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domingo, 18 de janeiro de 2015

A VIOLÊNCIA É UM PROBLEMA MORAL

Sinto que tem algo de muito próximo e grave entre estas duas pautas pesadas que estas duas semanas trouxeram à tona. Tanto o massacre de 12 jornalistas do Charlie Hebdo, o tiro à sangue frio em um policial deitado ferido que implorava píedade, o assassinato de reféns e o sacrifício em holocausto dos sequestradores e "terroristas" quanto o Fuzilamento do Brasileiro e Marco Archer Cardoso Moreira como pena extrema por tráfico de drogas na Indonésia, mesmo após a súplica da nossa presidenta e também as relações entre estados, religiões, culturas e nossas concepções de justiça e de liberdade - em meio a um choque multicultural que parece vir sendo necessariamente afirmado por relações de força e de violência, intransigência e desconsideração pelo outro e sua vida. E ainda há o impacto tremendo e horroroso para mim da dimensão palpitante e opinativa sobre isso que faz tábula rasa de direitos humanos, diferenças religiosas, étnicas e culturais e que só encara como solução aos problemas do mundo a extinção do outro. É aquela autoritária e conhecida solução absoluta. Na tradição do Nó Górdio de Alexandre. Não podendo desbaratá-lo corte-o fora, como se assim fosse resolvido o problema. Isso vale em relação às drogas, mas também em relação diversos conflitos religiosos e políticos. Não creio que seja racional assentir que é assim que deve caminhar a humanidade no próximo século e que deveríamos pensar para não conceder a esta insanidade ares de alternativa razoável à qualquer preço. Recomendaria muito que aqueles que queiram pensar à questão se dessem ao trabalho de se esclarecerem mais sobre este tema, antes de agirem e opinarem por impulso primário e simplório, orientados por emoções e ódios, raivas e ira que só levam a uma guerra de todos contra todos e não para um horizonte de paz, compreensão e superação pacífica dos problemas, do conflitos e das diferenças. A violência e o uso da força é um  problema moral e denuncia que algo anda errado não com a moralidade de um individuo ou outro, mas com a moralidade de uma cultura, uma sociedade, de um povo e de uma civilização na escala exata em que ela é aplicada como solução. Debater isto e arbitrar de alguma forma consentida sobre isto é um grande desafio da nossa humanidade. Sem isso as leis e o estado de direito continuam apenas sob o manto de sua legitimidade perpetuando a barbárie e justificando um erro sobre outro, o que não é caminho para a superação da imoralidade, nem traz à nossa civilização melhores dias.

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