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quinta-feira, 1 de maio de 2014

TRABALHADOR DE CLASSE MÉDIA

Me sinto um trabalhador, mas creio que sou ou pertenço à classe média baixa desde 1970-1980. Me esfolei todo – o que inclui minha família inteira - para sobreviver aos anos 80, lutando por democracia e fim da inflação, mas consegui obter um diploma universitário nos 90 e tive ganhos reais e significativos para todos os lados de minha família (casa própria, emprego, educação, etc), só nos últimos doze anos.

Penso que esta classe média que agora reclama o tempo todo, bota defeito em tudo e é intolerante ao problemas dos outros, tem simplesmente investido seus ganhos de "capital" e culturais, no lugar errado e nos ideais errados. Não tenho a menor ideia se são assinantes da Veja ou se assistem o Manhattan Connection. Mas eu não tenho a menor dúvida de que de economia não entendem nada, não sabem nada sobre gestão pública, não tem compromisso nenhum, nem em detalhe e nem no todo, com qualquer tipo de projeto de sociedade e são individualistas ao externo (vejo isso de forma gritante no trânsito e no cotidiano) dando pouco dos eu tempo para qualquer assunto coletivo ou social e para terminar - pela forma como assistem e aplaudem certos espetáculos de indignidade e perversão, aplaudindo e se ufanando ou se vangloriando com certas barbaridades - com certeza não tem nenhum conceito mais largo de justiça.

Não defendem igualdade em assunto nenhum e desdenham claramente da democracia e seus desafios. Eles estão prontinhos para um Governo Recessivo do PSDB ou autoritário de qualquer jaez que navegará culpando o Governo do PT anterior pelos ônus e dramas que vão criar a partir de suas próprias medidas, simplesmente farão isto para voltar a concentrar mais renda em cima e para os de cima e para garantir um novo trunfo no sistema de exploração na relação capital e trabalho.

Esta classe média irá para as ruas somente quando estiver completamente esfarrapada e seguindo uma liderança de ultra direita para fazer a faxina geral da nação - o que inclui a extinção seja pela guerra, seja pela violência generalizada entre classes, de si mesma.

Esta classe média adora soluções absolutas e completas. Cultiva uma ilusão de infalibilidade e passa 90% do seu tempo falando mal do Brasil. Não se trata somente de um complexo de vira-latas não. São cidadãos muito honestos e probos que não litigam por direitos que não lhes cabem, não abusam de privilégio algum e jamais tentam tirar vantagem sobre os outros.

Mas se você perguntar onde é melhor viver e para onde ela iria vai descobrir que ela não aceitaria certas obrigações que lá se impõe para a vida boa e a qualidade de vida. Dai é o fim. Ou não....ou ela amadurece, cresce histórica e politicamente  e assume seu papel político e cultural nesta história e pára de se acomodar e ficar reclamando dos outros sem definir seu próprio papel....o que ela realmente precisa mesmo é TRABALHAR, TRABALHAR E TRABALHAR, mas sem alienação e achismo...e fazer política ora essa, para não sofrer a política dos outros...

Penso também que esta classe média...ou esta elite quer arriscar...virou apocalíptica e tem tido a suas recaídas (faço referência aqui à metade da entrevista do filósofo Paulo Eduardo Arantes sobre o fim da polarização e os novos apocalípticos)...começou a acreditar de novo em papai noel...eles estão precisando de uma recessão....é basicamente isto...para voltar a ter gosto pela vida e serem sacrificados de novo...estão vivendo no maior conforto das suas vidas, mas...projetam suas insatisfações vitais na sociedade e querem resolver seus problemas subjetivos nela....


Já fui vendedor de espelhinhos na estação rodoviária de São Leopoldo...e é basicamente isso que esta classe média precisa: UM ESPELHINHO DE PEÃO PARA SE ENXERGAR POR INTEIRA!

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