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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

SOBRE O PERFIL DA DILMA




Tenho certas discordâncias de detalhe, mas é uma análise de perfil feita com cuidado e precisão. Tem limites e tem também certos exageros, mas me parece importante destacar agora duas coisas. Quando ele fala de um  perfil tecnocrático, positivista e centralizador, menos político e maleável que Lula, ele acerta, porém é justamente por conta deste perfil que a  liderança de Dilma é importante, tanto para um combate a corrupção - a dureza e a intransigência necessária para tocar isto até as últimas consequências  o que vem desde o inicio do primeiro mandato e suas defenestrações imediatas de suspeitos, mas também a firmeza com que ela tenta sustentar mesmo sob pressão tanto da esquerda como da oposição quase insuportável e intolerável para outros mortais a disposição de corrigir ou reparar a rota da política econômica e tentar sustar o ataque da banca externa ao valores de estabilidade e liquidez do estado brasileiro. Quando se olha para o tema da responsabilidade fiscal a coisa fica mais nítida ainda, pois a sustentação da política de bem estar social até o limite eleitoral cobrou uma conta alta, porém só quem realmente não tem termo de comparação ou quem não viveu necessidades em outros tempos, poderá dizer que não valeu à pena. Repito aqui que este perfil "tecnocrático e positivista" sustentou a partir de Lula 12 anos, primeiro nos bastidores e depois na cena pública, os melhores tempos de inclusão social, geração de oportunidades e políticas públicas distributivas com busca de dignidade que este país já viveu. E, por conta disto, não será um ano ou dois de ajuste ou arrumação que poderá fazer aos sensatos jogar fora tudo que foi conquistado pelo povo brasileiro e a possibilidade de abrir outro ciclo de conquistas. Não sou pessimista - quem  me lê sabe bem disto - e creio que a partir de maio do ano que vem vamos viver uma retomada, não somente por conta das eleições municipais e da necessária construção de plataformas políticas que superem a desgraceira e a incapacidade de andar em frente para o povo, mas também porque a economia brasileira e isso inclui os trabalhadores que conquistaram coisas inimagináveis nos últimos 12 anos e dos   empregadores, empresários e empreendedores que não vão mais assinar em baixo do propósito de asfixiar o governo para efeito eleitoral. Dilma tem este caráter firme cuja moralidade - com erros de receita bem perdoáveis - será reconhecido. E todas aso outra opções fazem coro a medidas e a corpos políticos desprezíveis para quem viu este país crescer nestes anos. Não se trata só de olhar para o pré-sal como tábua de salvação - o que hoje significa reserva de energia apenas pelos preços das commodities externas - mas sim olhar para um outro ciclo de crescimento que tenderá a se mostrar sobre os pilares estruturais construídos a partir do PAC. Negligenciar isto é esquecer que só há colheita, se houver plantio. Existem diversas políticas públicas cujos resultados que são agora apenas virtuais e que hão de vir em médio prazo. O que alguns deveriam lembrar é que a dupla Dilma e Lula abriram um primeiro ciclo continuo de planejamento e execução de um projeto nacional neste país. O papel conciliador de Lula - que pode muito bem voltar mesmo em 2018 - abriu a famosa concertação nacional. Já Dilma - por boa necessidade cumpre o papel de planificar e deixar a cena política mais nítida. Apesar do grande crescimento e da super exposição de políticas conservadoras, o pêndulo nacional expõe um conflito de projeto cada vez mais nítido. Não se trata apenas de um conflito de classes, mas sim de uma transição demográfica á quente em plena democracia. E isso impõe um padrão de confronto raramente suportável, mas que irá amadurecer a política nacional e gerar transformações profundas na nossa concepção de estado. Coisa que nem a ditadura militar que operava sem adversários foi capaz de fazer com sustentabilidade. Atacar os problemas do presente com democracia é uma façanha política considerável para o Brasil. E este elemento do perfil precisa ser destacado. Portanto, o rumo do governo há de ir ajustando os confrontos numa agenda nacional positiva, ainda que muito poucos suportem e resistam à pressão, tenham febres e dores da tragédia e façam coro ao fim do mundo. Não poderia ser fácil esta navegação mesmo...  

