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terça-feira, 31 de março de 2015

DESCARTES 419 ANOS CONTRA A TRADIÇÃO

Hoje uma amiga lembrou aqui no Facebook de que o GOOGLE não comemorou os 419 anos de Descartes. Afinal ele nasceu em 31 de março de 1596 e até onde se saiba suas estátuas e monumentos ainda estão de pé, mais firmes que outras e não foram ainda retirados do panteão dos sábios, filósofos, cientistas, escritores e gigantes da humanidade. No frontispício da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, sua imagem ainda está lá esculpida a observar o nosso pequeno mundo cada vez mais liliputiano de Porto Alegre, onde algumas grandezas são diminuídas e algumas pequenezes são amplificadas.

Em frente cavaleiro mascarado, pensei eu, imediatamente. Achei legal a lembrança e me toquei de escrever um pouco e livremente sem peias sobre ele e sua relação com a tradição. Isso me pareceu algo para anotar e de pensar que talvez ele tenha sido mesmo abandonado e que talvez volte a ter um lugar melhor para si que é justamente fora de toda e qualquer tradição oficial ou oficiosa. Sou daqueles que sempre tendo a mais elogiar Descartes do que combatê-lo. Tendo sim a crer mais no gênio dele do que naqueles que o detratam, pois vejo sempre algo libertador mesmo num erro desde que bem pensado. E se tem algo que eu vejo bem pensado, de caso pensado e bem propositado são suas idéias, textos, teorias que se encontram em suas obras e mesmo em cartas, rascunhos, esboços, notas ou em suas correspondências. Em tudo isso e também ali onde há uma falta, eu vejo um gigante.

Descartes foi um escritor e pensador tão impressionante para mim que sempre descubro algo ao ler ele, assim como descubro algo também naqueles que o negam ou renegam. Descubro algo naqueles que usam seu recurso ao “Eu penso” e descubro também algo naqueles que tentam superá-lo, ultrapassá-lo e ir pára além dele. E este algo sempre me me obriga a voltar a pensar em algo do tipo como nosso ser se coloca em relação a sua negação, seja ao pensar seja ao tratar com algo diverso de si mesmo. Ando lendo, para variar minha dieta, um pouco de Schopenhauer nos últimos tempos e se soma à isso uma certa leitura indireta de um Fichte, também, e com isso meu Ich Habe ou Ich sein tem me mostrado muito mais sobre Descartes e somado ao que já li em  Kant me convenço que tanto o eu penso, este ser que pensa e que julga determinar a si mesmo como universal em seu pensar, tem um que de realmente singular e necessário como ponto de partida da reflexão sobre o que há, o que nos parece e como fazemos as nossas diversas formas de sínteses dos dados dos sentidos e usando conceitos.

Mas a minha vontade e a minha disposição ou paixão por ele está de certa forma tranqüilizada, pois toda vez que o leio sinto hoje mais uma prosa tranqüila e serena do que aqueles solavancos que sentia ao pular do argumento do sonho para o do gênio maligno, do Deus Enganador ao meu bom Deus, ou os solavancos que eu sentia ao pular de uma regra para outra e mesmo meu espanto ao conferir que ele não julgava mesmo possível a supremacia da razão sobre o coração ou as paixões hoje me parece algo como uma paisagem estabilizada. Mas deve haver, portanto algo de errado comigo e com ele, posto que assim não se trata mais como escândalo a divisão ou separação do corpo e da alma, não temos mais porque temer como se vai conseguir juntar os dois, após separá-los e muito menos fico a imaginar que minhas certezas serão mais uma vez abaladas, afinal elas andam tão rasas e minhas esperanças são tão modestas que posso falar dele prosaicamente como falo aqui agora.

Agora, é mesmo interessante o fato a ser observado de que há aqueles que o renegam sem jamais tê-lo apreciado com aquela generosidade de alma que é tão necessária para ler cartas que vem de lugares tão distantes no tempo e no espaço. Eu fico pensando no déficit hermenêutico disso, dessa interpretação que se diz crítica mas que num tem uma linha sequer dissolvida em suas mãos. E há sim entre aqueles que o renegam aqueles que não o leram ou que se o leram não entenderam, como me disse um velho mestre sobre este e outro autor. Assim, temos hoje mesmo um anti-cartesianismo que repousa em ataques a um fantasma, que se aferram a uma máscara de tradição, sem perder de vista seu próprio ponto de partida, mas sem saber.

Alguns recebem suas lições sobre isso de segunda, terceira, quarta, quinta ou milésima mão e a imagem ou desenho, modelo ou sistema que atacam é um arremedo. Então também escrevo isso aqui – com uma gota de revelação de um segredo – recomendando que o leiam de verdade. Que tome entre suas mãos frente ao fogo deste inverno que virá suas obras e vejam se é tão insensato assim tentar dar um limite a suas crenças,s e é tão insensato assim questionar a si mesmo sobre suas certezas e mais – porque é possível mais sim – se não seria um bom augúrio olhar para este céu com outros olhos e tentar ver as estrelas que antes pouco percebias. E isso é só um modesto conselho que homenageia um aniversário de aparecimento e desaparecimento.

Desconfio ainda que ele é tão influente entre nós  hoje que mesmo frente a uma pequena lista de atividades banais e comezinhas calha bem ordená-las e discerní-las ainda assim  pelo seu método e suas regras de direção do nosso espírito. E que curiosamente temos as regras sem seu autor em nossas mentes como que introjetadas. E isso pode me levar a crer que ele apenas exibiu aquilo que todos nós sabíamos, ou que ele explicou aquilo que já compreendíamos e saiu-se a triunfar sobre isso. Mas qual triunfo mesmo precisaria de uma interpretação aqui? O nosso de reconhecê-lo ou o dele de descobrir tais regras?

Por seus conceitos que já nos deixaram a muito tempo – ultrapassados em um upgrade mais analítico que o dele – temos filosofias que vivem entre nós como hábitos arraigados.

Os que renegam isso, portanto, adotam seus modelos de racionalidade e alguns chegam a ser mais racionalistas do que o recomendável. E, então, confiantes na razão em desmedida seguem se julgando seus sucessores. Mas não era isso, creio que ele diria. É preciso manter o espírito da dúvida e a questão de método acesa para nos iluminar e nos impedir de crer de forma irrefletida. Para evitar que surjam repetições e que ingressemos numa era do automatismo de novo. E eu creio que ele está fora da tradição atual e é negado muito mais por isso: justamente por possuir este vírus da dúvida por nos lembrar que podemos estar errados, por nos lembrar que precisamos de razões melhores e pro nos lembrar que mesmo um edifício bem construído, bem belo e vistoso pode soçobrar. Mas é, então, uma paixão que aparece aqui contra ele mais uma vez. Ele ainda é perigoso, portanto, deita fora, deixa de lado...pois na fortaleza das crenças bem amarradas ele pode te fazer pensar ainda de forma diferente...

O seu estilo inconfundível com aquela narrativa justa e malemolente e que, ao mesmo tempo, como a água mole em pedra dura, tanto bate até que fura vai abrindo ao nosso pensamento uma nova forma, uma nova ordem e vai nos formatando. Eu creio sim que Descartes é perigoso mesmo, é contagioso. Assim, ele continua correndo em muiats vertentes da tradição ocidental, de uma filosofia com matriz de origem européia e que mesmo seu adversário mais extremo acaba por lhe render homenagem e paga. Nos mais radicais e nos hipercríticos ( nova categoria), nos pós modernos e céticos, nos apocalípticos e nos integrados, nos analíticos e nos dialéticos, nos aforismáticos e nos tratadistas, entre pessimistas e otimistas, realistas e idealistas, pragmáticos e funcionalistas, estruturalistas e externalistas, construtivistas e intuicionistas e muitos outros – não posso continuar fazendo esta lista – seguem seu velho trilho e sua velha forma, de afirmação, negação, revisão e fundação. Ainda que não gostem tanto mais de fundações ou de ter que fazer tais escolhas, mas ao fixar uma posição a partir da qual combatem fazem o mesmo. Isso é para mim como uma espécie de golpe de uma luta qualquer que sempre figura em qualquer combate. Como se uma certa forma de recurso ou forma de argumentação que só se mostra e não se diz estivesse ali.

E, então, cada vez que alguém nega o automatismo da confiança na tradição, na autoridade ou nas crenças dominantes eu vejo um dedinho cartesiano apontando “tui” contra um gigante ou um sistema. E tal como um David com sua pedra certeira derruba o gigante Golias que tem em seu excessivo tamanho descuidado de seus pés, abandonando os zelos recomendáveis em tal empresa com seus fundamentos e então de uma forma livre ao ter relaxado no método precisa voltar a sua origem e refazer sua jornada, para quem sabe ter de novo um lugar de tradição ou, se preferir, continuar contra ela até o fim dos dias e para além mesmo deles.

Obs.: Fiz questão de escrever isso com a retórica mais deslavada de tal modo que ninguém pense mesmo que eu estou a defender a um Descartes com suas próprias armas, mas apenas dando voltas ao seu ponto com a tradição e a questão da fundação de um discurso que se quer verdadeiro ou mais verdadeiro que ao outro.

