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sábado, 9 de julho de 2016

ESTRANHAS E PROFUNDAS CONTRARIEDADES DE WITTGENSTEIN E SEUS AMIGOS

Quando eu li pela primeira vez sobre aquelas brigas estúpidas com Moore e Russell que permeiam a elaboração dos Notebooks e On Logic – isto é, de 1911 a 1914, já saquei que o bicho era tinhoso. Mas convenhamos que todos nós temos amigos assim, muitos que se enchem de manias para chegar em lugar algum e apenas diminuir ou até encobrir o valor do que conseguem pensar e elaborar.

Mesmo assim continuei lendo ele e tenho mais prazer ao ler ele hoje do que tinha na época da graduação – de 1989 a 1993. Um aluno em sala de aula sobre filosofia analítica, Bertrand Russell e Ludwig Wittgenstein, quando perguntado porque Russell criticava a segunda filosofia de Wittgenstein  comentou ontem (Daniel Freitas) com precisão. Ora, sobre a segunda filosofia de Wittgentein, no vácuo de Russell e provocado pela questão do livro didático, que na real Wittgentein abandonou os "verdadeiros problemas da filosofia" porque não conseguia resolver eles e criou problemas novos que acreditava poder resolver.

E eu ri comigo pensando que talvez ele tenha criado bem problemas piores do que os já existentes e que suas elucidações aumentavam o grau dos problemas seja por simplificação seja por excesso em direções antes não divisadas e que, enfim, pelo menos agora tínhamos problemas maiores para continuar filosofando.

Na vida, algumas pessoas não tem casa, outras tem, algumas constroem casas, outras reformam casas e outras destroem casas para construírem casas novas. Se todo destruidor da filosofia tivesse que destruir a si mesmo, como parece evidente com alguns, então parece que teríamos uma ideia do que Wittgentein fazia consigo mesmo sistemática e repetidamente o que no círculo interno parecia exigir uma certa paranóia de controle e domínio absoluto sobre os seus próximos.

Em todos os relatos que li da vida dele a tal profunda contrariedade e desconforto aparece repetidamente. E a auto punição também. O flagelo e a culpa pelo pensar e pelo viver que ele impingia a si mesmo era algo. Eu só lamento...não foi uma vida desperdiçada, mas que em muitos momentos ele vivia em frangalhos me parece que sim.

Dá para compreender todas as aflições neste quadro e pensar o tipo de piedade ou curiosidade que movia seus discípulos nisto tudo. Parece até que todos testemunhavam a possibilidade iminente de que um pintassilgo explodir. Sempre à beira de um ataque de nervos e com suas manias...E os amigos?

Aqui abre-se um capítulo muito singelo de quem ele queria ter sido...(Ray Monk é alguém que deve saber bem mais disto do que publicou em sua biografia de Wittgenstein.)

Mas continuo lendo ele e pensando nele, em especial em Da Certeza, Uber Gewissheit ou On Certainty!


Valeu Renato Duarte Fonseca pela citação do artigo lastimável e terrível!

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