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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

HOJE TENHO O DIA

Hoje tenho o dia para escrever, estudar e preparar minhas aulas. Organizar e desenhar propostas de avaliações e PPDAs e rever alguns detalhes que podem ser decisivos para os próximos três meses deste ano. Ando desde o dia três de agosto em uma maratona com sol e chuva, confrontos e encontros, debates e embates e estou tentando acertar com todas as minhas forças e com meus colegas juntos. Tem sido bem mais difícil do que eu gostaria ou podia imaginar. Porém o abacaxi está aí bem na nossa frente e penso que nada pode nos ajudar mais do que a tranquilidade para escolher, refletir e se compreender que não há uma tática infalível. Que a melhor tática só será eficaz com unidade de ação. Já disse antes que prefiro perder com direção e unidade do que na fragmentação ou no divisionismo. Porque sendo assim a gente pode pelo menos aprimorar e corrigir o movimento.

Mas à noite tem aulas...

SOBRE O MAU USO DA FILOSOFIA

A retórica e o uso indiscriminado de filósofos ou idéias para qualquer coisa menos para a busca da verdade ou do entendimento entre as pessoas é algo detestável e deplorável. Só um gigante de cinismo consegue fazer isto em meio ao maior ataque que a educação já sofreu neste estado.

BOM DIA PELEGO!

Bom dia, Pérolas do Movimento: Tem um cara que no meio de um debate sobre qual tática melhor para defender os direitos dos educadores saca está pérola "só sei que nada sei" e joga no meio de uma fala de outro que tentava construir uma reação de sua categoria na escola. Daí ele deflagrada a greve ele adere ao movimento, passa uma semana engajado e na próxima seman estendida pelo conselho geral ele resolve que desadere ao movimento. Tudo Bem, mas quando  dobra-se a esquina tá ele lá na Assembléia do Cpers praguejando em frente ao palco e chamando os grevistas de pelegos. Inclusive a mim que defendia a posição de minah escola e de quase metade do nosso núcleo. Só posso dizer: OK, Bob você venceu, pode começar a dizer e parafrasear Sócrates assim: tudo que eu não sei é que eu não sei e sei, mas não sei e sei ao mesmo tempo e muitas vezes não sei e sei no mesmo aspecto. This is a genius e para acabar o maluco sou eu.


VULCÕES, PLUTÃO E POLÍTICA



Minha filha Antônia me disse ontem no almoço que os vulcões são necessários porque equilíbram a natureza fazendo o sistema do nosso planeta expelir os gases em excesso no subterrâneo e acomodando as placas sobre as quais vivemos. Ela usou outras palavras é claro, mas conclui dizendo que eles também são perigosos e que as pessoas deveriam evitar morar perto deles. E eu pensando com ela sobre isto e no meu sub texto no fato de que os vulcões são uma espécie de cano de descarga do mundo, ou seja, ninguém mete a mão no cano de descarga de uma moto ligada sem se queimar. E me veio então à lembrança a regência de Plutão na astrologia e seu famoso e atual trânsito em Capricórnio que aconteceu pela última vez a aproximadamente 240-260 anos atrás (1764-1778). Naquele ciclo que vai da independência americana até as independências latinas e revoluções francesas e de outros países ocidentais viu se a dissolução ou explosão de velhos sistemas políticos. A política, todavia, estável ou não é uma espécie de vulcão da sociedade pode torrar e pode ser geradora de equilíbrios, mas isso dependerá de nossa posição em relação a ela. Ela é o que é e nos que temos que saber compreender isto. Se Bismarck gostava de falar dela comparando com a fabricação de salsichas eu, por meu turno prefiro comparar com as caldeiras que forjam o aço com o qual constituímos tantas coisas duráveis. Não é porque isso ocorre em temperaturas altas e insuportáveis que não precisamos forjar o aço. Temos que entender também isto para não colocar no poder pessoas ineptas e incapazes de controlar com equilíbrio e razão o uso da força e da paixão em seus processos. Os vulcões e a política não são bons ou ruins em si mesmos, passam a ser isso ou aquilo de acordo com a forma como nos relacionamos e nos posicionamos em relação a eles. Para terminar, apenas um detalhezinho. A terra nos exige tanto cuidado que deveríamos impedir e regular imediatamente e rigorosamente toda as formas de manejo dela. Assim como a política precisa estar sob controle dos cidadãos e estes precisam assumir sua responsabilidade nela de fato e de direito. Senão ela explode na nossa cara.

DE PE EDUCADORES

Bom dia meus colegas educadores do Rio Grande do Sul. Manter as esperanças, lutar, debater, construir e organizar nosso sindicato, vencer, as vezes perder, mas lutar para garantir que um dia vamos recuperar o que nós foi tirado. Isso já aconteceu antes e pode acontecer de novo. Pode demorar um pouco - uma eleição leva 4 anos - mas temos que nos organizar também para resistir e reconquistar e reparar todo mal que for feito sobre e contra nós. Não percam a fé, não se desesperem e se fortaleçam todos juntos. De pé educadores!

NÃO SEI SE ME COMPREENDERÃO – DANIEL ADAMS BOEIRA



Certas pessoas, coisas, nomes, proposições e acontecimentos parecem sucumbir ao fado de com o tempo - e aqui nem o tempo ajuda - perderem sua ligação com o real, perderem seu significado e/ou perderem sua conexão ou ligação significativa com um panorama de compreensão de tal modo que perdem seu sentido.

Deve haver uma razão justificada para que algumas pessoas não sejam compreendidas mesmo que elas façam um esforço descomunal ao seu modo e com seus meios por uma vida inteira para atingir clareza e precisão em suas expressões ou formulações. Mas também existem pessoas que são muito claras em suas expressões, mas que nos deixam uma vida para contemplar em que temos dificuldade de explicar sua biografias ou suas escolhas que parecem não ter lógica de forma alguma, no sentido de não nos ficar clara a causa de suas ações suas motivações pessoais, subjetivas ou psicológicas. E curiosamente pouco nos interessamos por aqueles que são claros em vida e obra. Ainda que possa citar aqui o resumo da vida de Aristóteles por Heidegger: nasceu, viveu, trabalhou e morreu, nós não nos interessamos de forma alguma nem por obras planas, nem por vidas planas e de  fácil explicação. Mas as pessoas de obras incompreensíveis e vidas complicadas são, de fato, aquelas que atraem nossa atenção e curiosidade, mas que por isto mesmo correm o risco de serem incompreendidas.

Tudo isto e o que virá a seguir carrega água para o moinho de uma questão clássica sobre a vida que vale a pena ser vivida. Sócrates ao arguir que uma "vida sem reflexão não vale a pena ser vivida" defende uma concepção do que daria valor a uma vida ou existência humana. No caso dele o valor de sua vida seria encontrado com a reflexão. Isto é um ponto muito central de uma estratégia de resposta ao tema do sentido da vida e da nossa relação social, ética e discursiva com os demais seres humanos. Ou, como tenho tratado em minhas aulas sobre o valor da vida de um homem ter duas dimensões a intrínseca e a relacional. Em minha análise do filme O Resgate do Soldado Ryan, defendo que esta é a questão filosófica principal encenada naquela obra de tal modo que existem problematizações deste tema no decorrer dela que nos ajudam a compreender melhor certos dilemas a este respeito. Estes dilemas envolvem desde o nosso modo de viver, o merecer viver  e nossas qualidades próprias, talentos, habilidades e disposições. E isto toca diretamente em nossos juízos sobre as vidas dos outros ou sobre seus discursos. Não é nada fácil compreender pessoas cuja vida sofre balanços e riscos e em geral toda grande biografia contém elementos de surpresa aos admiradores e aos detratores.       

Nestes casos biográficos estas personagens são taxadas de idiossincráticas ou complexas e, segundo nossa simpatia, recebem elogios admirados ou observações intrigadas com o mistério de suas vidas e escolhas de vida. Em outros casos, elas tem suas vidas reviradas, seus pecados, deslizes, vieses e escorregões expostos a reprovação pública. Na vida de alguns filósofos isto é um tipo de característica mais comum do que parece e mais cômica e trágica do que se imagina. Poderia desfiar aqui milhares de casos em que curiosidades ou erros de filósofos levam para as mesas de reflexão dos biógrafos a questão de como compreender isto e ou bem acaba-se explicando isso a partir de sua própria tela moral ou acaba-se por decretar ali um problema sem solução.

Em filosofia muitos gostam de separar filósofos (as) claros de filósofos (as) obscuros. De fato alguns parecem atrair nossa atenção justamente por sua extrema capacidade de nos dificultar a interpretação ou o seu entendimento. Já outros nos fascinam por sua brilhante luz, luminosa expressão e clareza e precisão assombrosas. Sempre lembro de Descartes nestas horas de benevolência compreensiva e generosidade desnecessária. Porque muitas vezes toda esta clareza argumentativa, precisão conceitual esconde algo muito mais obscuro e indevassável do que a nem tão mera exposição metódica de um discurso que organiza ideias de forma muito cuidadosa e habilidosa. Nem tudo que é claro para mim suprime a obscuridade de determinadas questões.