E a imagem de FOUCAULT, que roubei da Mariane, serve aqui de alento...ou motivo de um bom riso ao nosso pensamento.                  

                    

Ainda prefiro a existência à extinção: Freud.

FREUD:

"Detesto o meu maxilar mecânico, porque a luta com o aparelho me consome tanta energia preciosa. Mas prefiro ele a maxilar nenhum. Ainda prefiro a existência à extinção.


Talvez os deuses sejam gentis conosco, tornando a vida mais desagradável à medida que envelhecemos. Por fim, a morte nos parece menos intolerável do que os fardos que carregamos."

Na rara entrevista de 1926, 13 anos antes de falecer em Londres: Uma rara entrevista de Freud no final de sua vida.

UMBERTO ECO E SEU NOVO ROMANCE: JORNALISMO E ERUDIÇÃO, TEORIAS E CONJECTURAS

Um colega da filosofia muito caro meu, afirma ao linkar este que “Muitos colegas da filosofia torcem o nariz pra ele, consideram-no algo como um impostor, que se mete onde não devia e tal ("que fique com os romances"). Bernard Williams o admirava. Pra mim, um exemplo simpático de lucidez.” (Renato Duarte Fonseca) e outro ao comentá-lo lembra Deleuze “que tinha medo de Eco, dada a erudição dele.”  

Muitos filósofos torcem o nariz para qualquer coisa que não faça parte da sua dieta confortável e previsível até de problemas e soluções, métodos e teorias. Porém, isso não é uma refutação do que ele ou outros pensam, nem mesmo chega a ser uma negação cujos termos sejam claros é apenas uma questão de gosto, de hábitos e de preferências e nem justificações nem demonstrações são apresentadas. Eco tem muitas virtudes, uma delas é de ótimo escritor a outra é de realizar uma reflexão própria que muitas vezes nos surpreende "porque nunca pensei nisso?", mas também tem a erudição e a leitura, a interpretação e a capacidade de transmissão e síntese que poucos possuem.  Todos nós devemos temer a erudição, pois quem tem erudição possui uma mais larga fonte de onde podem vir coisas velhas ou novas por afirmação, negação, correção ou superação. E só o manejo deste acervo ou arquivo cultural requer muita lucidez mesmo. Então, tem razão sobre a lucidez dele Renato e eu creio que ele faz algo que alguns filósofos julgam que não é mais tarefa deles produzir um olhar crítico ou uma perspectiva crítica sobre o mundo, sobre a vida e sobre o modo como olhamos para isso.

E, só para pegar o texto, creio que sim, que a Internet - ou certa produção de informação e debates via internet - vai não somente tomar o posto do jornalismo mau, mas vai calhar por destruí-lo porque junto disso eu creio que vai ocorrendo também uma depuração das informações e se ampliando o debate sobre tudo que é veiculado de forma inconteste ou pouco rigorosa nas mídias. E isso envolve o jornalismo e a internet numa luta por sobrevivência entre qualidade e instantaneidade.

Lendo a  entrevista dele (EL PAIS - "A INTERNET VAI TOMAR O LUGAR DO JORNALISMO MAU" UMBERTO ECO.) eu creio que ele já cumpre o papel de apontar a necessidade de mais discernimento e senso crítico na leitura de tudo, o que aliás é sempre recomendado, independente da fonte, da erudição da fonte e de sua lucidez, da autoridade do jornal, da tradição ou da simpatia do novo emissor de notícias. A distinção dele entre fatos relevantes e pura lama deveria depurar o conteúdo de muitos juízos por ai e talvez poderia melhorar os debates também e quem sabe salvar o jornalismo do seu fim. E a única forma do jornalismo se salvar será justamente ele voltar a ser um orgão confiável de produção e  difusão de notícias, informações e opiniões sobre fatos. Ou seja, ou se acaba com a máquina de lama ou o jornalismo não sobrevive mesmo. Parece um imperativo e o problema de todos os imperativos é justamente o mesmo de sempre: quem terá juízo para reconhecê-lo e lavá-lo até as últimas conseqüências? Com a palavra os jornais que ainda querem sobreviver, nem que para isso virem semanários mais depurados e façam a crítica com qualidade das notícias divulgadas na imediatidade da internet e dos noticiários de teve. Creio que isso envolve um movimento de slow devolvendo ao  jornalismo de qualidade o ritmo e a profundidade semelhante ao dos anos 60 e 70. Quando tinha  dez anos certas notícias chegavam com uma semana de atraso, mas chegavam, mais tratadas e bem informadas. Isso também significa que a notícia instantânea deveria exigir mais critério em sua edição e formatação. O que me lembra aquela serie NEWSROOM... 


Por fim, não dá para ter uma perspectiva nem positiva nem negativa a priori, pois  a síntese temporal disso ainda aguarda um outro futuro cuja descrição ainda não possuímos. Isso é então um juízo acompanhado de uma conjectura, mas vem de Eco que justamente se dedica a refletir sobre isto e que sabe bem conjecturar. Vamos ver....   

segunda-feira, 30 de março de 2015

EDUCAÇÃO, SAÚDE E SEGURANÇA NA PIOR GESTÃO DA HISTÓRIA DE SÃO LEOPOLDO

Além de ter de aguentar as fofocas, desfeitas e mentiras na gestão de São Leopoldo, ainda é preciso assistir a descalabros nas três principais áreas de gestão pública prioritárias na cidade. 

Na educação desde a invenção da Gestão Bancária ou Gestão Leiga da educação com a Posse de dois secretários que de educação não entendem é nada, assistimos ao desmanche de programas na área, demissão de equipes especializadas, distribuição de uniformes com cores tendenciosas, e um festival de discriminação e preconceito em diversas ações. Agora, para consagrar a total incompetência surge a proposta de terceirizar escolas infantis construídas com recursos públicos federais em áreas cedidas pelo município. É uma coisa genial esta terceirizar serviços de educação dando prédio, área e recursos à terceiros. Se não sabe fazer gestão pública pede para sair, não como ameaça, mas saia mesmo. Que saia o Secretário, o Vice, o Prefeito e a equipe inteira pro incompetência e total inaptidão para gestão pública.

Na saúde a cidade vive absolutamente seu pior momento, pois todos os serviços estão reduzidos, a marcação de consultas não garante as consultas e a rede de UBS e Centros de saúde tem faltas sistemáticas de médicos. A UPA que era para estar funcionando já continua rodeada de tapumes aguardando o enredo também de uma provável privatização, mais uma entre várias. Só para constar São Leopoldo tem hoje oferta de mais serviços e estabelecimentos privados do que públicos em saúde. E o Hospital Centenário também funciona com sua capacidade de atendimento reduzida, com menos leitos e com grande tempo de espera no atendimento. E falam ainda em construir um Hospital Novo senão conseguem gerir a contento o velho e nem a rede municipal. Estive em muitas unidades de saúde e a cara do povo e dos funcionários é desoladora, pois estão todos aguardando o fim do faz de conta e sabem que isso só acontecerá em 1 de janeiro de 2017.

Na segurança pública vimos muitas vezes as coisas bem piores do que antes e com incidentes que envolvem desde repressão a jovens manifestantes até o uso da força excessiva com um Angolano em plena independência que gerou a revolta de todos os cidadãos e cidadãs presentes. É uma falta de política pública e de conceito de cidadania gritantes e não adianta aparecer em jornal para falar de humanização antes, durante ou depois, porque não há isso e tal coisa na gestão de São Leopoldo hoje.

A truculência, a arrogância e o topete dos membros da equipe municipal do perfeito e seu vice coloca todos os servidores que eu conheço fazendo contagem regressiva já.

E isso que deixo de falar aqui de outras secretarias e autarquias, não falo aqui do SEMAE que é campeão de obras inacabadas, nem da SEMOV que faz e desfaz numa mesma rua sucessivamente a mesma coisa, e não falo também do campeonato mundial de BURACOS DO MOA. Não falo das fotos com pose e sem solução e nem mesmo falo do atraso dos salários dos funcionários.

Além disso, apesar de ser da oposição, eu vejo que tem tanta fofoca e maledicência entre eles e geradas por eles mesmos e em torno deste governo deles, que só mostra uma coisa: além de incompetentes, são indecentes. 

O PSDB FAZ MAL A SÃO LEOPOLDO!!! É só o PIOR GOVERNO DA HISTÓRIA DE SÃO LEOPOLDO!!! 

Com a notícia de hoje de tentativa ou propósito de terceirizar e privatizar escolas infantis construídas com recursos federais me tapei de nojo desses caras!!! 

E eles não tem a mínima noção do ridículo. O problema vai para além da truculência de alguns, pois se precisa criticar também a gigantesca e tremenda ingenuidade ou inocência voluntária de outros e a retórica vazia que aparece aqui todo o tempo também. 

FORA PSDB!!!        .  

domingo, 29 de março de 2015

ENSINO DE FÍSICA NO BRASIL – AS QUESTÕES APRESENTADAS EM 1952 POR FEYNMAN (NOBEL DE FÍSICA EM 1965) E OUTROS PROBLEMAS ASSOCIADOS A ISSO

Vou compartilhar isso com muito cuidado porque descreve perfeitamente alguns fenômenos comuns não somente no ensino de física, mas em muitas situações de ensino, educação e aprendizagem e que é marcante e presente em descrições de professores sobre os seus muitos bloqueios em aplicar ou desenvolver aplicações práticas das teorias ou idéias e mesmo métodos que vão sendo estudados. E é um exemplo também de como somos permeáveis as críticas externas.

