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terça-feira, 16 de setembro de 2014

PT, CLASSE MÉDIA, DEMOCRACIA E RAZOABILIDADE

Este é um comentário ao texto e postagem do Renato Janine Ribeiro ao recorrente confronto de alguns quadros do PT com a classe média. Em especial a filósofa Marilena Chauí. Apresenta as minhas anotações dispersas e de súbito sobre o tema. Eu  creio que o PT não sabe se comunicar com a classe média, como se comunicava nos anos 80. Mas é capaz de aprender de novo sim. E é preciso reconhecer que nenhum outro partido foi capaz de fazer isto melhor antes. É um paradoxo para mim entender a erosão do discurso moralista do PT - não somente pelo mensalão, mas principalmente pelas políticas sociais o que é bem natural quando se assume a gestão em que o que fazer fica bem mais importante do que o modo de fazer, e também o surgimento do tema da participação popular nisto tudo. Também penso que a idéia de controle do estado pelos cidadãos - seja via OP, seja via conselhos, seja via participação direta ou plebiscitária, por mais politizadora e corretiva que possa ser à má gestão e também à corrupção, não atrai efetivamente nem a classe média que quer gastar tempo com outras coisas e nem as camadas populares que depois de atendidas suas urgências, demandas e prioridades imediatas, de certa forma se cansa de participar. O estado e a dificuldade de obter engajamento e participação popular e civil nos conselhos escolares, nos conselhos de saúde e etc, demonstra isto. Por fim, eu diria que o mesmo nó górdio faz com que seja mais fácil às classes que sofreram e viveram ascenção social e econômica e obtiveram melhores oportunidades nestes 12 anos de PT tem mais gosto por uma cerimônia religiosa do que por uma reunião partidária ou de organização social. O canto da salvação é menos conflitivo e provoca menos atrito social do que qualquer forma de militância e ocupa menos tempo da agenda cotidiana. Não vou tratar da demonização da classe média por alguns quadros do PT, porque eu creio que há também um afastamento do contato social e  cultural destes setores e contribui para isto um certo envelhecimento da geração que cumpria este papel - que não leciona mais em escolas nem em universidades - e também uma espécie de fogo de barragem do novo desenho dos orgãos de comunicação e da mídia após FHC que legitimaram e reproduzem a tal da ideologia neoliberal e que promovem assim a perda do sentido e o esvaziamento do papel do estado na subjetividade dos membros das classes me´dias, mesmo que eles sejam atendidos indiretamente pelo estado. E este esvaziamento do papel do estado, baseado em generalidades desinformadas e pouco realistas, leva justamente a um pessimismo e a um modus operandi que nega de principio qualquer operacionalidade e eficacia ao estado, mesmo que este tenha qualificado, ampliado e  incrementado tanto seus serviços, quanto sustentado e fomentado a economia de sobrevivência acrise desde 2009, como é o caso no Brasil hoje. Eu tenho visto algo interessante neste aspecto também agora nas eleições. Quanto mais absurdas as propostas dos adversários, mais uma espécie de princípio de realidade e de foco nos fatos, tem fortalecido a percepção da classe média perante os governos do PT e o ranço vai se dissolvendo. Mas eu estranho sim a repetição da bangornada de acordar justamente no setor  de classe que pode dar a vitória ao PT e que pode atuar de modo a qualificar e melhorar os serviços e a eficácia do estado brasileiro  Desculpe se avanço vários sinais aqui, mas eu creio que caberá à Dilma, se reeleita, liderar e constituir este novo Ethos da classe média brasileira, assim como ao Fernando Haddad e a outros como Tarso Genro pelo Brasil. E fico muito impressionado também sob o impacto deste ressurgimento de um positivismo, republicano e democrático, com  origem na tradição gaúcha que sabia muito bem como se comunicar com as classes em ascenção, mas não sabia como fazer isto via sufrágio universal e sem violência. É um razoável progresso que nossos 25 anos de democracia, nos coloquem neste cenário de certa racionalidade e razoabilidade argumentativa e que isso passe a ser conta num diálogo com partidos de centro e esquerda. Então não é mesmo um desafio só do PT este de politizar a sociedade e fazer ela controlar o estados endo responsável por ele e suas políticas públicas. Talvez o que eu tenha dito aqui seja somente um delírio, mas se houver alguma pitada de realidade e de correspondência com os fatos, está ai então a pedra de toque...valeu...

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