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sábado, 21 de fevereiro de 2015

O BRASILEIRO COMUM, AS ELITES E O ESTADO BRASILEIRO

Uma vez participei de um diálogo de café com José Arthur Gianotti, Balthazar Barbosa e Ernildo Stein. Isso antes do PSDB ter a presidência e o PT também. Naquela época Nelson Jobim era um deputado federal que participava de debates sobre ética na política assim como muitos outros deputados nossos. Um pouco depois veio o Fora Collor contra a maioria das lideranças partidárias de então. Nos idos de 1991. Eu disse claramente que via o estado brasileiro como um maquiz em que os bandidos se escondiam para assaltar o povo. Uma moita por assim dizer para pegar os transeuntes de surpresa. E naquela época a minha questão não era privatização, mas sim saber o que havia sido feito pelos militares e pelos primeiros governos civis no Brasil o que incluia Sarney e Collor. Não tenho dúvida de que eles tinham expertise e muitos deles ainda tem expertise em como fazer isso e essa expertise só tem se especializado. Assim, o teu texto é perfeito  Juliana, só adicionaria que provavelmente muitos outros falharam - alguns com culpa e outros não -  e vão falhar ainda, antes deles e em diversas outras estatais do país e de estados que foram largamente surrupiadas, corrompidas e lesadas  e que foram a base material de algumas fortunas que andam por ai posando de honestas e de grande envergadura moral. Eu aprendi isso com meu pai que era somente um eletricista, mas que sempre olhava de esgelho para certas fortunas e certos poderosos da política e de empresas, ainda que prestasse algum serviço para eles. Assim, como muita gente trabalha de doméstica, faxineira, porteiro, garçom, jardineiro e diversas outras atividades para essa gente que se enrica quando assume o poder ou quando o frequenta, quando tem um curso superior que lhe granjeia acesso a este tipo de coisas, falcatruas e outras expertises que permitem sonegar, surrupiar, descontar e colher mais do que seu trabalho remunera, só por ter status e posição na estrutura econômica de uma empresa, instituição ou do estado brasileiro. Tão comum quanto a auto concessão de benefícios e privilégios, regalias e favores que vemos no judiciário e em outros poderes. A elite brasileira adora tangir o relógio para os outros trabalharem, bater o ponto e cobrar sempre mais caro pelos seus serviços. De uma forma ou de outra, sempre penso que o Brasil precisa muito ser passado à  limpo.  E a elite que é a fração mais raivosa dessa terra, bem que poderia respeitar mais o nosso povo, os trabalhadores e aqueles que nunca tiveram vida fácil, nem benesses, heranças e brocardos nem dos seus avôs, nem pais e nem irmãos. Voltamos,  então, a ter mais motivos para ler Raimundo Faoro....

ABAIXO TEXTO DE JULIANA TIGRE:

"O brasileiro comum, que tem pouco contato com grandes organizações e pouco entende do universo dos negócios e negociações que movimentam quantias milionárias ou bilionárias, não entende que o grande rombo operado na Petrobras não é um caso de tirar doce de uma criança. A Petrobras é uma empresa estatal, de economia mista, que possui acionistas minoritários, muitos deles do Brasil e de outros países. Ainda que se tratando de uma quantia gigantesca, se o caso fosse tão simples como a mídia usualmente divulga e como a maioria das pessoas, infelizmente, acreditar ser, como os próprios acionistas, que passaram anos sendo lesados, não perceberam que algo estava muito errado? E isso, porque são os acionistas, os que ganham ou perdem com qualquer acerto ou erro cometido por aqueles que administram, bem ou mal, a Petrobras. Não perceberam porque não tinham condições para isso. Porque roubar milhões ou bilhões não é como tirar 10 centavos de um 1 real. Os esquemas de roubo feitos nas Petrobras são extremamente articulados, envolvendo toda sorte de gente (políticos de diferentes partidos e não políticos), de nomes ligados a empresas privadas (oras, não diziam que empresas privadas eram menos propensas a corrupção? Ao menos 28 réus no Lava Jato têm ligação com as principais empreiteiras do país, e dentre as quais destaco empresas privadas dos grupos Camargo Corrêa e OAS), e até mesmo de bancos (destaco aqui o caso do HSBC, que mais recentemente entrou nas investigações da Petrobras, por seu suposto envolvimento em camuflar a origem do dinheiro sujo). Por outro lado, também não creio que presidentes de República estejam aptos a entender de contas e funcionamento de uma empresa como a Petrobras. O que os presidentes podem fazer é exigir que competentes verifiquem e investiguem o que se passa na Petrobras, não somente para descobrir possíveis casos de corrupção já existentes, mas para evitar que novos casos aconteçam. A vigilância precisa ser constante. Nisso falharam FHC, Lula e Dilma."

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