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terça-feira, 30 de setembro de 2014

SOBRE OUTRO CABEÇA DURA: INÁCIO DE LOYOLA

Mudando um pouco de assunto, eu estive conversando com um padre jesuíta estes dias ao ver uma coleção de esculturas e entalhes em madeira muito maravilhosos, com uma coleção de vestes e móveis que fazem parte da história dos jesuítas no Brasil e no Cone sul ao lado da capela da Unisinos que fica no prédio da Biblioteca Central no Campus .

Após olhar com calma e traquilidade  muitas coisas no salão eu e meu respeitável guia paramos em frente à um altar que tinha dois santos e Santo Inácio de Loyola no meio. Quando nós paramos ali na frente eu não sabia que aquela era uma estatua dele feita em madeira entalhada pelos índios  nas missões jesuítas e fiquei olhando aquela bela obra. A imagem de Inácio de Loyola para mim não é muito conhecida, pois no geral eu conheço mais os outros santos como São Francisco, São Luiz, São Jorge, Santa Teresinha, Santa Catarina e outros.
O Padre Jesuíta que é um seguidor de Santo Inácio na sua longeva presença olhou bem para a figura e me apontou falando da testa dura dele e destacou uma fronte alta e maciça de Santo Inácio e disse:

“Ele era muito firme e muito cabeça dura. Dá para ver naquela testa dele ali.”

E eu olhei então ao padre com certo carinho e benevolência e exclamei para ele o que  pensando em muitos que eu conheci e conheço que são assim mesmo muito duros e cabeças duras e disse, então:


“Que isso era muito bom, pois obrigaria todos os demais que conviviam com ele a serem muito melhores que ele para superá-lo e para vencê-lo.” 

DILMA É CABEÇA DURA E CENTRALIZADORA? MAS VOCÊ GANHA MUITO SE PUDER VER ELA DE OUTRA FORMA TAMBÉM

E eu fico muito feliz que ela seja assim. Fico feliz com os resultados que ela tem obtido e com o trabalho dela e as consequencias sociais e políticas do seu amplo trabalho na Presidência da República.

Porque obriga, com suas exigências, que todo o governo tenha que trabalhar e muito bem para satisfazê-la, em seus propósitos e pensamentos e no seu perfecionismo. Garanto que deve ter um bando de chorões por ai reclamando disso e quer saber? Não tenho a menor pena deles! Tanto dos que foram demitidos e que agora fazem oposição corajosa ou covarde,  altiva ou mentirosa contra ela. Porque existem sim aqueles que nãos e adaptaram a isso eque não aceitaram isso ou que não sobreviveram a isso, Enquanto o PSDB alardeia choque de gestão, tentando parecer sério, Dilma passa a régua e o compasso no estado brasileiro. Sei também de outros  que quando permanecem em seus cargos, ao menor conflito ou cobrança ou pressão ficam se fazendo de vítimas. Sim, Dilma não é brincadeira amigo e amiga. Até nisto Dilma quebra uma tradição neste país, de que alguns acreditam que governar, compor um governo, ter um cargo ou uma atribuição é uma espécie de conquista pessoal de uma zona de conforto, boa remuneração e far niente.

E eu sei muito bem do que estou falando porque observei por anos este processo desde a época em que ela era só ministra, depois como ministra chefe e por último agora como presidenta. Toda vez que alguém chama a Presidenta Dilma de intransigente, eu lembro e imagino bem fácil em que tipo de cosias ela é exigente, toda vez que alguém chama a Presidenta de impiedosa, eu lembro que ela não perdoa mesmo, e toda vez que alguém chama ela de excessivamente rigorosa e centralizadora, eu lembro que ela é séria e bem séria ao ponto de não abrir mão mesmo da sua alta responsabilidade em seus propósitos políticos e de gestão e me alegro muito com isto. Tinha mesmo que vir alguém para acabar com esta velha tradição política de ver o estado como um cabide de empregos ou considerar que o governante deve ficar empurrando com a barriga as limitações com as quais se defronta e se curvando ou se inclinando favoravelmente à um pessoal indolente que sempre diz que é isso mesmo que são assim porque é aquilo que representa isso e aquilo e que – no afinal de contas são os ônus do estado brasileiro e suas limitações – são somente eles só mais alguns  que também tem boca. Dilma tem pressionado firmemente toda a máquina do estado brasileiro em sua gestão a fazer aquilo que nunca fez, a fazer mais e melhores coisas e em menor tempo possível. 

Então, quando o Aécio e a Marina dizem que não há planejamento no governo Dilma para  geração de energia, só para citar o exemplo bem vergonhoso dos dois, é preciso dizer que há sim planejamento e que o máximo resguardando a verdade que os dois poderiam dizer é que eles não concordam com o planejamento da Dilma na área e é só isso. Porque eles sequer podem dizer que o panejamento é ineficaz, haja visto que não vivemos apagão no Brasil desde o governo FHC e no RS, desde a gestão do Olívio, onde Dilma foi secretaria de Minas e Energia e promoveu o planejamento que segue até os dias de hoje. De fato, aplicando o vice e versa aqui, temos também que compreender que não há planejamento ou não houve um panejamento eficaz da Marina na formação dos eu partido e que o Aécio também não teve planejamento de gestão eficaz em seu governo de Minas Gerais, posto que o atual governador do PSB que sucedeu Aécio - e que vai perder a eleição para o Pimentel do PT, teve que, ao fim e ao cabo, demitir 72 mil funcionários contratados de forma indevida pelo seu governo estadual.

Se você observar bem, verá que ninguém mais fala na imprensa e na oposição do PAC I ou do PAC II, sabes porque? Porque os números são arrasadores para quem quiser criticá-la.  E isso só foi possível por conta das suas altas exigências, cobranças e determinações.   

E estas exigências deve sim recair sobre pessoas, assessores, funcionários, equipes e também sobre notáveis, sobre partidos, sobre setores, sobre segmentos e etc. Então aquela moleza dada tradicionalmente aos lobbys da velha elite auto-proclamada acabou. A política mudou neste sentido no governo Dilma e ela tenta fazer política e gestão de forma sistêmica e tocando todos os temas setoriais que estão no programa de governo. Para dar conta desta ampla matriz, para chegar a um resultado numa equação diferencial tão ampla em elementos que é preciso sim muita pressão, rigor, cobrança e não tem moleza não.  E eu fico feliz que ela seja assim, pois sei que o estado brasileiro está nas mãos de quem quer tirar dele o máximo resultado para o povo brasileiro.  

E se não fosse assim não haveria como ela ter atingido os resultados que atingiu em uma só gestão. E fico imaginando os resultados com duas gestões. 

Ou alguém aqui acha que para construir a quantidade de creches que se construíram ou, melhor, para construir mais de 5.902 escolas de educação infantil até 2013, por todo este país – ela havia prometido 4.000 -, para colocar quase 14 mil médicos a atender o povo lá onde a elite da medicina brasileira não quer ir, contra as corporações, sindicatos, associações e os oportunistas de sempre, precisa e pode ser mole ou suscetível à pressões?

Alguém acredita piamente que seria possível planejar, adquirir, distribuir, instalar e ver funcionar 75 mil cisternas no sertão brasileiro com molezinha e tolerância com incompetentes? 

Você crê mesmo sinceramente que não há planejamento e direção na área de minas e energia no Brasil, para manter o país sem apagão? Pensa que para garantir o emprego e a renda dos trabalhadores, para se manter em pé e trabalhando apesar de toda campanha do contra? 

Imagina, de alguma forma, ser possível planejar, executar e fazer uma Copa do Mundo impecável do ponto de vista organizativo – a melhor copa do mundo de futebol da história – apesar de toda a campanha e terrorismo contra, sendo cabeça mole e aceitando qualquer pressão? Pensa que para manter a Petrobras brasileira, apesar das campanhas difamatórias e terroristas contra, para explorar o pré-sal e encaminhar recursos para a educação, precisa ser mole, dobrar a espinha e se inclinar à pressão deste ou daquele interessado em seus ganhos exclusivos?

Então, enfim, as conseqüências sociais e políticas do governo dela avançam para além de uma perspectiva imediata e eu creio isso deve estar mudando inclusive os parâmetros de gestão de estados e municípios, de diferentes órgãos públicos e que, portanto, o que alguns tucanos e desavisados chamam de crise do estado é na verdade o olhar míope e torpe deles sobre a realidade do Brasil pós Lula. 

Eles não compreendem mesmo o que está acontecendo no Brasil e é por conta disto que estão ficando para trás, é por conta disto que estão sendo superados e que o país tem avançado em indicadores sociais para os quais eles nunca deram atenção, nem importância. E estes dados e resultados se apresentam em todos os setores e ministérios.


Assim, eu quero mesmo agradecer a cabeça dura da Dilma, porque o Brasil e o povo brasileiro, andava mesmo precisando alguém que desse certa pressão para as coisas efetivamente acontecerem e que topasse toda a briga que se geraria a partir disto. 

