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terça-feira, 26 de abril de 2016

NÃO TEM MOLEZA, É LUTA COM CERTEZA


Nunca pensamos que nossa jornada neste mundo ia ser fácil. Querer mudar este país, ousar fazer isto é uma grande ousadia mesmo. Além disto, antes de chegar ao poder – ou a certa parcela dele – conseguir construir uma grande aliança política e social e depois fundar um partido com trabalhadores, movimentos sociais, intelectuais, artistas, velhos militantes de Esquerda, perseguidos na ditadura, líderes religiosos ecumênicos. Teólogos da libertação, estudantes, jovens, aposentados, indígenas, ambientalistas, sindicalistas, sem terra, sem moradia, desempregados e com milhões de brasileiros de todas as classes sociais, não foi nada fácil não. Ao mesmo tempo, construir com todos estes um programa generoso e transformador e vencer as eleições em 2002, após 22 anos de fundação deste partido, após muitas derrotas eleitorais e, então, governar para executar todos os programas e projetos sociais de que somos portadores históricos, o que inclui, acabar com a fome, sem deixar de fazer obras de infraestrutura, democratizar o acesso à universidade, ao ensino técnico, incluir milhões de excluídos, combater e resolver a seca no nordeste, acabar com o apagão de energia, descobrir e explorar o Pré-sal, fazer do Brasil a quinta economia do mundo, atrair a cobiça, o ódio, a raiva e a inveja dos poderosos, dos exploradores, da elite que tem suas raízes no colonialismo, no sistema de servidão ou de escravidão, sofrer as cabalas de traição, vendettas e conspirações de toda ordem, e conseguir seguir e fazer tudo isto com a composição política deste congresso e com o tipo de sistema político do Brasil nunca ia ser fácil e não foi. Sofremos todo tipo de ataque possível, mas não vamos esmorecer, não vamos recuar e vamos resistir sim, vamos avançar no debate com a sociedade civil e defender a reforma política. Se enganou e se engana quem achou que nos derrotou já. Um projeto político como este, não acaba porque perde o poder ou tem seu poder ameaçado, ele só acaba quando as pessoas desistem da sua síntese, quando as pessoas deixam de se sentir integradas nele, e, apesar de todas as crises, decepções, erros e imperfeições este projeto persiste. Nós não desistimos dele. Então, não tem e não vai ter moleza alguma para nossos adversários. Vamos continuar lutando pela legalidade e pela democracia e fazendo o bom debate com a sociedade. Muitos, sabemos claramente disto, devem estar se dando conta do golpe ainda. Percebo todos os dias a opinião pública mudando. E ela não muda para favorável ao golpe não. E não encontro mais ninguém defendendo o IMPEACHMENT nas ruas desde o da 17. Aqueles que zoavam ou debochavam do PT andam bem envergonhados e em silêncio. Alguns praticamente fogem da gente de vergonha do espetáculo dos deputados e agora mais ainda ao saberem que passamos muita vergonha no exterior com o golpe, a agenda golpista e está junção de corruptos, fascistas, revanchistas que o golpismo tem conseguido juntar no mesmo saco e babam pelo poder, pela impunidade e por acabar com programas sociais, direitos trabalhistas e que querem entregar as riquezas nacionais aos interesses privados que os financiam e aos quais sempre estiveram associados. Mas nós vamos lutar sim, até que se faça justiça, até que a democracia e o povo brasileiro estejam à salvo destes predadores inescrupulosos.

‪#‎LutarPelaDemocraciaBrasileira

domingo, 24 de abril de 2016

NÃO VAI TER REPLAY DA VOTAÇÃO DO DIA 17?

Daqui a alguns anos todos nós olharemos para as imagens dos 511 deputados federais que votaram na Câmara dos Deputados com um sentimento de renovada surpresa, péssima lembrança, triste memória, mas talvez para alguns de nós com uma pitada de orgulho. 
Pois, com certeza não eram todo iguais mesmo.

