Powered By Blogger

terça-feira, 22 de julho de 2014

PITACOS NA EDUCAÇÃO, AUTORITARISMO E OPINIÃO

Primeiro gostaria de agradecer o estimulante artigo de um certo Bacharel em Direito – publicado no Jornal VS meses atrás com absurdos gritantes, ele dissertou generalizando de forma bem imprudente sobre Autoritarismo na Educação, pois expõe uma faceta na contramão da discussão sobre a educação pública que raramente é enfrentada ou debatida com rigor. A saber, a forma como qualquer um, qualquer cidadão, tem direito à opinião sobre a educação hoje, o que contrasta em muito com o que já aconteceu no passado.

E devo também confessar minha grande dificuldade em escrever sobre educação nos dias de hoje. Já fui bem mais audaz e corajoso nisto. Hoje sei e tenho convicção de que para cada tópico que eu tocar devem existir muitos outros seres humanos que sabem bem mais do que eu ou que tem conceitos muito mais claros do que eu sobre este tema de tanta importância.

E aqui não se trata somente de uma voz da humildade ou de alguma ironia fina aqui, mas sim da necessidade de reconhecer de saída que há ciência sobre educação, existem pessoas com mais informação e experiências mais refletidas e medidas do que eu sobre este assunto, apesar de ser professor a 20 anos e contar com uma memória pessoal da minha educação com mais de 40 anos já.    

Mas me ressalta – de saída - o fato também que os agentes de educação podem ter pouca opinião sobre as demais áreas de trabalho e assuntos públicos sendo em geral mais consultados sobre seu próprio ofício do que sobre os demais. Cujo exemplo mais notório para mim foi a três semanas atrás quando li uma entrevista com o Sr. Jorge Gerdau Johannpeter sobre como a educação deve ser para satisfazer a expectativas das empresas e da inovação industrial.

Eu também tenho opinião sobre como as empresas deveriam se comportar e serem dirigidas para contribuírem com a educação nacional, bem como, também tenho opinião sobre como as faculdades de direito e os advogados, as faculdades de medicina e os médicos deveriam se portar para contribuir mais com este país  – e creio que se perguntares a todos os educadores cada um deles te opinião também sobre isto.
Tenho algumas dúvidas preliminares, porém, a que escolas este bacharel em direito se refere se são públicas ou privadas? Mas adianto uma resposta que se subentende que deveriam ser públicas e que o seu reclame pode ser dirigido a uma ou outra escola da rede pública.  
Mas também é notável a mistura de motivos nos texto do autor.

E parece ficar evidente que a consideração crítica dele parte de uma experiência pessoal que talvez tenha sido infeliz ou não muito bem processada por ele.

Mas pode ser apenas uma generalização também. Coisa comum nos tempos de liberdade de opinião em que vivemos em que cada um diz o que lhe der na telha sobre qualquer assunto, com pretensões de incidir sobre a a realidade ou a partir da sua perspectiva que pode ser ampla, mediana ou até mesmo reduzida e estreita da realidade.

A saber, de que tipo de opiniões, juízos, conceitos e contribuições a educação brasileira necessita para atender aos grandes objetivos nacionais, elevar  a escolaridade, elevar a qualidade da educação, promover indiretamente a produtividade econômica, construir a cidadania e melhorar a vida do nosso povo dando lugar nobre e valorização adequada aos talentos nacionais que nossos jovens carregam seja por herança cultural, seja por inovação audácia e criatividade

Uma generalização, entretanto, imprudente e sem base na realidade é tão autoritária quanto um não mal dado ou mal recebido. Na democracia estas dores, porém, tem seus efeitos atenuados, porque sempre haverá espaço para a divergência e o debate, mesmo que exista um oceano carregado de entulhos e resíduos de desentendimento sobre certas questões.

Outro aspecto é relativo ao conflito na escola ou em qualquer espaço social. A questão não é sobre a existência do conflito é a forma como se resolve o conflito. E se o conflito tem solução racional e pactuada entre as partes pelo bem da educação, dos educadores e do educando. O fato de alguns educadores erguerem suas vozes também preocupa muito porque deveria nos levar e refletir por que um não precisa ser dito de forma tão grave ou porque alguns alunos só escutam ordens quando estas lhes são dadas aos berros?

Também há a dificuldade de se ter a mesma perspectiva que o autor em relação ao nível e a escolaridade dos pais dos alunos. Não creio ser o caso que muitos pais e mães de alunos terem nível superior.

Nada disso, entretanto, impede a participação e a contribuição dos pais de forma mais intensa na escola,  junto aos filhos e nos estudos dos filhos.

A tendência a se buscar soluções absolutas é comum quando não se compreende os processos sociais e nem as etapas e ritmos próprios da escola, da sociedade e dos alunos.

(nota do texto anterior) Uma distinção entre opinião e conhecimento do professor Fabio Ribeiro Mendes, inseridos no seu Livro Iniciação Científica: Para Jovens Pesquisadores, cujo texto á pagina 17, Ciência  e opinião, praticamente reproduz a posição de Platão de modo a gerar compreensão e distinção  básica entre discursos de ciência e discursos de opinião.



Assim, defendo o uso de certa distinção entre três tipos de discurso: o discurso de opinião, o discurso informativo e o discurso de conhecimento e tenho dito que há dentro destes, também, distinções de grau quanto à qualidade – profundidade e precisão - do conteúdo apresentado, sua forma e, ainda, quanto a sua relevância para compreender a realidade, os pensamentos ou as idéias das pessoas que são apresentadas em discursos diferenciados, sobre diversos assuntos. Compreendo, também, que isso enfim é muito importante para nossas análises de discursos – e introduzo em aula exemplos de diversos tipos de fontes de opinião, informação e conhecimento

Por óbvio à nossa observação final, é preciso se compreender que não se trata mais de um contexto em que temos exclusivamente os discursos dos sofistas e dos filósofos, do populacho na ágora e dos sábios. Que no mundo de hoje multiplicadas as mídias passados já 500 anos da invenção da prensa de Gutenberg, da impressão de livros, jornais, revistas, folhetos, panfletos, do rádio, da internet, televisão e cinema, telefone e celular há uma multiplicidade de discursos que permitem que se exercite o discernimento tanto de seu caráter como dos seus graus de aprofundamento, precisão e rigor.


Nenhum comentário:

Postar um comentário