso do presente e do futuro aberto em perspectiva.

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