A mudança vai sim, continuar e eu espero mesmo que alguns entendam que aquela lógica da chantagem política, da mania de pedir paciência sem razões e aquele hábito de se considerar mais importante que as tarefas que te são dadas tem mesmo que passar, porque era assim que uma parte da pretensa elite política torrava a paciência dos governantes e do povo brasileiro.       

VEJA OS RESULTADOS AQUI: OLHA BEM OS RESULTADOS DA CABEÇA DURA DELA:http://www.dilma.com.br/noticias  

GRANDE RAUL PONT DO PT!!!

Lembrei de você e da nossa identidade em uma matéria que faz levantamento sobre os cinco deputados mais votados para a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul desde 1947. Na matéria o Raul foi o mais votado do PT em três oportunidades: 1986, 2002 e 2006. Nas outras foram Maria do Rosário em 1998, João Edgar Pretto em 2010. Veja a matéria Lista dos mais votados para a Assembleia Gaucha reflete as mudancas da politica brasileira.

E também aqui no link da matéria original da ALRS por Letícia Rodrigues e Marinella Peruzzo aqui.

Raul sempre representará para mim um gigante da política e da esquerda gaúcha!!! Quando vi ele e Clóvis Ilgenfritz, mais o memorável e inesquecível Flávio Koutzi no comício de sábado fiquei assombrado ao lembrar como a grandeza daquilo que eles diziam para muito poucos como eu e alguns outros, nós que éramos considerados radicais, e isso que tudo que sonhamos e que idealizamos e que acabou por ser possível através do nosso partido.

Toda vez que eu vejo eles e alguns outros, como o Tarso Genro e o Olívio, o Selvino e o Ary Vanazzi, o Ronaldo Zulke e muitos outros que tiveram visibilidade, mandatos e muito trabalho,  lembro muito do que sonhamos lá no inicio dos anos 80 e que afinal conseguimos e que vamos conseguir mais ainda!!!

 A sociedade brasileira está sim mudando muito mesmo, a política brasileira também e nem toda a força contrária a isso tem evitado esta mudança. Quando vejo dez candidatos a presidente, e contemplo seis que são egressos do PT, penso na verdade em quão pouco o PT perdeu, pelas posições que os egressos representam e pelas posições que se mantiveram no PT, aprumando nossa síntese e viabilizando não somente a tomada do poder na via eleitoral mas a mudança da sociedade.

Quando vejo mais de perto o trabalho da Dilma que veio do PDT, entendo ainda mais esta mudança do PT e da sociedade, entendo a fusão programática entre o trabalhismo e a nossa nova esquerda que, no fundo de distinções de caráter ideológico e programático, o  PT representa. Trata-se de uma esquerda democrática, uma esquerda popular e uma esquerda que quer de fato o estado sob o controle dos cidadãos. Assim, eu também entendo perfeitamente porque as elites - ou alguns segmentos das elites são tão avessos à nós, tanto nos odeiam, tantas mentiras contam sobre nós - é porque eles perdem e vão continuar perdendo, porque a sociedade está mudando e quer claramente continuar mudando.

Não somos os donos da verdade, mas somos sim muito sinceros e verdadeiros, não somos os únicos honestos, mas somos muito sérios e honestos, não somos a única opção política existente na democracia brasileira, mas nos julgamos e pretendemos oferecer nossas melhores opções sempre.

E não se engane você a nosso respeito, pois para conseguirmos apresentar bons candidatos concorrendo em todos os níveis e disputar em todos os níveis com uma única sigla neste país, neste estado e nesta cidade, de norte a sul, de leste a oeste, não é porque não temos um programa, nem posições, não é porque não temos diversidade, nem diferenças, não é porque não temos problemas, nem debates e grandes discussões, mas sim porque temos tudo isto e um partido de verdade, para o tempo ruim e o bom, para a luta e para a negociação e que leva a sério seu papel neste país e na nossa história, com compromisso com o povo que não pode ser resumido ao interesse pessoal de nenhum de nós, nem de quem se aproxima da gente.


Quando você entender o significado completo disto, talvez vá ver em nossa história alguns símbolos - um anel de Tucum aqui, um martir ali, uma bandeira aqui e uma mudança ali e saberá que nós não estamos nesta peleia de brincadeira, nós temos lado e nenhum capricho pessoal ou corporativo, nenhuma aventura ocasional e personalista nos dobrará! E jamais verá de nossa parte qualquer possibilidade de recuo na luta e na vitória, na derrota e na paz! Persistiremos sim e você não perde por esperar!!!! Vamos junto caminhando e continuaremos junto caminhando por bons motivos....

domingo, 28 de setembro de 2014

DA SUCESSÃO DO PRR E DO PSD E PTB NO RIO GRANDE DO SUL À REELEIÇÃO DEMOCRÁTICA DE TARSO GENRO

Pois meu caro amigo Diogo Costa aqui detalho mais o debate ...superar esta matriz prática e programática autoritária que se sucedeu no RS por bem mais tempo do que se imagina é mesmo uma façanha. O positivismo dava muito valor para a república e muito pouco para a democracia. Isto foi um fenômeno histórico que merece compreensão e não juízos precipitados, pois realizou um profundo processo de modernização do estado e do país, gostem os paulistas ou não, aceitem ou admitam os pseudo-democratas ou não. E eu creio que a gente tem que admitir que o PRR governou mais de 60 anos o RS, de 15 de julho de 1891 a outubro 1945 co a mesma sigla e as mesmas hostes, pois de Julio de Castilhos a Flores da Cunha (1937) e passando pelos interventores todos pertenciam ao PRR não somente por adesão, mas por convicção ideológica e prática e que inclusive os interventores eram todos Republicanos e herdeiros da escola castilhista que se vai realizar com revolução de 30, no governo federal com Getúlio Vargas e na ditadura Vargas (os interventores não eleitos e indicados por Getúlio e que por assim dizer são impostos, eram em quase sua totalidade, gaúchos - tirando o baiano Daltro Filho o qual porém sentou nos bancos castilhistas em Porto Alegre num dos seus tempos de formação militar, então os demais eleitos se é que se dá para considerar como bem eleitos democraticamente os candidatos do PRR de 1891 a 1937, reconduziam o mesmo projeto ao poder e as dissidências eventuais ou pessoais, como a do Flores são detalhes de pouca monta na sucessão). E se, além disso, considerares que tanto o PSD quanto o PTB devem ser vistos como filhotes legítimos do PRR, então a coisa vai mais longe ainda, com a intercalação a partir de 1945 entre ambos...até os anos de 1964, quando a velha cizânia entre as elites do PSD e os trabalhistas e populistas do PTB se consagra no golpe militar e se redistribuiu em Arena e MDB...Depois, coma redemocratização não ficou tão difícil saber quem é quem assim não. Basta olhar para os que obtiveram ganhos, que foram interventores, senadores biônicos ou para os partidos herdeiros do PSD e da Arena. Mas, olhando para o tempo atual, se Tarso se reeleger eu ousaria dizer que ocorreu um amplo amadurecimento político do estado e que a democracia se consolida sob projetos e não mais pela imposição da força ou de monopólios (econômico, de comunicação ou das elites), ainda que os adversários de Tarso e outros pensem diferente. Será a primeira recondução legitimada pelo processo democrático e por um projeto político no RS. Isto é sim uma façanha de alta legitimidade e que simboliza quase uma emancipação também do poder hereditário da mídia gaúcha considerando-se que a adversária política principal dele representa justamente a fusão entre a velha matriz autoritária do PSD e a nova direita conservadora gaúcha (PSDB ET caterva). Ainda que se possa nem saber disto e nem aceitar isto, e muitos hão de encontrar razões e tatibitatis contra, eu consideraria isto a emancipação do RS desta escola autoritária que vai e volta entre nós através de velhos liberais e pseudo democratas. Seria como que uma cura do recorrente conservadorismo e autoritarismo gaúcho.

sábado, 27 de setembro de 2014

A ESTRATÉGIA DA AUTO-VITIMIZAÇÃO FEZ ÁGUA

AUTO-VITIMIZAÇÃO liga a luz vermelha de qualquer um para a capacidade de fazer chantagem e tentar obter vantagem disso e, além  disso, liga o alarme de todos nós sobre fraqueza ou a firmeza da pessoa perante as dificuldades...quando DILMA respondeu que não tem moleza na presidência  creio que todo mundo entendeu imediatamente que nenhuma batalha será vencida com choro e lamúria e a lembrança recente ainda no inconsciente popular ou coletivo da derrota de 7 a 1 da Seleção Brasileira após um mar de lágrimas deve ter dado também seu sinal na subjetividade de quem pensa e observa as palavras e ações dos candidatos...o Brasileiro pode sofrer, mas tem verdadeira ojeriza cultural a chorumela e coitadismo....

