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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

MEU BALANÇO 2013: PEDAGÓGICO, POLÍTICO, FILOSÓFICO E PESSOAL


Tenho amanhecido todos os dias recebendo ótimas mensagens e votos, bons augúrios e lendo algumas notícias aqui e ali. 

Agradeço muito estes votos e me sinto um privilegiado de ter os amigos e amigas que tenho. Este período do ano tem características muito especiais para mim. 

Desde menino tenho uma sucessão de eventos com os quais me acostumei em cadeia por assim dizer, o natal no dia 25 de dezembro, o ano novo em 31 de dezembro e meu aniversário em 8 de janeiro é um período compacto de duas semanas que me é completamente festivo, estando mal ou bem todas as coisas. Assim me acostumei a isto e funciona meio que na marra como um período de balanço. 

Depois, mais tarde na vida, quando comecei a lecionar surgiu o lance que em geral isso é combinado com mais cinco dias de antecedência do final do ano letivo. Então ali pelo dia 20  começa meu balanço. Falo aqui, assim, para aproveitar esta longa margem de tempo para fazer um balanço detalhado com mais reflexão sobre o que me vem à cabeça todo o final de ano e no início do próximo. 

Como minha memória e meio que orientada desde menino por afetos e sentimentos tenho sempre muitas coisas para dizer. Porque comigo é um passo para que sentimentos, afetos e idéias virem palavras e frases. É um ímpeto meu que se desenvolveu muito ultimamente. Se um jovem qualquer me perguntasse qual a coisa mais importante que ele pode fazer nesta vida eu diria que é ter afetos. E se ele me perguntasse qual a segunda coisa mais importante eu diria que é escrever sobre eles, com muito carinho, delicadeza e atenção.  

Se já não fosse prolixo por hábito ou acidente, seria um pouco mais por rotina e repetição sistemática de um exercício como este. Por conta disto tenho uma imagem e um panorama razoavelmente claro de cada ano de minha vida. Isso, é claro, também não passa de um exercício de consciência e de sentido para a minha existência. Não creio com isso que todos devam ser assim, mas eu sou e tento tirar o maior proveito disto e à medida que conquisto tempo para fazer isto e avanço nos meus estudos e afetos e me dedico mais a eles, como aconteceu muito neste ano, isso foi virando certa rotina...O que se segue reúne uma parte do meu balanço que julgo que pode ser divulgado e compartilhado para aqueles amigos e amigas que dão valor a isto. Algumas coisas foram escritas para Relatórios Pedagógicos, mas julguei bem importante colocar aqui para que meus alunos e alunas, que vivenciaram e que estudaram neste ano letivo, possam também reconstruir suas lições de filosofia. Em especial aos meus alunos dos primeiros anos cujo curso de filosofia terá continuidade em 2014 no segundo ano. E há algumas reflexões aparentemente deslocadas sobre novas tecnologias e educação que dão só uma palhinha do que eu acho que vai receber mais atenção no futuro. Faltaria – para fechar este ano, creio que apenas as minhas reflexões sobre MEGATRENDS, que vou tentar fecha na semana que vem, donde faço a transição entre a pergunta: Que escola queremos? Para a questão: em que tipo de mundo queremos viver daqui a trinta anos? O que me parece ser aquilo que a escolas estão decidindo ou incidindo quando optam por mais isso ou aquilo em seus projetos político pedagógicos.            

O ano de 2013 que vai terminando foi ótimo para mim. Mesmo com as doenças leves, mas perturbadoras que tive da Hepatite A da Páscoa até uma pequena perturbação estomacal que já está sendo devidamente tratada e cuidada, até agora, o ano foi muito gratificante e muito vitorioso e isso não somente numa dimensão pessoal. Também sofri certas mazelas pessoais, um luto de três parentes acumulado, mas não penso que minhas dores sejam maiores e mais importantes que as de muitos outros seres humanos neste mundo. Não penso que minha dor é mais importante que a dos demais. Porém, no que toca ao meu trabalho de educador e ao trabalho coletivo na escola, em especial à minha participação na vida dos estudantes e da escola, me sinto muito gratificado. Muitos objetivos foram atingidos plenamente, apesar deste ter sido o ano mais complicado para os alunos ao meu ver, pude me equilibrar bem nas tarefas pelo fato de ter dedicação exclusiva a isto. 

Foi o primeiro ano, é importante dizer isto aqui com todas as letras, desde que completei minha graduação em 1993, no qual me dediquei exclusivamente a lecionar, sem nenhuma outra ocupação que dividisse minha atenção ou que tomasse parte da minha energia. Foi um ano em que desenvolvi e planejei muito mais e como nunca antes minhas aulas. E a lição mais importante derivada disto tudo é não se priorizar a quantidade, mas sim a qualidade na construção dos planos de aulas, de tal modo que dez aulas bem trabalhadas durante um ano inteiro valem mais que 40 aulas apressadas e aplicadas independentemente da circunstância, do contexto e do conhecimento dos alunos. Uma conseqüência disto, na orientação pedagógica, é reduzir os objetivos e priorizar mais as idéias gerais e uma certa visão panorâmica e histórica da filosofia que desce aqui e ali ao detalhe do que é principal nas obras e biografias dos autores para a nossa leitura atual. 