Quando leio os textos de Wittgenstein, por exemplo, e encontro expressões claríssimas tenho a forte impressão de que é bem mais complicado do que parece e de que o que ele realmente queria me ou nos fazer entender não está sequer ainda em minha mente sendo concebido. Digo isso com especial destaque para os diversos textos inéditos ou póstumos  dele. 

Algumas pessoas e filósofos passam uma vida inteira sem serem compreendidas e parecem virar uma espécie de enigma ou paradoxo ambulante provocando sentimentos ou o juízo alheio e despertando reações que às mais das vezes expressam incompreensão ou mal entendidos. Temos que admitir e admitimos que é bem difícil interpretar e ler o mundo, as pessoas e suas relações entre elas e com a gente.

Estive pensando nisto estes dias e em muitos momentos me dobrava em cuidados com o que escrevia e como escrevia, com certas dificuldades acidentais e não intencionais com o corretor ortográfico do meu MOTO G, mas com aquela imperiosa disposição e vontade de dizer algo. Quem me conhece de perto sabe que sou extremamente inquieto, reflexivo - nem sempre com clareza e precisão - e que tenho uma necessidade de interagir e dialogar com os outros. Bem, a verdade é que por conta disto virei professor, por conta disto lido com assuntos políticos precocemente desde que me conheço como individuo ou parte de um todo maior, parte de um coletivo ou comprometido com o mundo. Isso não é uma explicação nem uma justificação, isso é apenas uma auto-consideração que espero que conforte outros jovens que, como eu, tem estes impulsos em direção aos outros seres humanos. Impulsos de falar, dizer, dar opinião, considerar, compreender, propor, criticar, julgar ou simplesmente expressar um sentimento.

Bem, mas hoje, após ler uma postagem na verdade duas, do Gregory Gaboardi eu me senti reconfortado porque simplesmente ficou clara para mim a emergência social e filosófica deste tema: de como compreender ao outro e suas expressões  - e, por certa coincidência, que só pode ser verificada mesmo nos dias de hoje por força das redes sociais, de nossas interações paralelas á vida cotidiana e ás nossas leituras e destes meios devem haver mais pessoas pensando nele hoje ou neste período. O tema do viés citado por ele me leva em parte a escrever da forma como escrevo aqui. Em parte, de modo demonstrativo, ao mostrar que a consciência ou conhecimento do viés pode ajudar a superá-lo, ainda que fazendo uso dele. (neste sentido este texto é um texto retórico com um exercício de correção de fala.)   

Minha linha de interrogação subjetiva que estava sendo desfiada desde que escrevi sobre A CAVERNA DAS CRENÇAS DOGMÁTICAS, envolvia saber se eu seria compreendido em meu propósito naquele texto, se seria arrogância de minha parte escrever de forma indireta, difícil ou complicada sobre aquele tema e isso acabou me levando para a questão de saber se um dia me compreenderão afinal - veja-se o despropósito e a pouca humildade devida aqui a alta importância que dou a mim mesmo nesta questão. Ocorre que amanheci hoje com disposição de encarar isto - e outras questões - com menos exigências de perfeição ou perfectibilidade e ao repor tal questão em mente penso que pouco importa isto no presente caso.

Nossas expressões e discursos postos aqui ou ali pegam na geral, mas podem sim ser endereçados a um público específico e estar voltados para determinadas frações dos grupos sociais aos quais pertencemos. Curiosamente isto ocorre exatamente assim, porque observamos em alguns casos que são estas pessoas com quem queremos conversar ou propor algo sobre este assunto que nos dão retornos, fazem considerações ou sugestões, E mesmo aquelas que não compreendem o que dizemos ao abordarem de forma deslocada ou enviesado, diversionista ou tresloucada o que dizemos merecem também nossa boa vontade, pois este é justamente o ônus de nossa exposição: suportar não ser compreendido e tolerar isto com uma atitude tranquila, moderada e pedagógica ou, no caso de cada, um responder a isto com os meios que dispõe e com mostras de sua disposição ao diálogo. Não há, então, ao meu ver, pecado aqui na profissão de fé ou proselitismo nesta intencionalidade.

E do mesmo modo que é assim para os textos e discursos, em nossas vidas privadas, e, portanto, nossas escolhas existenciais, morais, religiosas e nossas adesões políticas podem sim ser incompreensíveis aos leigos, aos moderados de espírito, aos quietos de alma e também aos iluminados da razão ou conformados sociais. Não faz muito sentido escrever uma obra na esperança de um dia ser compreendido por alguém que virá a atingir os píncaros de tuas idéias, mas também não há nenhum motivo relevante que te obrigue a escrever apenas coisas que valham para todos e que sejam entendidas por todos, porque talvez ao fazer assim esteja apenas encobrindo ou simplificando algo que não é passível de tal simplificação. As vezes, a melhor atitude é mesmo complicar um pouco para que a vida não seja resumida e para que o valor intrínseco de uma existência não seja resumido na presunção apressada de outro.


Enfim, creio que por mais dançante e carregado de dúvidas que tenha sido meu texto, me compreenderão aqueles que assim desejarem e, também, aqueles que eu gostaria que assim o fizessem, por força do meu tema e da forma que dou a ele aqui. Presumo então um leitor e uma compreensão, mas esta é uma presunção comum e frequente em todos que escrevem. Não precisamos esperar outra geração para sermos bem entendidos, mas podemos provocar já nesta um esforço de compreensão que não se fará por generosidade, mas sim por interesse. Eu gosto de escrever especialmente para os interessados. Aqueles que não são interessados não precisam ler. Podem ler outras coisas ou outros. O interesse aqui nos ajuda a encontrar a ligação entre as coisas, as palavras e o sentido do que dizemos e o modo em que vivemos.        

domingo, 27 de setembro de 2015

O CÉU ESTRELADO SOBRE MIM...Minha entrevista com Fábio C. Rubo​:




Entrevista – Estágio 1

Entrevistado: Professor Daniel Adams Boeira
Entrevistador: Fábio Cezimbra Rubo

1-            Ao lecionar, quais as principais distinções entre as turmas diurnas e noturnas que o Sr. Professor observa?

Observo que os alunos e turmas do diurno tem comportamentos mais infantis, porém tem mais capacidade de concentração e registram melhor os conteúdos, e que os alunos do noturno estão mais cansados, tem dificuldade de concentração e tem mais dificuldade para registrar os conteúdos, que, assim, o tempo de hora aula no noturno é mais reduzido, mas que a maturidade dos alunos do noturno não é suficiente para compensar este tempo mais reduzido. Também é importante observar que no noturno alguns alunos encontram-se em defasagem idade série e que outros ficaram algum tempo afastados da escola. Porém no noturno também temos alunos/alunas adultos e que dão muita importância ao resultado escolar e ao avanço nos estudos para suas vidas, sobrevivência, empregabilidade e renda. Porém, ainda existem alunos que procuram o noturno, não porque trabalham ou precisam, mas porque acreditam que será mais fácil estudar e as exigências serão menores, o que não é o caso. Por fim, devo dizer que algumas destas distinções vão se dissolvendo ao longo de três anos com os alunos, ocorrendo no ensino médio na maior parte dos casos um maior amadurecimento, uma socialização maior e também a superação destas dificuldades com apoio dos professores e disposição e boa vontade dos alunos/alunas.       

2-            As aulas do turno noturno têm preparação e dinâmica diferenciadas do turno diurno?

O que eu faço de diferenciado no noturno é ser um pouco menos expositivo e resumir mais o conteúdo. Minhas dinâmicas seguem ainda um mesmo padrão procurando acentuar uma base conceitual, uma explicação temática com exposição e problematização do conteúdo e abrindo links da matéria com a realidade atual ou conteúdos de outras disciplinas. Tento amparar as aulas nos dois casos com leitura e interpretação de textos didáticos. E cuido muito para inserir cada aula no plano de estudos estabelecendo as relações do conteúdo especifico com o plano geral e explicitando os objetivos. 

3-            O que a aprendizagem de Filosofia pode trazer de significativo aos alunos para o aprendizado das demais disciplinas do currículo escolar?

