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terça-feira, 22 de julho de 2014

PRIMEIROS TRAÇOS DE FILOSOFIA NO TERCEIRO ANO: SONDAGEM DIAGNOSTICA 2014

Na aula de filosofia para os terceiros anos (3M2, 3M1) na sexta pela manhã e na segunda pela manhã – apesar das minhas limitações desta semana derivadas de intensas preocupações com a saúde de minha irmã - fiz certa revisão dos conteúdos, realizei uma Reflexão sobre Limites e Possibilidades, realizamos uma Sondagem Diagnóstica sobre o que eles haviam estudado de filosofia antes e, concluímos, construindo uma Projeção das próximas 36 semanas deste ano letivo a partir disto.

A Revisão dos Conteúdos desenvolvidos nas primeiras semanas de aulas, com as questões sobre Atitude Filosófica, a Origem da Filosofia, Definição de Filosofia e História da Filosofia (umas dicas boas do primeiro capítulo de A Iniciação da Filosofia de Marilena Chauí), sobre a questão de como é possível pensar diferente da tradição, da maioria ou de uma doutrina dominante, com a devida introdução à Tales de Mileto, ao ambiente grego anterior ao surgimento da filosofia que passa pela Paideia de Homero via a Ilíada e a Odisséia, a mitologia grega, as relações comerciais com os outros povos, as viagens e navegações, e hoje em especial lancei o debate sobre porque o confronto com a finitude nos desperta para a liberdade e a reflexão existencial.

No caso, o tema é Reflexões sobre limites e possibilidades, iniciamos perguntando por qual é o único limite à nossa existência, para concluir que todo o resto são possibilidades daqui até o fim. Que estas possibilidades são disponíveis para nossa escolha e que somos responsáveis por estas escolhas. Somos, apesar de toda a tensão para que pensemos diferente disto, completamente livres para escolher as possibilidades a se realizar em nossa vida daqui até seu fim. A importância desta reflexão é que ela coloca o campo de realização e interrogação sobre o que fazer e o que pensar no âmbito do viver, abandonando a perguntas científicas ou religiosas sobre “o de onde viemos?” e  sobre o “para onde vamos?” e vai nos tratando do “como vamos viver?” e que escolhas faremos para esta vida. As perguntas são religiosas ou científicas porque são duas formas de respondê-las e porque ambas ultrapassam os domínios de nossas existências individuais.

Também realizei uma sondagem e um diagnóstico e reconstrução sobre o que eles estudaram de filosofia nos anos anteriores, consultando cada aluno e aluna de modo a constituir uma lista para depois projetar o último ano de filosofia deles, sem seguir os tempos e conteúdos do plano contínuo e sistemático de curso de filosofia da área de humanas e abrindo espaço para consolidar algo do que eles já viram e incluir algo que eles desconheciam tanto da história da filosofia como de algumas questões conceituais.

O resultado da sondagem, que vai me levar a um diagnóstico sobre a formaçõa filosófica deles, a que também pode ser considerada um levantamento foi o seguinte: Eles estudaram, pesquisaram e conheceram as vidas e as idéias de Sócrates, Platão, Aristóteles, Karl Marx e Nietzsche, realizaram trabalhos sobre os Irmãos Villas Bôas, Che Guevara e Martin Luther King, Nelson Mandela, Malcoln X, John Lennon, Dorothi Stang, Rigoberta Menchú, Martinho Lutero,    e alguns alunos consideram – com razão – Emile Durkheim e Max Weber pensadores também, tendo estudado estes dois em Sociologia. Trata-se de alunos que tiveram professores diferentes em outras escolas e alguns receberam lições de meus colegas de Olindo.

Bem, fiz um registro breve que tive contato com os gregos clássicos a partir de Sócrates e Platão muito cedo e que meu acesso a eles era voluntário e autodidata, e que Marx me foi oportunizado pela militância política precoce e que jamais tive contato com qualquer filósofo nas escolas que estudei entre os anos 70 e 80. Informei que Nietzsche foi um objeto do meu interesse voluntário a partir dos 17 anos. Disse que considerava um privilégio eles terem tido contato já com “algumas idéias”  e “aspectos biográficos” destes filósofos, mas me comprometo em dar acesso a textos deles e não somente recortes de idéias ou coletâneas de idéias.

E então passei a apresentar um plano de objetivos básico contemplando uma espécie de enjôo de alguns deles com Marx e também para superar as lacunas em relação aos períodos da Filosofia Medieval e Moderna e de um Panorama mais amplo da Filosofia Contemporânea que vá para além de Marx e Nietzsche. Pontuei a necessidade de se ter uma razoável visão do Idealismo Alemão e que também era necessária a leitura de textos dos filósofos de modo a dar nas próximas 35 semanas de aulas um bom termo dos estudos de ensino médio.


Ao final da aula, um aluno perguntou quem eram os filósofos atuais e eu respondi que alguns nem são nossos conhecidos ainda e que boa parte da sobras mais importantes em filosofia estão sendo produzidas hoje. Mas trouxe o debate para o Brasil e fiz questão de mencionar o mestre Gerd Bornheim e uma idéia dele que, em especial, me vale para a reconstrução do Encontro destes jovens com a filosofia. Na obra Introdução ao Filosofar: o Pensamento Filosófico em Bases Existenciais. São Paulo: Globo, 1989, que é na verdade a tese de livre docência dele defendida em 1962 na UFRGS, então Universidade Estadual, sobre o tema geral.      

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