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

SOBRE A ELEIÇÃO NACIONAL E AS SUAS ESCOLHAS

Bem eu sou petista e, apesar de postar muitas coisas para a tua consideração e a dos demais amigos aqui não tento te convencer de nada, porque eu não tenho a menor dúvida de que você e eles sabem pensar sozinhos, tem condições de buscar conhecimento objetivo sobre todas as questões e tem absoluta responsabilidade nas suas escolhas. E eu assumo absolutamente as minhas escolhas e as defendo porque julgo que estou sendo muito honesto e pensando da forma mais sincera e séria no nosso país. Sei das consequências de uma eleição e por isto mesmo postei que um voto não é só um voto. Não brinco de política ou de ter opinião política. E não há Plano B do PT nem do PSDB, Marina é Plano de si mesma e de outro segmento que desistiu do PSDB e de Aécio, além daqueles que desistiram do PT. A questão para mim é basicamente a seguinte: quem pode e tem clareza para mudar o que precisa ser mudado e quem consegue continuar e avançar no que precisa continuar? E eu tenho resposta para isto...mas é uma questão sua, porque é você que deve decidir o que precisa mudar e o que precisa ser mantido e dar então teu consentimento ao candidato, ao programa e ao partido que irá governar e tentar garantir que a tua escolha tenha resultados e efetividade. Eu tenho um grande amigo e ex-colega que iria votar na Dilma só no segundo turno como protesto contra certas questões do Governo, bem, após a morte do Eduardo Campos e a onda da Marina ele mudou completamente e decidiu não arriscar mais um segundo turno. Ou seja, abandonou o voto crítico ou de protesto e resolveu decidir a parada com o menor risco. Para mim e para ele e para muitos de nós o problema da Marina é ela e aquilo que tem se apresentado através e junto dela e de lá para cá as coisas tem andado diferentes para muitos  eleitores e eleitoras que tem observado os debates, as entrevistas, os posicionamentos, os programas e o que eu vou chamar de vazamentos e também dissidências e o quadro esta ficando cada vez mais claro. Então é só decidir mesmo e ser responsável em absoluto pela decisão com a máxima informação e o máximo juízo. Um abraço!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

SOBRE A USP - A SOLUÇÃO DO PSDB É MAIS DO MESMO

A crise que a USP, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, vive é pelo visto muito grave, mas alguns tentam indicar que é um problema isolado e que deve ser atribuído exclusivamente à má gestão de um reitor ou a alguma imperícia gerencial da instituição.

Ao tentar diminuir ou isolar esta crise da instituição, cumprem o único objetivo que é deixar sem avaliar a relação da instituição com o estado que é seu provedor e que indica seu reitor, deixar sem avaliar a relação entre a crise e uma falta de planejamento e também deixar de avaliar a relação entre esta crise e determinada política e concepção política que a presidiu e administrou nos últimos anos. Alguns, também para aumentar o calibre de soluções autocráticas – que são justamente as que levaram a USP ao pé em que chegou – pugnam contra a eleição de reitores pela comunidade acadêmica responsabilizando esta comunidade e a corporação de professores sobre isto.

Não vejo assim, até mesmo porque a indicação de reitor da comunidade escolar aponta uma lista tríplice ao governador indicar e nos últimos três casos a indicação não recaiu sobre o primeiro da lista ou o mais votado da comunidade.  Eu olho mesmo para uma falência de know how em gestão de coisa pública e da instituição. E a crise se deve a erros na contratação de professores, no planejamento do custeio da máquina da instituição e, também, para além da folha de pagamento ou das negociações salariais deveria se olhar para o fluxo e o volume dos repasses dos cofres estaduais ao longo dos últimos 30 anos. Não dá para uma instituição com 80 anos se elevar aos patamares científicos, acadêmicos e culturais que a USP chegou e cair por má gestão ou falta de expertise em gestão. Eu acredito que a crise da USP  é uma espécie de ponta do Iceberg isso ou que a crise da USP é o fio da meada que nos permite pensar, repensar, avaliar e refletir sobre como anda mesmo São Paulo.

Uma faceta que deixa visível e exposta uma crise de inteligência, de gestão e de planejamento do estado paulista.

E é justamente o contrário do que ocorre no Brasil, onde o estado brasileiro tem planejamento, desenvolvimento e estratégias setoriais e sistêmicas de gestão.

Sou um admirador à distância da USP, pois sou gaúcho e também estimo por demais a minha Universidade, a UFRGS, que tem tido boas gestões desde os anos 90, gestões que sobreviveram ao tempo de vacas magras da gestão de FHC e Paulo Renato de Souza e que com Lula e Dilma avançaram  muito colocando a UFRGS praticamente no topo do ranking nacional e latino-americano em muitos cursos e globalmente.

Mas admiro a USP, porque conheci nos anos 80 e 90 dos grandes êxitos e da importância desta instituição desde os tempos em que engatinhava na compreensão da cultura brasileira, da filosofia e das ciências humanas e não consigo mesmo compreender como é que um colapso de planejamento e provisionamento destes é possível numa das pontas mais aguda da elite intelectual, técnica e cultural brasileira e não consigo dissociar isso de uma crise de estado e de gestão, crise de conhecimento e de capacidade operacional, uma crise de expertise também em gestão pública e isso é uma crise institucional que se deve a uma política de gestão e uma forma de gestão. É absolutamente impossível e inadmissível aceitar as teorias mistificadoras e que fazem mistério glorioso das causas desta crise.

Isso não pode mesmo ser só reflexo de uma gestão porque é uma escola inteira de administração que está falindo junto. E envolve um aspecto interno e externo a instituição. Por exemplo, eu fiquei curioso em saber quem foram os reitores escolhidos por lista tríplice desde 1988 que não foram os mais votados pela comunidade?

Tendo a não considerar que a crise se deva à votação da comunidade, mas sim a perda de expertise ao longo do tempo - o que é uma crise técnica e política -  e em virtude das escolhas dos governadores, as quais destoando da indicação majoritária da comunidade podem ter menos legitimidade e perder aquele apoio orgânico (uso Max Weber aqui) que pode ser um diferencial no planejamento, engajamento e envolvimento de todos ou da maioria no objetivos institucionais e acadêmicos. E sobre o tema do provisionamento de recursos aqui, também fico na dúvida sobre os valores dos repasses e etc. Porque isso que acontece lá é inimaginável em uma instituição com tantos recursos humanos qualificados atuando nela.

Tem um debate bem bom para ser feito ai. Eu - talvez por ingenuidade ou excesso de credulidade - acredito que a democracia fortalece uma instituição cuja racionalidade é sempre constituída por debate e não por afinidades pessoais ou inter pares. E a participação dos servidores, estudantes e professores nas decisões e nos debates me parece ajudar nisto.

Tenho somente o exemplo da instituição por onde passei, na UFRGS eu creio que a democracia tem feito muito bem. Hoje minha visão é externa, pois estou a quase 20 anos longe da comunidade acadêmica, mas de lá para cá tivemos eleitos Hélgio Trindade, Wrana Panizzi e Carlos Alexandre Neto e eu creio que todos eles seguiram diretrizes e um planejamento contínuo que sempre foi debatido na comunidade acadêmica. Fui membro do Consun, representante de alunos no Departamento e Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e presidente de Casa do Estudante,  e tenho muito orgulho porque mesmo nas diferenças, nos debates e nas negociações se crescia coletivamente isto se deve à forte participação dos segmentos.

Vi muita coisa ser recuperada, restaurada e progredir de lá para cá - com certo distanciamento - mas não tenho dúvida de que a democracia fez bem àquela instituição. Ela sobreviveu bravamente ao período de vacas magras do FHC e quando as coisas começaram a melhorar com Lula, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul estava preparada para crescer.  Hoje, um ex aluno e ex-professor daquela nossa geração é o Ministro da Educação e muitos que de lá saíram e por lá passaram, contribuem.  Não quero ser um advogado de gauchismo, porque nãos e deve desprezar as contribuições de outros e ficar só com os seus, mas creio muito que a experiência democrática na universidade nossa tem sido exitosa. O nome do projeto era muito sugestivo lá no começo: UNIVERSIDADE VIVA!

Agora me surpreende muito que as soluções clássicas que consistem em sacrificar ao rebanho e não ao mau pastor – como cobrar mensalidades, demitir professores e baixar salários, sejam sempre apresentadas como um artifício vergonhoso de desresponsabilização e de entrega ao velho modelo neoliberal que já deveria ser passadista.

Um estado como São Paulo já chegou a este ponto em virtude do desacerto deste tipo de política e vão repetir o modelo na solução deste grave problema?

Não se trata de um tabu ao meu ver o impedimento a esta política tradicional, se trata de considerar  inaceitável a solução que trata de não resolver o problema e que fica menoscabando responsabilidades políticas.

Estão, na verdade, fazendo com a USP a mesma coisa que fizeram com muitas empresas públicas, colocam em insolvência para privatizarem, fazem má gestão para jogar a culpa no povo ou nos cidadãos. Tudo se passa como se este vírus neoliberal tivesse tido seu efeito retardado para a segunda década do século XXI.


Como tamanha incompetência e incapacidade de gestão se preserva no poder? Isso é que não é trivial porque repete o modelo, o velho modelo que entregou nas mãos dos competentes grandes empresas e depois as privatiza pro incompetência. 