Nominei isto de incapacidade de tradução, mas o exemplo de Feynman mostra também as dificuldades de fazer analogias ou transposições ou mesmo de raciocinar com flexibilidade sobre este ramo do conhecimento. Bem....vou preparando aqui uma abordagem que pode ser melhorada com certeza.

Curti isso hoje pela manhã e pensei em compartilhar, mas fui ler agora os comentários no perfil do Alexey e me toquei de que deveria fazer um elenco aqui. Com alguns muito ricos na apresentação de problemas e questões  e me vi em um dilema: ou dou uma geralzinha mais ou menos nisso tudo e reproduzo generalidades tanto críticas como descritivas aqui ou reviso as questões e tento hierarquizar isso tudo em questões históricas, de linguagem, o tema do pensamento formal, o tema das pedagogias e neurociências (cujo formulário de dicas e orientações aos educadores ainda não possui uma boa síntese) e as relações matemática e física que precisam ser retomadas também historicamente e filosofia e física o que também envolve uma abordagem mais histórica da física como ciência. Feynman apontava claramente a aprendizagem automática e acrítica dos alunos - a falta do hábito e da liberdade de raciocinar e experimentar e a não aplicação da teoria ou de uma linguagem formal - e isso se devia também ao autoritarismo e ao modelo educacional rígido, inflexível e pouco maleável e vejam que é justamente este paradigma ou modelo de matriz que entusiasma muitos com ciências formais. 

O positivismo e o engenheirismo em que tudo deve ser prático e aplicado e uma espécie de negação temerária de qualquer abordagem especulativa ou inventiva. Mas eu também acho que o buraco é mais embaixo em todo este debate e que a mera reprodução de um modelo didático é o que corre à solta nas instituições superiores e não em sinto fora disso não. Mas deveria nos deixar muito impressionados que esta crítica foi feita por um jovem professor com razoável para não dizer considerável experiência prática e teórica - afinal fazer parte do projeto Manhattan e depois disso ganhar um prêmio Nobel de Física não é mesmo pouca coisa no ramo de atuação dele ainda não ser devidamente levado em conta no Brasil. 

Na primeira vez passa, pois a academia brasileira pode ter considerado ele apenas um excêntrico, mas depois do Nobel dele em 1965 eu me pergunto mesmo como não há sinais de que levaram em consideração suas críticas. De tal modo que está ai um exemplo de impermeabilidade e resistência ou bloqueio paradigmático da ciência brasileira. Mas isso eu confesso não saber e gostaria muito que meus amigos que ensinam física e que estudaram física na faculdade me informação algo sobre isso. 

Para ser objetivo: se leram esta crítica de Feynman por recomendação dos seus professores e se isso é levado em alguma consideração hoje? E me parece um importante tema também que esta questão seja recolocada criticamente tendo em vista que não podemos mais ficar engatinhando neste tema e tendo resultados por sorte ou por acaso. 

MAIS PROFESSORES E MENOS FILÓSOFOS?

Acho que vou trocar meu espelhinho retrovisor da história hoje. E derrubar algumas fronteiras do pensamento que para mim não fazem mais nenhum sentido. O que disse o Fernando Savater sobre “MAIS PROFESSORES E MENOS FILÓSOFOS, merece ser contraditado aqui. Fernando, de quem confesso não conhecer nenhuma obra, me parece, nesta entrevista, estar priorizando a dimensão da transmissão do conhecimento, com seus livros de iniciação a leitura. Tudo bem, isto que tenho chamado de tradução do conhecimento – seja ele formal ou discursivo, é muito importante mesmo para estimular e facilitar a leitura aos jovens e ele diz que é isso que ele andou fazendo. Cito o resumo da matéria aqui referente ao mais professores, porque no restante ele trata de nacionalismo e da esquerda. Na nota ”Savater explica a razão pela qual lança tantos títulos dedicados a esclarecer a jovens leitores o que é a política, a filosofia e a literatura: "No mundo de hoje, precisamos de menos filósofos e de mais professores".”  

Ora, não vejo assim desta forma. Mas devo dizer também que não publiquei nenhum livro original e que a única coisa que faço é justamente transmitir, estimular e facilitar o acesso dos jovens aos clássicos da filosofia ocidental através das aulas e das minhas postagens de modo que eles adquiram mais conhecimento sobre isto e que tal processo lhes auxilie na formação de um pensamento, no hábito de argumentar e também de questionar e interpelar o que ocorre no presente de forma crítica. Então, eu sou simplesmente um professor e não me considero um filósofo. Mas nem por isso eu acho que a roda da filosofia deve parar de girar ou que se deva dar um tempo e parar de ter ou buscar ter novas idéias, produzir novas teorias ou perguntas e soluções a problemas filosóficos ou do que quer que seja, como ciência, tecnologia, técnica, arte, religião, cultura ou política. Se for desta perspectiva eu diria que temos poucos filósofos e muitos professores.

Vejo que os filósofos ou filosofas - porque nos últimos 200 anos algumas mulheres tem ousado e conquistado este terreno - são somente professores, porque mesmo aqueles que não lecionam para uma turma de alunos e que ficam inventando alguma novidade no domínio do pensamento puro ou teórico, estão fazendo uma parte do trabalho importante da filosofia, professam alguma coisa para o mundo, respondem ou perguntam para o mundo.

São aqueles  professores, ao meu ver, que carregam velhos problemas de forma apaixonada mas muito reflexiva da tradição ou autoridade que os antecedeu, que fazem e farão a nova filosofia.  E eles são vistos em geral como desimportantes, mas vão indo e produzindo suas idéias também. Eles que ficam revisando linha a linha, que procuram sínteses superiores (movimento UP) ou análises mais profundas (movimento down) de questões que fazem filosofia e que fazem esta roda girar e muitas vezes seus incrementos, soluções ou novas idéias e teorias nem são reconhecidas em vida. Eu sempre lembro do Gottlob Frege e imagino que como ele podem haver ainda muitos a serem descobertos cuja peneira da história, da história do pensamento ou da história da filosofia não foi capaz de pegar em muitas lavras pois não dava conta da originalidade do seu pensamento comprimida em um pequeno diamante. E posso lembrar o próprio caso de Schopenhauer  que talvez – para mim pelo menos – seja o maior discípulo de Kant e o verdadeiro fundador do pensamento existencial – que é como eu chamo certa vertente oposta ou paralela ao logicismo justamente fundado por Frege – Schopenhauer que foi descoberto e reconhecido também tardiamente, porque possuía como uma espécie de gigante de carisma e eloqüência lecionando ao seu lado e que o colocava à sombra, como foi Hegel.

Portanto, com mais ou menos influência e reconhecimento, os professores filósofos promovem interrogações sobre o presente e descobrem ou inventam alguns novos problemas, respondem ou tentam responder aos velhos e aos novos problemas e só aparecem na história ou figuram na linha do tempo do pensamento porque tiveram a fortuna ou glória de serem reconhecidos por outros intelectuais. E eu creio que neste sentido seria bom termos mais filósofos sim, porque isso vai significar que os professores estão refletindo e movimentando-se sobre a tradição e as autoridades do passado e produzindo alguma diferença, trazendo algo novo. Na minha modesta e ainda muito insuficiente leitura panorâmica da filosofia, que depende hoje efetivamente e muito de interpretações de outros, eu creio que deveríamos querer mais filósofos sim. E imagino, inclusive, que neste exato momento devem haver muitos trabalhando e lendo, escrevendo e se distraindo com o mundo e que num domingo pela manhã como hoje possam estar sendo concebidas novas idéias, novas teorias, novas concepções, novas críticas e novos métodos que farão a roda girar. E que isso sendo mais original ou menos não importa muito. Eu aceito bem filósofos de síntese e filósofos de revolução, filósofos reformistas ou filósofos de ruptura e mesmo os generalistas ou escritores de manual, os que são mais poetas do que tratadistas, ou mais literários do que sistemáticos estão ao seu modo trabalhando.

Afora a isso e, além disso, sem torná-los deuses ou ídolos, porque o pensamento não é privilégio dos filósofos e das filósofas, não vejo como colocar eles fora de um grupo de pessoas que exercem de forma especializada e de um modo específico apenas atividades intelectuais de investigação, reflexão, problematização e relatam isso através de proposições, discursos, teses, teorias e obras. Portanto, eu quero mais filósofos também, porque sei que isso só será possível como resultado de melhores professores. Assim, na divisão social do trabalho estas funções não são mais tão separadas assim. Então, que apareçam ou que cresçam e apareçam mais filósofos.

Aqui, só para variar, aquela lição indígena aos europeus ainda vale: uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa e a única coisa que há em comum entre elas, é nós mesmos. Jáquené, tiveque...


Só me perdoem a obscuridade, prolixidade, os excessos retóricos e a falta de clareza sistemática e, ainda, para piorar a possibilidade de estar sendo muito enganador também... 

quinta-feira, 26 de março de 2015

DESFILIAÇÃO DO CPERS DA CUT: A SERVIÇO DO SARTORI?