O que é significativo para mim é aquilo que pode ser parte de um mesmo universo de linguagem e de uma determinada prática social. Tenho evoluído, ao longo do tempo em que leciono desde 1995, de uma interpretação e avaliação deste aspecto mais externalista que considera a disciplina de filosofia como mais um conteúdo ou capital cultural separado, para uma abordagem mais internalista que a considera altamente vinculada e conectada com as demais disciplinas. Hoje creio que a filosofia deve ser ensinada como uma espécie de subterrâneo ou paralelo conectado com a história e o desenvolvimento dos demais ramos do conhecimento, da ciência, da cultura e das práticas sociais. Tendo a ensinar filosofia no tempo e e no seu contexto de produção. Por conta disto leciono com um fio condutor histórico e conectado com as demais disciplinas de ciências humanas com temas comuns sob enfoques próprios. Sem querer extrapolar ou supervalorizar nossa disciplina, mas cada dia me convenço mais de que ela pode auxiliar a organizar, problematizar e gerar entendimento da história das ciências e da história humana, cumprindo um papel complementar e integrador de oferecer certo estoque e acervo especifico para os demais ramos do conhecimento ou áreas em diálogo com as questões atuais e do cotidiano atual.    

4-            O que a aprendizagem de Filosofia influencia em geral no cotidiano prático dos alunos?

Em cada alunos esta influencia deve ser diferenciada dado seu acervo cultural e suas condições existenciais atuais, mas imagino que deva contribuir para a aquisição e aplicação de determinadas distinções conceituais, gerar reflexão crítica sobre a existência, o trabalho e suas relações com os demais seres humanos, sendo estas de compromisso ou circunstanciais, e que também deve gerar uma certa compreensão ou esclarecimento sobre as diferenças e os desafios sociais, materiais, econômicos e políticos de cada aluno em suas comunidades e na sociedade. Eu resumiria todos os ganhos possíveis em três palavras: compreensão, reflexão e crítica. E que isto se aplica aos desafios e à busca de soluções a eles na vida cotidiana e prática dos alunos.

5-            O Sr. Professor poderia nos dar um exemplo prático desta influência contando o caso de algum aluno específico seu? (sem citar nomes)

Eu te diria que os exemplos são abundantes, porque tenho alunos/alunas e ex-alunos/alunas que cumprem diversos papéis sociais diferenciados. E creio que parte de minha influencia mais forte sobre eles esteja ligada muito ao estimulo ao seu engajamento sério e comprometido em questões sociais e em cumprir algum papel social. Em alguns casos isso envolve luta social e disputa em debates em outros envolve exercer alguma capacidade de organização e reflexão em sociedade. Muitos ex-alunos/alunas meus e de meus colegas são profissionais bem sucedidos, comprometidos, disciplinados e responsáveis criticamente em suas atividades pessoais, profissionais e cidadãs. Tenho ex-alunos/alunas que são também professores hoje e que me orgulham muito e também uma expressiva parcela deles tenho reencontrado com muita gratidão e reciprocidade. Observo, na maior parte dos que reencontro, um espírito muito humano, justo e compreensivo que se destaca na forma em que eles se conduzem e tratam os próximos e também as situações da vida. Porém, devo dizer que tributo isto a um resultado coletivo do nosso trabalho coletivo de professores e portanto de outras disciplinas na escola que reforçam estas dimensões e aspectos nos alunos/alunas durante sua formação. Assim, vejo hoje com muita clareza meu papel de formador compartilhado com os demais professores, equipe diretiva, equipe de apoio e servidores dos setores na escola que contribuem para isto.        

6- Quais as principais transformações o Sr. Professor poderia elencar das suas primeiras aulas como recém formando para as suas aulas ministradas nos dias de hoje?

Eu tinha uma metodologia de ensino conteudista e muito planejada e voltada para ensino de conteúdo e que supervalorizava a importância da disciplina no currículo e avaliava com excessivo rigor os alunos. Hoje tendo a ser mais relacional e cognitivo em relação aos alunos e a relativizar com tranquilidade a importância da minha disciplina e entendo também com tranquilidade a hierarquia diversa ou adversa de prioridades e disciplinas na aprendizagem dos alunos e suas dificuldades de apreensão e compreensão. Tento também abrir meu conteúdo para temas mais típicos da adolescência como escolhas profissionais e de vida, questões sobre afetividade e relações humanas, compreensão de diferenças culturais, religiosas e políticas e, também, sobre os desafios de aprendermos a mudar nossas formas de lidar com sofrimento psíquico e social.   

7-            A escola apresenta um peculiar sistema onde os professores têm salas fixas e os alunos encaminham-se para as mesmas a cada troca de período. Por que razão este sistema foi adotado? E quais os resultados observados desta nova dinâmica?

Esta dinâmica de Salas Temáticas foi proposta para promover certa movimentação física nos alunos, se deslocando e se movimentando de uma sala para outra e combatendo assim o sedentarismo e dando espaço para que os alunos mais inquietos se movimentem no ambiente escolar e também para promover um espaço e um ambiente próprio e singularizado para as disciplinas primeiramente e ultimamente as áreas. Eu creio que os resultados são ótimos porque também promoveram integração maior entre os alunos/alunas e, ao mesmo, tempo a qualificação e maior apropriação dos espaços escolares pelos educadores promovendo organizações próprias das classes em sala de aula e a inclusão elementos equipamentos próprios as disciplinas nestas salas. Para mim, em especial, acabou gerando um cuidado maior e um zelo maior com  limpeza e organização do meu espaço de trabalho, dando também certa ênfase às questões e condições físicas e materiais do ensino e do meu trabalho.          

8-            O que a Filosofia representa na sua vida prática e quanto disso o Sr. Professor tenta passar para seus alunos?

Na minha vida prática ela representa uma espécie de ordem de reflexão e compreensão sobre a vida que expresso em palavras e que vou elaborando ao longo de vivencias e experiências de todo tipo. E praticamente transmito isto sistemática e organizadamente aos alunos. Ao longo da minha carreira ocorreu uma espécie de implicação entre vida teórica, cognitiva e cultural e vida prática, sensível e social. Então ocorre que muitas vezes minhas vivências subjetivas e de investigação e reflexão filosófica se relacionam diretamente com minhas experiências, ocorrendo uma alimentação reciproca do um universo pessoal com meu aparente universo profissional. De certa forma não há uma fronteira entre minha vida pessoal e profissional no sentido que sou a mesma pessoa nos dois ambientes e que há conexões profundas entre ambos. Adoto um tom confessional e pessoalizado, contando a minha história de vida e do meu encontro com a filosofia e as questões filosóficas ou outras mostrando este desenvolvimento ligado a uma vida real.        

9-            Nesses bons anos de magistério, quais valiosas lições o Sr. Professor obteve de seus alunos?


Parte fundamental do trabalho de um professor é conhecer a si mesmo, a outra parte é conhecer os alunos e é a partir deste esforço consciente, paciente e reflexivo que se consegue trabalhar com algum tipo de conhecimento e produzir alguma forma de aprendizagem e reflexão filosófica e histórica com eles. Educar é um processo, nunca estamos prontos, sempre podemos aprender mais e isso depende de nossa boa vontade e de nossa disposição. Quando os tempos são favoráveis isto acontece quase ao natural, mas quando as coisas estão difíceis isso é uma exigência indispensável. E não há problema que não possa ser resolvido ou reduzido com tranquilidade, disposição e dedicação. Vamos enfrentar dificuldades, podemos errar e ver outros errarem, mas não podemos desistir. Um dia, (num texto meu cujo título é Como vai a vida professor? Esta o resultado disto), após diversas tribulações e dificuldades e em diálogo com meus colegas e alunos/alunas conclui que era muito mais saudável encarar certas coisas de certa forma. E, então, muito por força das interações com eles, conclui que a roda de Sísifo do professor é desistir de desistir todos os dias e a todo momento que algo não sai ou não está como preferiríamos, desejamos ou gostaríamos e que assim nos tornamos os professores que os alunos querem e precisam. Isto tem sido reforçado em mim a cada dia que passa...  

sábado, 19 de setembro de 2015

MÚSICA, LÍNGUA, CRENÇAS E CULTURA

Talvez tudo comece mesmo no compartilhamento e no convívio. E nossa sensibilidade seja mesmo a chave de nossa cultura e de nossas adesões a crenças e aquisições de crenças e narrativas. Vejo, num exemplo, este impulso natural. Você tem uma experiência de encantamento com um som, você então canta ou murmura aquela canção e vai decorando a melodia e a dicção daquela música sem saber o que significa, sem compreender aquela língua e quando vê um dia vai traduzindo lentamente por associações de sensações e ideias tudo aquilo. Ao longo de uma vida expostos a estas canções vamos sendo educados sensivelmente por elas. Mas isso não é mais um fenômeno regional, local, do teu folclore ou comunidade, você passa nestas gerações pós rádio, pós tevê, pós disco, toca-fitas e CD, agora com as redes sociais a adquirir um conjunto de melodias bem mais vasto que hoje nem depende mais de circulação comercial porque te é oferecido em todo que é canto, na propaganda, no video, filme, youtube, nos blogs, no facebook, no twitter e em muitas outras redes. As mídias musicais circulam. Talvez diversas línguas farão parte dos sistemas de crenças das pessoas do futuro e muito provavelmente uma estrutura de interpretação e situação histórica e cultural vai sendo erguida assim. Como serão os seres humanos no futuro? Não sei, mas já posso imaginar.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

BENEFICIÁRIOS DA TRAGÉDIA NO RS




Deveria ser o título de uma devida resposta à hipocrisia e à cara de pau daqueles que cantam a tragédia do Rio Grande do Sul, se fazendo de vítimas de uma rivalidade ou polarização e sendo, ao mesmo tempo, protagonistas da tunga ao estado, da distribuição e manutenção de privilégios aos parceiros de classe e categoria, suas excelências e autoridades, amigos e correligionários e da farta retribuição aos seus financiadores de campanha, bem como, de suas idas e vindas na iniciativa privada e no monopólio da mídia. E é algo inédito neste tipo de drama que a canalha venha cantar ao final do quinto ato...

