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sábado, 23 de maio de 2015

BREVE ESQUEMA DAS CIÊNCIAS: PEQUENA ANOTAÇÃO AMPLIADA


Este é apenas um esquema explicativo, inacabado e imperfeito das ciências e que em parte vale também para as disciplinas escolares, ressalvadas certas diferenças que me parecem fundamentais entre elas. Coloquei no quadro para algumas turmas tentarem entender as relações entre as ciências humanas e as demais e valorizar mais as ciências em geral.



Com este esquema, cuja explicação textual dou um pouco a seguir, pretendo apenas diferenciar Ciências Humanas, Ciências Naturais e Ciências formais, sem abolir as relações de colaboração e compartilhamento de conceitos, métodos e teorias entre elas. Tenho trabalhado com um a diferença fundamental entre Discurso/Narrativa e Formas/Fórmulas. Assim, algumas ciências são mais formais e outras mais discursivas. Na educação isso explica dois tipos de desafios: de um lado, as ciências formais trabalharem mais numa forma discursiva transformando as fórmulas em proposições descritivas, narrativas ou discursivas e, de outro lado, as ciências humanas trabalharem mais formalizando e esquematizando seus conteúdos e, na medida do possível, fazer uso de fórmulas e de formas de representação ou figuração não meramente discursivas, como esquemas e etc.

Quando a minha querida professora (Luciana Giacomelli) e colega de artes ao ver este esquema me aponta a falta das artes ali tem razão, no sentido que falta o nome, mas eu entendo que ela está presente em tudo porque tanto a criação de uma narrativa não pictórica, quanto a representação pictórica ou simbólica envolve justamente uma dimensão estética e o uso de arte para fazer símbolos, sinais e construir imagens e esquemas.

Dou aqui, como exemplos, os maravilhosos cadernos de esboços, esquemas e desenhos - até caricaturas - de Érico Verissimo para suas obras, cuja narrativa é, entretanto, discursiva o que mostra também que certa forma de literatura requer um parafuso a mais sim ( meu querido sobrinho Bruno Boeira). E destaco também que a educação física, para voltar ao panorama de disciplinas escolares, cumpre um papel muito importante também como forma de expressão física e social dos sujeitos de conhecimento sobre seu mundo, o que envolve a dimensão lúdica, mas também política do domínio do seu corpo e da construção de sua performance física no mundo, algo que nos esportes competitivos e no teatro parece ter certo paralelo.

Também é importante dizer que das relações entre ciências humanas e ciências naturais brota todo conteúdo de uma Geografia que, por exemplo, pode ainda ser dividida em geografia física e humana – gosto sempre de lembrar minha fórmula geográfica (N + R + C + P + E (H) = D, cada letra com valores variáveis de + ou – como nas tabelas do IDH, para Saúde, Educação e Renda que aqui na formula geográfica aparecem só em D – demográfica, e são resultantes da soma N= condições naturais, R = condições religiosas, C = condições culturais, P = condições politicas, E = condições econômicas, e (H) condições históricas, aperfeiçoando aqui).

E, por fim, dizer que esta narrativa e forma de esquematização nos exige complementar também com a história das ciências e com certos estudos das dimensões formais nas humanas e das dimensões históricas e sociais nas ciências formais e naturais (meus colegas de área, os professores Márcio Wackslavowski, Marcelo Binot, Paulo Prestes, Ricardo da Luz, Márcia Mittmann, Dorami Galeazzi tem debatido isto com a gente e também entendem assim). Gostaria de agregar apenas na faixa das formais – que já incluem Linguagens e Matemática, como também disciplinas ou conhecimentos singulares a Lógica e a Geometria, cuja contribuição singular aos regimes de prova, modelos de prova e teorias de prova de todas as ciências devem ser sempre mais destacadas e compreendidas. Assim, todas as linguagens que permitem algum uso demonstrativo ou argumentativo pertencem em suas diversas traduções as ciências formais ainda que não tenham sido formalizadas e mantenham como essencial uma relação representativa. Entendo semanticamente que o sentido é derivado do representado e que a representação lhe é secundária, mas que os modelos sintáticos e demonstrativos que podem ser formalizados ampliam o âmbito de sua aplicação. Neste sentido podem os fazer tradução de um modelo discursivo para um formalizado e de um formalizado para um discursivo e este é um dos exercícios, eu creio que ajuda muito na aprendizagem do concreto ao abstrato e que deveríamos fazer mais na escola. E ainda dizer que a Matemática aqui é vista como uma linguagem - ainda que sua relação mais produtiva seja formal para a física e outras ciências naturais.

E não poderia deixar de citar a Química aqui cujo regime próprio representado por uma tabela periódica e suas regras e fórmulas próprias, esquemas de representação e de explicação dos fenômenos e de seus próprios objetos me é assombroso porque passa com facilidade para um discurso narrativo sobre o mundo, o ser das coisas e seus elementos constitutivos, bem como suas relações físicas e químicas e suas pertinências para a biologia e as demais ciências.


Penso sim, que deveríamos gastar um bom tempo reorganizando os nossos conhecimentos, nossas ciências, relações comuns e também compartilhando mais num todo isto para os alunos. Imagino que deva ser mais ou menos isso que esta ocorrendo com os debates sobre áreas hoje na educação brasileira, mas vejo mesmo como essencial organizar isto sob o viés da história da ciência e da filosofia da ciência. Porém é um debate que vamos construído na prática cotidiana e através de muito diálogo. Isso pode continuar é claro...com mais opiniões e se alimentando mais dos debates nas disciplinas e entre elas e para além delas...

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