DESFILIAÇÃO DO CPERS DA CUT: A SERVIÇO DO SARTORI?

Hoje, quem mais ganha com a DESFILIAÇÃO DO CPERS DA CUT e quem mais vai comemorar é o Sartori. A vitória de algumas correntes neste tema é somente aparente e temporária  Penso que é um equívoco completo julgar que tal proposta representa um avanço na luta e na defesa dos direitos da classe trabalhadora e dos educadores gaúchos. Penso que tanto para nossa luta no Rio Grande do Sul quanto no Brasil é um prejuízo e o enfraquecimento de um importante instrumento de luta dos trabalhadores.

E na atual conjuntura de forte reação ad direita contra a democracia, co  o surgimento de movimentos facistas e golpistas oprganizados seria de prudência preservarmos todas as entidades e ferramentas de luta da classe trabalhadora. Eu disse não por retórica ou exagero na Assembléia Regional do 14º Núcleo, que a CUT não é só a sua direção e a sua burocracia, assim como o CPERS não são só seus dirigentes não e que a base da CUT é trabalhadora e precisa ser defendida e que a CUT faz essa luta sim. E quie eu sei que a CUT vai continuar a lutar com nós em nossa defesa com os demais movimentos sociais.

Mesmo assim alguns voltaram a nos atacar por defender isso. Eu fiz paralisação, greve e mantive minha escola integralmente mobilizada com meus colegas em cada uma das convocações do sindicato e não aceito mesmo que por arrogância, ignorância ou despeito se tente impugnar ou simplesmente desprezar  nossa avaliação só porque ela não concorda com a sua neste tema ou em outros.

Não creio mesmo que a oposição ou a situação atual da direção central dos trabalhadores em educação vão conseguir fazer frente às ameaças do Sartori andando andando separadas como foi mostrado a alguns dias e fazendo política sindical sectarizada e em isolamento. O Governador Sartori  – aquele que antes de ser eleito já nos mandou buscar o Piso na Tumelero - e o seu secretário  Feltes – aquele que já jogou moedinha em nossos companheiros na Assembléia Legislativa - ficam mais fortes para nos enfrentar sem o apoio recíproco da Central Sindical e do CPERS. E se fosse só esse o problema poderia ser uma questão conjuntural que justificasse a desfiliação, mas não, é o mais puro e velho revanchismo orientado pela velha lógica de quem ganha e quem perde nas disputas sindicais. No cenário pós-eleitoral a Direção Central anterior que ajudei a eleger, sustentar  e construir durante meus últimos 17 anos de luta foi derrotada e o troco não pode ser a desfiliação da CUT, da mesma forma os companheiros que fizeram apoio ao Governo Tarso não podem reagir com revanchismo e ou triunfalismo porque ganharam a direção central ou porque perderam o governo estadual.

Para quem acha ainda - na atual conjuntura -  que a verdadeira  ameaça aos nossos direitos vem dos governos é porque ainda não entendeu o processo que o Brasil vive hoje de forte reação reacionária e que a nossa decisão de desfiliação do CPERS da CUT não ajuda a fazer frente à isso. A CUT não é mesmo dispensável nesta conjuntura...lembro que a CUT PODE MAIS todo mundo sabe, agora lembro também que sem a  CUT, ou com menos CUT a situação é pior ainda o que é preciso admitir também. Entendo que o esquerdismo somado agora ao revanchismo e com uma dose maior de sectarismo e passionalismo estão fazendo a conta errada desta história. Adiciono aqui a  lembrança do grave enfrentamento realizado no Governo YEDA para ressuscitar alguns fantasmas na consciência de meus companheiros e companheiras de militância sindical

E eu sou daqueles que sabe exatamente onde o Tarso e o Zé Clóvis erraram e sou daqueles que falou disso claramente em muitas instâncias e lugares também A  defasagem no PISO Salarial que para alguns parece a principal bandeira não é e não foi mesmo o único elemento de conflito com o governo Tarso. E vou lembrar que mantivemos até agora nosso Plano de Carreira que será alvo imediato daqui por diante, no que vejo as ameaças de atraso de salário como justificativas disto. É preciso fazer um debate também sobre isso. Mas se formos tratar de culpas e responsabilidades seriamente ganharíamos mais se as pessoas que indicaram o Zé Clóvis com ardor, convicção e crença na sua superioridade e currículo fizessem aqui a auto-crítica e reconhecessem os avisos que não faltaram de que ele não iria dialogar e sequer  mediar a relação com o CPERS, o queixo duro dele e a crença no poder a qualquer preço de certa fração política nos levaram a isso. Faltou democracia na gestão e isso colocou a perder desde a discussão de um novo projeto de ensino médio até as negociações salariais e a cponquista de avanços na integralização do nosso piso.

Agora, precisamos fazer as avaliações sim, mas elas incluem a conta inteira e se tem algo que não ajuda nada aqui é fazer de conta que a culpa está só de um lado do movimento sindical e político ou que o problema só se resolve com rupturas que só representam o enfraquecimento dos nossos instrumentos de luta, o que a CUT ainda é e vai continuar sendo para nós e diversas outras categorias.

 A única saída é acabar com essas rivalidades e fazer mais política com respeito as diferenças e com unidade. Vamos se respeitá! O outro caminho levará à nossa derrota que não é mesmo o que nós merecemos depois de todos os nossos anos de dedicação a esta causa, depois de todos os companheiros que perdemos e também levando em consideração o exemplo político que temos que dar aos mais jovens que estão chegando agora e tateando neste mundo onde a esquerda desunida será vencida e a falta de clareza e o revanchismo não resolvem, os nossos inimigos sentados nas cadeiras  do governo estadual e no parlamento estão adorando ver este processo e vão gostar mais ainda quando este processo tiver seu desfecho. 

Tenho certa consideração ainda por todos os meus camaradas de sindicato, e isso independe de facções e correntes e questões doutrinárias, mas creio que precisamos parar de fazer a conta errada, parar de fazer a disputa burocrática e parar de fazer um jogo que só nos reduz e despolitiza nossa categoria, porque eu acho que a educação não pode mais passar o que passou por conta seja de disputas internalizadas em partidos de esquerda, seja entre partidos de esquerda.. 

Lembro até hoje do erro de se atrelar a participação na Constituinte Escolar às questões salariais, das consequências disto e que o governo na época apostou errado que a categoria teria razoável acumulo e hegemonia progressista para fazer o debate. Assim de 2003 até 2010 vivemos dois governos sem avanços e sem concursos. Um primeiro que praticamente deixou inalteradas nossas condições de trabalho - sem melhoria alguma - e um segundo que ameaçou diversos direitos nossos sistematicamente sendo enfrentado por nós de forma muito dura. Já o último governo errou no método e apostou que a categoria não faria progredir  o processo e mandou ver goela abaixo e deu no que deu. Com  o piso engasgado e coroando o debate economicista e moralista mais rasteiro da história do CPERS perdemos dos dois lados. O governo, neste sentido, errou mais e é bom que cada um assuma os seus erros. Mas no movimento sindical também perdemos, desacumulando forças e nos fragmentando mais ainda. Não há nada mais primário ou infantil em luta sindical do que fazer parte da turma do tudo ou nada.  Nem em educação, as coisas acontecem na marra ou trata-se de um tudo ou nada... 

Quando comecei a pensar nisto tudo a partir da radicalização do confronto lá por volta de 2012 me dei por conta e alertei que nenhuma das duas posições estava correta e que uma tragédia se avizinhava mais uma vez. Eu defendia uma terceira via e a reparação de algumas posições, mas não houveram nem sensibilidade e nem humildade para reconhecer que o método e o processo mais uma vez estava colocando a perder a possibilidade de avançar e manter avanços para os trabalhadores em educação.Mas todos apostaram na sustentação da linha de radicalidade e não negociação. Agora falei aqui da redução dos danos e da possibilidade de admissão que não podemos recuar mais na sustentação de nossas organizações de luta.

Mas eu ainda creio que cada um vai pesar no seu coração e na sua história de luta como precisamos caminhar ou marchar daqui para a frente..