DEZ MIL

Não é moleza ganhar dez mil por mês. Como diz um colega professor e assalariado como eu e outros milhares que somos obrigados a suportar tamanhas covardias, ultrajes, mentiras, abusos, deboches, piadas, ofensas praticadas e proferidas com muita cara de pau e muita sem vergonhice avalizadas por doutores e todo poderosos, privilegiados e nababos e por alguns miseráveis que os elegem, lhes bajulam e que ao sofrer danos disto acham que os culpados são os líderes sindicais ou os militantes que tentam lutar contra esta merda toda, como alguns que tem suas vidas sacrificadas nesta luta. É dose...não é mole ganhar dez mil...

SOLIDARIEDADE?

Seria muito importante, moralmente relevante, institucionalmente condizente e socialmente equânime se tivessem uma só atitude de começar a abrir mão de privilégios ao invés de solidarizar-se com aqueles que sustentam e são submissos a isto. O Mundo está de ponta cabeça e os privilegiados fazem discursos em defesa da democracia somente quando ela lhes protege e sustenta.

VAMOS CONTINUAR LUTANDO

Sim, nós vamos continuar lutando, debatendo, disputando, resistindo e denunciando as tiranias daqueles que enganam o povo, os servidores e que fazem da democracia um escudo para a tirania, sem transigir e negociar com os demais interessados e sem respeitar os direitos dos servidores e do Povo. Parlamento sem povo, não é parlamento e democracia sem debates não é democracia.

TÁTICA, UNIDADE E DIVISIONISMO NO CPERS - A MÃE DE TODAS AS DERROTAS

Algumas pessoas com seus métodos e táticas extraordinárias, belezas e lideranças ofensivas e combativas deveriam entender que não estão só prejudicando a atual Direção do Cpers, mas sim diversas categorias de trabalhadores e muitos gaúchos. Se continuar assim, não há unidade dos servidores que possa garantir uma resistência eficaz contra os ataques do Governo Sartori e de seus partidos. Nós precisamos acertar na tática sim, mas precisamos acima de tudo ter direção no movimento. Eu como todos os educadores não gosto de derrota e não gosto de ver minha luta e trabalho ser desperdiçado, mas acima de tudo não gosto de brincar de lutar contra um inimigo tirânico, covarde e perverso. Nossa categoria possui o maior numero de servidores e tem sim muita responsabilidade na vitória e na derrota, mas desunida e fragmentada não vai trazer resultados. Temos que ser capazes de passar da democracia plena, discussão franca e deliberações firmes para unidade de ação e direção em nosso movimento e quem não entende isto como fundamental deveria ler um pouco as lições da história sobre os resultados atingidos seja pelo divisionismo seja por seu par "necessário" o autoritarismo da minorias ou das maiorias. Nenhuma tática terá resultado sem unidade de ação que supere a diversidade de concepções e métodos, interesses e objetivos. Qualquer outra forma de compreensão favorece o Governador. Eu ainda sou daqueles que acredita que não se faz sindicato ou luta social sem disciplina e sem direção. Prefiro perder com uma direção firme do que com um movimento fazendo ensaios de radicalidade, ativismo e voluntarismo que só agridem aos seus próprios companheiros e colegas. E não adianta reclamar a opinião que todas as demais categorias terão de nosso confronto e racha porque todos foram penalizados hoje!

QUAL VITÓRIA? – A NOSSA VITÓRIA TERÁ HISTÓRIA SIM E ELA SERÁ DEMOCRÁTICA NA DEFESA DE NOSSOS DIREITOS E DO NOSSO POVO



“Não tem história, é greve até a vitória!” Grito da Claque na Assembléia Geral de 11/09/2015

“Nosso mundo se define pelo achatamento e pela degola. No lugar do diálogo, predominam o ódio e o desejo de destruição. No lugar da tolerância, a intolerância e a rispidez, quando não a agressão gratuita. É o mundo do Um, em que todos dizem as mesmas coisas, usando quase sempre as mesmas palavras. Um mundo em que a verdade, que todos ostentam, de fato agoniza. Nesse universo, a literatura se impõe como um reduto de resistência. A literatura é o lugar do diálogo, do múltiplo, da diferença.” José Castello do Jornal o Globo sobre o fim do Caderno Prosa – em Hora da Despedida, 12/09/2015

Vivi e testemunhei com meus colegas de carreira, professores, funcionários e servidores estaduais, provavelmente, a Assembléia mais tumultuada da história do CPERS. E ela foi tumultuada pela oposição do começo ao fim, com uma claque raivosa, cujas lideranças de oposição mal tinham controle ou liderança efetiva, pois ao contrário de fazer uso disto para garantir uma vitória indiscutível e justa de sua posição tática, acabaram na tentativa sistemática de “vencer no grito”, com sua claque apaixonada e agitada, agravando e gerando um clima de apreensão com as tentativas de coerção, agressão, as ameaças e ofensas contra quem tem posições diferentes deles, seja no detalhe, seja no todo. A imprensa chamou nossa assembleia de tumultuada.

Ora o problema não é o barulho, isto faz parte da livre expressão, agora temos que combinar que cassar a palavra daqueles que estão ao microfone ou impedí-los de se pronunciarem não é só tumulto, é sim um ato anti-democrático. Se na democracia queremos o direito de livre pensamento e de livre expressão do pensamento, não há argumento que sustente que se possa falar o que quiser, mas que não se deva ouvir o que o outro quiser falar também. Mesmo que tenhamos desacordo ou divergência, antipatias ou mesmo gostos e bandeiras diferentes, é preciso respeitar e garantir o uso livre e sem constrangimento da palavra dos que se inscreverem para tal numa assembleia democrática. É de um processo de garantia disto, do direito de uso da palavra de todos, desde a escola, passando pelos núcleos, plenárias, conselhos de núcleo, assembleias regionais, conselho geral, assembleias gerais e congressos estaduais ou seminários, que forjamos as deliberações e as decisões desta categoria ao longo de sua história. E a democracia no nosso sindicato não deveria valer somente quando eu ou meu grupo vence ou quando eu ou meu grupo está falando. A democracia neste sindicato de deve valer em todos os momentos.

Sobre a votação da Assembléia Geral podemos sim contestar sua forma. Cabe sim dizer que deveria ter sido feita apuração em urna ou que a mesa conduzisse melhor os trabalhos, mas conhecendo todas as lideranças do CPERS como conheço e ligando isto ao clima geral instalado e que tem se agravado em todas as instâncias do sindicato ultimamente, não vi outra solução do que encerrar a assembléia, logo após todo o tumulto e os sucessivos ataques pessoais e a completa falta de mediação ou de proposições alternativas ao confronto que levou ao ato de jogar cadeiras na mesa que coordenava os trabalhos. Não conheço nenhum dirigente sindical que acuado, agredido, atacado e ofendido por uma claque furiosa faça melhor do que foi feito. Os argumentos contrários, que acusam a direção central de manipulação, manobra e golpe não ofereceram, por intermédio de seus conhecidos representantes e lideranças, nenhuma alternativa de mediação e, ao contrário, deixaram a turba livre para promover aquelas agressões e não recuaram em nenhum momento para mediação. A tentativa de propor questão de ordem feita por uma militante de base foi prejudicada gravemente pela própria omissão e recuo das lideranças da oposição frente às violências que se avolumavam. Não dá para se esconder numa hora destas e só lideres corajosos de verdade encaram estas situações e mediam o conflito, ao contrário de aumentar e agravá-lo seja por omissão seja por incapacidade de reação à altura.

