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domingo, 9 de novembro de 2014

EMIR SADER NA MOSCA

"Falta a essa visão tecnocrática da realidade, a compreensão da intermediação que entre a realidade concreta e  a consciência das pessoas interfere a formação da opinião pública. Poderiam ter lido Gramsci ou quaisquer outros autores mais de moda, para saber a importância que a mídia tem na formação da consciência das pessoas. Ou mesmo o Marx do XVIII Brumário, onde ele mostra como amplas camadas da população podem, pelo mecanismos de inversão que a ideologia produz na consciência das pessoas, votar contra seus próprios interesses e até mesmo erigir lideres que representam interesses opostos aos seus."

O fenômeno é este mesmo apontado por Emir, mas eu não sei mesmo se uma visão ou uma mera correção de óculos resolveria a questão. Quando tratamos em tese de certas batalhas sempre esquecemos que na política elas não são somente algo a fazer mais assim ou mais assado, ou algo que um dia vai se iniciar a partir de uma medida política ou um discurso fundacional, mas somente algo que já ocorre. O trunfo maravilhoso aos nossos olhos de uma "regulação da mídia" pode apenas ser aparente onde não há processo consistente de formação de outra consciência. A disputa de hegemonia contra o golpismo e a antipolítica não se dá mais ou se resolve apenas nos meios de comunicação. Na única parte verdadeira daqueles que estão brandindo, grunfando, rosnando, tugindo e mugindo contra o PT encontra-se não somente um interesse contraditório, mas também o interesse de alguns à respeito do que eles gostariam de ser, ter e representar politicamente na sociedade. Não há da parte deles nenhum interesse em atuar coletivamente por muito tempo, mas apenas atingir determinado interesse individual que pode ser tão mesquinho quanto apenas derrotar seu vizinho ou demitir um colega, ou apenas se dar bem sozinho. E ainda há uma verdadeira ojeriza à possibilidade do fim do jeitinho, do clientelismo e da política do favor. Estamos lidando com um  ethos conservador e com seus apaniguados. E cada gota de discurso liberal se evapora quando o que esta em jogo é seu próprio quinhão no latifúndio. E cada gota do discurso progressista se dissolve quando o que esta em jogo é o seu próprio e não somente o de outro. Vejo isto também em alguns ex-petistas cuja causa da dissidência não é a bandeira mais avançada ou de vanguarda, mas apenas sua parte na partilha e no espaço de poder. Então, a leitura de bons livros, a leitura e o diagnóstico do 18 Brumário ou de Gramsci de nada adianta se o que está em jogo é apenas a autoridade e a autorização da autoridade. A legitimação perante a opinião pública não basta. Quem subestima olimpicamente os demais players pode acabar jogando sozinho e isso é sim algo a ser evitado quando se dirige algo do tamanho do Brasil. Mas vale a leitura sim. posto que trata da causa apontando uma solução que individualmente não resolve nada, só agrava e avilta o quadro: Por que a Dilma quase perdeu E o que fazer Para NÃO correr mais esse risco

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