Powered By Blogger

quinta-feira, 31 de julho de 2014

ÉTICA E POLÍTICA - PEQUENA NOTINHA

Concordo em absoluto com a interpretação e a posição de Cortella! ( Íntegra da Entrevista, ver passagem sobre ética: CORTELLA) Não são todos que agem sem ética e que é preciso separar e analisar as coisas com correção. Justificar uma traição por outra não deveria valer também. 

E é exatamente por isto que certa feita em meio a um quiproquó de vai num vai de alguns companheiros e aliados políticos aqui em São Leopoldo e que era visível para mim a direção em que as coisas iam e as suas consequências que eu afirmei para um grande camarada com certa resignação em relaçõa aos fatos e as condutas de alguns que é MELHOR SER TRAÍDO DO QUE TRAIR, pensando na exemplariedade e na preservação de uma imagem que para mim era fundamental na nossa atuação política e na vida que escolhemos levar. 

Quando o Professor Benedito Tadeu César comenta no post a seguir a (Aliancas e traicoes partidarias afinal quem representa o que?) MORALIDADE nas relações políticas gaúchas a partir das alianças e apoios locais em contradição com as nacionais, eu fico pensando em como é que alguns eleitores conseguem votar em políticos e políticas que não respeitam sequer seus aliados, seus partidários e seus correligionários. Quem julga que vale a traição na política, não haverá de medir escrúpulo ou ter pruridos na hora de trair ao povo também. E nós precisamos muito de pessoas que tenham como regra de suas condutas políticas a aversão aos métodos de traição, vendetta, ao mercenarismo, ao vale-tudo e ao tirar vantagem em qualquer situação e qualquer circunstância. Aqueles que sempre se dão bem, são justamente os expertos e que sempre acabam fazendo o mal, seja na ação, seja no triunfo da falta de escrúpulos que é deseducativo aos jovens e aos demais cidadãos e cidadãs. 

Assim, para lembrar uma certa passagem do filme Che, que mostra certa disciplina moral que se espera de uma verdadeira esquerda e que já comentei antes e para terminar: nem Che, nem meio Che, toma tento e vai lá  e desfaz a bobagem que tu cometeu.     

quarta-feira, 30 de julho de 2014

AO MAR DE JULHO

AO MAR DE JULHO

A praia, mil vagas e lembranças
O ar, límpido e escondendo torvelinhos
a luz do sol, cujos raios em tudo tocam
o beijo de uma onda nas rochas
suave na calmaria
estrepitoso com o vento.

Alguns dias, poucas palavras e
gozar, lânguido em lençóis
A luz e a lâmpada, onde sobram sombras
o beijo da ronda e as coxas
suave ao seu fim
estrepitoso ao seu início.

Carinhos, muitos cuidados e nenhum
pesar, um frio suave com mil sóis
A cruz e o anel, onde me olhas
o beijo cômodo e as achas de calor
suave como o dia

ditoso em seu assento.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

SOBRE O CUIDADO UNIVERSAL

Eu fiquei o dia todo pensando, entre uma jardinagem aqui com minha filha, um violão ali, um Coyote de Jonni Mitchell com a Antônia na gaita de boca em dó, um passeio e visita na minha mãe, muitos outros escritos, compartilhamentos e  depois de ter escrito isto - CASAMENTO E CUIDADO - que este tal de cuidado que falo ai é extensivo à nossa cidade, nossos amigos e conhecidos, conterrâneos, vizinhos, nosso estado e nosso país, ao continente em que vivemos e ao mundo, ao nosso planeta e nossa galaxia. Antigamente um camarada chamava isso de amor universal. Também há aqueles que tratam isto como amor à humanidade ou humanismo. Nós lemos um camarada que falava em Internacionalismo e um outro em um Novo Homem. De qualquer forma que tratemos isto a verdade é que: ESTAMOS JUNTOS, então é melhor pensarmos JUNTOS NO NOSSO FUTURO COMUM! Para os mais céticos ou pessimistas peço desculpa pelo idealismo tardio, pela ingenuidade sonhadora, pelo romantismo utópico, pelo delírio sem efeito, pelo defeito no texto e nas ideias, mas depois que se é pai e professor não há mais volta mesmo...devemos encarar a realidade de que é impossível ser feliz sozinho...TAMO JUNTO e essa é a real e quem não entendeu isso ainda é que tá viajando.....

CASAMENTO E CUIDADO

Bom Dia...ontem fui mais uma vez ao médico com minha consorte, porque sei que é preciso cuidar e acompanhar o outro nestas coisas sempre, mas hoje fico sabendo que um casal de amigos muito legais e que também prestigiaram meu casamento trazendo alegria e muita amizade, estão completando nesta data 8 anos de namoridos. Eu disse para eles o que eu acho que deveria valer para muitas pessoas e que é também o que eu disse ao médico quando num diálogo breve justifiquei minha presença falando sobre o casamento.

Duas pessoas legais tem tudo para desenvolver um relacionamento legal. Eu disse ao médico e aos amigos que o casamento tem três funções acima de tudo. A primeira é cuidar um do outro, a segunda é suportar os momentos difíceis e de tristeza juntos e a terceira é viver junto todas as alegrias, satisfações, êxitos e ser muito feliz. É a primeira que determina o estar, o amar e todo o resto. Tudo fica muito resolvido na primeira já quando há amor, compreensão e toda aquela coleção de virtudes que cada um é capaz de listar para si mesmo e praticar. Disse isso para eles e para vocês porque sei que quando há o cuidado e os dois são pessoas de muito cuidado e delicadeza, todo o resto fica muito mais fácil.

Eu entendi que a gente ama muito mais e é muito mais amigo por este caminho também. E mesmo as desventuras do destino e as surpresas desta vida, tem acolhida mais fácil e respostas melhores quando a gente cuida um do outro, com humor, sinceridade e honestidade. E só quem tem isso consegue se arriscar junto numa aventura como o casamento, cheia de riscos, trabalhos de Hércules e também algumas bençãos que o destino, Deus e os demais amigos, colegas e conhecidos nos trazem.


Na filosofia a palavra Sorge - cuidado foi muito explorada por Heidegger como um existencial e a vida tem me provado cada vez mais o quanto ela representa uma forma de ser fundamental neste mundo e para a nossa existência em comum com o próximo.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

RENE DESCARTES – CRONOLOGIA - ATUALIZADA E AMPLIADA EM 2014

1519 – Morre Leonardo da Vinci, nascido em 1452.

1519 – 1521 – Fernão de Magalhães realiza a primeira viagem ao redor do Mundo

1517 – Publicação das 95 teses de Martinho Lutero.

1521 – Reforma Luterana. Lutero é excomungado pelo Papa da Igreja Católica.

1524 – Nasce Luis Vaz de Camões autor dos Lusíadas e grande poeta português. Vai falecer em 1584.  

1527 – Morre Nicolau Maquiavel, nascido em 1469.

1527 – Carlos V invade e saqueia Roma e o Palácio Pontificial com tropas hispano-alemãs.

1533 – Nasce Michel de Montaigne, 28 de fevereiro, Saint Michel de Montaigne, França, vai falecer em 1592.

1534 – Fundação da Companhia de Jesus por um grupo de estudantes da Universidade de Paris liderados eplo jovem basco Iñigo López de Loyola

1535 – Morre Tomas More  (Morus), nascido em 1479.

1536 – Morre Erasmo de Rotterdã, nascido em 1469.

1538 – Morre Gil Vicente, teatrólogo português.

1543 – Morre Nicolau Copernico.

1546 – Morre Martinho Lutero, que liderou a reforma protestante.

1546 – Nasce Tycho Brahe, que vai falecer em 1601.

1547 – Morre o Rei Henrique VIII da Inglaterra, que liderou a reforma anglicana.

1547 – Nasce o escritor Miguel de Cervantes, na Espanha, vai falecer em 1616.

1548 – Nasce o filósofo Francisco Suarez, na Espanha, vai falecer em 1617.

1558 – Morre Francisco Sá de Miranda, figura chave do humanismo português.  

1561 – Nasce o cientista e filósofo Francis Bacon, 22 de janeiro, em Londres, Inglaterra, vai falecer em 1626.

1564 – Morre o lider da reforma calvinista  João Calvino.

1564 – Nasce William Shakespeare, Inglaterra, vai falecer em 1616.

1571 – Nasce Johannes Kepler, Weil der Stadt, Alemanha, vai falecer em 1630.

1564 – Nasce Galileu Galilei, 15 de fevereiro, Pisa, Itália, vai falecer em 1642.

1588 – Nasce Thomas Hobbes, 5 de abril, Derbyshire, Inglaterra, vai falecer em 1679.

1588 – Nasce Marin Mersenne, em 8 de setembro, em Oizé, França, vai falecer em 1648.

1588 – Nasce Isaac Beeckman, 10 de dezembro, Middelburg, Holanda, vai falecer em 1637. Físico, Filósofo e Médico, que foi um dos principais interlocutores e incentivadores das investigações de Descartes.

1592 – Nasce Pierre Gassendi, 22 de janeiro, em Champtercier, na França. Talvez seja o principal rival de Rene Descartes nos debates teológicos e metafísicos emque tomava o ponto de vista de atacar a metafísica da escolástica, de um lado, e atacar a metafísica de Descartes e, na defesa do empirismo, de outro.


1596 – Nasce em 31 de março René Descartes em La Haye, na França, vai falecer em 1650 em Estocolmo Suécia. Um ano após seu nascimento sua mãe falece em outro parto.

1597 – Francis Bacon publica o seu livro Essays (Ensaios), na Inglaterra.

1600 – Morre Giordano Bruno, nascido em 1548.

1601 – Nasce Pierre Fermat, em 17 de agosto, Beaumont de Loumagne, França, vai falecer em 1665.

1603 – Morre Elizabeth I, a última da Dinastia Tudor na Iglaterra, Sucede a ela seu primo Jaime I que inicia a dinastuia dos Stuart.

1604 – Nasce João Maurício de Nassau, em 17 de junho, Dillemburg, Alemanha. 

1606 – Descartes entra no Colégio Jesuíta de La Flèche. A  formação é dirigida para letras e humanidades.

1608 – Nasce Evangelista Toricelli, 15 de outubro em Faenza, Italia, vai falecer em 1647.

1610 – O Colégio de La Fleche, recebe o coração do falecido Rei Henrique IV, que destinara recursos para sua construção, em cerimônia da qual Descartes participa.

1610 – Início do Reinado de Luis XIII na França.

1614 – Descartes sai Formado do Colégio de La Flèche.

1614 – Nasce Claude Clerselier, em Paris, que virá a ser o futuro editor, tradutor e fiel depositário de manuscritos, cartas, originais e inéditos das obras de Descartes e muitas das obras publicadas postumamente por ele foram editadas. Vai falecer em 1684.

1616 – Descartes licencia-se em Direito em Poitiers (França).

1618 – Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Na Holanda faz instrução militar com Maurício de Nassau.

1619 – Descartes deixa a Holanda, seguindo para a Dinamarca, depois para a Alemanha.

1620 – Descartes renuncia à vida militar. Inventa e dá um desenvolvimento à sua Geometria Analítica.

1622 – Descartes retorna à França e em Paris passa ao círculo intelectual do padre Mersenne.

1623 – Nasce Blaise Pascal, vai falecer em 1704.

1623 – Descartes encontra Galileu na Itália. Inicia investigações de Matemática, Física e Medicina que prosseguem  até 1633. Descoberta das leis de reflexão e refração da luz.

1625 – Morre Jaime II, sucendendo-o no trono da Inglaterra seu filho Carlos I.

1626 – Nasce a futura Rainha Cristina da Suécia que irá cobvidar Descartes para sua corte em 1649. Vai falecer em 1689.   

1628 – Descartes escreve as Regulae directionnen ingenii (Regras para a direção do espírito). Nesse ano, Descartes fixa residência em Amsterdã (Holanda) onde viverá até 1649.

1628 – Nasce Frans Burman, em 13 de janeiro, Mais tarde será teólogo reformista. Consta que dialogou intensamente com Descartes, cuja entrevista realizada em abril de 1648 sobre diversas questões relativas as Meditações, ao Discurso do Método e ao Principia Philosophiae. Burman muito jovem estava acompanhado pelo teólogo e cartesiano alemão Clauberg. A correpondência entre ambos que trata de tudo isto foi publicada postumamente. Burman vai falecer em 1679.


1629 – Harvey, médico ingles, publica a obra Sobre o Movimento do Coração.

1632 – Nasce Baruch Spinoza, 24 de dezembro, Amsterdã, Holanda, vai falecer em 1677.

1632 – Nasce John Locke, em Wrington Reino Unido, vai falecer em 1704.

1633 – Galileu Galilei é condenado a retratar-se pela Inquisição.

1634 – Descartes renuncia à publicação do seu Tratado do Mundo, pois teme ser perseguido (como Galileu) pela Inquisição. A tese do "movimento da terra" era o ponto  compartilhado entre Descartes e Galileu.

1635 – Nasce Francine, filha de Descartes com a sua criada Hèlene.

1637 – Publica o Discurso do Método, como introdução à três tratados  Dióptrica, os Meteóros e a Geometria. Nele, reapresentando e fundamentando a mesma ideia presente nas Regulae, que então são ainda inéditas, ele propõe que o raciocínio matemático deve servir de modelo para o pensamento filosófico e para todas as ciências. Os textos doram escritos em francês, e não em latim como era habitual para as obras científicas, filosóficas e teológicas publicadas então.

1638 – Nasce Nicolas Malebranche, em 6 de agosto, Paris, França, vai falecer em 1715.

1641 – Descartes publica as Meditações. Esta é discutida nos meios intelectuais e recebe objeções por  filósofos e teólogos como Hobbes, Caterus, Arnault, Gassendi, o que o fará redigir as Respostas,  publicadas depois junto das Meditações e das Cinco Objeções reunidas pelo padre Mersenne.

1642 – Inicia-se a Guerra Civil na Inglaterra e – após isso - o período da Commonwealth sob a liderança de Oliver Cromwell, quando o Rei Carlos I da Inglaterra é decapitado.

1642 – Morre o Cardeal Richelieu cujo papel no Governo Real de Luis XIII, na condição de primeiro ministro de 1628-1642, é considerado o arquiteto do absolutismo francês.

1643 – Nasce Isaac Newton, 4 de janeiro, em Woolsthorpe-by-Colsterworth, Inglaterra, vai falecer em 1727.   

1644 – Descartes debate as Meditações, no círculo de Mersenne. Publica Princípios de Filosofia (Principia Philosophiae) em que expôe a árvore da ciência, dos fundamentos metafísicos até as últimas hipóteses fisicas.

1646 – Nasce Wilhelm Gottfried Leibniz em Leipzig, Alemanha.

1647 – Descartes viaja novamente à França e encontra-se com o filósofo e matemático Blaise Pascal.

1648 – Viaja outra vez para a França. Publica seu penúltimo livro Descrição dos Corpos ( Description du Corps).

1649 – Publica seu último livro As Paixões da Alma ( Les passions de l`âme). Aceita, então, um convite da Rainha Cristina da Suécia e parte para Estocolmo onde vai dar aulas matinais à rainha.

1650 – Descartes morre menos de seis meses após chegar a Estocolmo. A causa é uma pneumonia causada pelo forte impacto em sua saúde do frio nórdico e das jornadas matinais empreendidas para seguir da residência de Chanut onde se encontrava hospedado para o Palácio Real onde ocorriam as lições da Rainha Cristina em seus aposentos.

1658 – Morte de Oliver Cromwell na Inglaterra.


1660 – Restauração dos Stuart com Carlos II na Inglaterra.


ALQUIE, Ferdinand. A Filosofia de Descartes. Lisboa: Editorial Presença, 1986, 149p.
COTTINGHAM, John. Dicionário Descartes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995, 171p.
GUENANCIA, Pierre. Descartes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987, 139p.
PESSANHA, José Américo Motta. Descartes: vida e obra. in: DESCARTES, René. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991, pp. V-XX.
RODIS-LEWIS, Genevieve. Descartes: Uma Biografia. Rio de Janeiro, Record, 1996, 294p.

TURRÓ, Salvio. Estudio Introductorio. in: DESCARTES, René. El Mundo. Tratado de la Luz. Barcelona: Anthropos; Madrid: Ministerio de Educacion y Ciencia, 1989, pp.7-42.
PARA UM ALUNO: 

O senhor orgulho e sua dileta esposa a vaidade, 
é o saco de pancadas da humildade e da razão.

SOBRE OSSOS E OFÍCIOS

Bom Dia..amanheci hoje pensando em pais e filhos...não porque não penso em minha mãe, mas me lembrei de meu pai e de o quanto ele me legou...sou um professor que é filho de um eletricista e sempre tento fazer algumas ligações entre umas coisas e outras e ver se dá luz ou corrente. Também, abalado e reflexivo sobre a passagem e seu significado pessoal e coletivo, pensei nos três grandes escritores que se foram neste pequeno espaço de dias e em seus pais e no nosso país e no significado disto para nós todos que vivemos e que deixaremos algo para o futuro através do nosso trabalho e dos nossos sentimentos em relação a ele. Pensei tudo isso - e é meu hábito fazer assim - sob um título OSSOS E OFÍCIOS, e, então, fiquei pensando na profissão do pai de Ariano, na profissão do pai de João Ubaldo e na profissão do pai de Rubem Alves, pensei também em como o Brasil mudou no século XX e que estamos nos despedindo de uma geração de escritores e homens de letras que foram de certa forma filhos de homens de letras. O pai de Ariano, que faleceu assassinado numa vendetta política quando Ariano tinha apenas 3 anos, havia sido governador do estado da Paraíba e nos legou pelo menos aqui na internet seus discursos de abertura do ano legislativo de 1925,1926, 1927, 1928. Era, portanto um homem esclarecido, um homem público e um homem de ação. Já o pai do João Ubaldo, era um advogado e professor de direito - fundador da Faculdade de Direito de Salvador, na minha pesquisa breve em todas as menções a ele ressalta-se que o pai desafiava e exigia de forma sistemática os esclarecimento do filho. Cobrava-lhe leitura e escritura de tal modo que sua obra Viva o Povo Brasileiro com suas mais de 673 páginas respondia ao desafio do pai que dizia que "livro para ser bom de verdade tinha que parar em pé". E eis que fui me haver - por curiosidade e para verificar minha hipótese - quem era o pai de Rubem Alves e não encontrei nada em minha breve e ligeira pesquisa, mas encontrei isto - esta bela crônica sobre O Pai, em que talvez possamos pensar que de Rubem nos resta uma ideia de ninho e de sensibilidade, herdada não mais de um pai simplesmente, mas também de uma mãe que o educou e que lhe fez pensar mais em seus filhos do que em si mesmo, mais em seus filhos do que em seu próprio pai. Mas vou terminar dizendo o que pensei com todas as letras ou pelo menos com as letras que aqui consigo colocar agora. Estamos nos despedindo de uma bela geração de homens e mulheres e muitos ainda hão de passar pelo Estige nos próximos meses e anos que ajudaram e muito a fazer com que o nosso povo brasileiro olha-se para si mesmo com mais graça e esperança, com mais verdade e dedicação. E estamos criando outros ninhos e tornando possível a este país compreender a si mesmo e os seus desafios. Ás vezes é o pai que nos ensina isso, e as vezes nossos pais, com nossa mãe são aqueles que nos fazem aprender mais, nos dedicar mais. E fiquei pensando como é que o pássaro é empurrado para fora do ninho para aprender a voar. Entre Ossos e Ofícios, seguimos sendo empurrados e empurrando por nossos pais e por aqueles que conseguem ser em suas letras e palavras os que nos fazem voar. Creio, enfim, que cabe às novas gerações e à minha que está só agora chegando em algo que pode se chamar de maturidade, continuar esta obra, cuidar dos filhos e filhas seus, cuidar dos filhos e filhas do nosso pais e ensiná-los a voar. Leia a Crônica de Rubem Alves, compartilhe e comente você também. Um abraço.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

DIFERENÇAS POLÍTICAS, PENSAMENTOS E OPINIÕES - PARA MEUS AMIGOS DESBLOQUEADOS HOJE

Tenho alguns amigos que pensam diferente de mim na política, neste ou naquele assunto e neste ou naquele tema. Tendo hoje a ser muito compreensivo com eles por conta das nossas perspectivas diferentes e também de nossa cultura argumentativa e de valores diferentes. Mas para mim isto tem limite e tento ser claro sempre sobre isto. Assim, após bloquear alguns deles por conta de situações e postagens em meu mural que não me agradaram, não somente porque eram contrárias à minha opinião, mas porque exibiam e defendiam diferenças que reconheço como possíveis, mas que não tolero em minhas postagens e que considero desrespeito e desfaçatez ao serem apresentadas de forma simplória e pouco séria, considerando-se a minha perspectiva singular e própria em meu mural e minhas postagens Resolvi escrever, então, este texto há mais de dez meses para deixar tudo posto com a maior clareza e detalhe possível aqui no meu mural e no meu blog também.

Por exemplo, defendo a democracia brasileira e o seu aperfeiçoamento acima de tudo desde menino e não renunciei a esta defesa. Isso para mim é uma questão de princípio e por conta disto defendo seriamente a Reforma Política no país, sou absolutamente contrário a qualquer tipo de apologia à Ditadura Militar. Vejo todos os problemas existentes na esfera política, mas não vejo outra forma de corrigi-los a não ser fazendo uma política melhor. Assim, entendo que a nossa sociedade e nossos cidadãos devem passar a assumir sua responsabilidade também sobre as instituições, os políticos eleitos e os programas de gestão que estão sendo implementados. Em filosofia é dito com certa freqüência que do nada, nada sai, portanto quem parteja os políticos que ai estão, são todos nós. Não aceito, portanto, e também não admito como razoável ou plausível como justificativa aos problemas políticos no país a responsabilidade limitada aos políticos, pois é o povo que os elege e é ele o responsável de princípio e no desenvolvimento pela forma como a sociedade está e também pela forma como a política funciona. Na democracia “todo poder emana do povo e em seu nome é exercido” portanto nada que nos desagrada na política brasileira é produto exclusivo da padaria ou da cozinha dos partidos e dos políticos profissionais. O sistema inteiro ads alegrias e tristezas da política brasileira se sustenta na atuação e na forma de atuação e reflexão dos cidadãos nas eleições, em relação aos partidos e á formação de líderes no seio da sociedade, ads instituições e toda a grande diversidade de organizações sociais, Isso quer dizer que todo argumento de ignorância ou impotência em relação ao status da política, sua forma e condições é uma alegação de irresponsabilidade, que não exime aquele que argumenta de ter ao fim e ao cabo da análise a sua devida parcela de responsabilidade.

Milito em partido político e assumo minha responsabilidade, mas não me sinto mais responsável do que aqueles que não fazem nada ou que não assumem responsabilidade nenhuma, ou que votam no dia da eleição e lavam às suas mãos após fazer isso, seja votando em branco, anulando o voto ou votando e,m algum notável infalível aos seus próprios olhos. Trabalhei e atuei em todas as pontas possíveis em dia de eleição como mesário, fiscal de seção, fiscal de escola, coordenador de fiscalização do meu partido e sempre tive alguma atuação em eleições, mesmo quando não votava ainda. Em geral sempre participo e participei com certa freqüência de discussões partidárias, sindicais, do movimento estudantil e dos locais de trabalho em que estou inserido. Meu primeiro voto foi apenas aos 21 anos em 1986, mas milito politicamente desde 1979. Lutei e fiz campanha pelas Diretas Já e pertenço ao segmento da minha geração que tem atuação política desde o final da ditadura que atua em partidos e em organizações sociais. Voto sempre com muita responsabilidade e jamais esqueci meus candidatos e candidatas eleitos ou derrotados e alguns mesmo que não vote mais neles, por escolha e construção de outras opções acompanho em suas ações, trabalhos e trajetórias. 

E rola muita discussão e debates sobre política com meus amigos e amigas aqui com certa freqüência. Em períodos eleitorais isso é mais freqüente inclusive porque alguns consideram, as vezes mais do que os políticos mesmo que fora do período eleitoral estão em férias e viraram somente expectadores da política. Já perdi amigos ou conhecidos no facebook que se desligaram de mim por minhas postagens ou que eu bloqueei pelas suas. Portanto, não me importo tanto em bloquear alguém cujo prefixo de entrada não ajuda num diálogo sério e responsável sobre a política e quando reflito sobre minhas razões para tal, tento sempre ser justo e correto.

Alguns eu bloqueei por conta da forma desairosa como as opiniões são manifestadas, outras pelo tipo de postagens que publicam e outros por conta de serem claramente FAKES, com o único propósito de te afrontar e te ofender de modo a bloquear qualquer tentativa sua de argumentação ou de promoção de um debate elevado sobre os temas que trazes. Como vês, portanto, sou meio chato e exigente com meus amigos.  Vou desbloquear a todos hoje, mas vou adiantar meu ponto de vista sobre isso tudo e o que poderá levar a bloqueá-los em definitivo em minha lista de amigos ou conhecidos ou em excluí-los. Vou aproveitar o período eleitoral, inclusive, para fazer isso, haja visto que alguns defenderam com unhas e dentes a eleição do Pior Governo da História de São Leopoldo e espero que estejam m ais humildes em relação à política e suas promessas, decepções e frustrações fazem parte já do anedotário geral e público da atual administração que tem notícia ruim toda semana. Sei que alguns deles nunca foram ouvidos ou respeitados, sei também que outros já se decepcionaram completamente com suas apostas e esperanças apresentadas em 2012 e que triunfalmente foram se esmorecendo ao longo de 2013, por culpa do PT de São Leopoldo, é claro.    

Apesar da minha ironia apresentada no parágrafo anterior, tenho sido bem comedido na crítica ao governo municipal porque já me sinto – bem descontemplado, como cidadão em vários quesitos da administração pública e não creio ser triunfo algum que isso seja o caso. Ao contrário, queria sinceramente um governo bem melhor para  a nossa cidade.  

Penso que as pessoas devem procurar, curtir e compartilhar com quem elas gostam, concordam, discordam ou toleram e não ficarem se espezinhando por suas diferenças tentando dar uma de experto, vencer no grito, ou blaguear na falta de mais argumentos. Não gosto de argumentos cujo espírito de porco salta aos olhos, não gosto de argumentos simplórios que desprezam por falta de reflexão ou informação certas diferenças e também não gosto de argumentos que distorcem a realidade. Não acredito em solução absoluta para nenhuma questão política. Vejo a realidade política como um processo em evolução, cuja dinâmica não é de simples compreensão e penso que a posição de cada um e de todos na democracia é que determina os resultados finais e não renuncio a isso, sob hipótese alguma. 

E as diferenças entre todos nós podem ser de diversos tipos: sobre valores, sobre experiências, vivências e conhecimento ou até mesmo se pode construir diferenças e perspectivas diferentes devido ao tipo de fonte de informação do qual a gente se serve para avaliar ou opinar sobre as coisas. 

E há, ainda, e também diferenças ideológicas, partidárias esta podem ser consideradas, ao meu ver, somente se entendermos e compreendermos exatamente qual tipo de envolvimento cada um de nós tem com alguma militância partidária ou simpatia partidária ou mesmo adesão pessoal a determinada autoridade ou candidata a autoridade. Penso que é muito diferente a perspectiva entre um militante e um simpatizante. Algumas pessoas colocam todos em uma vala comum (observadores, simpatizantes e militantes), o que pode ser muito enganador e gerar muitos equívocos de análise e interpretação. Quem tem por hábito nivelar isso perde qualidade e perde a capacidade de entender quem fala, a partir de que experiência fala. É mais fácil dar opinião sem sopesar muito isto, mas me é muito claro que isso é um erro. Não porque discorda de mim, mas simplesmente porque cada vez se afasta mais de uma possibilidade de compreender sua parte nisto tudo. Aprendi que esta diferença ajuda a determinar o grau de compromisso de cada um com a sua opinião política. Isso não quer dizer que não é sério, quem somente observa ou simpatiza, mas quer dizer que quem é assim para mostrar que é sério vai ter que lembrar e relacionar as suas opiniões com os seus atos e opiniões anteriores, portanto, com as conseqüências reais das suas escolhas políticas e das suas opiniões políticas. Penso que isso envolve também a maturidade de cada um a respeito das conseqüências de suas opiniões e escolhas e um certo exercício de memória que todos nós que queremos uma política melhor deveríamos fazer para comparar e assumir sua parcela de culpa e de responsabilidade nos feitos ou mal feitos dos eleitos por nós.  

Existem, ainda, e deriva-se do que eu disse antes, outras diferenças que são relacionadas  ao tempo de vida que cada um tem e em que cada um se encontra. Assim, faz muita diferença para mim a pessoa ter lembranças e ter registrado em sua consciência anos, décadas ou todos os pleitos e eleições das quais participou e nas quais de alguma forma atuou e incidiu seja como militante, como simpatizante ou observador com opinião. Eu, para exemplificar, vou olho para mim mesmo neste caso – ou seja vou fazer esta dialética comigo mesmo, para estimular a mesma coisa em meu próximo e que quer me compreender ou que considera que tem algum ganho me compreendendo, mesmo que não concorde comigo ou tenha reparos a me opor.  

Em geral me sinto muito respeitado, mas não sou muito dado a tolerar falta de respeito e afrontas pessoais. E considero afronta pessoal a pessoa saber, por exemplo, no meu caso, que fui, sou e continuarei sendo um petista e vir aqui exibir ou exercitar sua capacidade de ofensa na minha timeline. 

Eu não gosto disto até mesmo porque não vou na timeline de ninguém fazer algo correspondente, nunca. Mas eu me acostumei com este aspecto de sofrer ataques e passar por debates sem solução, já faz muito tempo, mas confesso que houve uma época em que eu acreditava piamente que era possível convencer alguém a pensar o contrário. Que era possível provocar alguma transitividade e tentava de todas as formas, inclusive com muita delicadeza e tato fazer isto, mas a resposta com algumas pessoas é em geral grosseira. Mas também tem pessoas que eu discordo, mas que tem tanta habilidade argumentativa e certa abundância de informação sobre determinados assuntos que eu já decidi nem discutir e ficar somente prestando atenção e aprendendo como elas vão levando isso por aqui.  

Meu pai sempre me questionou sobre isso. Sobre a possibilidade de mudar de opinião sobre a política. Dizia que eu malhava em ferro frio e que eu devia compreender que algumas pessoas não querem de forma alguma admitir ou aceitar sequer a hipótese de que podem vir a pensar diferente, por uma questão de orgulho mesmo, e que outras nem conseguem fazer um exercício mental a tal ponto de compreenderem coisas diferentes ou as coisas de forma diferente das que estão habituadas a pensar, preferir e expressar. 

Bem, a verdade sobre isso é que ele me convenceu que não é possível mesmo, e que após muitas tentativas e atitudes persistentes, mudanças de técnicas argumentativas, aquisição de métodos de ilustração, exemplificação, comparação e uma busca segura de conhecimento e do uso transparente e honesto de um método cada vez mais confessional nos diálogos, reconheci que estava falando para surdos.

Mas já tive o reconhecimento de pessoas que passados alguns tempos, vieram a admitir que eu tinha razão. E o maior índice de pessoas que fazem isto comigo pertence aquelas que foram atingidas efetivamente seja pelos êxitos  - do que contra a sua pequena esperança – defendi que era possível, seja aquelas as quais adverti que era uma roubada seguir tal orientação ou interpretação na deliberação de um voto ou na sua escolha. Eu aprendi a dizer como Chicó “quem quiser, que se lasque...” para isso. Sem culpa e sem dor alguma, pois as vezes esta é a única forma de aprender a votar,e escolher e compreender a pensar política de fato como algo mais sério e decisivo e frente ao qual não podemos seguir impulsos, ser lenientes ou preguiçosos e infantis em nossas escolhas.     

Também porque por incrível que pareça ter abundância de informações fidedignas não mais é uma raridade hoje em dia, e que mesmo com todos os meios disponíveis, alguns persistem em deixar a sua escolha política ao sabor de uma maré ou vento mais favorável no último dia. Assim, então, me convenci de vez que talvez não, que talvez não valha a pena perder tempo com tudo isso ou com quem se comporta desta forma. Não rola mudança de opinião por mágica, e, em especial, se o teu status for encarado por teu interlocutor representar um grande desafio à resistência ou inteligência dele, tanto pior. E na ausência de alguma estimulo favorável, então, pior ainda.   

Posso ver isto ainda por outro aspecto e de forma muito sincera. Apesar da minha formação acadêmica e mesmo de tudo que tenho estudado nesta vida e, também, das diversas disciplinas que tenho ousado lecionar, apesar da minha formação ser filosofia, eu admito um limite meu aqui. Limite este que envolve meu grau de paciência, mas também certo amor próprio e, ainda, a certeza de que a sorte e o juízo não são coisas tão regulares e presentes na vida da gente. E que muitas vezes elas não se encontram disponíveis todo o tempo mesmo.

E na argumentação e nos exercícios de argumentação que fazemos ao falar sobre algo, ensaiar algo ou emitir opinião, formular juízos e mesmo quando se transmite conhecimento isso é notável também. 

Nenhum dia é igual ao outro e não há mesmo garantia de que se será sempre brilhante, límpido, claro ou eficaz na argumentação. 

Não há sucesso em performance argumentativa sempre, mesmo com todo estudo ou sabedoria que se possa adquirir. E eu sei que algumas pessoas parecem transmitir certa imagem de que só argumentam com razão ou que são infalíveis ou invencíveis quando entram no debate, mas isso não é bom aos meus olhos. Basicamente porque engana a vaidade e cria uma soberba cuja eficácia acaba sendo bem negativa ao seu portador 

Tem muita coisa na qual não me sinto habilitado a discutir porque desconheço, não estudei, não tive uma formação e nem que eu tivesse adquirido conhecimento à respeito como autodidata eu me sentiria autorizado a discutir em pé de igualdade com quem teve formação específica, é estudioso ou lida com isso durante boa parte do tempo de sua vida. Mesmo quando tenho muitas informações ou opiniões sobre isso eu sei que nunca tive vivências sobre algo assim e então me sinto bem limitado em tratar disto.

Pois às vezes não se trata de pensar diferente apenas...se trata de ter ou não conhecimento de fatos e ter ou não adotado certas versões das coisas e, ainda, dos efeitos que nossas preferências, gostos e valores tem sobre nossas crenças.

Eu, por exemplo, não falaria de caprinos nem que a vaca tuça...ou a cabra cante o hino nacional...e tenho a opinião de que política não é só opinião....até porque dediquei um pedaço razoável os últimos 36 anos a este tema...com militância, atuação e tempo, estudo e leituras que passa por estudos econômicos, sociais, culturais e etc...então é um debate que não gosto de meter ou fazer a partir de certas posições ou formações...e eu prefiro ter amigos que pensam diferente do que ficar me digladiando ou provando para eles que eles estão errados...

Assim, tem debates em que tenho opiniões diferentes, baseadas em conhecimentos, experiências diferentes ou mesmo iguais cuja interpretação minha é diversa da interpretação de outros, cuja polêmica não me parece ser razoável nem desejável  e então não entro mesmo. Desta forma, eu reconheço assim uma certa assimetria de conhecimento entre as pessoas. Não somente vantajosa para mim ou para os especialistas ou universitários. Pressuponho, então, que à igualdade no direito de opinião, não corresponde uma igualdade no acesso à verdade. E considero mais justo e correto julgar diverso o background de cada um de nós sobre certos assuntos e não creio que seja elegante fazer debates retóricos ou estéreis que não levam ao entendimento ou que sequer permitem, com que a gente se desentenda com clareza, precisão e muito rigor fatual e formal.

Por pensar assim baseado em uma suave e pouco refletida experiência própria e uma dedicação muito minha que, na maior parte das vezes não é mesmo compartilhada pelo meu interlocutor, eu considero razoável e não um gesto de arrogância pedir para não entrar ou entabular certas controvérsias cujo parti pri me é claramente tendencioso nas primeiras palavras. Assim, penso diferente e se quiser aceitar minha honestidade e sinceridade como aval do que digo tudo bem...senão é melhor parar de ficar me provocando ou ofendendo...porque eu evito mesmo isso...assim como eu sei que não poderia nem começar a falar do que não sei e seria um grande desprazer se o fizesse se falasse disso de qualquer forma ou qualquer maneira com quem sabe bem mais do que eu.

A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO MORAL DE KOHLBERG EM MINHAS AULAS

Quando iniciei as aulas da última semana antes do recesso e do nosso ciclo de formação dos professores desta semana de julho, apresentando e compartilhando com os alunos e alunas um resumo da Teoria do Desenvolvimento Moral de Kohlberg, pensei em dar uma espécie de resposta aos desafios lançados antes em minhas aulas durante o primeiro e o início do segundo trimestre letivo. A Teoria foi apresentada para os Terceiros Anos e Primeiros Anos em Filosofia e para um Segundo ano em Sociologia. Em filosofia somou-se ao tema e objetivo relacionado a leitura de um excerto da Apologia de Sócrates ou Defesa de Sócrates, sendo que o Julgamento de Sócrates nos apresenta o temas da justiça e da moralidade. Em filosofia, nos terceiros anos, e, também, no Seminário Integrado, o tema geral dos juízos morais, da justificação e da moralidade nas escolhas e na ação está relacionado. Para a filosofia como base de reflexão das pesquisas e interesses dos alunos e para o Seminário Integrado na compreensão da trama do filme Hair.  Em sociologia o tema do social e do moral e os graus de sociabilidade e moralidade na sociedade e nas relações sociais em relação à normas e em relação às idéias.

O Resumo da Teoria de Kohlberg que utilizei me pareceu razoavelmente bem construído para um primeiro tratamento e facilitar o acesso aos alunos e a sua apresentação. Assim, para realizar uma discussão especialmente focada nas diferenças dos estágios e níveis de juízo e de ação moral apresentei este resumo que foi retirado da Wikipedia em Português (PT) (no seguinte LINK: pt.wikipedia.org/wiki/Lawrence_Kohlberg).

Copio e colo aqui a seguir o texto usado com grifos meus para marcar ,minhas ênfases, para depois, fazendo as referências  necessárias,  prosseguir na discussão do tema:

Teoria do Desenvolvimento Moral

A teoria do desenvolvimento moral é a mais conhecida de Kohlberg. Sua teoria, assim como a de Piaget, é universalista. Não afirma a universalidade das normas, mas a das estruturas que permitem a aplicação das normas em contextos precisos e proporcionam critérios para o juízo moral. Acredita que através de um processo maturacional e interativo, todos os seres humanos têm a capacidade de chegar à plena competência moral, medida pelo paradigma da moralidade autônoma, ou, como prefere Kohlberg, pela da moralidade pós-convencional.

Os seis estágios de Kohlberg podem ser, generalizadamente, agrupados em três níveis de dois estágios cada: pré-convencional, convencional, e pós-convencional.

Seguindo as exigências construcionistas de Piaget de um modelo de estágios, como exposto em sua teoria do desenvolvimento cognitivo, é extremamente raro regredir em estágios – perder o uso de capacidades de estágios mais altos. Não se pode pular estágios, cada um fornece uma nova e necessária perspectiva, mais abrangente e diferenciada de seu predecessores, mas integradas com eles. Os estágios não avançam em "bloco", podendo a pessoa estar em determinado estágio em uma área, e em outro estágio em outra área. Sua teoria é dinâmica, e não apenas estática. Potencialmente, todo indivíduo é capaz de transcender os valores da cultura em que foi socializado, ele não apenas os incorpora passivamente. Com isso, a própria cultura pode ser modificada.

Podemos esquematizar a teoria de Kohlberg da seguinte maneira:

Nível 1 (Pré-Convencional)

1. Orientação "punição obediência"
(Como eu posso evitar a punição?)
2. Orientação auto-interesse (ou "hedonismo instrumental")
(O que eu ganho com isso?)
Nível 2 (Convencional)
3. Acordo interpessoal e conformidade
(Normas sociais)
(Orientação "bom moço"/"boa moça")
4. Orientação "manutenção da ordem social e da autoridade"
(Moralidade "Lei e Ordem")
Nível 3 (Pós-Convencional)
5. Orientação "Contrato Social"
6. Princípios éticos universais
(Consciência principiada)

Nível pré-convencional

O nível pré-convencional de argumentação moral é particularmente comum em crianças, embora adultos também possam exibir esse nível de argumentação. Nesse nível, o juízo da moralidade da ação é feito com base em suas consequências diretas. O nível pré-convencional consiste apenas do primeiro e segundo estágios de desenvolvimento moral, e está preocupado apenas com o próprio ser de uma maneira egocêntrica. Alguém com uma moral pré-convencional ainda não adotou ou internalizou as convenções da sociedade sobre o que é certo ou errado, mas, em vez disso, foca-se grandemente em consequências externas que certas ações possam ter.

O estágio 1 é o do castigo e obediência. Nesse estágio, a moralidade para a criança consiste em observar literalmente as regras, obedecer à autoridade e evitar o castigo. Por exemplo, uma ação é vista como errada apenas porque aquele que a cometeu foi punido. "Da última vez que fiz tal coisa, apanhei, então não farei de novo". Quanto pior a punição, pior é visto o ato. O ponto de vista é egocêntrico, o ator não distingue entre seus interesses e os dos outros, que o ponto de vista dos outros pode ser diferente do seu. Há uma deferência para aqueles vistos como de maior poder ou prestígio.

O estágio 2 é aquele em que a pessoa é movida apenas pelos próprios interesses. O comportamento moral consiste em seguir regras quando forem do interesse imediato do ator, e em reconhecer que os outros também têm seus próprios interesses, o que pode justificar uma troca entre atores, integrando interesses recíprocos, mas apenas até o ponto em que isso serve aos interesses do próprio ator. O ponto de vista inclui, portanto, o de outros indivíduos, numa base instrumental, ocorrendo uma certa descentração, embora mínima. O respeito pelos outros não está baseado em lealdade ou respeito mútuo, mas no sentido de "uma mão lava a outra". A falta de perspectiva do estágio 2 também não pode ser confundida com o estágio 5, pois aqui todas as ações têm o propósito de servir os próprios interesses ou necessidades do próprio indivíduo.

Nível convencional

O nível convencional de argumentação moral é típico de adolescentes e adultos. Aqueles que argumentam de uma maneira convencional julgam a moralidade das ações comparando-as com as visões do mundo e expectativas da sociedade. A moralidade convencional é caracterizada por uma aceitação das convenções sociais a respeito do certo e do errado. Nesse nível um indivíduo obedece regras e segue as normas da sociedade mesmo quando não há consequências pela obediência ou desobediência. Aderência a regras e convenções é de algum modo rígida, entretanto, a adequação da aplicação de uma regra ou a justiça dela é por vezes (poucas) questionada.

O estágio 3 é o das expectativas interpessoais mútuas, e do conformismo, em que o ser entra na sociedade preenchendo papéis sociais (identidade dos papéis). O correto é atender às expectativas das pessoas de referência, ser um "bom moço", no papel de filho, irmão ou amigo, tendo sido ensinado que há um valor inerente a tal comportamento. O ponto de vista inclui as perspectivas dos outros e sentimentos compartilhados, que têm precedência sobre os interesses individuais. A argumentação do estágio 3 pode julgar a moralidade de uma ação valorando as suas consequências em termos dos relacionamentos de uma pessoa, a qual agora começa a incluir coisas como respeito, gratidão, e a "regra de ouro". Desejo de manter as regras e autoridade existe apenas para manter esses papéis sociais. As intenções das ações desempenham um papel mais significante na argumentação neste estágio; "eles têm boas intenções…".

O estágio 4 é aquele em que a pessoa se move com base na obediência a autoridade e ordem social. O correto é cumprir seu dever na sociedade, preservar a ordem social, e manter o bem-estar da sociedade ou do grupo. O ponto de vista é o do sistema ou do grupo social como um todo, e considera os interesses individuais dentre desse quadro de referência mais amplo. O argumentação moral no estágio quatro está além da necessidade de aprovação individual exibida no estágio três; a sociedade deve aprender a transcender necessidades individuais. Um ideal (ou ideais) central frequentemente prescreve o que é certo ou errado, como no caso do fundacionalismo. Se uma pessoa viola uma lei, talvez todo mundo possa – portanto, há uma obrigação e um dever em manter leis e regras. A maioria dos membros ativos da sociedade permanecem no estágio quatro, onde a moralidade é predominantemente ditada por uma força externa.

Nível pós-convencional

O nível pós-convencional, também conhecido como "nível principiado", consiste dos estágios cinco e seis do desenvolvimento moral. Há uma crescente percepção de que os indivíduos são entes separados da sociedade, e de que a perspectiva do próprio indivíduo pode tomar precedência sobre a visão da sociedade; eles podem desobedecer regras inconsistentes com princípios universais que possam ser justificados. Essas pessoas vivem de acordo com seus próprios princípios abstratos sobre o certo e o errado – princípios que tipicamente incluem direitos humanos básicos. Devido ao fato desse nível colocar a "natureza do ser antes dos outros", o comportamento de indivíduos pós-convencionais, especialmente daqueles no estágio seis, podem ser confundido com o daqueles no nível pré-convencional. As pessoas que exibem uma moralidade pós-convencional vêem as regras como necessárias e como mecanismos mutáveis – idealmente, as regras podem ajudar a manter a ordem social geral e a proteger os direitos humanos. As regras não são ditos absolutos que devem ser obedecidos sem questionamentos, podendo ser desobedecidas ou modificadas com base em justificativas universais.

O estágio 5 é o dos direitos pré-existentes e do contrato social ou utilidade. A visão de mundo de quem está neste estágio é a de que no mundo existem pessoas de diferentes opiniões, direitos, e valores. O correto é apoiar os direitos, valores e contratos jurídicos de uma sociedade, mesmo quando estão em conflito com as normas concretas do grupo. As leis são consideradas como contratos sociais em vez de um mandamento rígido. Aquelas que não promovem o bem-estar geral devem ser modificadas quando necessário para adequar-se ao "bem máximo para o maior número de pessoas". Isso é atingido através da decisão da maioria, e do comprometimento inevitável. Muitos dos atos de um governo democrático são baseados no estágio cinco.

O estágio 6 é o dos princípios universais éticos. As leis e acordos sociais só são válidos na medida em que derivam de tais princípios. Assim, quando a lei viola esses princípios, é preciso agir de acordo com eles. Os princípios em questão são os da igualdade dos seres humanos e o respeito por sua dignidade como indivíduos, considerados como fins e não enquanto meios, como na filosofia de Immanuel Kant. Existe uma capacidade de se imaginar no lugar do outro. O ponto de vista é universalista, transcendendo grupos e sociedades particulares, e se baseia numa ética válida para todos, da qual derivam arranjos e instituições concretas. Os direitos escritos formalmente não são necessários, pois os contratos sociais não são essenciais para a ação moral deôntica. O indivíduo age porque é o correto a ser feito, não porque tal ação é instrumental, esperada, legal, ou foi previamente acordada. Para Kohlberg, raras pessoas atingem este estágio.”
  
Uma primeira anotação sobre a motivação aqui. Em parte fiz esta introdução da Teoria do Desenvolvimento Moral de Kohlberg por uma provocação relativa a juízos morais e sobre outras situações conjunturais na escola e, também, em parte porque estava pensando já em fazer isto há mais tempo e me preparando para tal.

Fiz uso, para efeitos de apresentação aos alunos e alunas deste resumo razoável da concepção dos três níveis e seis estágios de desenvolvimento moral, dando ênfase inicial às dimensão etária e relacional, ou seja, a Maturação e a Interação em relação às convenções. Ocorreu um ótimo debate com a 3M1 sobre o tema a partir da nossa experiência da semana passada do filme analisado por uma parte da turma e de um grupo de meninas sobre a Doce Vingança e tentei claramente destacar e situar a Vingança e a Violência Sexual, respectivamente nos estágios 1 e 2 de Kolhberg. Em sociologia já havíamos tratado antes do exemplo ou case do Anti-social no que respeita à regras sociais ou convenções e a partir deste exemplo eu creio que ficará mais nítida a ênfase à estrutura dos juízos morais e seus elementos, e não tanto sobre normas, regras, leis ou convenções. (Ainda que eu tenda sempre a diferenciar sempre princípios mais fundamentais e universais de regras mais convencionais e sociais. Mas esta discussão não vem ao caso agora.).

Esta teoria do Desenvolvimento Moral de Lawreence Kohlberg, além disto, ao meu ver se encaixa e contribui para desenvolver melhor alguns dos objetivos das disciplinas e dos conteúdos trabalhados nos três anos de filosofia, em sociologia e, sinceramente, creio que pode contribuir para o debate de muitas outras questões na escola também sobre condutas, juízos e a compreensão entre alunos, professores e a sociedade em geral.

Em especial, creio que pode se somar ao nosso esforço coletivo no Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio, que vem dando à Educação uma nova série de formação Nacional para se discutir e debater sobre a imagem dos professores e dos alunos, onde podemos tratar de produzir juízos morais e em estágios superiores sobre condutas e comportamentos dos mesmos e auferir e corrigir e aperfeiçoar percepções, ações e projetos de ambos os segmentos na escola de forma democrática, integrada, transparente e racional.

VALESKA POPOZUDA

É bom lembrar que a teoria de Kohlberg apareceu com destaque no Brasil este ano pelo debate gerado sobre a controvérsia a respeito de uma prova de filosofia apresentada por um professor em sala de aula, em uma escola em Taguatinga-DF que um aluno tirou uma foto da “questão absurda” e divulgou na internet e que foi promovida inicialmente como mais um escândalo na educação porque citava um trecho de uma canção da "filósofa" Valeska Popozuda, no início do ano. As reações ao tema foram diversas. Primeiramente ou ingênuos e mal informados arrancaram os cabelos e se horrorizaram com a hipótese de considerar-se Valeska uma filósofa. Depois aos poucos foram sendo esclarecidos os termos da prova e o contexto da prova por um aluno e o efeito manada contrário foi sustado. Isto não fez com que as pessoas discutissem mais o tema, pois envolvia discutir também o amadurecimento moral e cognitivo da opinião pública brasileira e também da mídia. (Quem estiver mais interessado em uma parte mais “racional”, digamos assim, do debate recomendo que veja este link: joaoalcimo.com/materia/professor-que-polemizou-sobre-valesca-popozuda-e-defendido-por-aluno.)