Para mim soçobrou, então, nesta assembléia não somente a tese de tática, mas seus lideres, por clara incapacidade de responder ao quadro que eles mesmos tem incentivado no sindicato. E não adianta arguir perplexidade agora com as consequências desta tática no plenário. Qualquer um sabe muito bem que uma minoria exaltada, apaixonada e enfurecida terá dificuldades de aceitar uma derrota, seja ela justa e certa ou suspeita e duvidosa.

Foi um espetáculo irracional e vergonhoso para qualquer categoria de trabalhadores organizados e ele tem responsáveis e é consequência de uma linha política de confronto sistemático contra a situação por uma unidade de três ou quatro forças que estiveram juntas na gestão anterior, mas que porém se separaram na disputa eleitoral. Agora – após sua derrota - se uniram por força de sua dela e da conjuntura posterior a eleição do sindicato e estadual, para fustigar a situação em todas as assembléias. Vejam que isso levou a vitória na desfiliação da CUT, mas que, entretanto, não se fala mais disto. E isso é permitido sim, porém é mais vergonhoso ainda porque gera dissensos absurdos como resistir sistematicamente à coordenação do movimento sindical – e o exemplo do trancamento da Alergs mesmo após pedidos e orientações da direção por parte deste grupo é um exemplo flagrante disto - por parte da direção legitimamente eleita, e isto ocorre justamente no momento em que esta categoria mais precisa de encaminhamentos e resoluções de unidade e convergentes na ação, ainda que a partir de divergências, diferenças de concepção e etc. A nossa categoria sofre muito hoje neste impasse e todas as demais 43 categorias de servidores públicos sofrem juntos a nós todos e assistem este espetáculo se repetindo sistematicamente sem nenhum recuo que permita alguma síntese e resolução comum. Assim, nossas categorias sofrem um ataque covarde e impiedoso aos seus direitos e recebe do atual governo estadual seus salários parcelados e sofre ameaças de terrorismo sistemático dos governantes e a nossa direção enfrenta, no cotidiano e em qualquer momento do movimento, acessos de insubordinação e resistência à sua coordenação.

Se as assembleias e nosso movimento em geral do CPERS prosseguirem agravando e aprofundando este clima de rivalidade, revanchismo e sectarismo, não haverá nenhuma vitória para a nossa categoria. Tenho presenciado e testemunhado, desde a eleição do CPERS que, em todas as Assembleias Gerais e Regionais – pertenço ao 14º Núcleo onde a oposição dirige o Núcleo e tem um Conselheiro 1/1000 e onde a situação tem um Conselheiro 1/1000 e representa parte considerável da base de associados - tem sido a tônica a disputa as vezes ríspida e rebaixada e algumas vezes mediada com muita paciência e tolerância entre oposição e situação. Isso, mesmo aqui onde todos nós somos construtores do núcleo, velhos camaradas e lutadores sociais com história, responsabilidade e propostas para organizar, fortalecer e efetivar nossa luta, isso tem gerado razoáveis dificuldades nos encaminhamentos e nos debates e nos processos.

Para fazer justiça, aqui em São Leopoldo, temos feito um grande esforço combinado e transparente para manter, apesar das disputas um clima de colaboração, diálogo e confiança, e, ainda que, uma parte da situação local tenha razoável dificuldade em entender isto e insista em tentativas de promover ataques pessoais e rebaixar o debate ao nível da gritaria e da imposição de sua vontade de forma unilateral e não negociada, isto tem sido superado por minha relação de reciprocidade e de alto nível com o diretor do núcleo, com alguns membros da sua diretoria e diversos militantes das escolas e da oposição local. Disso decorreu que, mesmo com divergências mais táticas do que de concepção ou método, temos conseguido realizar uma bela e muito intensa jornada no âmbito local e realizado muitas plenárias organizativas, caminhadas, atos politico culturais, visitas a escolas e mesmo daqui saiu importante delegação para o esforço de Piquete no CAFF e enfim no Protesto contra o Governador na Expointer. Aqui realizamos plenamente, em muitas situações, a unificação com os demais sindicatos e representações de servidores, mas precisamos melhorar muito e reconstruir muitas relações com o chão das escolas fazendo visitas e aumentando a credibilidade do nosso sindicato com propostas claras e uma direção firme ao nosso lado.

Não tem problema nenhum, em tese, esta disputa, mas o que entra em jogo no nosso debate aqui é sua forma e também seus propósitos. E, na atual conjuntura que vivemos, deveria ser mote principal de todas as lideranças sindicais a construção de acordos para enfrentarmos nosso adversário, nosso inimigo comum que nos ataca impiedosamente e covardemente com a maior convergência possível na ação.

Não haverá, seguindo esta lógica revanchista, vitória alguma, nem para a categoria e nem para o sindicato e muito menos para as correntes sindicais organizadas, suas lideranças e também para aqueles que individualmente atuam com suas posições ou concepções próprias na militância sindical. Ao contrário, creio que nenhuma liderança sairá legitimada dessa disputa fratricida e guiada por emocionalismo, fanatismo, intolerância e irracionalidade.

Várias pessoas – sobre minha participação na Assembléia Geral de 11 de setembro - vieram dizer que eu narrei corretamente a Assembléia do núcleo, inclusive o diretor do núcleo me afirmou ter alertado a alguns dos críticos que era absolutamente legitimo meu posicionamento. Outras ficaram contrariadas com minha narrativa – que era somente um dos componentes de minha fala - ao ponto de me ofender e me admoestar publicamente e inclusive um destes que por desmedida ou imprudência chegou ao extremo de me afrontar com publicações ofensivas e desrespeitosas em rede social. O problema dos que me criticam, ou dos que tentam cassar minha voz ou impedir a nossa argumentação não é pessoal, é que, ao não aceitar minha posição e meu direito de defender ela, estão com dificuldade de compreender a democracia do nosso sindicato, os direitos de seus associados e suas instâncias e a liberdade dos associados de defenderem posição até a última deliberação na instância máxima que é a Assembléia Geral, simplesmente. Aprendi algo sobre isto em 18 anos de militância sindical, tendo sido eleito duas vezes para mandatos neste sindicato com muito orgulho, porque sempre estimei muito o voto direto e o trabalho pelo coletivo. Nestas duas vezes fui eleito e reeleito em chapa de conselheiro 1/1000 no 14º Núcleo – com mais de 75% dos votos contra uma ocasião duas outras chapas e em outro caso contra uma, o que se deve também aos meus demais três colegas de chapa, muitos dos quais nos acompanham ainda hoje desde lá, mas também ao nosso trabalho e ao nosso compromisso coletivo com esta categoria. Cumpri e exerci meu dever e mandato com plena atuação sindical e plena participação em todas as instâncias desta categoria, fiz propostas, argumentei, escrevi textos, elaborei coletiva e individualmente diversos documentos para este sindicato, e ainda que alguns possam, é claro, ter opinião diversa a respeito disto ou outras coisas, esta é a verdade e a fonte de meu conhecimento e experiência sindical.

Fui chamado de mentiroso e manipulador por alguns que não concordam, seja com minha fala e seu conteúdo seja com meu direito de arguir tal posição. Isso é um ataque pessoal e não vejo por onde tal coisa constitua ataque político também. Ora não é correto isto e abstraindo-se aqui do ataque pessoal que sofri, por ter tal posição, nossa posição pode ser arguida ou contestada sim até a última instância, e por isto não é ilegítima e curiosamente tratou apenas de encaminhar tática diferente para a conjuntura imediata sobre a qual iriamos deliberar na Assembléia, passados já os 13 dias de greve (somo aqui os períodos e dias 3 de agosto, 19,20 e 21 e de 31, 1,2,3,4, 8,9.10.,11 de setembro). Só porque nossa posição representou claramente 56 votos contra 58 da Assembléia Regional, isso não significa que ela seja ilegítima e que não possa ser arguida em Assembléia Geral ou mesmo Conselho Geral por nosso representante 1/1000 afinado com a mesma, nem por qualquer outro associado em dia que queira livremente defender inclusive em Assembléia Geral posição não defendida em Conselho geral ou nenhuma instancia inferior antes . Aliás, só para constar e fechar aqui um registro de outro prejuízo do tumulto na assembleia geral, por conta disto todos os destaques dos pontos seguintes da pauta do conselho foram impedidos de serem apresentados o que é um prejuízo sim a democracia sindical. E sei que haviam vários inscritos nos pontos seguintes. E eu mesmo me inscrevi com destaque para o ponto 2 no qual tive a possibilidade limitada pela perturbação sistemática ali na frente e também no ponto 6, onde apresentaria um DEADLINE como alternativa frente a mais um parcelamento que se deflagrasse sim uma greve por tempo indeterminado para sinalizar ao governo limite final da sua brincadeira com nossas sobrevivências. Mas isto não foi possível.