E vou terminar minha lamuria e ladainha dizendo que nem a separação do PSDB do PMDB, cuja fração gaúcha esteve bem apaixonada pelo neoliberalismo com FHC junto, resolve este enigma que se repetiu em todo o Brasil de norte a sul, de leste a oeste. Aqui no RS com o apoio da GRANDE MíDIA foi feito isso com muitas coisas também.

SOBRE A RESILIÊNCIA DE DILMA - PARA MIM É TENACIDADE AMIGO

Meu Caro Diogo Souza que pensa que Dilma é resiliente - eu penso que isto se deve a firmeza, seriedade e a profunda honestidade desta mulher. Ela tem uma espécie de fortaleza moral e de caráter que deve ser mesmo notável e perceptível a qualquer pessoa medianamente atenta e sensível à certos traços de personalidade. E tem um outro aspecto que chama muita atenção em mim como professor e também como acadêmico. O tipo da pessoa. Ela é aquele famoso tipo de pessoa que todo mundo percebe que é imprescindível e que tem muita força e capacidade de dedicação. Meu pai chamava isto de tenacidade. Com um atributo destes é pouco provável que ela seja em qualquer circunstância menor ou diminuída. E quem conhece a história dela em detalhes. Da menina á militante social, da militante presa à mulher tentando reconstruir sua vida em Porto Alegre, da fundadora do PDT à sua ruptura em 2001, da economista da FEE (que eu entrevistei uma vez sobre a gestão no início do governo Britto) à Secretária de Governos Municipais e Estaduais no RS e depois da Ministra de Minas e Energia à Ministra Chefe da Casa Civil, da pré candidata chamada de poste á presidenta eleita, da presidenta com 70% á presidenta que sofre o ônus das manifestações de 2013 e responde a isso com cinco medidas e, em meio a isso tudo, da pessoa que trabalha, trabalha e trabalha para fazer tudo que fez e que a gente só vê agora nas propagandas de tevê. É uma história de tenacidade e eu fico muito feliz que tenhamos ela como presidenta e com fortes chances de se reeleger no primeiro turno, contra a canalha, a covardia e a grande ignorância de determinados setores que brincam com política e opinião, como se não houvesse mais nenhuma razão para ser sério nesta vida e neste país. Meu pai dizia que só grandes pessoas tem tenacidade e a dedicação necessária para fazer desta força, obras e frutos que deixam uma marca indelével e notável no mundo. E ela tem isso, sem a menor dúvida e ninguém há de tirar isto dela, sob hipótese alguma.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

SOBRE A FALA CONTROVERSA DA DILMA e a SOCIOLOGIA E FILOSOFIA NO CURRÍCULO

Já escrevi sobre esta entrevista antes, mas resolvi dar mais uma detalhada na interpretação a partir do conteúdo da fala da Dilma e de minhas impressões sobre os temas envolvidos. Não creio estar resolvendo a questão, mas julgo importante compartilhar minhas opiniões sobre este tema. 

A todos os meus colegas professores e professoras que de alguma forma participam do dia a dia das escolas e atuam no debate educacional, seja em Conselhos de Educação, Conselhos Escolares,  no Pacto pela educação, em programas educativos, seja no Sindicato, em Partidos e nos espaços de educação, de trabalho e de poder....

A Declaração Resumida:

"Por que criar um ensino técnico? Porque o jovem do ensino médio, ele não pode ficar com 12 matérias, incluindo nas 12 matérias, filosofia e sociologia. Não tenho nada contra filosofia e sociologia, mas um currículo com 12 matérias não atrai um jovem. Então, nós temos que primeiro ter uma reforma nos currículos e isso não é algo trivial." Dilma Rousseff

A Declaração no seu contexto integral:

"Minha querida, você não vai fazer três perguntas para mim, deixa eu acabar de responder, pelo amor de Deus, porque o debate é comigo, não é? Então, vamos embora. Olha lá, os dois anos, os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio, de fato, não estão bons. Nós não conseguimos entrar na meta. Nos últimos anos do ensino fundamental, nos aproximamos. No ensino médio, não nos aproximamos. Nós temos esse diagnóstico do ensino médio. Tanto é assim que criamos o Pronatec. O Pronatec tem duas partes, uma parte é ensino técnico. Por que criar um ensino técnico? Porque o jovem do ensino médio, ele não pode ficar com 12 matérias, incluindo nas 12 matérias, filosofia e sociologia. Não tenho nada contra filosofia e sociologia, mas um currículo com 12 matérias não atrai um jovem. Então, nós temos que primeiro ter uma reforma nos currículos e isso não é algo trivial. O governo não faz isso por decreto, porque tem todos entes federados envolvidos."

Bom Dia...li agora pela manhã todo o debate e as opiniões aqui postadas e em outros murais e fui ler as duas passagens acima, a resumida e a mais ampla para fazer a análise dos temas envolvidos e creio que fica muito claro, assim, todo o atravessamento, o contrabando de outras questões, a aleatoriedade e também a percepção muito controversa da fala da Dilma. Aliás, isso ocorreu aqui e em muitas páginas e murais de boa parte dos que postaram sobre isto.

Num primeiro momento, confesso, reagi meio atordoado à fala dela, porque é uma fala que aparece deslocada e fora de lugar ali na entrevista – o que só repetiu o que já havia ocorrido na Sabatina de O Globo também – e a fala cuja interpretação é sujeita sim a muita controversa, pois mistura muitos temas. Como alguém citou integralmente a fala acima me fica bem claro pelo contexto das questões que estamos a lidar com uma fala pressionada pela urgência e que passa a galope, no trote por vários temas. Vemos então uma candidata sofrendo barragem numa entrevista, com três questões acumuladas e mais uma para responder. Isso que mostra a baixíssima qualidade dos entrevistadores e o tom horrível como Dilma é tratada na Rede Globo.

Aparecem então diversos temas que eu gostaria de comentar com mais detalhe e mais vagar a partir da minha perspectiva própria como educador e que reflete sobre os desafios da educação e avalia cotidianamente seu trabalho e sua área de atuação.

O primeiro tema é dos anos finais do ensino médio - devo apontar aqui que o problema mais grave do ensino médio está no primeiro ano, onde a evasão é gigantesca, porque a escola concorre neste período com a força de atração do mercado e do mundo do trabalho e um adolescente que quer renda e autonomia econômica; o tema aberto ali do "entrar na meta" que me parece ficar bem deslocado porque trata da meta dos indicadores do IDEB, o que merece mais análise qualitativa do que estatística na minha opinião de educador razoavelmente bem informado vide o quadro crítico do ensino médio ser de evasão e também de uma passagem muito ruim do ensino fundamental para o médio, onde há redes municipais e estaduais a desarticulação e a falta de conexão curricular é gritante, sendo que o adolescente pula de uma rede para a outra justamente no período mais difícil de construção de sua autonomia, e se desenraiza e se perde nesta passagem; o tema do diagnóstico sempre resumido na análise que me parece superficial do ensino médio porque o debate sobre isto, de um lado, não tem envolvido os educadores da forma mais adequada e, de outro lado, nem tem se servido de pesquisas mais profundas e avançadas sobre evasão, repetência, permanência e sucesso no ensino médio, sendo em geral marcado por interpretações brutas das estatísticas e por precipitações e simplificações na análise que são  imperdoáveis para nós que temos na nossa formação as lições do Florestam Fernandes, mas mesmo assim estamos melhor hoje do que na época de FHC, onde a análise era exclusivamente tecnicista, economicista e produtivista - e seria bom que alguns que postaram certas coisas aqui se lembrassem ou tomassem conhecimento da evolução do Chiarelli para o Paulo Renato e do Cristovão para o Tarso e o Haddad, porque parecem esquecer completamente isto; o tema do Pronatec que é um Supletivo Técnico que na minha opinião é emergencial tendo em vista a necessidade de formar o mais rápido possível os jovens para o mundo do trabalho e fazer frente sim a crise econômica com mão de obra mais qualificada e mais preparada para a dinâmica do mercado, e trata-se ai para muitos jovens de criar condições de sobrevivência e em muitos casos conquistar renda superior à dos seus pais que se formaram num ciclo depressivo econômico e educacional do Brasil, nos anos 80 e 90; o tema do ensino técnico que vem à reboque disso e de uma necessidade de educar os jovens com professores cuja aplicação do conhecimento ao mundo prático é corrente, reduzindo um hiato subjetivo em muitos educadores sobre teoria e prática, base formal e aplicação, não havendo um distanciamento entre a formação, o mundo do trabalho, da ciência, da tecnologia e também o mundo da vida; o tema do excesso de matérias no ensino médio que envolve um outro debate que tratei acima no contexto do Pacto, mas que não deve ser visto como exclusão ou eliminação das disciplinas, mas sim com articulação destas disciplinas nas áreas de conhecimento o que para quem está fora da escola não significa nada, mas que requer mais consideração sobre os currículos, conteúdos, objetivos e transversalidade e interdisciplinariedade, não somente na escola, mas também na universidade, cuja síntese é bem difícil para quem tem deficit de formação em humanas ou para quem não conseguiu sair da caixinha ou da casinha ainda, mas o que, entretanto, não justifica uma síntese simplória de fica isso ou sai aquilo, nem uma síntese exclusivamente tecnicista  e muito menos uma síntese ingênua ou acrítica; noto que o problema conceitual de análise das disciplinas do ensino médio se deve também a um equívoco sobre as finalidades das disciplinas que, de um lado, sofrem com expectativas excessivas e, de outro lado, sofrem com expectativa alguma e aqui tomo a liberdade de criticar ou apontar duas áreas  cujas disciplinas percorrem todo o fundamental e, no entanto, os resultados finais são muito ruins na aprendizagem a língua estrangeira, o português e a matemática, sendo que estas duas últimas possuem, em geral, cargas horárias superiores à todas as demais disciplinas; ainda agrego o fato da Matemática ser tomada como uma área somente e não ter sido articulada com as demais ciências, Física, Química, Biologia, cuja base formadora e fundadora na modernidade - simplificando com autorização e licença dos especialistas em história e filosofia da ciência - em que a ciência moderna consistiu justamente na matematização dos fenômenos e que portanto a matemática deve ser ensinada pari passu com as demais disciplinas, dando respostas formais ou respondendo aos desafios destas ciências; na língua portuguesa o gramaticalismo ainda é dominante, a literatura e a escritura são muito desprezadas - no meu caso me vejo na situação de um professor de filosofia que faz mais redações do que muitos outros educadores e pugno o tempo todo por ampliar a realização de redações em todas as disciplinas e construir formulações narrativas nas disciplinas formais; e o tema da reforma dos currículos que envolve não somente todos os entes federados, mas como disse Dilma no seu discurso de posse: “...só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação..." e espero que ninguém a tenha convencido do contrário nos últimos 3 anos e 9 meses, pois é preciso reconhecer que esta declaração tem nos eu bojo o maior alento aos educadores do Brasil.   