P.S. Revisado por solicitação e sugestões de outros colegas.

quarta-feira, 25 de março de 2015

O EXISTENCIALISMO QUE TE ENLOUQUECE A VONTADE

A Crítica as ambições desmedidas da Razão, via Idealismo de Kant e o Romantismo Cultural, são as duas bases ou antecedentes decisivos para a formação de uma corrente ou matriz de pensamento que geralmente é atribuída a Kierkegaard, mas que de fato parece se enunciar claramente em Schopenhauer. Tal corrente é subestimada e, em geral, seus laços familiares e diversas linhagens são vistas como escolas fechadas e sem relações, porém são todos expressão do tema existencial, do fato de que a razão humana confronta-se com um limite imposto pela natureza, pela sua própria vontade indomável, o destino como figura trágica da existência e o acaso. O que Nietzsche faz com a razão é somente mastigá-la ou moer seus ossos de tal modo que nada mais pareça ser passível de controle ou iluminação e Freud  e muitos outros seguem nesta esteira exibindo o limite às ambições desmedidas da razão,as tragédias da existência e aquela indeterminação pura que confrontada com o individualismo parece virar o mundo de cabeça para baixo. O mesmo sujeito histórico que busca a revolução, dorme com um sentimento de caos em seu coração e se entrega apaixonadamente em um sonho, em uma fantasia e um delírio que lhe parecem expressar a máxima liberdade de sua vontade, o completo domínio de suas representações como pedras de amparo para um mundo que não é seu, que não lhe pertence e para o qual não possui nenhuma ideia que o resolva ou que o complete. E ele fica solto neste mundo correndo para um lado e para o outro, se desencontrando, se encontrando e muitas vezes se perdendo num desvão de sentido da história. O ser que pensa nestes tempos jamais terá alguma certeza de estar no mesmo tempo que os demais e passa a desconfiar que se der o acaso e a sorte, será aquilo que ele quer   e que o seu existir é o mais puro produto do descontrole da razão e da sua incapacidade de responder a todas as perguntas que se propõe e vai relaxar e viver, sem nenhum medo e nenhuma culpa sobre si, mas somente a pequena responsabilidade - um resquício de consciência - pelas escolhas que lhe foram possíveis fazer - uma pequena liberdade - e que soube fazer - uma diminuta série de conhecimentos - e mais nada para pensar em sua relação crítica com o mundo e consigo mesmo. Ele não será um herói, nem um salvador, apenas humano, demasiado humano, e ser isso será um ato máximo de sua vontade que durará até que ele deixe de ser... até que só reste um desdenho a mais do pensar, um desdenho novo de questões e de respostas que está sendo feita desde um tempo e que talvez prossiga por muito tempo ainda, enquanto houver o ser....

PROPAGANDA DA DITADURA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Se pode propagandear um crime, então, pode fazer, mas não faz, só fará se todos fizerem. 

No fundo propor intervenção militar ou a volta da ditadura é uma propaganda pela quebra do regime e contra as instituições que busca a adesão da maioria. Se pode fazer, então, devemos aceitar que atinja seu objetivo. Ora, não aceitamos isso.

É com um modelo de raciocínio típico do apologista que o pedido de intervenção militar é apresentado. Só que não é uma apresentação de um tema problemático, tipo na dúvida ou pelo sim e pelo não, mas é uma apresentação em tom afirmativo e promotor.

Por muito menos que isso Cristo foi para a cruz, pois ele ainda preservava o estado - contra a vontade de Judas, recomendando na questão dos impostos “dar a Cesar o que é de Cesar”.
Tenho um colega meu que também defende esta liberalidade, que acredita que a propaganda  e o discurso em favor da ditadura não pode ou, melhor, não deve  ser coibido, mas tudo isso – essa liberalidade - só vale e se sustenta até a hora que a coisa aperta contra eles, ou seja, em que a petição vira ou passa a ser como querem alguns uma exigência defendida pelas massas. E o problema é que ela está apertando. Estamos aqui com o mesmo dilema dos alemães em relação aos neonazistas e, também, de outros povos em relação aos movimentos racistas e facistas. Le Pen na França e outros pelo mundo. Na Alemanha a Apologia e proibida, na França o racismo parece ser tolerado e m nome da liberdade de opinião, soi disant.


A maioria dos que defendem isto me parece que estão mais preocupados com a censura e seus efeitos sobre a liberdade de expressão do que com os efeitos da excessiva liberdade de expressão. Porém, tem um senão ai, se este regime é contrário à liberdade de expressão, então ela não poderia ser usada para defendê-lo

terça-feira, 24 de março de 2015

Facismo Filosófico: nota queixosa

Sobre um filósofo que tece argumentos e defende os militares contra a Comissão da Verdade. E é uma decepção que tanta formação conceitual, tanta dedicação ao estudo seja posta assim a serviço de uma irracionalidade e do atraso. Me é lamentável porque isso coloca num patamar bem inferior toda a possibilidade de restar daí alguma sabedoria. E anula a perspectiva de que se dê algum proveito a esta lavra do pensamento.

Sempre lembro, em minha biografia e formação, de uma pequena divergência entre colaboração e reconhecimento em filosofia política. Como se a diferença profunda fosse ancorada numa única distinção sutil. E aqui isso ainda entra numa dialética quase infinita, num jogo encadeado de negações. E como já dizia Freud, uma negação não é uma refutação. O que só mostra aqui mais uma falta, uma não presença e não haverá metafísica ou religião de consolo para isso. Disse em outro debate, mas também relacionado ao mesmo fundo falso da razão, que no inferno de nada adiantará ostentar tal medalha.


E, enfim, mais um descaminho de Hegel, o imperdoável disruptor de ingresso na estrada da perdição...não compreendida, mas celebrada irrefletidamente...descobrir algo assim a esta altura do campeonato só me deixa vontade de uma pequena queixa,s em debate e sem citação...  

INTERVENÇÃO MILITAR: VIOLÊNCIA OU JUSTIÇA?

As pessoas que propõem intervenção militar são muito ingênuas, na minha bem franca opinião. Desconhecem as conseqüências graves de suas propostas. Negam por ignorância os crimes cometidos na ditadura, o arbítrio, a tortura, as condenações e execuções sem provas e a violação dos direitos humanos de mulheres, crianças, pais e filhos, mães, jovens, estudantes e trabalhadores. Elas esquecem que o poder adere à pele de quem o usurpa. A última vez que isso aconteceu no Brasil levou mais de 25 anos para descolar. E a questão moral de fundo aí é o arbítrio e a usurpação do poder que sempre leva a violência e não a justiça. O nome intervenção ou golpe não muda a natureza do processo de usurpação do poder e de ilegalidade e a sua lógica imoral e a maior prova disto é que foi exatamente isto o que aconteceu em 1964 e até hoje os addictos aos militares chamam de revolução e os adversários e mesmo alguns simpatizantes decepcionados chamaram de golpe. Naquela época, as razões para o golpe ou a intervenção militar também eram baseadas em opiniões arbitrárias, emocionais e sentimentais insufladas pela ambição daqueles que se viam afastados do poder pela via democrática e que perdiam espaços nos legislativos e executivos por todo o pais, e caso prosseguisse o processo histórico que eles tentaram interromper não teriam mais vez como elite neste país e já antes com o suicídio de Vargas, com a eleição de JK e com a renuncia de Jânio e ainda assim com a solução Parlamentarista que foi derrotada em plebiscito. Sobre gostar ou não de polícia, exército eu vejo uma única questão ai o do controle legal da violência legítima do estado que deve ser limitada pela justiça e pelo respeito à lei constitucional. É mentira dizer que aqueles que deram o golpe ou que promoveram a intervenção militar ou a revolução salvaram a pátria do fantasma do comunismo. Eles colocaram o país no período mais arbitrário de sua história. E o arbítrio levou a violência sobre os opositores do regime, contra os sindicatos, contra a liberdade de opinião e permitiu que fosse feita uma série de lambanças na economia brasileira que até hoje nos impedem de colocar o estado brasileiro em pé. Um exemplo disso são os diversos tipos de dívidas previdenciárias, de empreendimentos e de gestão das empresas estatais e também da alargada corrupção protegida pelo regime de força. Estas dívidas e desvios foram geradas a partir da distribuição de benesses aos que sustentavam o regime. E você pode olhar como isso se deu bastando buscar nominalmente aos detentores de poder do regime e seus herdeiros. Filhas solteiras de militares é bem pouco comparado com todo o resto. Ninguém gosta de violência e quem gosta de violência não tem mesmo cabeça boa. Todo mundo quer justiça, mas nem todo mundo quer pagar na justiça mesmo que seja numa boa. É um problema de caráter moral e bem natural no fundo. Assim aqueles que defendem uma intervenção militar não são razoáveis e possuem apenas uma opinião irresponsável e extremada sobre os fatos que não resolve mesmo nenhum problema e pode apenas abrir um outro ciclo de mais problemas sendo encobertos e maquiados sob a forma de sustentação de mais um regime de arbítrio. Não creio, enfim, ser possível fazer justiça baseado e dilemas e concepções cuja única base é a mera opinião, sem correspondência com os fatos e sem uma análise apurada e rigorosa dos fatos...e isso hoje em dia só pode ser produto do que tenho chamado de ignorância voluntária...

segunda-feira, 23 de março de 2015

KANT E A POÉTICA PRÉ-CRÍTICA

A Revista Estudo Kantianos, do Centro de Pesquisas e Estudos Kantianos Valério Rohden, da UNESP, traz neste número 02, do volume 02 diversos artigos interessantes, mas para minha doentia curiosidade kantiana e insaciável disposição, vem a tradução com ótima introdução e comentário de um artigo ou "Esboço de um discurso de arguição «Sobre as ficções poéticas»" de Immanuel Kant de 1777, do período chamado pré-crítico portanto, segundo Oscar Meo «No que concerne à temática abordada por Kant no seu escrito, a mais importante é constituída pela distinção entre engano (em alemão: Betrug) e ilusão (em alemão: Illusion, ou também Schein): enquanto o primeiro é julgado negativamente […], a segunda, que é o instrumento próprio do poeta, pode coexistir com a averiguação da verdade e aporta um específico prazer estético.», o que para mim corresponde a uma distinção também entre o mero erro e a arte...recomendo também a sua leitura e a sua discussão para os interessados nos porões da faculdade do juízo kantiana e da sua própria reflexão pessoal sobre a ARS POETICA:

LINK PARA A REVISTA: REVISTA ESTUDOS KANTIANOS - UNESP

NOVA FILOSOFIA OU O NADA DISCURSIVO

"(...) um condensado da missão que Lacan apontava para a psicanálise e, indo mais além, para qualquer esforço intelectual: nunca o vazio original deve ser preenchido por um ícone; nunca o abismo primordial deve ser fechado por uma criação do imaginário. Com a maneira cortante de sempre, Lacan certa vez disse que a filosofia nada faz além de tapar o furo da política. Não é muito simpático para os filósofos! Mas entendo perfeitamente o que ele quis dizer. De modo geral, mais vale cavar no pensamento um novo furo do que tapar outro com um edredom. Nos dias de hoje, a chamada moral dos direitos humanos e a palavra de ordem do retorno a Kant são tais edredons (...) É o exemplo preciso de uma escola de pretensos filósofos [a 'nova filosofia'] que, de maneira entusiasmada se dedicou a tapar o furo da política."

