Powered By Blogger

quarta-feira, 12 de março de 2014

LITERATURA, INFLUENCIA, IMAGEM E DOMÍNIO

Em minhas leituras literárias tenho me convencido de que de fato a "literatura é uma forma de vida" e esta impressão fica a cada dia mais nítida e marcada...quando penso na "montanha na vida" ou "no grande oceano em que navegamos" ou "na impressionante arquitetura de estalagtites que nos cativa ao fundo de uma caverna" ou " nas maravilhosas grades de nossas crenças que nos mantém prisioneiros e bem nutridos em uma gaiola" ou " na venturosa estrada que nos levará a algum lugar" penso em milhares de personagens e autores....personagens venturosas, trágicas, apaixonadas, perdidas, iluminadas, corajosas, com medo e inseguranças, angustias e ansiedades que qualquer um de nós que encontra-se vivendo e aprendendo, lendo e escrevendo, possui....minha relação com este  vasto universo começou meio que por acidente a partir de Dom Quixote, a partir de Homero e também de algumas biografias...e ainda tive que sofrer de Shakespeare o impacto arrasador não de suas peças teatrais, mas dos Sonetos...os quais conheci e me tocaram bem antes de Hamlet e outros...cosia que me aconteceram na vida entre 1980 e 1990. 

Mas a coisa realmente começou a esquentar em meus miolos a partir do momento que encontrei um livrinho intitulado o Castelo de Axel de Edmund Wilson - vão lá já 25 anos - sobre o simbolismo...Já havia lido William Blake e diversos outros ficcionistas como Borges, Eco, Garcia Maqruez....e assimilado digamos assim a opção pela literatura fantástica sendo compartiulhada pelo realismo cru e chão de um BUkowski ou sonhador e romântoco de um Kerouac e um Salinger...foi então que entendi parte de um esquema que parece se repetir par além da imagem que construímos, ou das projeções que produzimos...matematicamente percebi que a relação entre um Domínio e sua Imagem se torna uma constante na literatura e que da mais arrazoada ficção ao conto mais realista trata-se de também ligar os pontos e compreender a transposição ou tradução de uma obra à outra e a multiplicação quase ao infinito disto...

Mais recentemente - vai lá 15 anos - comecei por intensa curiosidade a me atirar sobre o tema da Angústia da Influência de Harold Bloom - a qual para mim hoje dependerá de uma leitura quase borgiana de toda a literatura universal, regional e local....mas aceito a imagem que ele produz a partir do seu domínio, a saber: "Quando alguém internaliza em si os maiores poetas britânicos e americanos, após alguns anos suas complexas relações uns com os outros começam a formar padrões enigmáticos." Harold Blomm, em Anatomia da Influência, p.16.

Penso e imagino aqui este "jogo de relações" com milhares de vasos comunicantes entre obras,mas também hoje entre notícias, artigos científicos, conceitos emprestados e impressões do homem comum compartilhadas e lembro do Saramago também porque a história daquele homem de verdade pode mesmo nos ter sido contada com excessos e demasias por conta da tentativa de produzir e cativar nossa atenção...

Mas imagine você meu leitor generoso e impaciente que façam-se espelhos no salão da literatura e que nenhuma imagem de um de outro possa ser nítida e que a presença de luz, traços, perfis e linguagens próprias de cada época seja somente uma mera versão de uma equação ou forma lógica fundamental e suas diversas variações em seus niveis de complexidade e singularidade próprias e então veríamos o todo e a parte num só arranjo....mas podemos pensar em tudo isto? Eu creio que sim....

Agradeci ontem mesmo ao espírito dadivoso o fato de que José Saramago tenha escrito na nossa língua e recomendo muito a usa leitura....porque é uma privilégio poder ler suas obras....e além disso - creio que - após Borges é o maior gigante literário do século XX e que nos abre o século XXI...e deva constar que não estou jogando no lixo todos os demais, apenas chamando atenção para um grande espelho que parece espelhar bem mais dos outros do que os outros...

Ao ler Bloom - e confirmei por outro comentário hoje pela manhã - fiquei pensando porque Edmund Wilson não é citado afinal?

Os mistérios da influência envolvem enfim também negações, distorções e tentativas de superação do passado...Bloom ao meu ver tem dado ali ênfase demasiada ao Agon...mas creio que há outras formas de prazer também e de sabor na literatura e no pensamento...e esta é aqui uma questão de gosto e de imaginação apenas.....

Nenhum comentário:

Postar um comentário