Este é o melhor caminho para superar, portanto, a atual condição da educação fragmentada, desorganizada e desarticuladas entre as disciplinas, os níveis de ensino, as redes de ensino, a formação e o exercício da profissão, e  também sem a participação ativa e responsável dos país na educação dos filhos.

A apresentação deste problema mostra que a solução para educação, não é simples, não é só técnica, mas sim a construção de um processo dialogado e racional com todos os envolvidos.

Para terminar meu arrazoado, creio que a fala da Dilma na entrevista pode ser sim considerada na pior hipótese um tiro no pé, mas para mim é um típico escorregão numa casca de banana deixada pela assessoria dela no tema e é também reflexo de uma abordagem ao problema que é tecnicista na forma, mas sem conteúdo político e prático.

Há um erro de origem na forma como a posição dela é apresentada. O problema não são as disciplinas e o seu excesso, mas é a desorganização das disciplinas e o verdadeiro caos em que se encontra a formação acadêmica de quase todas as disciplinas. Com todo respeito me parece haver um excesso de fique à vontade ou laisser faire no nível superior e um currículo artificial e não integrado em todos os níveis. Não há discussão inter-pares sobre isso e o que temos são ondas de especialistas e técnicos dando parecer para lá para cá, com pouco e escasso debate público. O desafio de dar conta do diverso não deveria dar ouvidos ao recurso de suprimi-lo como uma solução fácil ao nó górdio, porque você não consegue resolver corta fora e diminui.

Este debate é importantíssimo e não pode ser resumido a duas disciplinas fazerem ou não parte do conjunto ou do quadro de matérias. Creio que é preciso pautar isso com muito mais seriedade o que o programa de entrevistas e outros fóruns não permitem e nem ajudam na discussão que fica prisioneira do simplismo e do senso comum.

E o fato das palavras fora de contexto de Dilma terem tido o efeito de deixar despertadas todas as seitas e teses da educação mostram bem isso.

Desta forma, com todo respeito à equipe da educação e do programa de governo, mas estão rateando no tema e o colega Francisco Xarão lembrou bem que a discussão nacional via conferencia nacional da educação já tratou e bem deste tema com um outro viés. Cito ele falando da Dilma: “Ela não vai tocar adiante qualquer mudança que contrarie as decisões das conferências de educação. Soube inclusive (me corrijam se estiver errado) que as conferências que ocorreriam em 2013 foram suspensas aguardando a aprovação do PNE. Primeira pauta no inicio de 2015 é retomar a organização das conferências para em 2016 iniciar a implantar as mudanças decididas pela população. Sim...nas conferências de 2010 foi feito este debate e o pau cantou. O que se acordou entre as várias correntes (porque tem proposta pra mudar pra tudo que é gosto) é que ao MEC cabe apenas publicar diretrizes nacionais e promover projetos políticos pedagógicos que os implementem com inovação e eficácia social.”

A entrevista ou debate do atual ministro Paim Fernandes da educação na Globo News mostra o quanto a nova síntese necessária é difícil, mas também dá um indício de como superá-la.

Quando vemos que  falta clareza em certas posições devemos sempre perguntar porque isso ocorre e eu tendo a não desprezar estas confusões, principalmente quando elas retratam a dificuldade de todos para tratar do tema.

Temos sim que debater muito mais...fecho com citação integral da posse de Dilma para ulteriores considerações:

“...só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso dos professores e da sociedade com a educação das crianças e dos jovens.

Somente com avanço na qualidade de ensino poderemos formar jovens preparados, de fato, para nos conduzir à sociedade da tecnologia e do conhecimento.”


Trecho do discurso de Posse de Dilma Roussef na Câmara do Deputados em 01 de janeiro de 2011.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

DILMA E A ELEIÇÃO DE 2018 - COMENTÁRIO A ANÁLISE QUEM GANHAR, PERDERÁ DE RENATO JANINE RIBEIRO

Meu caro Renato Janine Ribeiro consegui ler teu artigo inteiro agora com um título sugestivo sobre QUEM GANHAR, PERDERÁ (O VALOR, 22/09/2014). Gostei da análise apesar de discordar em certos pormenores e maiores. Dou mais ênfase ao que você chama de fadiga de material do PT. Ninguém governa um país como o Brasil por 12 anos impunemente e sem nenhum ônus e desgaste. Mas eu creio que será mesmo uma grande façanha se Dilma se reeleger, porque esta fadiga tenderá a ser superada então. E parece que o maior acerto de Lula na escolha da sucessora foi justamente este o fato de que ela coloca na gestão o PT para além das suas possibilidades históricas. E não falo isso por otimismo , mas sim porque preciso reconhecer que o estado brasileiro nunca teve tanta política pública setorial e sistêmica na sua história. E não precisa ser petista fanático, nem um ingenuo para perceber isto. Basta s e analisar o conjunto da obra de Dilma. Uma coisa enfim me parece muito certa o governo não consegue se comunicar com o povo, nem com o seu próprio eleitorado. Sou um petista razoavelmente bem informado, mas confesso que caio da cadeira toda noite ou na manhã seguinte ao ver o programa eleitoral da Dilma, porque é uma surpresa notável atrás da outra. O governo Dilma Rousseff tem um gigantismo em suas políticas que é para mim impressionante. E daí que é preciso admitir mesmo que tem algo de errado com os meios de comunicação no Brasil que devem fazer um senhor esforço para conseguir esconder tudo isso e preservar expectadores e leitores. Então penso que se Dilma vencer, será uma grande vitória, quase como a travessia definitiva do rubicão para o PT.

UM VOTO NÃO É SÓ UM VOTO! DILMA SIM!

Para quem lutou pela democracia, para quem se apaixonou fazendo isso, para quem dormiu e acordou, para quem andou e sentou, deitou e se levantou, caiu e se reergueu, para quem sonhou e viveu pensando nisto, um voto não é somente um voto.

Para quem quer um país, um estado e uma cidade melhor com todas as suas forças, um voto não é só um voto.

Para quem construiu um partido e para quem tem um partido e o conhece bem, com seu programa, com sua história, um voto não é só um voto.

Para quem elegeu um governo e soube cobrar dele, acompanhar ele e fiscalizar ele, um voto não é só um voto.

Para quem elegeu mandatos, da escola ao sindicato, do conselho à associação, do clube ao coletivo, um voto não é só um voto.

Assim como para quem já amou demais, um beijo não é só um beijo. É muito mais que isso, pois é um afeto maximizado. Assim, um voto é e pode ser um pensamento maximizado e quem conquista o voto de quem pensa desta forma sabe o valor desta conquista.

Um voto é, então, uma expressão de uma luta. Só quem defendeu com unhas e dentes, com toda força de si a democracia pode criticar as escolhas dos demais, as escolhas do povo e da elite, pois esta possibilidade negligenciada, diminuída e desprezada por alguns só foi possível por você.

Não se deixa de ser democrata por criticar o voto ou as escolhas do seu povo, mas sim por tentar fazer disso uma justificativa  contra o direito de voto.

Um voto não é só um voto, é uma lição e um exemplo, pois com o tempo ao te lembrares dele farás jus ao teu pensamento e terás mais claros teus sentimentos. Num voto se aprende a votar e se podemos votar de novo, vamos poder melhorar a cada vez.