Alain Badiou In: Alain Badiou & Élisabeth Roudinesco, Jacques Lacan, passado presente, 2012 [2011], pp. 80-81.


Eu creio que a debaclê da esquerda expressa nesse "furo da política" na França foi tão perversa que produziu este tipo de pensamento que nega aos direitos humanos e iluminismo algum papel, trata emancipação e autonomia como secundários e, ao mesmo tempo, que parece afirmar, ancorado numa forma descomprometida e desengajada, como se a culpa fosse somente do outro. E há para mim nisso uma decepção típica do mesmo perfectismo que temos no Brasil hoje, onde os governos Lula e Dilma são mais avaliados por suas alianças e concessões do que por suas conquistas e avanços. A iconoclastia - esta bela faceta crítica da modernidade que chegou aqui no Brasil só em 1922 - que deveria nos imunizar contra ídolos ou totens, acaba por nos cegar perante a realidade de uma difícil construção coletiva, de uma síntese bem mais difícil que a subjetiva ensimesmada e auto-referente e de uma dialética que não depende somente em sua resolução das figuras de um sonho, de um imaginário, de uma fantasia idealista, mas sim do real que não é aquilo que queremos, mas que precisa ser superado. Pensar para além do passado e para além do presente é bem mais do que culpar este ou aquele pelo que é o caso. Na minha opinião anda junto da esquerda como um grande fantasma da culpa e da falência do socialismo real, a crítica às avessas, um autismo que adora discursar sozinho e uma liderança que não lidera ninguém. Também é neurose essa busca de um significado superior ali onde apenas repousa um erro, um insucesso imposto pelo limite do real à nossa vontade. Não perceber isso é encaminhar a todos para uma postura esquizofrênica - com múltiplas personalidades e justificações para cada afazer - ou para uma certa paranóia da traição em que só o outro é o culpado pelo destino e pelo tom escolhido para o réquiem. E é fácil seguir assim aprofundando o revanchismo e o desacordo a priori sobre o nada, o que não tem sentido e o que nem chegou a ser. Eu olho para isso como um militante de esquerda não dogmático e que percebe que a dialética que importa não se faz sozinho...

domingo, 22 de março de 2015

MINHA POSIÇÃO NISSO TUDO: PELA ESQUERDA

Pensando na minha identidade política. E já que o sol nasce para todos, resolvi abrir o jogo depois de velho. Eu sou meia esquerda avançado.....pelo menos foi o que o técnico disse uma vez e até hoje eu não discuti a orientação e me sinto satisfeito com ela ...o técnico era o Stedile e o lugar foi um balcão de rodoviária da vida....na época ele disse que era uma boa posição na revolução, ajudava nas mediações, mas era capaz de atacar em bloco sem muita dificuldade no jogo coletivo e com razoável desenvoltura e criatividade na organização dos ataques e boa velocidade....ele também disse que eu só deveria estudar mais o Lenin, e ler o Trotski com mais parcimônia, sempre dialogar com a sabedoria dos trabalhadores e procurar saber o que eles pensam e olhar para a experiência deles, mas jamais ficar preso ao imediato e ao empírico, ao sentimental e ao emocional, estudando bastante e adquirindo conhecimento crítico da sociedade o que é imprescindível na hora de agir e de decidir o que fazer....recomendou não aceitar certas propostas vindas dos adversários e jamais aceitar almoço grátis.....bons tempos aqueles....almoço grátis custa caro e pode te custar a vida....e enfim só fazer as confissões necessárias e que não prejudicam ninguém....

QUAL O PROBLEMA DOS PROTESTOS?

QUAL O PROBLEMA DOS PROTESTOS?

As duas opções de passo destes protestos não me convencem: nem sangrar o governo e nem a volta à ditadura...são duas coisas que não resolvem os problemas políticos, econômicos e de corrupção que são associados e de fato satisfazem apenas aqueles que perderam a eleição...ou seja, o absolutismo moral - acabe com o governo - e a moral seletiva que o conduz são muito contraditórias. Isso deveria nos levar a discutir melhor a política econômica e a reforma política e não explodir tudo achando que vai vir alguém com solução mágica - de cima mais uma vez - e resolver. Basta olhar para a linha sucessória para ver no que isso pode acabar: vão simplesmente abafar os processos graves que geraram os protestos e fazer de conta que nada mais acontece. E tudo voltará a ser como era dantes no quartel de Abrantes. Uma crise política e econômica combinada não é ruim só para o governo, é muito ruim para o povo. A parte boa disto é que agora muita gente vai se obrigar a pensar mais seriamente nisso tudo e determinar medidas coerentes com isso o que não envolve só o governo não, nem somente o federal.

E é preciso mesmo ultrapassar as aparências e pensar nas causas e também pensar nas matrizes e emuladoras destes dois tipos de sentimentos e propósitos que representam um atraso ao país e determinar medidas coerentes com isso o que não envolve só o governo não, nem somente o federal e que não envolvem só um partido também. A turma do quanto pior melhor é irresponsável mesmo e a turma do retorno a ditadura é somente e simplesmente perversa.


Este é um processo que me parece historicamente pendular com ciclos decenais 1945 – 1954 – 1964 - 1974 - 1984 - 1994 - 2005 - 2015, com elementos de crise e conflitos que sempre estiveram presentes na história do país, mas eu penso que vai surgir algo novo disto desta vez, para romper com a dicotomia esperança e desesperança, tragédia e crise ...porque a manifestação não responde e nem apresenta uma solução razoável o que repete o modelo de 1964, ela apenas aponta ao problema com muita dificuldade mesmo de compreendê-lo.

LAMENTO POR MARILENA E POR TODOS OS BRASILEIROS - A EDUCAÇÃO DEPOIS DE AUSCHWITZ

Leia a história de MARILENA VILLAS BOAS PINTO (1948-1971)

“Estudante do segundo ano de Psicologia da Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro (RJ), Marilena passou a viver na clandestinidade a partir de 1969. Juntamente com seu companheiro Mário de Souza Prata, ela foi presa e morta nos primeiros dias de abril de 1971, no Rio de Janeiro. Ambos eram integrantes do MR-8, com militância anterior na ALN. A versão oficial divulgada pelos órgãos de segurança registrava que, em 2 de abril, os dois teriam entrado em enfrentamento com agentes da Brigada de Paraquedistas do Exército, na rua Niquelândia, no 23, em Campo Grande. Mário teria morrido na hora, enquanto Marilena, ferida, teria falecido posteriormente. Segundo relatório de prisão feito por Inês Etienne Romeu em 1981, Marilena foi levada para um sítio clandestino em Petrópolis (RJ), que ficou conhecido como “Casa da Morte”. Em abril de 1997, Inês confirmou tal informação: “A pedido, confirmo integralmente o meu depoimento de próprio punho, sobre fatos ocorridos na casa em Petrópolis-RJ, onde fiquei presa de 8/5 a 11/8 de 1971. Esse depoimento é parte integrante do processo no MJ-7252/81 do CDDPH, do MJ. Nesse depoimento está registrado que o ‘dr. Pepe’ contou ainda que Marilena Villas Boas Pinto estivera naquela casa e que fora, como Carlos Alberto Soares de Freiras, condenada à morte e executada.”

No dia 15 de março de 2015, em meio às manifestações em São Paulo, foi visto um cidadão chamado Carlinhos Metralha discursando e sendo aplaudido pelos manifestantes contra o governo Dilma, em plena Avenida Paulista. Ora, para quem não sabe, Carlinhos Metralha, é um ex-agente do DOPS, um sujeito  responsável – como o nome já diz – por algumas execuções covardes de jovens que foram aprisionados em combate contra a ditadura militar. É o mesmo sujeito que com a maior cara de pau disse que não havia tortura na ditadura militar, enquanto  existe uma abundância de depoimentos de vítimas com dolo físico e psicológico comprovados da mesma prática e que, além disso, matava jovens a sangue frio; ele teve participação em casos de detenção ilegal, tortura e execução. Dentre tudo que foi visto na manifestação isso é uma das coisas que doem na alma de qualquer ser humano. Quando Adorno afirmou que após Auschwitz a educação teria certas tarefas, me vejo aqui desfiando palavras contra certa possibilidade de que aquilo se repita.