Os 367 deputados e deputadas que votaram sim, que venceram na vida por força de suas famílias - não dos eleitores - de suas esposas - e que não tem amantes é claro - que venceram na vida por conta da generosidade e boa fé dos eleitores e que prestaram reverências à divindade e não às leis, à constituição deste país, aqueles que bradaram contra a corrupção apesar de vermos seus nomes registrados em muitas listas, apesar de lermos notícias de processos, prisões, sentenças do TSE e outros tribunais contra suas condutas, aqueles que todos nós sabemos que não se elegeriam para nada caso não tivessem atrás de si fortunas para suas campanhas, bases eleitorais herdadas e passadas de pai para filho, de marido para mulher, de avô, bisavô e tataravô para netos bisnetos e tataraneto, aqueles que tem mandatos e reeleições sucessivas a mais de dez, vinte ou trinta anos, aqueles que zelam tanto por fidelidade partidária e questões programáticas que andam criando partidos e legendas novas para facilitar suas negociações de cargos e seus lugares na mesa de negociação de arranjos eleitorais, aqueles que se mantém com influência nos poderes de estado, serviço público e também instituições mesmo quando os governantes eleitos lhes são adversários o que explica suas imunidades e imunidades de tal modo que quando se apuram escândalos de corrupção eles figuram nas listas de beneficiários, aqueles que são notórios e recorrentes em esquemas de desvio e tráfico de influência nos assuntos públicos - mas que a ficha limpa não pega - fala liderança! - e aqueles que bradam moralidade e preocupações com o povo brasileiro mas que votam sem nenhuma dificuldade favoravelmente em projetos contra os direitos dos trabalhadores, garantias de proteção social e que estão loucos para botar em pauta ataques aos de baixo através da agenda golpista e sua tripa de PLs, PECs e PLCs, sim estes mesmos que votam contra o povo onde estiverem que aumentam impostos e derrubaram a CPMF para satisfazer aqueles que movimentam milhões, sim os mesmos que querem acabar com as rubricas orçamentárias, com as verbas vinculadas e começar um desmanche do estado brasileiro com demissões PDV s e terceirizações, privatizações e o repasse a um preço camarada das riquezas nacionais como o Pré-Sal - como já fizeram com os minérios e outros - para empresas privadas ou multinacionais que por um acaso financiam direta ou indiretamente suas campanhas, convescote, encontros, viagens, jatinhos, cruzeiros e também suas organizações golpistas e diversos movimentos.

Poderia haver um replay daquela votação, também, para vermos de novo as sete abstenções que são representativas do tamanho da vacilação e da insegurança da causa cujos votos marcarão na lembrança não uma indiferença, mas certa disposição a não assumir sua parte na conta final e nas conseqüências finais daquela votação.

Mas, e esta é só minha modesta opinião de quem é militante continua e persistentemente desde o final dos anos 70, de quem caminhou seja por alta expectativa ou alto envolvimento em todas as jornadas de uma forma ou outra desde 1978 aproximadamente que, também,  seria bom o replay hoje a tarde ou pelo resto do indecente processo de Impeachment da Presidenta Dilma Rousseff para vermos quem são os 137 deputados federais que com toda altivez, determinação e argumentos votaram pelo não. Sim, aqueles que seguiram seus partidos com posição muito clara contra o golpe, mas também os demais que contrariaram por consciência e com conhecimento, as cabalas conspiratórias em que poderiam em que poderiam estar envolvidos e beneficiários e que acabaram formando a bancada de resistência ao golpe e à condenação da nossa democracia ao casuísmo e a redução do nosso país à uma república de bananas.

Todos eles que, ao meu juízo, acabaram votando pelo bem comum, pela justiça e de forma justificada e argumentada serão lembrados  pelo reconhecimento da legitimidade dos 54 milhões de votos, pelo reconhecimento da probidade da presidência e, também, pelo respeito à  legalidade e soberania do voto popular, não aceitando uma eleição indireta para presidente e não assentindo desavergonhadamente à uma traição e uma impostura de quem jurou a Constituição, como a que está sendo promovida pelo vice presidente, pelo seu partido e seus aliados no achaque e butim ao estado brasileiro.


Os 137 não aceitaram nem as ofertas e nem o método proposto do vale tudo pelo poder. E, então, como seria bom um replay daquela votação de tal modo que o povo brasileiro pudesse ver de novo quem são seus representantes, conferir no espelho se é isso mesmo e quem sabe pensar melhor se o recall que precisamos de fato não é também deste congresso, dos seus partidos e de seus representantes. Um replay para vermos o fundo do poço e quem sabe conseguimos erguer no nosso país uma disposição no seu povo de se realizar um reforma política que venha a sepultar todos os elementos negativos, vergonhosos e rebaixados deste acontecimento. 

E um replay seria bom sucessivamente até que se salvasse a democracia das garras destes sujeitos e sujeitas e se desse então maturidade à nossa democracia, com mais democracia e mais exemplaridade para nós e para o mundo.

domingo, 17 de abril de 2016

AS COISAS NÃO PODEM MUDAR E EU NÃO POSSO PASSAR, MAS ELAS MUDAM E NÓS VAMOS PASSAR SIM

Ontem dei dois nocautes argumentativos em duas pessoas que bradaram à minha volta argumentos fascistas e reacionários contra qualquer forma de manifestação ou movimento político e senti que o que mais calou fundo para eles foi apontar que de fato toda a violência que eles pregam contra as violências que eles denunciam também ira mais cedo ou mais tarde recair para eles.