Um voto não é só um voto. Na matemática e na máquina é só um voto, mas pensado e refletido sempre é mais do que isso. É muito mais que isso. É uma possibilidade, uma liberdade, é a expressão de uma vontade, uma decisão, uma escolha com paixão e razão e, também, muito mais que uma ação.

Um voto é um pensamento, ainda que possa representar também a ausência de um pensamento, mesmo isso é um pensamento. E toda a minha reflexão agora sobre isto pode ser resumida assim: um voto é mais que um voto, um voto é um pensamento e será maior ainda se cada um cuidar dele da mesma forma que cuida de si mesmo ou que tenta cuidar de si mesmo.

Um voto é um cuidado que tem longo alcance. E cuidar de si mesmo, com um voto é também cuidar dos demais, pois um voto é uma forma de fazer de mim, tirar de mim um pensamento de uma sociedade melhor, um mundo melhor e lembrar a você que se voto em ti meu amigo e minha amiga e te dou mais que um voto, te dou um grande abraço e um pensamento, vá em frente e continue lutando.

UM VOTO NÃO É SÓ UM VOTO

Dilma sim! Porque não penso só em mim!

#ANA13813
#ZULKE1300
#OLIVIO131
#TARSO13
#DILMA13

SOBRE A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E O DEBATE DO ENSINO MÉDIO POR DILMA - MAIS FILOSOFIA OU MENOS?

Meu caro Renato eu creio que este debate a partir dos exemplos postos na entrevista da Dilma sobre Filosofia e Sociologia no ensino médio está atravessado. Esta discussão começa no Pacto pelo Ensino Médio na integração das áreas e também desde os PCNs no planejamento do ensino por objetivos. Creio que Dilma não por não saber, mas por não dominar o tema em detalhe não ajudou ao tratar disto an passant e de forma incompleta assim como foi ao ar nas duas entrevistas - sabatina e matinal - dela. Porém é preciso reconhecer que é o governo dela que está levantando este debate todo em todo o ensino médio brasileiro através do Pacto.O excesso de disciplinas na minha opinião envolve muito mais um problema de organização cognitiva e temporal dos alunos - que precisam ultrapassar o ensino de passagem e pouco integrado e de integração, interface, articulação e relação entre os métodos e os objetivos das diversas áreas (4) de conhecimento, bem como, também uma decisão que devemos tomar em duas frentes uma prática e outra teórica. Na frente prática o tema do ensino integral e da dedicação exclusiva dos jovens brasileiros entre 14 e 21 anos aos estudos, sejam eles técnicos ou politécnicos. E na dimensão teórica o desafio que se impõe de integrar áreas e disciplinas cujos registros são discursivos ou formais. É preciso traduzir orações em fórmulas e fórmulas em orações. Exemplificando, os jovens precisam aprender a calcular e a traduzir em termos descritivos seus cálculos e também precisam aprender a escrever e traduzir em termos formais seus discursos, narrativas e descrições. Quando a gente fala em trabalhar conteúdos mais práticos e aplicados isso também está em jogo e ao contrário do que o senso comum pensa , aquele que sempre tenta simplificar e resumir o conhecimento teórico à meia dúzia de notas, é preciso muita teoria e uma boa base teórica para traduzir adequadamente os conhecimentos. E isso é o que eu creio que anda faltando em algumas formações e carreiras - licenciaturas de humanas e de exatas se ressentem disto. Estamos fazendo a experiência na nossa área de humanas e descobrimos que conseguimos ir articulando, compartilhando e problematizando muito bem os conteúdos e objetivos a partir de um fio condutor histórico nos três anos do ensino médio. Começamos isto no ano passado e já se percebem avanços claros entre muitos alunos em uma compreensão mais integrada e não superficial dos diferentes ramos do conhecimento - Filosofia, Sociologia, Geografia e História. O próximo passo é propor certa forma de integração por um fio condutor histórico às demais disciplinas de modo a se estudar também as ciências, as letras e as artes, em suas linguagens mais formais ou menos também a partir de um ciclo de desenvolvimento do conhecimento do mais simples para o mais complexo. Eu ainda sonho iniciar o ensino de ciências via pré-socráticos até as ciências modernas dos primeiros aos segundos anos de forma articulada com os demais professores. Não para dizer que houve um crescimento linear e ingênuo, sem rupturas, mas justamente para mostrar, debater e avançar nesta história dos erros e dos acertos da história das ciências. Minha esposa é matemática e fazem apenas dois anos que encontramos o primeiro livro de história da matemática escrito em língua portuguesa e você deve saber - como muitos dos demais colegas meus de todas as áreas - o que significa isso. Vou ainda dizendo que a questão não é eliminar disciplinas, mas ganhar mais tempo, organizar melhor e articular melhor os conhecimentos para realizar uma aprendizagem não fragmentada, nem superficial do conhecimento, com tempos para lazer, cuidado e também arte ma escola do futuro. E eu creio que vamos construir isto. Mas, esta fantasia de alguns filósofos e pedagogos de um monópolio do pensamento ou qualquer forma de visão tecnicista anda com certeza na contramão disto e da superação do atual estágio da educação brasileira. Estes dias fiquei conversando sobre o que gerou esta fragmentação toda. Eu creio que foi este período que a educação brasileira namorou com o construtivismo, sem bases teóricas suficientes para brincar na organização dos conteúdos. E, então, uma classe inteira de educadores que já não vinha com uma formação excelente teve o pouco conhecimento organizado, desorganizado completamente. O que faz com que muitas áreas dependam de uma espécie de cátedras oficiais para se manterem organizadas e defesas. E este episódio ainda foi combinado por um profundo namoro de muitos intelectuais com os pós-modernismos, o que é apenas a versão riponga e retardada da visão power flower na educação. E tal acontecimento ainda teve o agravante de ocorrer justamente no período neoliberal em que era preconizado o estado mínimo e a ideologia neoliberal, cuja versão no individualismo é a indiferença e o pouco apreço pela ação coletiva. Como tudo isso bateu na educação, merece maior aprofundamento. Mas eu creio sinceramente que estamos caminhando numa direção oposta com o Pacto e os programas do governo federal, sendo necessário ampliar a escuta e os feed backs para qualificar o debate e avançar mais na recuperação da educação pública brasileira. Disse tanta coisa aqui que provavelmente devo me resguardar um pouco e pedir a generosidade dos demais ao derrame. Nenhuma outra área tem mais provocações a trazer ao panorama atual, na minha opinião, do que as humanas, porque todo o nó se encontra justamente no eixo histórico e numa necessidade de auto-compreensão dos educadores no cenário atual, com bem mais transversalidade entre universidades e escolas e de forma bem mais séria do que apenas cumprir cartelas como alguns fazem hoje em relação aos diversos programas federais. O que os PIBIDIANOS da filosofia tem a dizer sobre isto tudo? Só para ficar num exemplo interno às nossas disciplinas.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

SOBRE A FORÇA OU FRAQUEZA DA FILOSOFIA EM SALA DE AULA

A declaração de Dilma sobre a redução do número de disciplinas nos currículos do ensino médio, que já tinha aparecido com poucos detalhes na sabatina de O Globo da semana retrasada, gerou uma onda de incompreensão e de terrorismo cujos efeitos são interessantes, pois passam de uma tese sobre o fim da filosofia em sala de aula, até mesmo uma diluição dos conteúdos. Esta discussão vem e volta desde os anos 80 quando uma comissão considerou que não haviam professores preparados para o ensino. E vira e meche num cipoal de teses absurdas sobre a racionalidade, reflexão ou perda disso sendo posta em risco.

Meu colega Alexandre colocou a questão em outros termos sobre a possibilidade da filosofia efetivamente promover o aperfeiçoamento moral e cognitivo dos alunos no ensino médio.  Assim: “Eu acho no mínimo ingênua a crença de que a filosofia, esta ensinada nas escolas e universidades por professores e professoras de carne e osso, torna alguém melhor, moral ou cognitivamente. Só quem tem uma visão otimisticamente distorcida da realidade do ensino de filosofia pode acreditar nisso com sinceridade.”

Além disso comentou em seguida a grande ironia desta história: “Certos comentários sobre o que Dilma disse, vindo de gente da filosofia, me parecem a prova de que o ensino de filosofia falha miseravelmente na tarefa de "fazer pensar".”

Eu comento esta passagem e problema assim: Eles estão substituindo o medo da filosofia pela filosofia do medo. Que é o que este medo de debate representa para mim também. Sem levar em conta que a grande maioria deles deve estar completamente por fora - mesmo lecionando em instituições públicas e privadas, cujo principal escopo é formar professores e pesquisadores, a respeito do Pacto Pelo Fortalecimento do Ensino Médio, sobre o SISMÉDIO e como sempre negligenciam todas as matérias pedagógicas como uma área mole do ensino.