"A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação. De tal modo ela precede quaisquer outras que creio não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender como até hoje mereceu tão pouca atenção. Justificá-la teria algo de monstruoso em vista de toda monstruosidade ocorrida. Mas a pouca consciência existente em relação a essa exigência e as questões que ela levanta provam que a monstruosidade não calou fundo nas pessoas, sintoma da persistência da possibilidade de que se repita no que depender do estado de consciência e de inconsciência das pessoas. Qualquer debate acerca de metas educacionais carece de significado e importância frente a essa meta: que Auschwitz não se repita. Ela foi a barbárie contra a qual se dirige toda a educação. Fala-se da ameaça de uma regressão à barbárie. Mas não se trata de uma ameaça, pois Auschwitz foi a regressão; a barbárie continuará existindo enquanto persistirem no que têm de fundamental as condições que geram esta regressão. E isto que apavora. Apesar da não-visibilidade atual dos infortúnios, a pressão social continua se impondo. Ela impele as pessoas em direção ao que é indescritível e que, nos termos da história mundial, culminaria em Auschwitz."


Theodor Wiesegrund Adorno

PACOTE ANTI-CORRUPÇÃO

PACOTE ANTI-CORRUPÇÃO
1) Criminalização do Caixa 2 nas eleições;
2) Confisco e depósito em juízo de bens ilícitos, fruto de corrupção;
3) Pedido de urgência para projeto de venda de bens apreendidos em investigações;
4) Ficha limpa obrigatória para todos os servidores dos três poderes;
5) Criminalização do enriquecimento ilícito e incompatível com a renda de servidores;
6) Lei Anti-Corrupção: "lei da empresa limpa", com estímulo a medidas contra ilícitos no setor privado.

O FACISMO CONTRA STEDILE

A PRIMEIRA COISA QUE OS FACISTAS FAZEM QUANDO QUEREM TOMAR O PODER É TENTAR CALAR AS VOZES DAQUELES QUE PODEM IMPEDÍ-LOS DE FAZER ISSO

Após ameaca de morte Stedile recebe cartas de apoio e solidariedade vindas de todo o mundo

FINANCIAMENTO ÚTIL

Sobre o projeto deforma politica do PMDB: 

FINANCIAMENTO ÚTIL..

Plutocracia e racionalidade máximas...

A IGNORÂNCIA DESCARTÁVEL

Tenho abordado muito esta questão de que nos tempos atuais, com as novas tecnologias, o acesso ao conhecimento é muito mais facilitado para todos. (Aqui a necessidade e a vantagem de abrir o sinal de internet no Brasil) Portanto, que, respeitados e considerados alguns limites individuais, só não sabe quem não quer saber. A dimensão disso e o impacto disso me parece bem mais positivo e virtuoso. Hoje um jovem ou uma jovem, um adulto ou um idoso com vontade de saber ou desejo de conhecimento - seja ele a mera curiosidade ou a busca disciplinada do conhecimento - tem muito mais acesso e possibilidade de encontrar satisfação deste anseio. E isso tem ocorrido aos meus olhos. Tenho alunas e alunos de ensino médio que estudam muito mais do que lhes é proposto e que encontram mais informação e fontes do que eu com minha ampla curiosidade enciclopédica juvenil encontrava no passado. E eu não vejo como não ver as consequências disto surgirem nos próximos 10 anos e com uma nota muito interessante: isso passa a não depender mais dos fatores de renda e tipo de escola. Ainda que não chegam estes ganhos tecnológicos às camadas mais pobres, muitos jovens já estão avançando e muito no conhecimento. Os que tem vontade encontram então os meios para satisfazê-la. Sobre Descartes e a vontade minha reflexão me leva a pensar numa muito próxima revolução filosófica que, entretanto, não se dará mais por síntese subjetiva ou em outras palavras não resultará mesmo de uma reflexão solitária frente ao fogo da lareira com este caderno entre as mãos. E sim a cognição depende da vontade e da forma como a vontade encara seus limites e tem condições de superá-los com instrumentos, métodos e novas figuras de representação do mundo. Enfim, prevejo sim, que chegará um dia na era do descartável que nada será mais descartável do que a própria ignorância. E com uma pitada de retórica aqui: quem me entende, vai lá estudar mais um pouquinho....

graçias ao Jar da Rocha e ao Alexandre Noronha Machado

sábado, 21 de março de 2015

O MUNDO DE ATENAS


Olha só está disponível no site da editora Companhia das Letras a visualização da passagem inicial de 18 páginas d' "O mundo de Atenas", do Luciano Canfora, na tradução de Federico Carotti.

O livro é, segundo a tradutora, Denise Bottmann "belíssimo e é uma leitura indispensável para o pessoal de história, filosofia política, amantes de humanidades e apreciadores de cultura geral."


E para os meus alunos que começaram a entender a diferença entre mito e explicação do surgimento da filosofia na Grécia está valendo para saciar a curiosidade.

A AJUIZADA E REFLEXIVA MARIANA GODOY

A jornalista Mariana Godoy fez uma manifestação que contraria as vozes dominantes na mídia sobre as agitações do dia 15 de março, e isso um dia antes em rede nacional.  

“Eu não vou à manifestação, eu não bati panela. Acho que se tem alguma coisa que está ruim, eu gostaria de poder ajudar. Eu não vejo sentido nesse ataque, nessa agressividade, eu vi muitos palavrões e palavras de baixo calão e ofensas totalmente inoportunas. Fiquei triste de ouvir de um político do PSDB: eu quero ver a Dilma sangrar. Esse negócio de sangue nos olhos é feio, é doído, porque eu não quero que ela sangre, quero que ela dê a volta por cima, que ela consiga fazer alguma coisa”


Essa menina deu uma corajosa demonstração de caráter e de responsabilidade com o nosso país. Sabe ela que não há vantagem alguma ao povo brasileiro agravar uma crise política ou econômica e explorá-la sob uma presidente legitimamente eleita. Já admirava ela em outras situações em que vi o discernimento dela se sobressaindo sobre o de alguns ditos especialistas e palpiteiros. E creio que a posição dela não significa subserviência ao governo, mas isenção crítica e responsabilidade. Essa Mariana com seu senso de adequação e equilíbrio no juízo promete e abre a janela de um futuro melhor para o jornalismo brasileiro. Aliás, esta crise tem mostrado muitas surpresas ruins, mas algumas muito boas também....

UMA ENTREVISTA DE LACAN

A área de saúde mental tem sido para de muito interesse. A maioria dos meus amigos e amigas devem conhecer Lacan como uma espécie de nome referido a um psicanalista excêntrico. Mas visto mais de perto isso não parece verdade e ele não parece mesmo ser isso, porque além de fazer á exaustão referências à Freud, apresenta a psicanálise como algo que me parece bem inteligível e numa linguagem muito interessante. Nesta entrevista muito boa que ele deu me passa a impressão de ser muito acessível e inteligível para qualquer um que o leia. Vamos ver como? Destaco esta passagem:

"Aquele que faz o verdadeiro trabalho em psicanálise, é aquele que fala, o sujeito analisante. Mesmo se ele o faz da maneira sugerida pelo analista, que lhe indica como proceder e o ajuda por suas intervenções.  Lhe é também fornecida uma interpretação. À primeira vista, ela parece dar um sentido ao que o analisante diz. Na realidade, a interpretação é mais sutil, tendendo a apagar o sentido das coisas pelas quais o sujeito sofre. O objetivo é mostrar-lhe através de sua própria narrativa que o sintoma, a doença digamos, não tem nenhuma relação com nada, que ela é privada de qualquer sentido que seja. Mesmo se na aparência ela é real, ela não existe. As vias pelas quais esse ato da palavra procede, reclamam muita prática e uma infinita paciência. A paciência e a medida são os instrumentos da psicanálise. A técnica consiste em saber medir a ajuda que damos ao sujeito analisante. Em conseqüência, a psicanálise é difícil." 

SOBRE TOLERAR A INTOLERÂNCIA, por Karl Popper

"A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada, mesmo para aqueles que são intolerantes, e se não estamos preparados para defender uma sociedade tolerante contra o ataque dos intolerantes, então os tolerante serão destruídos e tolerância com eles. - Esta formulação, não implica que devemos sempre suprimir as filosofias intolerantes, contanto que possamos combatê-las por argumentos racionais e mantê-las sob controle pela opinião pública.

Mas devemos reivindicar o direito de suprimi-las, se necessário até mesmo pela força, e isso pode facilmente acontecer se elas não estiverem preparadas em debater no nível de argumentação racional, ao começar por criticar todos os argumentos e proibindo seus seguidores de ouvir argumentos racionais, devido ela ser uma filosofia enganosa, ensinando-os a responder a argumentos com uso de punhos ou pistolas.

Devemos, portanto, reivindicar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar os intolerantes. Devemos enfatizar que qualquer movimento que pregue a intolerância deva ser colocado fora da lei, e devemos considerar a incitação à intolerância e perseguição devido a ela, como criminal, da mesma forma como devemos considerar a incitação ao assassinato, ou seqüestro, ou para a revitalização do comércio de escravos como criminoso."

Karl Raimund Popper. A Sociedade Aberta e seu inimigos.