Ora, convenhamos pessoal, em algum momento a sineta da razão precisa tocar nesta discussão. ( E nas cacholas de vocês.) Isso que vocês estão pensando que é errado não existe. Há uma compreensão equivocada da democracia sindical aí. E eu creio que ela mistura, de um lado, de forma contaminada e passional este sistemático revanchismo que descrevi acima e que não nos ajuda e, de outro lado, a necessidade de alguns associados novos e outros nem tanto, de darem certa atenção ao estatuto do sindicato e quem sabe promoverem, com compromisso e responsabilidade, processos de formação que nos fortaleçam, nos organizem mais e nos unifiquem de forma democrática e sem métodos rebaixados ou coerções, violências ou constrangimentos que são indesejáveis para um sindicato de trabalhadores da educação com a grande história do nosso e que tem em seu hino a tarefa permanente de lutar e de “ensinar democracia”.


Daniel Adams Boeira – Professor estadual e associado ao Cpers no 14º Núcleo São Leopoldo e lecionando na Escola Estadual de Ensino Médio Olindo Flores da Silva de São Leopoldo.

DEMOCRACIA E CONFLITO

A democracia é o único regime em que o conflito e a diferença são legítimos e em que a resolução disto é um exercício de negociação e não de imposição. Os interesses dos trabalhadores versam sobre direitos, não sobre benesses. Não entender isto é se portar com indignidade e desrespeito e qualquer autoridade que ousar atacar direitos deve ser pressionada pelo povo e pelos trabalhadores a não fazer isto. O movimento é legítimo e o propósito é justificado. Temos razão...

RESISTÊNCIA A DEGOLA E A VIOLÊNCIA

“Nosso mundo se define pelo achatamento e pela degola. No lugar do diálogo, predominam o ódio e o desejo de destruição. No lugar da tolerância, a intolerância e a rispidez, quando não a agressão gratuita. É o mundo do Um, em que todos dizem as mesmas coisas, usando quase sempre as mesmas palavras. Um mundo em que a verdade, que todos ostentam, de fato agoniza. Nesse universo, a literatura se impõe como um reduto de resistência. A literatura é o lugar do diálogo, do múltiplo, da diferença.”


José Castello do Jornal o Globo sobre o fim do Caderno Prosa – em Hora da Despedida, 12/09/2015.

Após sofrer perseguição por opiniões diferentes no meio sindical e ficar elaborando e lembrando minha atuação na cultura e nas outras áreas e me perguntando onde a democracia sobreviverá? Na literatura, na cultura, na educação...preocupante...

FSM - FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2016 EM PORTO ALEGRE

É tão importante quanto a 15 Anos atrás se construir e disputar um projeto de humanidade. Um outro mundo é possível e necessário!

CONTRAGOLPE PODE SER PIOR

Defendi esta mesma opinião ou avaliação meses atrás. Que o equivoco da oposição, ao ficar tentando golpear e desgastar a presidenta, é julgar que não possa haver um contragolpe ou uma reação maior contra isto. Ela presume que não há uma camada civil que mesmo objetando políticas de Dilma sustentam sua legitimidade e legalidade e que não vem outra opção no espectro político atual. E que ela, a oposição golpista, se arrisca muito em presumir sua força com base em categorias e alianças ocasionais e não estruturais da sociedade brasileira. Após isso o bloco golpista e seus lideres começou a sofrer ataques de todo tipo, se fragmentando e o bloco de sustentação da legalidade iniciou o processo de reaglutinação que chegou agora a FBP - Frente Brasil Popular e que deve se amplia.

ARQUITETO DA REUNIFICAÇÃO ALEMÃ É HOMENAGEADO EM BERLIM

TODO AQUELE QUE DEDICA SUA INTELIGÊNCIA A RECONSTRUIR UMA SOCIEDADE DIVIDIDA, FRATURADA OU SEPARADA MERECE GRANDE HOMENAGEM E RECONHECIMENTO - EIS UM EXEMPLO, para minha eterna admiração pela diplomacia e pela área de relações internacionais.

VOCÊ ESCREVE MUITO OU FALA DE POLITICA NO FACE?

Toca em frente. Também tem reclamação de que escreve Textão e tals. O que interessa é se comunicar com seus amigos e com aqueles que te seguem, seja concordando ou divergindo. Toca em frente porque essa Papinho já era, principalmente para quem tem algo a dizer, gosta de gente e de fazer coisas nesta vida seja com palavras ou ações. E isso muda o mundo e que ainda não entendeu que fique resmungando ou criticando ou reclamando. Deu...

CANTANDO EM DUAS NOTAS

Tenho muitos amigos e amigas que cantam, gosto muito de canto e quando vejo algo assim – uma cantora que consegue fazer duas vozes - fico pensando não tanto na exibição ou no aspecto inédito mas sim num recurso novo e no possível uso disto em arranjos e em determinadas peças musicais. Muito interessante....comparo isso aqueles assovios com duas notas que alguns sabem fazer e, nas demonstrações dela creio que em dois tons deva ser usado excepcionalmente e não excessivamente também. O que pensam meus amigos e amigas cantores?

LINK: 

PELO FIM DO FINANCIAMENTO PRIVADO NAS ELEIÇÕES

Para acabar com a Corrupção, as relações promíscuas entre empresários e parlamentares, gestores, empresas públicas e o processo eleitoral.

FRENTE EM DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO



Uma pauta específica da nossa luta aqui no Rio Grande do Sul que merece atenção especial e permanente dos servidores e do Povo gaúcho. Contra as maldades do Sartori.


OBS. Realizanmos em praticamente todos os nossos atos aqui no Vale do Sinos a mesma coisa: ABRAÇAR O BANRISUL COMO SÍMBOLO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO valiosos deste estado

SOBRE MINHA PARTICIPAÇÃO NA ASSEMBLEIA DO CPERS – PRIMA – 11 – 09 - 2015

Eu não disse nenhuma inverdade. Agora vou descansar porque não sou sindicalista de retórica e participei mais desta jornada do que alguns que me criticam o que inclui reuniões, visitas em escolas, atos, caminhadas panfleteações. Minha resposta sobre isto há de deixar claro minhas razões, meu direito e o respeito que mereço. Quem fala de mim não me conhece ou não me aceita, só isso. O resto é demasia e emoção. Argumentar é melhor do que atacar pessoalmente e compreender é condição para divergir com clareza. Boa noite. Mas lembra bem da assembléia regional do 14 núcleo e do Governador covarde que nos ataca. Porque eu ataco ele com todas minhas forças e luto está luta bem mais e com muito mais compromisso do que estes que gastam e vão continuar gastando suas energias e sua coragem contra a direção ou contra quem pensa diferente deles. Nada é mais pelego do que atacar uma direção que luta contra um tirano!

P.S. Após um ataque em redes sociais de um menino e de outros que não entenderam meu direito e que não respeitam quem pensa diferente deles sobre tática e luta.

GOVERNO ANTECIPA SALÁRIO (SIC) ZERO HORA

Isso sim acaba com o Enem!

Estão trabalhando com muito afinco contra nós: de um lado de dedicando nossos pobres alunos, ex-alunos e futuros alunos, de outro construindo ilusões e muitos engodos em suas publicações. Poxa não nos pagam direito e ainda aumentam nosso trabalho. Como é que nossos queridos alunos vão passar no Enem? Que barbaridade isso! Francamente....

SARTORI E O GOVERNO DA COVARDIA - REVISADO E REEDITADO

SARTORI E O GOVERNO DA COVARDIA

“O mundo está de ponta cabeça.”
João Carlos Alves Rodrigues –
Professor aposentado,
militante sindical e construtor do CPERS Sindicato,
em nossa Assembléia Regional de 09/09/2015

O massacre que este governo continua fazendo e promovendo contra todos os servidores, desde o dia que tomou posse, contra seus familiares e o povo gaúcho, com suas intenções e manifestações, com seus Projetos (PLs e PLCs) é tão grave que temos sim que pedir ao povo para entender a luta dos servidores. Entender a greve dos servidores e apoiá-los nesta grande jornada em defesa do Rio Grande do Sul.

Tem funcionário público em desespero com suas contas e compromissos já e que temem não poder cumprir com suas obrigações com seus dependentes. Tem funcionário público que vive, apesar de cumprir com todas suas obrigações contratuais, e excessiva insegurança e sofre com o terrorismo deste governo desde o início do ano. Tem funcionários públicos e muitos filhos de funcionários públicos sacrificando planos e projetos importantes para melhorar de vida, avançar nos estudos e manter suas casas e famílias unidas. É muito grave isso...É um ataque covarde deste governo aos trabalhadores que prestam serviços ao Rio Grande do Sul por uma vida inteira. E isto tem atingido desde funcionários recém nomeados e que ingressaram agora em suas carreiras, funcionários veteranos e em fim de carreira e também servidores aposentados que já deram sua contribuição de uma vida inteira ao nosso estado e ao nosso povo.