Lembrei que o tempo passa, muitos envelhecemos e seremos substituídos ou sucedidos por outros e que a vida acaba um dia e que de fato a morte ou o fim é que nos chega absolutamente igual para todos e que a questão importante é o que vamos fazer até lá. Olhei para eles e vi pessoas estáticas, sem mobilidade alguma, com uma rotina entediante e muitas queixas em relação a perturbação ou algaravia que causam os que lutam e que fazem movimentos sociais e vi, então, como de fato eles se encontram passivos, resmungando e assistindo a história passar sobre seus olhos. E entendi porque eles reclamam. Porque a mobilidade dos outros, a luta pela vida dos outros e a movimentação e agitação dos outros prova o quanto eles estão parados, o quanto eles não tem mais nenhuma serventia e não fazem mais nenhuma diferença qualitativa neste mundo. E eles adoram defender seus patrimônios imobilizados, seus neurônios estabilizados e seus axônios calcificados.

Pela primeira vez na minha vida olhei nos olhos deles e não senti raiva alguma, nem qualquer tipo de mágoa ou rancor, nada de pensar em lhes refutar mais um pouco, mas senti tão somente PENA, muita pena deles, por suas vidas desperdiçadas e cujo sentido sequer floreia alguma paixão, alguma grande reflexão e algum grande propósito e me dei por conta também o que o dinheiro e certo simulacro de poder faz com estas pessoas. Elas não somente são contrárias a qualquer mudança estrutural em nossa sociedade, mas elas simplesmente não querem viver esta vida neste tempo, não querem saber, não querem ouvir e não querem pensar um pouco mais sobre as perspectivas dos outros.

Poderiam, como pelo menos um destes o fez flagramentemente, sorrir um pouco ao flagrar a contradição entre a vitalidade de quem luta e daqueles que sentados no café, no bar ou sofá olham, resmungam e latem ao ver a caravana da história passar, e, ao fazer assim, se libertar desta vida aprisionada.

E, então, me lembrei o quão tristes devem ser aqueles que se aprisionam nas certezas da velhice, na nostalgia do que já foi e vão se extinguindo a nossa frente, reduzindo suas funções vitais e mentais enquanto a vida transborda a sua volta.

Um tempo atrás disseste quase a mesma coisa, Marcia Tiburi, com precisão: "O fascista não sente angústia. E isso porque a morte não é, para ele, uma alternativa. Ele não lembra que vai morrer. Ele não morre simbolicamente como acontece às pessoas em geral algumas vezes na vida. Ora, o fascista não morre porque não pode morrer. Não morre justamente porque, como o confirma sua rigidez, ele já está morto."


Jogar ou lançar um fascista contra sua própria finitude parece ser a melhor refutação.

domingo, 10 de abril de 2016

SOBRE O ENSINO DE FILOSOFIA ATRAVÉS DA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

Eu creio que esta discussão envolve diversos vieses. Desde a segurança filosófica do professor ou professora de ensino básico, devido a sua formação ou características pessoais de personalidade, até mesmo ao tipo de formação e ao domínio de certas teorias e autores desconhecidos, e até mesmo ter uma situação de exercício mais controlada no que toca aos objetivos da disciplina. Eu mesmo confesso que me asseguro muito e fico muito mais tranqüilo usando como fio condutor a história da filosofia. E também aposto numa certa fixação de conteúdos como base para vôos mais altos tipo para além do texto ou em conexão com a realidade e as vivências atuais dos alunos. Creio que deveria ser feito um bom debate sobre isto. E me chama muita atenção que aqueles que debatem no viés temático tenham tido uma ótima formação e são portadores de muita segurança em suas abordagens. Creio que a insegurança teórica e a suspeita deveriam ser mais aceitas como argumento para se respeitar um fio condutor mais estável e garantir que se evite um surto de ensaísmos que podem cair em exercícios retóricos, em subjetividades criativas e que, no entanto, pode apenas reproduzir a imagem ou o espelhar a imagem e a projeção de um pensador incipiente. É só uma ponderação e não tenho tanta segurança em saber se o problema é de fato este mesmo e não uma melhor formação e acompanhamento da iniciação á docência para fomentar em reciprocidade mais virtudes intelectuais do que proezas.



COTRA O MASSACRE DOS SEM TERRA PELA POLÍCIA E A ARAUPEL

POR QUEM AS BANDEIRAS TREMULAM?

POR QUEM AS VOZES ECOAM?