LINK PARA A RESENHA DO ESTADÃO AO LIVRO: DESCONSTRUINDO DILMA   

POST ESCRIPTUM:

1. Agradeço os elogios ao meu comentário sobre a análise de Ab’Saber, sobre o Perfil de Dilma, e creio que é só uma parte do que penso. E também imagino que mais pessoas pensam algo parecido e avançam muito mais sobre a compreensão do quadro em que ela se encontra, tanto administrativo, quanto político, econômico e moral. A sociedade brasileira precisa muito mudar e cada um de nós poderia fazer mais e melhor para isso ocorrer. Sobre ocultar ou revelar, coloco aqui as palavras e aquilo que considero importante em relação ao perfil do autor que comento. A própria história da personagem e sua biografia deveria gerar mais prudência nos juízos apressados, mas há algo bem mais importante que isto ao meu ver e envolve os resultados coletivos obtidos pelo projeto que tem sido construído no Brasil desde janeiro de 2003. E não é pouca coisa mesmo. Não se trata de negar que tem mais ou menos problemas, mas também houveram resultados de alta relevância para a vida de muitos e não somente para os mais necessitados. Porém são resultados coletivos que dependeram do trabalho e colaboração, boa vontade e também tolerância de muitos homens e mulheres e que não são de um partido só ou de uma seita política. O resultado é praticamente uma síntese de algumas gerações da esquerda aliadas ao centro e à uma parcela importante da social-democracia brasileira e alguns liberais. Trato aqui do espectro não pessoal que forjou esta realidade atual.

2.MEU ÚLTIMO COMENTÁRIO AO DEBATE NA EDITORA HEDRA SOBRE O PERFIL DA DILMA

Eu gosto de escrever mesmo porque confio na possibilidade do diálogo. Escrevo com muita sinceridade e tranquilidade. E não acredito mesmo na vitória da esperteza e dos slogans sabidinhos. Jamais imaginei que uma postagem grande como esta minha aqui gerasse tanta simpatia e aceitação. Ainda mais com o viés que usei que é muito mais focado em uma compreensão de normalidade e estabilidade democrática do que na tentativa agressiva e desesperada de atacar, golpear e violentar ao outro. Em virtude de minha curiosidade fui ver os perfis que me curtiram e que me criticam e posso dizer que fico muito honrado mesmo. Não sou nem anti brasileiro, nem a favor da corrupção, muito menos contrário a racionalidade e ao bom senso. Olhei cada um com olhos de curiosidade e fui ver o que cada um tem postado em suas páginas e descobri muita coisa interessante sobre o universo mental e as preocupações de cada um, sobre o contexto a partir do qual fala, o lugar onde vive e o que lhe alegra e lhe aborrece. Uma baita experiência. Algumas destas pessoas me add a partir deste texto e me impressionei com a diversidade delas. Escrevi diversas respostas a algumas críticas aqui. Em parte por pensar que talvez faltasse algo no que eu disse, mas agora chego a conclusão que não é este o problema. Aqui acontece o que é muito comum em debates entre seitas religiosas, torcidas e fanáticos, há uma negação a priori do outro e do que o outro diz. Não há possibilidade de diálogo e de opor razões, não há possibilidade de pesar argumentos e nem de balancear um juízo. Conclui, dizendo para um amigo que debochava da Dilma estes dias, cara eu me abro para a Dilma e agora para o Lula porque conseguir governar um pais do tamanho deste, com os problemas que ele tem, com o tipo de rapinagem que ele já sofreu e com aqueles que estão afim de continuar fazendo isso. Com uma parcela da população que parece estar em um transe ideológico e midiático em que preconceitos de todo tipo, convicções ultrapassadas e práticas absurdas são tomadas como normais é um feito! Tem que ser muito firme mesmo e eu aposto que boa parte daqueles que criticam, culpam parecem não ter mesmo a mínima noção do tamanho do tranco que um presidente do Brasil que quiser enfrentar a miséria, atacar a malandragem e romper com uma cultura de tirar vantagem em tudo e de depreciar este pais tem que passar. Mas as pessoas não perdem mesmo por esperar porque isto está mudando e a negação   aos gritos desta mudança, os esperneios de seus mui qualificados deputados  e senadores contra isso será ao fim e ao cabo derrotado. Lula completa 70 anos hoje, Dilma vai governar até 2018 e a democracia brasileira vai sobreviver a este surtão que deveria ser esperado mesmo, afinal o PT governa o Brasil desde 2002, com todas as mazelas e imposições institucionais e sem arredar pé um milímetro do respeito a lei. Quem errar será preso, quem for apenas um privilegiado no atual sistema de partilha do estado brasileiro pode contar os dias porque vai acabar, vai sim. Será difícil? Muito! Mas o Brasil vai mudar...e eu quero assistir isto e ajudar nisto ao máximo! O choro é livre, mas aceita que dói menos!  

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