E isso veio a calhar porque foi este justamente o debate hoje sobre o capítulo do senso moral no livro didático da Marilena. Um aluno hoje em sala de aula, após a leitura do capítulo e a partir de uma discussão sobre senso moral que avançou no debate a partir do programa mais médicos e de que lado está o senso moral se do governo que propõe e implementa o programa ou dos médicos que o recusam? O mesmo aluno que também usou como um recurso em meio ao calor do debate a anulação do mais médicos em tom  diversionista e acabou tratando, então, do Mensalão e da Petrobras sobre a política e a moralidade política e fechou sua participação dizendo que estes tempos são amorais e que toda a discussão que pudéssemos empreender, as lições que fossem possíveis construir, precisam lidar com isto. O problema é simples: qual lado passa a avaliar e ser justo em relação a situação da saúde? O governo com a proposta de solução da extrema carência de atenção básica ou a classe médica que lhe foi contrária? Eu redargui afirmando a que a percepção de amoralidade dele tem como base uma percepção impressionada da realidade política e social do país e que ele generalizava injustamente sobre muita coisa que ele desconhecia. Precisamos lidar sim com a amoralidade, mas precisamos visualizá-la também na conduta dos cidadãos e não somente de um lado da cerca, por assim dizer. Deu de ombros  e repetiu a proposição e provavelmente seguirá assim até o dia em que for desperto desta nebulosa moral em que vive. Cujos negros vapores da bile provém de um pessimismo desenfreado, uma chorumela braba, uma revolta insensata porque não trata de nenhuma das causas e somado a um misto de ceticismo cujas bases são justamente a incredulidade no outro, mas também a ausência de qualquer conhecimento mais profundo, ausência de um compromisso coletivo e de qualquer projeto de engajamento na mudança da sociedade. 

A filosofia faz ilusão na maré baixa quando supõe que seu principal trabalho é simplesmente questionar um sistema cuja lógica e função desconhece. E é bem fácil atuar numa perspectiva de negação crítica que mal dá conta da história da sociedade e do estado. Não dá mais para negar sem razões, nem sem argumentos e esta é uma conduta de senso comum, cuja contrapartida moral é não levar a sério ao outro. Para questionar o sistema e transformar o sistema é preciso compreendê-lo. A pura negação faz mais um desserviço de jogar jovens ao mundo como Dom Quixotes desarmados que se batem contra tudo que vem pela frente, sem nenhum discernimento ou reflexão para mudar na realidade aquilo que precisa ser mudado. Tratar disto no pressuposto de que tudo está errado, como um espectador sabichão que jamais fez algo neste sistema é somente uma presunção e uma soberba cujo alicerce se desmorona logo ali num confronto sem proteção coma realidade. A filosofia não torna alguém melhor moral e cognitivamente, mas pode pedir razões e argumentos em defesa de determinadas posições, pode pedir razoabilidade ali onde a insensatez é gritante e pode também tratar dos dois problemas morais e cognitivos trazendo a lembrança que um jovem hoje não é o primeiro a pensar nisto, que mais gente já pensou nisto antes e que seria bom dar uma olhadinha e um conversada sobre isto. Não há uma correção, apenas a problematização e um choque de opiniões, mas em sala de aula isso atinge tanto aqueles que defendem posições mais radicais como os que possuem aquela qualidade muito interessante de tentarem refletir moderadamente sobre as coisas. E foi isso que eu percebi em sala de aula hoje. Claro que também percebi aqueles para os quais nenhuma das posições interessa, por conta de que pouco valor dão para estes debates. E pouco interesse tem em debater diferenças e opiniões. Sendo mais cômodo para alguns não crer que a possibilidade de diálogo e o exercício de diálogo faça alguma diferença. Mas parece fazer, porque coincidiu com o tema de tua postagem meu amigo Alexandre Noronha Machado...

Além disso, eu participo também do Pacto de Fortalecimento do Ensino Médio, compartilho muitas opiniões postas sobre sua importância e que este debate vai levar à muitas tarefas recíprocas na área de ciências humanas e não sou pessimista em relação às mudanças. Temos que parar também de fazer mistério glorioso com a filosofia. Tem muito professor de outras disciplinas que consegue compartilhar e debater filosoficamente e rigorosamente.


Por fim, eu coloquei este exemplo, porque de fato ocorreu hoje. E ainda é uma turma de terceiro ano que já me colocou às voltas com a teoria de Kolhberg, a partir de um filme em que a discussão em termos morais foi reduzida a vingança e onde um aluno tem extrema e persistente dificuldade prática e teórica para aceitar como razoável a saída da perspectiva exclusivamente individual e adotar uma conduta com respeito ao coletivo, às regras e á autoridade.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

TARSO GENRO E A DESPOLITIZAÇÃO

Tarso entrevistado pela ZH falando sobre os resultados parciais da pesquisa que aponta Amélia na frente.

O senhor foi surpreendido pela liderança da candidata de Ana Amélia nas pesquisas?

"É um processo crescente de despolitização da política do país. Está sendo estabelecida uma visão de que o país tem que começar do zero a nova política. É um equívoco dramático, que pode destroçar a democracia. A minha adversária Ana Amélia vem de fora da política. O que é absolutamente normal na democracia. Então ela aparece como uma novidade. Acho que ela não é. Essa visão de começar do zero lembra o presidente Collor, que levou o país a um impasse dramático."

A RENDA CRESCEU E ALGO MAIS PRECISA CRESCER NO RS - para Tarso Genro

ZERO HORA de hoje noticiou em sua capa que a renda gaúcha cresceu o dobro da renda no Brasil.  É mais um resultado importante na economia do estado, mas mesmo assim o Governador Tarso Genro enfrenta consciente, o desafio de vencer esta tendência do TUDO OU NADA no RS, que de eleição em eleição insiste em colocar tudo na estaca zero e voltar tudo do zero de novo....É uma política da terra arrasada, e de arrasar qualquer política correta, Não é o caso do gaúcho ser mais ou menos EXIGENTE na política, mas sim de ser mais ou menos INTRANSIGENTE e alguns tiram forte e intensa vantagem disto, investindo na oscilação do juízo, em uma espécie de temperamentalismo na política e sempre negando qualquer avanço real e objetivo. Eu andei pensando neste irracionalismo e tentando entender de onde vem isso, qual a causa cultural na formação do nosso povo e o que encontrei foram duas coisas entremeadas: um forte militarismo que envolve um sentimento do matar ou morrer e uma espécie de POSITIVISMO sem PROGRESSO, em cuja negação da política e da democracia se ceva na intolerância às frustrações e na incapacidade de entender processos e aceitar qualquer tipo de dialética, contradição e mesmo certa versão PEREMPTÓRIA à qualquer consenso que envolva um debate maior no detalhe e uma avaliação maior em elementos de um juízo. É um tipo de cultura que dá trunfos aos simplórios e aqueles que se abrigam mais em símbolos do que em fatos, mais em sinais do que num sentido, mais em palavras do que na materialidade. Parece um quebra cabeça insuperável, mas creio que deve haver uma saída deste labirinto em que a diferença e toda a diferença é sempre um bem e um mal, uma dicotomia moral indevassável. E Tarso tem razão em seu comentário sobre a tendência a ZERAR tudo e tentar começar tudo de NOVO. Um estado assim jamais vai crescer e viver alguma forma de estabilidade política e econômica contínua, porque possui um eleitor caprichoso e muito despachado liminarmente. Me lembra muito aquele BURRINHO SENSÍVEL da infância que a medida que você ia encilhando ele coma s peças de montaria corria o risco dele jogar tudo fora à menor impressão de descuido ou indelicadeza. Vamos combinar que o eleitor gaúcho é muito sensível mesmo e que com um monopólio de comunicação como a PRBS fica maior ainda a sua suscetibilidade a ideias de salvadores, heróis midiáticos e etc. E Ana Amélia - essa fruta loira da ditadura militar e do jornalismo oficialesco - é mais uma bola da vez, como muitas outras anteriores e todas as demais que ainda virão. Espero mesmo que Tarso vença, porque gostaria muito de ver este estado crescer e ver sua propalada maturidade política se manifestar em estabilidade e não com mais aventuras e invenções políticas arriscadas.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

LUCIANA GENRO DESTRUIU AÉCIO NEVES AO VIVO NO DEBATE

No dia seguinte ao seu NOCAUTE técnico no Danilo Gentile, recomendando ao néscio rapaz, que ele deveria estudar mais para tratar de certos assuntos, Luciana Genro acaba com o Aécio Neves sob qualquer hipótese de análise.  NA TAMPA DO DANILO ELA DISSE: "Se tu estudasse um pouco mais ia conhecer o assunto." E pela condição ad candidatura dela e da concepção política dela ela se sente livre para dizer aquilo que você poderia dizer, mas não diz por cordialidade e gentileza  e, também, para preservar uma candidatura da imagem de franco atirador.


Eu voto Dilma Rousseff, mas creio que estas pauladas que a Luciana deu merecem nossos reconhecimentos e elogios. E se alguém questionar que a pergunta era sobre educação, há que se dizer que nada é mais contrário à educação do que corrupção e privilégios para a elite. Olha só: ela nocauteou e desmoralizou completamente ele. A arrogância e a ironia dele foram dissolvidas irremediavelmente. E tudo que ela disse vai poder sempre ser usado contra ele em qualquer circunstância. 

