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sábado, 19 de dezembro de 2015

O DESAFIO ECONÔMICO – CONSTRUIR EXPECTATIVAS


Veja que é sempre bom lembrar que a economia é uma ciência que lida com indeterminação e não é uma ciência exata. Suas variáveis e seus fatores funcionam como doenças de incertezas e são em muitos casos imprevisíveis. É bom lembrar que não há receita pronta ou certa para cada quadro econômico que vive uma dinâmica suscetível tanto psicológica quanto sazonal, com influências externas e internas, políticas ou culturais do domínio do imponderável. Eu creio que o principal desafio no Brasil é construir uma política econômica com um discurso político de perspectiva afirmativa que gere confiança e expectativas positivas para retomar o crescimento...e é só com este desafio satisfeito que vamos conseguir debelar a inflação que se aproxima e o novo ciclo de desemprego que tenta se instalar. Vide a entrevista de Delfim Netto com Luis Nassif.  
   
Na sexta feira amanheci lendo a Zero Hora com certo júbilo e percebendo com nitidez o tamanho da freada de arrumação no processo político e, portanto, também no panorama  econômico nacional. De um lado, o STF deu um banho de estabilidade não ao governo mas ao estado brasileiro e a PF deram junto disto deu um basta na baderna política promovida pelo Cunha. De outro lado, este basta ajuda a retomar a pauta e a centralidade da agenda econômica que é o que subsiste como desafio real para este governo qualquer ou outro governo e em todas as esferas e dimensões de nossa sociedade. Não posso discutir aqui as causas da crise econômica mas me convenço que sendo elas externas – pela crise mundial – ou internas pela forma como o governo Dilma fez a gestão da economia brasileira, elas foram certamente agravadas pela disputa política, pelo vale-tudo político cujas caixas de ressonância são determinadas por interesses econômicos frustrados  com o sistema de partilha da riqueza nacional do período Lula-Dilma.   

Se Levy era um efetivo avalista das bancas de risco posto na gestão da economia para aumentar a credibilidade internacional e afastar do debate nacional a divida pública, temos que pensar que este movimento muito caro de insatisfação da  base eleitoral de Dilma acabou por colocar este negócio fora. O plano de satisfazer os obséquios da banca e receber reciprocidade dela foi para as cucuias. E isso não por falta de iniciativa de Levy ou por traição i9nterna ao governo. E eis que então podemos de fato apostar em um plano mais arrojado e ofensivo de política econômica. Neste quadro, misturando o componente econômico com o político apareceu Ciro Gomes, que deu expressão a esperança de muitos e é interessante que isso ocorreu, ao mesmo tempo, como resposta ao assanhamento de Temer que resolveu se apresentar  como alternativa. De fato, pode sim ser uma boa solução uma guinada a esquerda e a gente começa a configurar uma nova ponte para o desenvolvimentismo na agenda nacional, apesar da crise externa e também – de novo – por causa dela.

A ponte para o desenvolvimentismo envolve a adoção de novos dispositivos para recuperar a economia e também para estabilizar o crédito e responder de forma mais assertiva para a sociedade. Creio que a presidenta não só ganhou fôlego, mas vai para o ataque na política econômica. Isso é bom porque muda o tom de insegurança por uma pauta afirmativa. O papo jornalístico sendo derramado agora chega a ser cômico. Falam em estrago e insegurança intencionalmente para barrar ainda mais alguma saída. Mas o que de fato ocorre é que o governo voltará a dirigir a economia e não fixara mais refém de uma taxa de lucros e de rentistas que só ganha na especulação. Eu creio que haverão surpresas sim. Devem haver medidas mais ofensivas sim porque o Brasil não pode parar e não pode ficar refém de que não lhe dá sustentabilidade.

Eu sou muito positivo em minhas avaliações. Por generosidade e por um grande desejo de compreender e interpretar o todo. Neste sentido não consigo mesmo ter uma avaliação negativa e nem fazer um balanço tão negativo da culpa do governo Dilma. E esta hipótese se confirma quando sabemos que mesmo governos que seguiram o receituário ortodoxo se lascaram com a crise.  E isso não significa que não tenha arsenal crítico. Mas do meu ponto de vista, a partir das informações que disponho sobre a economia brasileira tenho muita convicção de que o desenvolvimentismo e as políticas anti-cíclicas são muito boas em seus resultados. Na minha opinião, elas geraram um cinturão  de proteção social que não se dissolve com o ajuste fiscal, porque atenderam estratos sociais que nunca tiveram a oportunidade de poupar, a adquirir bens e avançar nos mercados de trabalho e em suas formações técnicas e educacionais, Neste sentido mesmo que tenham gerado deficit fiscal acabaram contribuindo para certo lastro na dimensão do social. Em resumo, é só a banca e a ciranda especulativa que jogam contra e somente aqueles que não souberam aproveitar os últimos 14 anos de boom econômico, e isto equivale a certos extratos apenas da nova classe média. Tenho observado muitas pessoas desta classe média emergente com altíssimo índice de informação política e realismo econômico.


O quadro muda ligeiramente para a esquerda também em função do deslocamento de torcidas no estádio. A FIESP e as agências de risco derrubaram Levy e todo mundo fica fazendo de conta que foi o PT. Nelson Barbosa tem o desafio de dar resposta ao quadro econômico em dois meses...e gerar estabilidade, credibilidade e expectativas positivas não somente para o mercado, mas para o povo e com compromissos políticos efetivos.   

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