É, para mim, preciso repetir aqui mais uma vez, uma grande covardia e perversidade que o Governo Estadual do Sr. Sartori e dos partidos que o apoiam:

PMDB/PSD/PPS/PHS/PTdoB/PSL/PSDC/PSB/PDT/PP/DEM/PSDB/SDD/PRB,

cometem com a vida de milhares de trabalhadores, seus familiares e com o povo gaúcho. 

Tudo para poder aumentar impostos e preservar privilégios, benesses e isenções para os poderosos. E ao mesmo tempo leiloar patrimônio público ao bel interesse dos poderosos.

Ao invés de recorrer a uma solução imediata e emergencial que é sacar os depósitos judiciais para evitar a penúria dos trabalhadores neste período, esta comprovado já que o governo optou pela vida da covardia de obrigar os trabalhadores a pagar a conta que os poderosos criaram, o governador resolveu fazer os trabalhadores sofrerem. As dívidas deles se avolumarão, pensões, alimentos, aluguel, prestações, luz e água, empréstimos tudo irá pressionar e deprimir gravemente a vida e saúde dos trabalhadores, seus familiares e do povo.

E ainda tem os colegas que, com o terrorismo e o desrespeito sistemático, com as perseguições e ameaças e a continua perspectiva de parcelamento dos salários e a insegurança financeira, já entram em pânico e começam a acusar depressão, burnout e outras doenças.

É muito grave e covarde isso e penso que terá terríveis consequências na vida de muitas pessoas e irá agravar os impactos da crise no RS. Além de precarizar os serviços de segurança, educação e saúde atinge todos os demais servidores cujos vencimentos são bem inferiores a média salarial de CCs e cargos com privilégios e prerrogativas dos poderosos. Ao contrário do que se possa imaginar o governador ri da nossa cara - chama o estado de vaca morta - e não está nem aí para exemplos. Depois de ter passeado de helicóptero para ir num aniversário na praia, enquanto o SAMU ficou sem o serviço - hoje as secretárias e telefonistas do Samu Estadual entraram em greve também - , no mesmo dia aliás. Após ter criado um cargo na maior cara de pau para a esposa. Após ter concedido reajuste aos altos salários do Judiciário, secretários, vice e a si mesmo, não está nem aí para qualquer moralidade. Foi noticiado que neste período de luta dos servidores contra o parcelamento, este governador nomeou mais 1.600 CCs. E agora sabe-se que pagou integralmente os altos salários castigando todos os pequenos. É pura covardia.

E é desta covardia que partiu a minha necessidade de postar de novo este texto. Pois ontem a noite fui informado de uma postagem covarde de determinada cidadã de Novo Hamburgo, conhecida CC profissional do PMDB, que resolveu prosseguir na ousadia e desfaçatez e no ataque covarde ao servidores comparando-os aos desempregados e fazendo tábula rasa, como seu Governador e o líder do Governo e do PMDB na Assembléia Legislativa, que chamou os servidores públicos estaduais de vadios. Veja o típico raciocínio leviano da criatura:

“Alô funcionários públicos estaduais.
Esta ruim para vocês, porque receberam seus salários parcelados, mas com data definida para receber a parcela seguinte?
Então se coloquem no lugar dos trabalhadores das empresas privadas que estão sendo demitidos...”

Respondo assim a esta estultice e covardia embonecada: A reprodução da covardia do Governador Sartori e do PMDB com os servidores públicos estaduais, seus familiares e o povo gaúcho se amplia com este tipo de argumento. E ele expressa a condição vil em que eles gostariam de ver os servidores, os trabalhadores e o nosso povo. Comparar a situação dos servidores com desempregados ou outros trabalhadores confessa o pouco apreço que eles tem por ambos. Está pressupondo que o servidor tem privilégios sem considerar em nenhum momento os privilégios dos poderosos e dos marajás que ela sustenta. É só covardia e nada mais...

Quando a gente responde alguém como ela, e quando postamos determinadas considerações aqui, não o fazemos tanto por ela ou eles, mas pelos outros que lêem uma bobagem destas ou outras e se não verem contestação, tomam por verdadeira ou boa opinião tal desfaçatez e ficam pensando por mínima reflexão que é isso mesmo, mas não é não meu caro. E defender os trabalhadores contra isto é também fortalecer nossa luta contra está covardia.

E respondo também aqui contra certa presunção de que os servidores são privilegiados: Porque você acha que os servidores públicos não sabem o que é desemprego ou perda de direitos? Creio que estais muito enganada a criatura com a gigantesca maioria dos servidores que não nasceram servidores, nem são privilegiados de berço ou que seguem carreiras superiores quase que por herança paterna – de pai apara filho ou em linha sucessória e hereditária bacharelesca, latifundiária ou empresarial. Não é mesmo o caso. A gigantesca maioria é trabalhador e filho de trabalhador e adquiriram com muito esforço e estudo, apoio e busca de oportunidades capital cultural para disputar uma vaga no serviço público. Passaram por sacrifícios, dificuldades e apertos e foram selecionados por concurso público, nem por indicação e nem por eleição manobrada pro recursos de empresários interessados. E isso não significa que sempre tiveram renda ou que não passaram por dificuldades antes.

Quem concebeu esta estupidez de atacar os servidores como se eles fossem os culpados da crise, tivessem ingressado no serviço público pela porta dos fundos ou por lista partidária desrespeita o espírito republicano gaúcho e despreza a dignidade dos servidores – e isso envolve o governador, sua equipe, seus correligionários e fiéis seguidores – que estão cometendo um grave crime contra as pessoas e suas vidas e deveriam ser banidos da vida pública sem nenhuma vacilação.

Esta política não é capaz em nenhum momento razoável e sob nenhuma descrição possível de ganhar ares de estar sendo empreendida pelo bem comum – veja a violência galopante que esta estupidez causou - ou mesmo pode ser considerada uma espécie de vontade geral, pois seu juízo é inexplícito e intransitivo aos cidadãos e cidadãs de carne e osso, e isso causa muito mal a mais de um milhão de gaúchos diretamente e indiretamente a todos os gaúchos. Não é o povo gaúcho que precisa fazer mais sacrifícios, nem os servidores e seus familiares, mas sim este bando de nababos, privilegiados, poderosos e bem protegidos e prestigiados na imprensa oficial senhores e senhoras que pensam ter recebido um cheque em branco na eleição do ano passado ou ter prerrogativas e direitos superiores aos cidadãos deste estado.
Estupidez tem limite meus senhores e senhoras. E pedir compreensão aos trabalhadores e ao povo, ainda por cima, sem compreender algo tão básico e elementar como a sobrevivência dos trabalhadores, a proteção de seus dependentes indefesos e a saúde de todos é vergonhoso. Por isso repito que é uma questão de solidariedade e de moralidade apoiar a luta dos servidores públicos. Afinal não é nada difícil saber quem anda mal acostumado neste estado e quem concebe o estado como a solução econômica para os seus interesses e de seus aliados pouco se importando com as necessidades de educação, saúde, segurança, cultura, saneamento e outros temas num estado como o nosso com a grande história republicana do nosso estado.


Espero que este artigo reeditado sirva de libelo na defesa dos servidores, trabalhadores e do povo gaúcho e esteja a altura da questão colocada: como colocar este mundo em pé novamente (?), e seguir no processo civilizatório com democracia e respeito aos direitos civis, aos seres humanos, à vida do povo e a todas as pessoas que presam a dignidade humana acima de tudo!

SOBRE A COVARDIA DA CC DO PMDB DE NOVO HAMBURGO

Respondo assim: A reprodução da covardia do Governador Sartori e do PMDB com os servidores públicos estaduais, seus familiares e o povo gaúcho se amplia com este tipo de argumento. E ele expressa a condição vil em que eles gostariam de ver os servidores, os trabalhadores e o nosso povo. Comparar a situação dos servidores com desempregados ou outros trabalhadores confessa o pouco apreço que eles tem por ambos. Está pressupondo que o servidor tem privilégios sem considerar em nenhum momento os privilégios dos poderosos e dos marajás que ela sustenta. É só covardia e nada mais...


Quando a gente responde alguém como ela, não fazemos tanto por ela, mas pelos outros que lêem uma bobagem destas e se não verem contestação tomam por verdadeira ou boa opinião. E defender os trabalhadores contra isto é também fortalecer nossa luta contra está covardia.

NEM VEM, SARTORI A CULPA É TUA,



Porém, como já disse nossa colega ninguém se prepara para o Enem dois meses antes.

Essa é somente mais uma infeliz tentativa de responsabilizar o professor que, aliás, é sempre culpado.

E serve apenas para proteger um governador que não cumpre com suas obrigações e prejudica todos os trabalhadores do estado.


