Powered By Blogger

segunda-feira, 31 de março de 2014

CLAUDIO LEMBO E A ELITE: ENQUANTO ISSO A ESQUERDA AVANÇA

Alguém disse que a direita não produz mais quadros e que só tem seus agitadores e que de um ponto de vista intelectual vive em miséria e com duras penas assiste algum ex-ideólogo seu desancando o pau em si mesma.

Os exemplos da semana são: as críticas de Cesar Maia (do DEM) ao Aécio, ao Campos e ao mau uso político das redes sociais; e esta entrevista do Claudio Lembo ao Luis Nassif em que ele também trata das misérias da elite.

Pensei na mesma coisa estes dias e entendi rapidamente que este é o lastro, às avessas, da esquerda no Brasil que continua formando quadros nos movimentos sociais, quadros que aprenderam na luta a ter posição política e a construir voluntariamente suas organizações, sem liberações, encargos burocráticos e mesmo com atuação política cotidiana para além da disputa eleitoral bianual, quadros estes que ingressam em universidades e produzem e seguem na sociedade pensando as questões do Brasil...e que por um aparente acaso produzem ainda discussões programáticas, análises de conjuntura e fazem as avaliações e constroem os encaminhamentos em suas organizações. E isso significa apenas que enquanto o PT continuar tendo seus quadros se qualificando e realizando trabalhos nos velhos moldes da esquerda e com intensa atuação social e no voluntariado e, também, enquanto estes mesmos quadros continuarem especializados e se especializando em questões técnicas, o PT vai continuar governando, dominando e criando programas, e implementando os seus projetos que vão para muito além da mera ocupação de espaços como os partidos tradicionais. Assim, o PT ganha aqui e ali...perde aqui e ali, mas continua...

Creio também que é preciso distinguir sempre e cada vez mais o poder e seus lugares...o PT governa parte do sistema e vai continuar fazendo isso...e isso pode mudar nos próximos dez anos "se" aqueles jovens incluídos hoje por determinados programas em determinadas formações típicas da elite tradicional brasileira como direito, engenharias e medicinas da vida, realizarem opções à esquerda...e esta me parece a disputa central hoje: para onde vão os jovens?  Quando você faz, ainda assim, um levantamento nos jovens que hoje realizam as licenciaturas ou que seguem carreiras mais ligadas nas áreas e disciplinas de humanas encontra dois vieses predominantes: um anarquismo que irá se dissolver ali na curva da história e um pensamento de esquerda calcado em militância social...e este pensamento de esquerda não é estável e nem é rígido, pois os jovens sofrem certa evolução ideológica e também pragmática ao longo da primeira militância e ao chegarem a faixa dos 30 anos já passam e ultrapassam o aparente ceticismo e niilismo original. O Sr. Claudio Lembo fala das duas misérias a intelectual e a socialç da elite e é uma sacada de homem inteligente que ele faz ali, mas ele também sabe que esta elite está sendo dissolvida e não produz mais quadros do seu quilate, faz muito tempo...

Usei o PT acima não para traçar um auto-elogio mas para exemplificar porque também há que se pensar que numa sociedade democrática o governo não é somente o executivo...existem mais espaços de atuação...e hoje o poder se constrói na sociedade organizada...Sempre vejo que se deve atentar para as entidades coletivas, entidades auto-gestionárias e não vejo mais possibilidade de se retroceder nisto porque as pessoas aprendem a ser responsáveis pelas coisas e a decidir suas prioridades e em suas gestões. E também é bom se atentar mais para aqueles espaços em que há mais participação autônoma do povo...Houve um tempo em que se pensava muito em conselhos, mas hoje esta já é uma realidade cuja dinâmica de participação social tende a se incrementar apesar dos problemas de adesão e dedicação para aqueles que não atuam somente à soldo.


Mas, enfim, não queria dizer mais nada....posto que dei uma direção de pista sobre a hegemonia programática da esquerda...que depende de agitação e propaganda, mas principalmente de certa forma de atuação que lhe é típica e que apesar dos estranhamentos, não se resolve com contratação de pessoas à soldo ou com atuação mercenária interessada. Alguns pensam que este tempo romântico da militância voluntaria acabou, mas mal sabem eles que de fato recém começou em uma sociedade mais democrática e com cada vez mais espaços de atuação e de formação. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário