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sábado, 20 de dezembro de 2014

PARECIA MESMO QUE NÃO IA MUDAR NUNCA, APESAR DE SER UM ABSURDO

Vou comentar de forma bem ingênua isto que o Renato Janine Ribeiro disse hoje aqui sobre o fim do embargo americano à Cuba.

Vou citá-lo integralmente:

“Só depois de anunciada a reaproximação EUA-Cuba, é que eu percebi que não esperava isso. Parecia dessas coisas imutáveis, como foi a ditadura comunista, a impunidade do Elemento, no Brasil o regime militar enquanto durou...

E racionalmente eu sabia que ia cair, que não dava mais. Mas é incrível, durou 54 anos. Uma vida. Mais do que a vida inteira de muitas pessoas. Dá um calafrio.
E com isso volta a ser normal o que, por tanto tempo, viveu na exceção.

Deveríamos fazer esta pergunta - como subsiste o absurdo, o errado, o espantoso? - com frequência.”

Depreendo daí também que ele não entendia como nunca havia perguntado antes como isto foi possível. E eu pensei assim que ele – o embargo - sobreviveu pelo hábito, pela rotina, pelo conformismo e naturalização desta decisão e pela força aparentemente inquestionável das tradições e decisões anteriores. Mesmo quando elas são erradas, absurdas e espantosas aos nossos olhos. Fiquei até pensando numa alternativa ou em um  dispositivo de caducidade para certas decisões. E o exemplo incrível aqui - no teu paralelo com a vida e é a vida e nossa forma de vida o que realmente importa mesmo como valor último - que todos aqueles que viveram para tomar estas decisões do embargo, bloqueio e etc já se foram deste mundo para outro mundo ou nenhum mundo. É o já citado por muitos, governo dos mortos sobre os vivos.

A pergunta derradeira aqui deveria nos levar a perguntar se os vivos estão vivos mesmo? E se sua vitalidade tem disposições reais e se eles tem deliberado de fato, com autonomia, responsabilidade e legitimidade sobre suas próprias vidas e forma de viver. E estava mesmo lendo aquela escrita maravilhosa para mim do Foucault ontem sobre "aqueles que obedecem a regras que não se mostram inteiramente a sua consciência" e agora fiquei pensando se este não é um exemplo destas mesmas regras ou disposições de regulação que escapam a nossa existência e consciência e seu sentido inquestionado.

Parece que Obama encontrou uma brecha na história para conseguir mudar isto e os mortos não vão reclamar mesmo.    

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