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sexta-feira, 12 de junho de 2015

IMPERIALISMO E A EMANCIPAÇÃO QUASE IMPOSSÍVEL

Imagem postada pelo amigo Cesar dos Santos.


Não se trata só de jargão e de boa conduta conceitual ou diplomática não. A ruptura com os impérios e os regimes coloniais não nos deixou tão orfãos ou emancipados assim. Há um colonialismo residual, um imperialismo residual que vem se renovando e se sustentando econômica, política e culturalmente. Para mim tanto imperialismo quanto o capitalismo do que o imperialismo é somente uma de suas formas elaboradas de instituição de exploração econômica e dominação política, tal qual isso ocorre entre burguesia e proletariado, via mecanismo de exploração e de controle, dominação e sustentação de hegemonia, tem uma lógica interessante de balanço: Toda vez que você olha para a dominação política - guerras e imposições, se encobre a exploração econômica, do mesmo modo que o trabalhador tem plena consciência da exploração econômica e não tanta de uma forma de dominação política, como, por exemplo, hoje no Brasil em que os trabalhadores votaram massivamente em deputados e senadores que representam justamente os interesses de sua própria exploração. Parece então ocorrer um jogo de encobrimento dos vieses econômico e político, quando o político é nítido o econômico está encoberto e vice versa, nunca havendo um equilíbrio. O que faz portanto com que a dominação ideológica - o que pode ser feito através de censura conceitual também seja sempre encoberta por uma teoria gratias arts. Dei uma aula de história sobre Imperialismo em que ao final da leitura do capítulo em um livro didático, vários comentários e análises e resumos do que íamos lendo, o que passava por Imperialismo na Ásia, Oceania e África, as unificações tardias da Alemanha 1871 e Itália 1870, a modernização do japão na dinastia Meiji em 1866 e a relação disso com a conferência de Berlim em 1885 para acertar as áreas de influência dos Impérios Velhos (ex-coloniais) e Novos que acabou levando a primeira e depois por tabela à segunda guerra mundial, perguntei aos alunos quais eram as consequências do Imperialismo para as nações asiáticas, africanas e oceania? Eles responderam muitas guerras e muitas mortes. E para os dois mais interessados na aula ao final eu ainda acrescentei com mais ênfase fazendo o paralelo com os países americanos, que herdaram todos da aventura colonial e imperial estados nacionais fracos e incapazes de se estruturarem, com muita corrupção e subordinação das elites locais aos interesses estrangeiros e incapazes de promoverem mudanças sociais, subdesenvolvimento econômico e atraso industrial, salvo na Índia, na China por conta de sua força cultural que levaram as emancipações lideradas por Gandhi e Mao Tse Tung. Vale lembrar que a África do Sul´- espécie de jóia da África, só se emancipa com a libertação e depois a eleição de Mandela em 1994. Se soma a isso também a dificuldade de seus intelectuais interpretarem para além dos chavões e das antíteses de bom mocismo a conta inteira e analisarem com mais rigor o seu próprio atraso cultural e subserviência intelectual, que é o que esta citação de Nailpaul parece apontar. Mas para mim nada disto é uma abstração, como não é uma abstração saber que a maior rede de comunicação social - televisão, rádio e jornal - brasileira foi financiada na ditadura militar pelo complexo Time/Life. Nailpaul apaga a exploração quando censura a crítica da dominação que é o que realmente gera esta inimizade toda. Como muitos intelectuais fazem discurso de bom mocismo retardando a autonomia intelectual e interpretativa de seus pares. É algo curioso que tenhamos esses reflexos também na literatura e na teorias locais, apesar de nossos impulsos modernistas e de todas as tentativas de encarar as contradições não somente como conceituais.

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