P.S.: Sobre a acusação na Zero Hora de que a greve vai prejudicar o desempenho dos alunos no ENEM deste ano.

SOFRIMENTO

Simplesmente demais, VOCÊ NÃO PRECISA SOFRER PARA LUTAR CONTRA O SOFRIMENTO. 

P.S.: Ao ver a família de Glória Pires e marido - com os irmãos e a maravilhosa Cléo Pires - pousando com camisetas de campanhas contra diversas formas de discriminação na semana seguinte aquele vexame de Fábio Junior em Nova York

EMPATIA

EMPATIA - num ótimo tratamento filosófico básico - recomendo http://problemasfilosoficos.blogspot.com.br/2015/09/empatia-e-moralidade.html

A partir de Liberdade e Ressentimento de Peter Frederick Strawson.


Veja que na base de nossa capacidade de sentir solidariedade pelo próximo, na base de nossa humanidade e, portanto, da possibilidade de sermos melhores moralmente e socialmente temos a EMPATIA.

GENTE

Eu também. Sempre digo que quem não gosta de gente não pode ser professor e nem fazer política.

IRRITAÇÃO

IRRITADO COM A FORMA COVARDE COMO OS SERVIDORES FORAM TRATADOS PELO GOVERNO ESTADUAL E COM A CARA DE PAU DOS BEM PAGOS QUE APLAUDIRAM UM GOVERNADOR QUE DETÉM MANDATO POPULAR DESDE 1976 E QUE ALEGA NUNCA TER VAIADO NINGUÉM - SIM NUNCA VAIOU NINGUÉM, MAS DESTA VEZ FEZ ALGO PIOR QUE ISSO FERROU COM AS VIDAS DE MAIS DE 350 MIL SERVIDORES SUAS FAMILIAS E A ECONOMIA DO RS E DO POVO GAUCHO QUE EM SUA GRANDE MAIORIA VALEM BEM MAIS DO QUE ELE SEM FALAR DOS PROFESSORES DE VERDADE QUE PASSAM SUA VIDA INTEIRA EM SALA DE AULA E NÃO DIZEM QUE SÃO O QUE NÃO SÃO - QUE AS PESSOAS PENSEM NISSO E MAIS NESTA VERGONHOSA SITUAÇÃO

COVARDIA

COVARDIA É ISSO! FERROU OS PEQUENOS E PREMIOU OS PODEROSOS!

domingo, 6 de setembro de 2015

CHUVA DE RÃS EM MAGNÓLIA E NA VIDA

Às vezes a solução para uma trama maior que a compreensão de alguns, ou maior que o tempo disponível para fechar o roteiro, é mesmo uma chuva de rãs. Pensando na vida, em Magnólia e nos meus botões.

sábado, 5 de setembro de 2015

EM 30 DE ABRIL NO PARANÁ - PARA LEMBRAR



Hoje os professores sangraram,
Os que não sangraram, choraram
E os que não choraram

Não eram mais professores.

UM ATAQUE AO ESPÍRITO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA

 – MAIS UMA BATALHA O PROJETO DA DEPUTADA REGINA BECKER FORTUNATTI DO PDT


- dedico este texto a todos os educadores que já sentiram agruras e que já foram sufocados por gestões escolares não democráticas, autoritárias e discricionárias – e também a todos que lutaram e que lutam para mudar isto na educação gaúcha e brasileira -

A deputada Regina Becker Fortunati (PDT) propôs no projeto que pode ser votado nesta semana (01 a 04 de setembro), um conjunto de alterações na Lei 10.576, de 14 de novembro de 1995, que, segundo ela, serviria para “atualizar o processo de gestão democrática” do ensino público no Rio Grande do Sul, mas que na verdade promove retrocessos na democracia que podem prejudicar a participação das comunidades escolares e a lisura na gestão escolar pelas razões e críticas que passarei a arrolar a seguir.

As modificações promovidas pela parlamentar, por meio do Projeto de Lei (PL) 169 2015, envolvem o processo de eleição de diretor de escola, que passa a ser uninominal (sem a escolha dos vice-diretores se sem a apresentação da chapa diretiva ao sufrágio da comunidade escolar), e diminui e apequena as importantes funções do conselho escolar de representar a comunidade escolar e promover a gestão participativa das escolas.

Além disso, a proposta em tramitação na Assembleia Legislativa, ao contrário da lei em vigor, que permite apenas uma recondução ao cargo de diretor de escola, cria o processo de apropriação ad infinitum da gestão escolar promovendo a concentração e a permanência na gestão sucessiva e a personalização e cristalização do gestor ao não limitar o número de reeleições. Assim, ao invés de promover a rotatividade, a ampla participação na gestão dos servidores acaba por privilegiar e acomodar gestores onde muitas vezes é necessário a mudança e a permanente atualização e renovação de gestores com novos perfis e formações, experiências e acúmulos para responderem de fato as novas situações no mundo real e das mudanças necessárias nos padrões de qualidade e evolução das relações humanas. Na minha opinião ali aonde deveria haver um processo dinâmico e coletivo, ela acaba com sua propostas a reinstaurar um processo estático e personalista de gestão. Risco este que mesmo com a atual lei ainda corremos, posto que alguns tem feito esforços e pressões para burlar este sistema através de iniciativas junto a parlamentares mais suscetíveis a agrados de personalidades e de interesses particulares.

É o típico projeto que agrada muito educadores que gostam de viver afastados das salas de aulas e gestores que em geral tem apreço pelo poder e pelo exercício do poder unilateral em processos educacionais, tem dificuldade de conviver com o contraditório e não zelam pela liberdade na ambiente escolar. Minha avaliação mais crítica é que o espírito do projeto é eminentemente anti-democrático e concentrador de poderes nas mãos dos diretores

A proposta que a excelsa deputada traz ainda em seu bojo algo que extingue o papel soberano e de instancia máxima dos conselhos escolares, concentrando mais poderes nas mãos dos diretores de escolas. Estas mudanças ocorrem na redefinição em relação às funções dos conselhos escolares, constituídos por pais, alunos, professores e funcionários, de acordo com o projeto de Lei, estas instâncias deixarão de exercer tarefas de caráter executivo, passando a atuar de forma consultiva, deliberativa e fiscalizadora. “Os conselhos escolares, dentro de um espaço democrático, não podem, ao mesmo tempo, exercer funções executoras e fiscalizadoras dentro das instituições de ensino”, explica a deputada. E isso é um equivoco pois simplesmente aumenta o poder dos diretores e aumenta também a possibilidade de discricionariedade deles em relação as políticas pedagógicas, administrativas e financeiras.

O projeto que, apesar de preservar a eleição direta com a participação de todos os segmentos da comunidade escolar (pais, alunos, professores e funcionários) e mantém a paridade de votos entre pais e alunos (50%) e professores e servidores (50%), dissolve o papel participativo e propositivo da comunidade escolar e, ao mesmo tempo, que faz isto, dissolve a necessidade de composição prévia da chapa diretiva permitindo os antigos arranjos surpresas dos diretores eleitos com a liberdade de compor sua direção sem explicitar isto no processo eleitoral e tornando o processo democrático esvaziado do ponto de vista programático e do perfil da nova direção exibindo somente a cabeça mas não a composição da mesma.

O projeto transforma uma importante conquista da sociedade, e devo aqui dizer que isto teve sua origem em um movimento pioneiro de escolas estaduais contra a indicação por lista tríplice de diretores nos anos 80, movimento este do qual minha escola fez parte – a Escola Estadual de Ensino Médio Olindo Flores da Silva de São Leopoldo, e que permitiu se tratar da gestão escolar com espírito democrático e não tutelado por interesses políticos do governante de ocasião e que foi sendo aperfeiçoado até chegar aos moldes atuais que superaram a perspectiva personalista e autoritária de gestão de outros que foi materializada na Lei da Gestão Democrática e seus aperfeiçoamentos.

A proposta da parlamentar in fine minimiza e diminui a democracia escolar e representa um retrocesso grave, pois combinada com o projeto que abre a escola ao apoio econômico empresarial certamente vai acabar por promover concentração de poder e facilitar a influência e os abusos nas relações que na esfera política já se mostram daninhas entre gestores públicos e interesses privados e empresariais. É a coroação e o transplante do modelo que corrói perversamente o sistema político para a esfera da gestão escolar.


O que a gestão democrática mais precisa hoje, ao meu ver e de muitos outros educadores e gestores, militantes educacionais e pensadores, é incrementar e fomentar mais ainda a participação comunitária e a participação dos pais na vida escolar dos alunos e de uma equipe administrativa de apoio que facilite a gestão pedagógica administrativa e financeira das escolas e não de um arremedo redutor e casuísta, reprodutor e personalista na eleição dos diretores.