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segunda-feira, 18 de julho de 2016

MONTAIGNE POR SWEIG

"Há alguns raros escritores que se abrem para qualquer pessoa de qualquer idade e em qualquer momento de vida - Homero, Shakespeare, Goethe, Balzac, Tolstói. E há outros que somente em um determinado momento se revelam em todo o seu significado. Montaigne é um deles. Não se pode ser muito jovem, virgem de experiências e decepções, para reconhecer adequadamente seus méritos, e o seu pensamento livre e imperturbável será de especial valia para uma geração que, como a nossa, foi lançada pelo destino em um alvoroço turbilhonante do mundo. Somente quem precisa viver na própria alma abalada uma época que, com a guerra, violência e ideologias tirânicas, ameaça a vida do indivíduo é, dentro de sua vida, a substância mais valiosa, a liberdade individual , pode saber quanta coragem, quanta retidão e determinação são necessárias para continuar fiel ao eu mais profundo nesses tempos de manadas ensandecidos. Só ele pode saber que nada no mundo é mais difícil é problemático do que conservar imaculada a própria independência espiritual e moral em meio à uma catástrofe de massa. É preciso haver duvidado e desesperado até da razão, da dignidade do homem, para poder tecer loas a quem se mantém exemplarmente ereto em meio ao caos do mundo."

Stefan Zweig, Montaigne e a liberdade espiritual. Tradução Kristina Michahelles. In: O Mundo Insone e outros ensaios. Rio de Janeiro: Zahar, 2013, p. 16. (Lembra muito o "somente quem apesar de tudo" de Max Weber em Política como vocação.)


Para a crítica da Desorganização do Mundo.

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