Penso que é possível traçar uma relação deste debate sobre os níveis de desenvolvimento moral com meu tema das diferenças entre opinião, informação e conhecimento. Penso que isso pode ser excelente no tratamento do tema geral da formação do senso-comum, pois toca justamente no fato de que por falta de informação suficiente e bem apurada, por falta também de conhecimento básico sobre filosofia em geral e em especial sobre a teoria de Kohlberg, a opinião pública espontânea e os ditos “formadores” de opinião se atiraram como piranhas a morder uma miragem que só povoa a imaginação deles por associação livre e impulso espontâneo irrefletido (posso ilustrar isto melhor depois).

Primeiramente, quero informar que pelo gosto da análise proposicional e judicativa, há uma tendência corrente em mim de sempre tratar o tema da moralidade, a justiça e todas as questões relacionadas a estes temas práticos em juízos ou proposições com formas lógicas, sintaxe e semântica, cuja naturezas e elementos conceituais e valorativos avaliam e fazem, referências a ações, condutas, atitudes ou comportamentos. Na forma lógica, os juízos morais ficam assim: "_______ é moral." ou "______ é uma ação moral." e a qualificação destas formas lógicas segundo os estágios de desenvolvimento moral  agregam predicados e conceitos e também razões a estes juízos. Quando digo razões é porque é preciso aduzir de um lado a justificativa do juízo, da ação ou da sua aplicação a um caráter moral.  Ou, podemos pensar também que em um outro nível, estes são juízos ou proposições que conferem e avaliam outros juízos e proposições sobre ações morais e também razões morais e suas respectivas justificativas. Quero ainda anotar que há para mim uma sutil e simples diferença entre o falso moral e o falso cognitivo que é dado na intersubjetividade ou, na nossa linguagem, nas relações sociais. Isso é chamado de deontologia, ou seja, a lógica das convenções e obrigações sociais e morais. Saber a diferença entre uma proposição verdadeira ou falsa é uma questão cognitiva e de correção cognitiva, mas quando alguém diz o falso para outrem este pode nos dar uma pista sobre o que não é o caso na realidade, mas também sobre o caráter e o estágio moral de um individuo.
Vejamos os níveis e estágios em uma outra grade agora:

NÍVEL I - Pré-convencional

 O valor moral localiza-se nos acontecimentos externos, "quase" físicos, em atos maus ou em necessidades "quase" físicas, mais do que em pessoas ou padrões.

 Estágio 1 - orientação para a obediência e castigo. Deferência egocêntrica, sem questionamento, para o poder ou prestígio superior ou tendência para evitar aborrecimentos.

 Estágio 2 - orientação ingenuamente egoísta. A ação correta é a que satisfaz instrumentalmente às próprias necessidades e, eventualmente, às de outrem. Consciência do relativismo do valor relativo das necessidades e perspectivas de cada um. Igualitarismo ingênuo e orientação para troca e reciprocidade.

 NÍVEL II – Convencional

 O valor moral localiza-se no desempenho correto de papéis, na manutenção da ordem convencional e em atender às expectativas dos outros.

 Estágio 3 - orientação do bom menino e boa menina. Orientação para obtenção de aprovação e para agradar aos outros. Conformidade com imagens estereotipadas ou papéis naturais e julgamento em função de intenções.

 Estágio 4 - orientação de manutenção da autoridade e ordem social. Orientação para cumprir o dever e demonstrar respeito para com a autoridade e para a manutenção da ordem social como um fim em si mesmo. Consideração pelas expectativas merecidas dos outros.

 NÍVEL III - Pós-convencional, autônomo ou nível de princípios

 O valor moral localiza-se na conformidade para consigo mesmo, com padrões, direitos e deveres que são ou podem ser compartilhados.

 Estágio 5 - orientação contratual legalista. Reconhecimento de um elemento ou ponto de partida arbitrário nas regras, no interesse do acordo. O dever é definido em termos de contrato ou de evitar, de forma geral, a violação dos direitos dos outros e da vontade e bem-estar da maioria.

 Estágio 6 - orientação de consciência ou princípios. Orientação não apenas para regras sociais realmente prescritas, mas para princípios de escolha que envolvem apelo à universalidade lógica e consistência. Orientação para a consciência como agente dirigente, e segundo respeito e confiança mútua.


Piaget é considerado o pai da teoria sobre a formação dos juízos morais nas crianças e é justamente dele que Lawrence Kohlberg tira a idéia de trabalhar em um esquema sobre tipos de desenvolvimento moral a partir dos valores e das atitudes que os indivíduos estabelecem em relação às convenções. Piaget diferenciava e compreendia três situações ou estágios na formação moral da criança: Anomia, Hereteronomia e Autonomia. Na primeira se trata de ausência  de normas, para Kohlberg trata-se ai do Nivel Pré-Comvencional; já na segunda situação da heteronomia trata-se da existência de uma multiplicidade de normas e de um conflito entre elas que disputa na consciência moral da criança que regras e normas seguir, porém agora no caso Kohlberg opta ai por fixar o período como Convencional tratando não tanto da dimensão de clara conflitividade sobre que orientação seguir ou de disputa, mas sim de uma situação já positiva de orientação do comportamento social a partir destas convenções sociais, já na última situação pode-se dizer que vale para Piaget e após para Kohlberg a tradução de Autonomia num estágio Pós-Convencional, tendo em vista que o indivíduo passa a seguir regras e fazer isso inclusive no sentido de alterá-las.     
  
Ao mesmo tempo, percebo claramente que podemos explorar melhor um paralelo entre os três discursos diferentes – que correspondem a padrões reativos, reprodutivos e cognitivos diferentes em relação a verdade, e os três niveis em relação às convenções, ou do comportamento em relação à uma convenção determinada. Assim, discurso de opinião corresponde ao pré-convencional, o discurso de informação corresponde ao convencional e o discurso de conhecimento ao pós-convencional.

Desta forma também, aquela minha atitude de alargar a clássica diferença entre doxa e episteme platônica, introduzindo algo que não havia na Grécia, que são os discursos informativos e em especial o surgimento de uma esfera de produção de discursos na idade moderna com o jornalismo, que não é propriamente nem discurso científico e nem mesmo discurso de opinião, me parece ajudar aqui a se compreender tanto a maturação quanto a forma de interação (e as diferentes cognições envolvidas nisto), no desenvolvimento moral da criança ao adulto, e também do cidadão egocêntrico e hedonista ao cidadão civilizado, responsável socialmente, autônomo e que aposta em soluções racionais, negociadas e esclarecidas tanto na aplicação da justiça, nas escolhas dos seus próprios cursos de ação, quanto na sua relação a um sistema de normas que precisam sofrer mudanças e transformações.

Já nos primeiros anos do ensino médio, nos propomos fazer uma atividade de exposição do conteúdo, leitura de um texto e para avançar na avaliação do debate sobre o caráter do julgamento de Sócrates, dos eu posicionamento e defesa, qual é bem o estágio de desenvolvimento moral e como ele se configura neste processo, bem como, que debates podem ser pautados a partir disto.


Por fim, no seminário integrado temos os temas, condutas, juízos e posições presentes ao longo do filme, em sua trama, roteiro e personagens e instituições que também permitem uma avaliação dos niveis e dos estágios de desenvolvimento moral, neste caso, de indivíduos e grupos sociais. Um exemplo importante é a reconfiguração da posição do grupo hippie do filme de um hedonismo centrado na busca do prazer e da diversão pré-convencional, para uma militância política efetiva e transformadora - pelo menos na intenção - do movimento contra a guerra do Vietnã em frente a Casa Branca.