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domingo, 18 de maio de 2014

E POR FALAR EM PALAVRAS SIMPLES E ABISSAIS - MICHEL FOUCAULT - A ORDEM DO DISCURSO

“Gostaria de me insinuar sub-repticiamente no discurso que devo pronunciar hoje, e nos que deverei pronunciar aqui, talvez durante anos. Ao invés de tomar a palavra, gostaria de ser envolvido por  ela e levado bem além de todo o começo possível. Gostaria de perceber que no momento de falar uma voz sem nome me precedia há muito tempo: bastaria, então, que eu encadeasse, prosseguisse a frase, me alojasse, sem ser percebido, em seus interstícios, como se ela me houvesse dado um sinal, mantendo-se, por um instante, suspensa. Não haveria, portanto, começo; e em vez de ser aquele de quem parte o discurso, eu seria antes ao acaso do seu desenrolar, uma estreita lacuna, o ponto do seu desaparecimento possível.”

MICHEL FOUCAULT – A ORDEM DO DISCURSO – Discurso de posse no COLLEGE DE FRANCE, 02/12/1970.


Não consigo, e não é somente neste texto, cujo exemplo me assombra agora, não me impressionar e não ficar intrigado com esta prosa, deste homem, desta forma e com estas palavras em cadeia.  E, ao conhecer Ian Hacking, o qual soma-se, então, impertinentemente e abruptamente a outros, me ocorreu que é bem a hora de volver a los 17....     

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