Nesta semana um velho amigo me perguntou o que explicava a minha entrega e de muitos outros como eu e toda a nossa surpreendente dedicação na defesa de um governo, um partido, um projeto e de determinadas pessoas. Foi numa manhã em que estávamos ali juntos enterrando o corpo de um grande talento musical de nossa geração - Paulo Pink - e ele não me perguntava isso como um deboche, para me ofender ou para me provocar, era uma pergunta singela e carinhosa - Como é que vocês conseguem? - Fazia isto por estar realmente surpreso - e eu também me surpreendo com isto - que todos os seus amigos engajados na política de esquerda no Brasil e em certos partidos estavam em estado de alta tensão. Ele me olhou nos olhos e disse que me via exausto e cansado e que tentava me entender. Apresentou um conjunto de perguntas bem razoáveis e plausíveis que ele no seu recôndito lar e vida quase reclusa de um aposentado que se dedica a conseguir viver com tranquilidade sua vida não precisa saber. Eu, com muita calma, passei a arrolar um conjunto de políticas e propostas políticas a serem executadas e, após passar pela indicação de que no fundo lutava por minhas filhas, meus netos que não conheço ainda, meus alunos e as noivas gerações sempre desde muito tempo e muitas vezes sem ver a cor da conquista - os exemplos são tristes, a democracia foi conquistada para mim somente em 1989, quando eu já tinha 24 anos e militava a mais de dez, nosso amigo Paulo Pink estava nos últimos tempos dedicado a passar no vestibular de Música da UFRGS, o que não pode fazer durante todos os anos 70, 80, 90 e 00. Havia feito um curso na IFRS e sonhava fazer isto, não deu tempo. E então eu apontei para ele a luta dos sem terra, falei do Master do Francisco Julião que antes do golpe da ditadura em 1964 lutava pela reforma agrária e lembrei da fundação do MST na Fazenda Anonni, o Argemi testemunhou o diálogo e assentia com a cabeça, pois então meu amigo me perguntou se isso era uma luta mesmo, daí passei a citar as vitimas do Massacre de Eldorado dos Carajas, que ocorreu a 20 anos e cujos mandantes e assassinos continuam de certa forma impunes e que a reforma agrária ainda não foi feita. Não lembrei na hora da Freira Doroty Stang assassinada covardemente porque acompanhava e ajudava na organização de sem terras, não lembrei de muitos outros que continuam sendo assassinados o que inclui a prefeita Dorcelina Folador de uma cidade chamada de Mundo Novo no Mato Grosso do Sul por sua ligação com os sem terra. Bem, ao final do diálogo eu dizia mais ou menos assim, a gente não desiste de lutar por mais justiça, mais direitos, mais mudanças e uma sociedade melhor, alguns não acreditam, mas é também a luta pela democracia que é a condição fundamental para podermos disputar o poder e implementar estes programas. Após o final do enterro, após ficarmos ali vendo nosso ente querido e lamentarmos junto de outros familiares e amigos, ele veio me dar um abraço e dizer apenas: não desista, eu nem sei fazer este tipo de coisa que vocês fazem, mas eu sei que nós precisamos alguém que faça para este país ser melhor.

Em memória de todos que lutam...
Em memória de todos que amam...
Em memória de todos que sonham...
Em memória de todos que abraçam..
Em memória de todos que cantam...
Em memória de todos que caem...
À todos que levantam...
À todos que andam...
Aos que marcham...
Aos que gritam:

‪#‎NãoVaiTerGolpe
‪#‎ChegaDeGolpes


o Movimento Sem Terra sofre em seu grande corpo humano, mas o povo vai continuar lutando por terra, justiça e democracia!

sábado, 9 de abril de 2016

MUDANÇAS FILOSÓFICAS


Pensando em Putnam e outros e comigo mesmo sobre mudanças filosóficas radicais e me defrontando com o valor inestimável e moral da ousadia filosófica ou teórica.

Só se sabe realmente o quanto um filósofo é realmente bom quando este é capaz de contradizer, contestar e corrigir com todo rigor possível e algumas vezes maior ainda sobre suas próprias idéias, concepções ou posições. O idílio da coerência, o elogio da caminhada continua e cumulativa de posições afins, os acordos eternos consigo mesmo e a tal trajetória linear são possibilidades importantes de percurso, mas talvez não sejam indício de reflexão profunda e radical, debates francos e abertos com outros e virtudes intelectuais como a honestidade e generosidade devem estar sendo substituídas aí por um desejo de conforto e pouca disposição para pensar mais, pensar além e não se fechar em uma cidadela de crenças, dogmas, medalhas e troféus que amanhã, mais cedo ou mais tarde, serão suplantados.


Mudanças filosóficas de próprio punho dão dignidade ao pensamento, mudanças filosóficas por acolhimento ou por saber reconhecer boas objeções dão grandeza a personagem. E é bem bom que Putnam tenha deixado está grande lição que é também libertadora e emancipadora de um pensamento autônomo inclusive contra si mesmo, ainda que em um outro tempo, em um outro aspecto ou por um outro motivo.

POUCAS POSTAGENS

Muito ocupado com sindicato, escola, comitê municipal em defesa da democracia e a vida.