Aécio nunca mais escapa do bordão "é tão fanático por corrupção que privatizou um aeroporto e deu a chave para o tio". Veja você mesmo: LUCIANA VS AÉCIO

UNISINOS DEBATE O FUTURO DAS CIÊNCIAS HUMANAS

Saúdo a iniciativa da Universidade e de seu Instituto Humanitas. E fico feliz de ver meu friendship Renato Janine Ribeiro vir a São Leopoldo para debater este tema que me diz respeito por ser professor na área e ter muito gosto também por artes e letras. O tema do debate é bem legal porque apresenta algo com o que tenho minhas intuições e sou bem otimista. Creio que com as humanas vai ocorrer um surto de interesse bem grande no futuro próximo, pois passado o furor tecnológico das comunicações digitais e TICs, creio que a busca de conteúdo vai se dirigir para a área das humanidades, incluído ai as letras e artes. Isto é, superada e esgotada a possibilidade de muitos avanços mais na direção das ciências exatas e formais, vamos assistir um grande incremento das graduações em humanidades. Com os meus alunos de ensino médio percebo isto claramente. Todos, ou a grande maioria dos que querem cursar nível superior fora das humanas tem algum interesse por uma ou outra área delas, incluindo as artes. O que em alguns caos envolve um hobbie ou laser, mas que mostra gosto e desejo por estes conteúdos. E os alunos que se interessam pelas humanas são muito mais interessados do que eu fui, além de terem mais meios para saciar seus interesses do que tivemos. E olha que eu era muito interessado. Outra coisa legal é o tema "os iluminismos" pois quem me lê ou é meu aluno sabe que ando bem às voltas com isto também. Não poderei estar presente pois estarei na escola onde leciono, mas desejo um bom debate verei se posso fazer meus os alunos de filosofia assistirem isto de alguma forma. Link para a programação e a transmissão:O FUTURO ADS CIÊNCIAS HUMANAS - HUMANITAS-UNISINOS-RS

A DEMOCRACIA: NOTA DE CORREÇÃO

Estava pensando muito em democracia e me saiu isto:

A democracia como um sistema de correção das disposições políticas.

Foi o que pensei, em geral, mas me chamou atenção as três funções relacionadas. A sistêmica que abrange a todos os sujeitos. A corretiva que permite se imaginar isso no tempo e quando chamei de disposições, aquilo para o que ser deliberado, escolhido, avaliado e discernido como alternativa ou curso de ação, lei, projeto ou programa.

Pensei assim também porque nos outros sistemas políticos a correção tende a ser retardada ou compreendida de forma isolada na sociedade.

Mas na democracia ocorre ou pode ocorrer se for estimulado um progresso de responsabilidade sobre os agentes ao longo do processo.

A democracia é, então, o sistema político que permite ao povo determinar com seu juízo e com sua educação própria as disposições políticas, legais e justas de sua própria sociedade e que também permite corrigir estas disposições quando elas foram equívocas ou mal determinadas. 

Precisamos dar muito valor para isto, pois vislumbro um período muito longo de superação via mais informação, mais debate e menos manipulação, um período de superação de muitos engodos, demagogos e retóricos, contorcionistas, manipuladores e interesseiros, mas para isto o povo precisa assumir integralmente a sua responsabilidade pelas escolhas, pelo voto e pela aceitação deste ou de outros pensamentos.

E então lembro de duas pitadas de Rousseau e Kant aqui:
R.: “obrigar a ser livre”.
K.: “ousar saber”

E é claro que nada disto satisfaz os imediatistas, ansiosos e aqueles que fazem juízos superficiais, juízos desinformados, àqueles que distorcem os fatos e ou que gostam de generalizar todo o mal e diminuir todo o bem.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

O PT E A CLASSE MÉDIA

Olha só, eu também acho que precisa uma psicanalisada ai na classe média e em alguns companheiros e companheiras do PT, para tirar o bode da sala e esvaziar essa espécie de culpa na relação. Creio que o Lula concorda literalmente comigo, no que vou dizer agora: alguns companheiros ficam pensando e falando que a classe média precisa entender eles e o PT, mas eles se esquecem que é eles que precisam entender a classe média e o povo, é eles que pretendem liderar a sociedade e tonar o povo - com a classe média junto - protagonista das mudanças e isso significa que não dá para o petista chegar no governo e fazer só o que ele quer o que ele acha que tá certo, só o programa e a cachola do coletivo. E tem um detalhe em São Paulo que me assombra mais ainda. O PT governou a capital duas vezes antes e muitos municípios do interior, elege deputados e senadores lá, então, seria bem bom pensar porque o entendimento do povo paulista não é completo, por parte do PT, não do povo. Mas eu estive pensando que isso tem uma positividade tão interessante do ponto de vista da virtualidade política, desde que....mutatis, mutandis...

PT, CLASSE MÉDIA, DEMOCRACIA E RAZOABILIDADE

Este é um comentário ao texto e postagem do Renato Janine Ribeiro ao recorrente confronto de alguns quadros do PT com a classe média. Em especial a filósofa Marilena Chauí. Apresenta as minhas anotações dispersas e de súbito sobre o tema. Eu  creio que o PT não sabe se comunicar com a classe média, como se comunicava nos anos 80. Mas é capaz de aprender de novo sim. E é preciso reconhecer que nenhum outro partido foi capaz de fazer isto melhor antes. É um paradoxo para mim entender a erosão do discurso moralista do PT - não somente pelo mensalão, mas principalmente pelas políticas sociais o que é bem natural quando se assume a gestão em que o que fazer fica bem mais importante do que o modo de fazer, e também o surgimento do tema da participação popular nisto tudo. Também penso que a idéia de controle do estado pelos cidadãos - seja via OP, seja via conselhos, seja via participação direta ou plebiscitária, por mais politizadora e corretiva que possa ser à má gestão e também à corrupção, não atrai efetivamente nem a classe média que quer gastar tempo com outras coisas e nem as camadas populares que depois de atendidas suas urgências, demandas e prioridades imediatas, de certa forma se cansa de participar. O estado e a dificuldade de obter engajamento e participação popular e civil nos conselhos escolares, nos conselhos de saúde e etc, demonstra isto. Por fim, eu diria que o mesmo nó górdio faz com que seja mais fácil às classes que sofreram e viveram ascenção social e econômica e obtiveram melhores oportunidades nestes 12 anos de PT tem mais gosto por uma cerimônia religiosa do que por uma reunião partidária ou de organização social. O canto da salvação é menos conflitivo e provoca menos atrito social do que qualquer forma de militância e ocupa menos tempo da agenda cotidiana. Não vou tratar da demonização da classe média por alguns quadros do PT, porque eu creio que há também um afastamento do contato social e  cultural destes setores e contribui para isto um certo envelhecimento da geração que cumpria este papel - que não leciona mais em escolas nem em universidades - e também uma espécie de fogo de barragem do novo desenho dos orgãos de comunicação e da mídia após FHC que legitimaram e reproduzem a tal da ideologia neoliberal e que promovem assim a perda do sentido e o esvaziamento do papel do estado na subjetividade dos membros das classes me´dias, mesmo que eles sejam atendidos indiretamente pelo estado. E este esvaziamento do papel do estado, baseado em generalidades desinformadas e pouco realistas, leva justamente a um pessimismo e a um modus operandi que nega de principio qualquer operacionalidade e eficacia ao estado, mesmo que este tenha qualificado, ampliado e  incrementado tanto seus serviços, quanto sustentado e fomentado a economia de sobrevivência acrise desde 2009, como é o caso no Brasil hoje. Eu tenho visto algo interessante neste aspecto também agora nas eleições. Quanto mais absurdas as propostas dos adversários, mais uma espécie de princípio de realidade e de foco nos fatos, tem fortalecido a percepção da classe média perante os governos do PT e o ranço vai se dissolvendo. Mas eu estranho sim a repetição da bangornada de acordar justamente no setor  de classe que pode dar a vitória ao PT e que pode atuar de modo a qualificar e melhorar os serviços e a eficácia do estado brasileiro  Desculpe se avanço vários sinais aqui, mas eu creio que caberá à Dilma, se reeleita, liderar e constituir este novo Ethos da classe média brasileira, assim como ao Fernando Haddad e a outros como Tarso Genro pelo Brasil. E fico muito impressionado também sob o impacto deste ressurgimento de um positivismo, republicano e democrático, com  origem na tradição gaúcha que sabia muito bem como se comunicar com as classes em ascenção, mas não sabia como fazer isto via sufrágio universal e sem violência. É um razoável progresso que nossos 25 anos de democracia, nos coloquem neste cenário de certa racionalidade e razoabilidade argumentativa e que isso passe a ser conta num diálogo com partidos de centro e esquerda. Então não é mesmo um desafio só do PT este de politizar a sociedade e fazer ela controlar o estados endo responsável por ele e suas políticas públicas. Talvez o que eu tenha dito aqui seja somente um delírio, mas se houver alguma pitada de realidade e de correspondência com os fatos, está ai então a pedra de toque...valeu...