Powered By Blogger

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

AS CARTAS DO DESENTENDIMENTO E DO ENTENDIMENTO: DE NEAL CASSIDY A JACK KEROUAC; DE ALBERT CAMUS A JEAN PAUL SARTRE

Bom Dia...

As Cartas importantes andam mesmo aparecendo ultimamente. Curiosamente cartas do período do pós guerra e dos anos 50. Na segunda-feira fomos brindados coma notícia de que a famosa carta desaparecida sobre Joan Anderson de 1950, de Neal Cassidy para Jack Kerouac - a inspiradora missiva que fez Jack mudar o rumo e o estilo de sua prosa, será leiloada em 17 dezembro deste ano.Veja a matéria  aqui.

Agora apareceu uma das últimas cartas ainda inéditas de Albert Camus a Jean Paul Sartre anterior a ruptura de ambos. Matéria do Jornal Folha de São Paulo sobre isto aqui.Na segunda-feira mesma, antes de saber de Jack e Neal dei uma lida legal numa matéria sobre a visão de Virginia Wolf sobre a importância do estilo, forma e conteúdo das cartas, correspondências ou epístolas. 

Para mim as cartas são as peças mais claras de um diálogo e mais são aquelas peças que não escutam a resposta do interlocutor, mas o provocam e reapresentam as diferenças e os conteúdos próprios dos diálogos entre dois interlocutores. As vezes com uma carata só se sabe o que estava pegando entre ambos. Qual o ponto de controvérsia, desacordo, acordo e que propostas no jogo ente ambos, que lances no jogo entre ambos foi feito por um ou por outro.

E compreender as diferenças é bem mais importante do que pareceria. Entre Jack e Neal havia uma espécie de transe que mesmo na diferença calhou a produzir On The Road e não me admire que entre Sartre e Camus houvesse também algo semelhante. Compreender então a diferença entre ambos, não para eleger o melhor, mas para compreender a diferença e as escolhas de cada um, é também um exercício do nosso entendimento sobre o que é em cada um e entre ambos a pedra de toque. Descobrir as motivações e analisá-las vira então um exercício do nosso pensamento e sensibilidade. 
  
Assim, o caminho do nosso pensamento conduz a diversas formas de encarar as diferenças...entre estas a mais nobre e elevada envolve ter clareza mesmo no desentendimento....preservando a cordialidade e civilidade mesmo na divergência, na adversidade e na contrariedade....não se é racional ou razoável porque se concorda com o outro ou porque e somente se concordamos com ele, mas também no desacordo se pode ser mais razoável, tendo clareza da diferença, tendo a maior precisão da exata diferença que gera ou justifica o desacordo...só resta aos dogmáticos, aos fanáticos e aos sectários a paixão, o ódio e a raiva, porque se desentendem com qualquer um pela mera diferença de convicções, opiniões e situações originais - singulares - e é somente quando isso ocorre que não há mais diálogo...mas esta renúncia será sempre o prenúncio de um regresso à barbárie, à vilania e à violência....é uma decisão difícil e dura ingressar neste terreno e eu creio que cada um de nós deveria ter uma espécie de freio de contenção...alerta automático de prudência para compensar e conter nossos impulsos e, além disso, deveríamos lembrar sempre a todos e a qualquer um onde isso tem acabado e no que foi dar a iniciativa de compreender as diferenças como razão de guerra, não de luta, ou debate, nem de diálogo e entendimento ou desentendimento com clareza....então, assim, para mim, a pergunta que se apresenta aqui é e será sempre: o que é o ser humano que queremos preservar em nós e em que forma dele queremos apostar e desenvolver na nossa própria humanidade e do outro?

Veja-se que o tempo passa e nos impõe a responsabilidade de decidir, ou em hipótese de que tanto eu como você tenham,os que fazer isto, como Camus e Sartre já o fizeram, precisamos ter este acordo sobre isto: sobre nossas diferenças...

No caso se é que você me compreende não é a questão...mas sim se você compreende mesmo a diferença entre a minha e a sua posição...após isso podemos sim romper, não mais falar, não mais dizer...e cada um andar por si para o seu lado e seu próprio caminho...   

Nenhum comentário:

Postar um comentário