TECNOLOGIAS E REDUCIONISMO INTELECTUAL

O imediatismo compulsivo, o regime de urgência e a ansiedade neurótica não ajudam em nada no processo de reflexão e de pensamento. Abandonar os livros, pensar que tudo pode ser simplificado e resumido e o velho elogio ao laconismo só empobrecem nossa inteligência e aumentam a sensação de que não há sentido algum em muitas atividades forjando pessoas rasas, planas e simplórias que sofrem mais e se decepcionam com mais constância por falta de compreensão, sensibilidade, reduzindo as capacidades explicativas e interpretativas. E eliminando a necessidade de argumentação e justificação. É bom usar a tecnologia para colocar ela à serviço de mais conteúdo, mais argumento e mais conhecimento e não de menos como pensam alguns. E é um pouco por isso que sempre faço um esforço para dilatar meus textos, também para forçar o limite de preguiça e acomodação na leitura e na escrita do formato de um twitter ou um post. Os 140 caracteres ou os 300 é um bom  parâmetro para começar, mas parte da nossa tarefa e ampliar isso, habituar as pessoas a lerem mais e usarem isso para comunicações e provocações e voltarem aos livros e aos grandes textos que expandem nossa capacidade cerebral e nos ajudam a compreender este mundo e pensá-lo melhor. 

Veja esta ótima matéria que trata também destas questões sobre A ERA DA IMPACIÊNCIA AQUI www.cartacapital.com.br/revista/840/a-era-da-impaciencia  

sexta-feira, 20 de março de 2015

O Típico Petista da Cepa

Um típico petista da cepa, trabalha com dedicação, humildade e não escolhe cadeira para sentar...dando exemplo e sendo generosos sempre...

Sobre o típico petista da cepa que eu vejo no Suplicy, eu devo ou posso ser meio caduco já aos 50 anos...porque conheço muitos assim como o Suplicy...aqui no RS pelo menos tem muitos...

E digo que existem divergências e disputas mesmo assim entre eles e com ele sobre diversos temas no PT, mas existem muitos como ele, com posições ideológicas diferentes e posições diferentes sobre diversas coisas, mas com uma conduta e uma orientação muito próxima e muitos destes não são nem notáveis também...

Vejo eles em muitos lugares e eles tem uma marca em comum: a maioria militou a vida inteira e jamais arredou pé do partido e do seu programa...são capazes de te explicar com muita semelhança os ideais e os sonhos mais generosos deste partido sem ler script ou manifesto, folhetinho ou anotação.

E eles são conhecidos e reconhecidos por isto. Estes dias teve um cara de São Paulo aqui no sul e falou que devíamos usar mais a estrelinha no peito e eu pensei, mas mal sabe ele que temos uma espécie de marca de petista bem impressa em nossa testa e que ninguém nos confunde aqui com militantes de outras agremiações, em nossos locais de trabalho e moradia, em nossas andanças também..


Mas vou parar com a APOLOGIA e o meu AUTO-ELOGIO aqui, porque o valor do conceito da gente depende mesmo de quem o confere....como aliás me ensinou um dos PMDBISTAS que eu mais respeito e que disse assim: FIQUE TRANQUILO....   

SÓ PARA DEIXAR BEM CLARO - POLÍTICA E GEOMETRIA

Ele está falando das MEDIDAS IMPOSITIVAS DO ORÇAMENTO que obrigam, o governo acatar emendas independentemente da sua adequação, viabilidade técnica, mérito e que é um puro casuísmo e chantagem sim dos parlamentares que aprovaram isso que não se contentam em ter espaço, propor políticas, mas querem governar o executivo sem terem sido eleitos para isso, mas sim para fiscalizá-lo. E isso significa que Cid Gomes pode tranquilamente chamá-los de ACHACADORES e que a disputa n o tribunal não acabará sendo sobre a OFENSA, mas sim sobre o ORÇAMENTO IMPOSITIVO.....E ele jogou no tabuleiro para vencer e quem não entendeu isso precisa viver a política não como algo linear, mas bem mais dinâmico. Ao meu ver, para usar minha figura e analogia ainda, Cid Gomes enfiou um triângulo equilátero na garganta destes desqualificados que acharam que era só uma agulhada ou uma mera reta no espaço. E eu vou gostar muito de ver este debate sendo feito em termos argumentativos e lógicos e não retóricos. E o debate jurídico será muito interessante e educativo. Eu disse imediatamente que ele foi rigorosamente veraz. E que a política não é uma rate derivada da geometria plana como eles pensam. É preciso ter uma perspectiva espacial para entender tanto a figura de linguagem quanto o maravilhoso achatamento moral que ele promoveu com a acusação de que eles são ACHACADORES. Cid Cid F Gomes e Ciro Gomes não são dois aventureiros e apesar da sua coragem são bem m ais apodíticos do que os demais que se formaram só na escola ou faculdade das espertezas e não da racionalidade ou sabedoria. Falta estofo, como sempre, para a grande CANALHA que anda por ai. E Cid demarcou com o irmão uma posição sobre esta banda do PMDB que todos nós conhecemos de muito tempo....Eles andavam aprontando muito à vontade e de lombo liso como se diz na gíria...e agora deixam de ser intocáveis, porque muita gente que estava bem afim de dar umas belas lambadas neles vai bater e muito nos próximos tempos. Cid Gomes não se constrangeu e não curvou e não retirou o que disse, repetiu exatamente o que disse e a pecha de hipócrita ficou com quem tentou impingi-lo à isso, com o adicional de achacador não refutado. E um triângulo quase como um selo sepulcral foi bem engolido por alguém que não havia entendido que jogo abriu ao desfaiá-lo a repetir o que disse em um contexto impróprio, mas não sem propriedade e precisão. Perdeu o cargo com altivez, mas se mantém na curva da história para voltar logo ali adiante como portador e lutador contra essas mazelas. Para o mestre Renato Janine Ribeiro; 
Aliás,a humildade dele, apesar de tudo, dizendo ao final que não é advogado deveria sugerir mais reflexão de todos...  

O TEMPO DA TRANQUILIDADE

Eu gosto muito deste tipo de logos equilibrado e parcimonioso, mas bem rigoroso...que numa prosa suave manda mensagens aos corações perturbados e abalados ou embalados por agitações que pouco compreendem...suas as palavras fluem carregadas de tranquilidade e precisão...e há uma bela relação ou analogia ai com o tempo que aquece e que esfria as emoções...e com o tempo que ajuda a fazer vir à razão, na passagem dos dias e noites e apaga o fogo do impulso para o impensado....deixando somente a chama necessária para boa vida.... parabéns ao professor de Filosofia Flavio Williges que escreveu o que segue:


 “O mês de março vai terminando....a vida segue solene sua marcha em direção ao infinito. Nenhum segredo, a não ser a verdade calma, que surge quando a terra fica mais fria. E em meio ao aperto e desamparo dos dias de inverno ninguém gritará, pois nada havia escondido, o pior tinha sido anunciado e o melhor ficará para amanhã. Ninguém, em segurança, sob abrigo, eh tomado de pavor. Vai ser preciso um outro verão para sacudir o rio da vida, mas ele não vira. O tolo lamenta cada sinal feio do céu; o sábio segue firme no seu caminho.”

quinta-feira, 19 de março de 2015

HAJA ZELADOR



Cid Gomes foi na câmara dar o recibo e liquidar uma fatura bem grande. Ainda é só o começo, pois Eduardo Cunha representa, apenas, com seus acólitos e fiéis eleitores, seguidores e protetores, o lado escuro da força e não adianta esbravejar que ele não vai sair de fininho do salão . E é bom que se diga que tem muita coisa parecida por ai em Câmaras de Vereadores e Assembleias Legislativas e até mesmo no jogo interno de partidos isso que foi chamado de achaque, ocorre também. Pois, esta conduta representa apenas o principio de tirar vantagem do poder que a plutocracia e o financiamento privado de campanha ajudaram a consolidar e desmoralizar. Eduardo Cunha é só o Grão Mestre do presente nesta conduta, aquele que chegou ao cume e que exibe todos os modelos operacionais desta conduta em um só. Sair ele não sai, esse ai vai é cair com a LAVA JATO, em processo legal e legítimo que só pode ser finalizado se não desligarem a luz e a água. Aliás, desligar a luz e a água é o  que no fundo onde todos os golpistas conscientes e deliberados querem chegar, para preservar a sua canalhice e a sua hipocrisia e prosseguir neste festim insano e perverso. Chamar eles de Picaretas, Sanguessugas, Achacadores e outras coisas muitos já chamaram e ainda vão continuar chamando o que surpreende é esse mundo do "faz de conta que sou sério" da retórica jurídica falseada e rebarbativa, das ofensas e da falta de decoro ficar cada vez mais forte e que ele também não é derrubado pelos eleitores no voto consciente. O que se prova que no ano passado os eleitores, justamente ao contrário disso, consagraram esses que são na prática e no discurso os maiores inimigos do Brasil. E eu fico imaginando a Dilma de zeladora de um presídio ou hospício onde nem os cães são inocentes, muito menos as pombas que moram nos telhados, e isso que eu nem detalhei nada sobre os demais moradores e inquilinos. Que lá do fundo da imaginação criativa Machado de Assis nos guarde....