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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

RESPONSABILIDADE, POLÍTICA E CIDADANIA

Todo mundo quer que os outros assumam responsabilidades e quem não faz nada, fala como bem entende de quem faz que ainda tenta fazer, fala este como se já tivesse feito alguma coisa, mas é o contrário. Senta na cadeirinha de platéia e não assume nada e ainda quer conquistar o direito de não precisar votar para assumir menos ainda. Vou dar um exemplo bem objetivo: Sou professor e este dias eu disse algo para meus alunos que considero bem importante e educativo. Creio que isto deveria fazer cada um olhar mais para si mesmo e para os outros candidatos ou não, com outros olhos. Exigindo mais de si mesmo e de suas escolhas. Perguntei para os alunos quantos estavam lendo um livro naquela semana? Poucas mãos se levantaram na sala e em outras salas onde fiz a mesma pergunta. Meus grandes amigos mais ilustrados que eu - que, no entanto, não querem ser professores de escola pública ensino médio e fundamental - sempre me estimulam a promover o livro e a leitura e é uma das tarefas que eu gosto muito de fazer porque sei e tenho convicção da sua importância civilizatória. Assim, como tenho convicção da importância civilizatória de ser professor no ensino básico. Coisa que muitos revolucionários, humanistas e pessoas de bem deveriam levar bem mais á sério na minha opinião, tanto como opção profissional, quanto como atividade e atuação dos outros. Não fiz isto para ralhar com os alunos. Defendi, inclusive, que Gibi, História em quadrinhos, poesia, romance, ficção tava valendo. Minha razão não é para mostrar assimetria ou diferenças entres eles, nem mesmo para selecionar os expertos e bons dos demais. A verdade é que estes jovens de hoje - todos eles - tanto os que leem como os que não leem nada vão ser os cidadãos adultos e maduros que votam e que vão governar este pais no futuro e eu não tenho a menor dúvida que não farão governos melhores se lerem menos e escreverem menos do que as gerações anteriores e incluo a minha geração ai. E também não tenho a menor dúvida de que os seus governos, os serviços públicos que alguns deles prestarão, a conduta como deles cidadãos, trabalhadores e contribuintes em relação à coisa pública - o que engloba na prática para mim a saúde, a educação, a segurança, a forma como dirigem, se pagam ou não impostos, se desperdiçam ou não recursos públicos fazendo o que não devem, o terreno baldio do bairro e etc, vão depender disto e não somente dos "políticos". E eu penso que as coisas não vão ser melhores se poucos lerem e poucos assumirem responsabilidades pelo seu voto e pela democracia neste país. Ou alguém quer optar pela velha alternativa autoritária ou principesca - sempre lembro Maquiavel aqui - de uma solução violenta, por uma tirania ou pela fantasia de alguma solução absoluta, divina e infalível? Que é o oposto da racionalidade e da democracia em que todos são responsáveis por seus atos,escolhas e palavras? Eu conheço muitos políticos e alguns foram meus contemporâneos em muitas coisas e uma só coisa eu te digo os que eu voto leram muito e estudaram e estudam muito e eu não creio que a coisa vai melhorar se as pessoas continuarem se julgando livres disto, por não precisarem votar, ler, escrever ou opinar. O silêncio e a paz dos cemitérios não me interessa. E a justiça não será construída somente por boa vontade e boas ideias e opiniões, precisaremos ser justos e atuar com justiça também, julgar com mais justiça e precisão também. Todos nós. Minha maior fantasia utópica de adolescente idealista, para ilustrar um pouco mais, era que um dia não haveria mais nenhuma necessidade de advogados neste pais. Porque cada um seria bem educado e saberia o seus direitos e suas obrigações, sem precisar da tutela,de um preposto ou um representante mais esclarecido para defendê-lo, porque seria completamente responsável por seus atos e palavras. Porque isso não acontece? E como isso pode ser possível? Não creio mesmo que violência, salvadores ou os outros vão atingir este resultado civilizatório sozinhos. Eu aprendi na faculdade que "para tirar as pessoas da sua menoridade" que as vezes é auto-inflingida ou culturalmente reproduzida e socialmente estimulada por aqueles que adoram cidadãos dependentes, submissos, néscios que podem ser mais explorados econômica e políticamente, é preciso "obrigar a ser livres" mas ser livres ai não significa em nenhum contexto ter menos responsabilidades. Bem ao contrário, significa ser absolutamente responsável por seus atos, por suas escolhas, por suas palavras e pelas consequências disto tudo. Mas eu não estou falando aqui de CULPA. Devo dizer que a culpa é algo que sempre embota nossa emoção e que nos faz perseverar na irresponsabilidade, pois parece que tudo se trata de uma falha emocional ou de um mero sentimento mal colocado e mal resolvido. Não quero furtar nem impedir ninguém de assumir a sua parte integral e tranquila na conta social que é resultado de nossas ações, palavras e escolhas. Me desculpem a compressão nesta casca de noz de toneladas de filosofia, mas faço isso de caso pensado e de forma absolutamente intencional.  Cabe, ao meu ver, a cada de nós cumprir algum papel nisto e a omissão e se eximir disto não é o caminho. Quem me entende, talvez entenda melhor ainda a si mesmo....

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