E foi a partir disto que decidi planejar as aulas um pouco mais e ir revisando semanalmente o plano de forma mais objetiva e simples. É importante registrar que a carga horária semanal em sala de aula da disciplina de filosofia é de um período de 50 minutos por semana nos primeiros anos e terceiros anos e que neste ano lecionei somente nos primeiros e terceiros anos. 

Considerando a limitação de tempo da disciplina e o desafio de estruturar um plano de aula para os primeiros anos, deliberamos por fazer uma Introdução à filosofia, explicamos seu surgimento na Grécia, situamos histórica e geograficamente isto, passamos por uma revisão dos filósofos pré-socráticos e concluímos com a escola de Atenas, em que Sócrates, Platão e Aristóteles foram introduzidos com um texto cada um e alguns materiais didáticos, fazendo-se referência ao livro didático também.. 

Uma das primeiras descobertas promovidas no início do ano era da fertilidade reflexiva das primeiras lições serem baseadas no tema geral do encontro com a filosofia e da dificuldade de cada um de ter um “estalo filosófico” para iniciar a filosofar. Usamos aqui a clássica expressão de Kant: “Não se ensina filosofia, se ensina a filosofar.” 

Procuramos entusiasmar os alunos com as aulas baseadas em textos da tradição, que mostravam, também, na dificuldade de ensinar filosofia e de se filosofar, a necessidade de certa valorização da reflexão. Descobriu-se também que a Introdução à Filosofia que dê atenção ao fenômeno de seu surgimento na Grécia Antiga a partir do filme proposto Legados da Ciência tem eficácia. No fundo não importa tanto se atribuímos esta causa do surgimento do logos a um Milagre Grego ou a um fenômeno cultural bem definido e explicado. Isto contribui bem para a caracterização do que há de sui generis, no fazer filosófico, em relação às outras formas de pensamento e de questionamento da realidade, do mundo, das causas da natureza, do sentido da vida, da existência e de nossas relações sociais. 

Descobriu-se como é determinante e positiva a leitura dos pré-socráticos pelos alunos que apresentaram, após uma pesquisa orientada, cada um deles um filósofo pré-socrático de sua escolha para estimular o hábito de pesquisa dos alunos e para explicar também a diversidade de ocupações cientificas e filosóficas no surgimento do “logos” grego. 

Também foi muito importante, ao longo de todo ano, a leitura de excertos da Apologia de Sócrates, de Metafísica, Livro 1, Capítulo 1 de Aristóteles, e, enfim, do início do livro VII da República de Platão.  

Quanto a este último texto, fez-se uma adaptação na tradução e umas alterações  vocabulares no texto para tornar mais legível aos alunos e eliminar certas expressões usadas nas traduções correntes que só preservam arcaísmos e não facilitam no trabalho da leitura, do pensamento e da interpretação. Após ler muitas traduções da famosa e muito importante passagem de República de Platão, Livro VII, nos vimos na obrigação de concluir que era preciso adaptar a tradução do texto para fazer aquilo ser legível e compreensível aos ouvidos editores e ligeiros destes alunos atuais. Adotamos basicamente estas medidas nesta tarefa: 1. alteração e adequação do vocabulário, suprimindo ou substituindo arcaísmos, sem perda conceitual; 2. tentar promover uma redução dos períodos das frases com a pontuação; 3 fazer uma marcação e índice dos níveis da argumentação; 4. introdução abundante – onde foi possível e se sentiu importante – do pronome pessoal de terceira pessoa (ele ou eles) de tal modo a  destacar o sujeito leitor do texto e da ficção, colocando-o como observador a partir de uma perspectiva reiteradamente externa à narrativa. Usou-se, então no exercício de leitura e interpretação, este texto na fixação do sentido da ficção do Mito da Caverna Platônico, para depois desconstruí-lo ou desmontá-lo, em suas características principais e aplicá-lo como chave interpretativa à nossa realidade

Entremeamos isto tudo com algumas digressões políticas da época dos gregos, inserimos também, por força das circunstâncias, o debate das manifestações de junho de 2013 e, após a greve, optamos por retomar as aulas fazendo certa problematização - ainda que introdutória e em esboço ainda - sobre a relação entre novas tecnologias e educação e, em especial, filosofia. Usamos como guia para esta reflexão o Caso de Steve Jobs em que ele afirma que “Daria toda a minha tecnologia em troca de passar uma tarde conversando com Sócrates.” Interrogamos o porque disto e aproveitamos esta deixa para valorizar e fazer pontes entre tecnologias e ciências humanas. 

Adotamos aqui uma abordagem bem mais otimista que aquela geralmente veiculada. Para nós o pensamento ganha muito em médio prazo com os incrementos e facilidades de acesso e produção de informação e distribuição de obras e pensamentos culturais em geral. E defendi a opinião ou tese este ano, em alguns espaços de atuação e em textos aqui e ali, que a área de ciências humanas e artes tenderá a receber muita atenção pública nos próximos anos. 

Serão, na minha opinião, publicados mais livros, vendidos mais livros, irão aumentar os leitores e os interessados, nestas áreas das humanas e das artes, porque vejo uma tendência inversa da esperada, que faz ênfase ao mundo da técnica, e penso que, por conta da consolidação tecnológica resultante das tecnologias digitais e de informação, haverá uma saturação de interesses nestas áreas das técnicas e exatas e irá aumentar em muito a oferta e a produção resultante do aumento dos interesses, no extremo oposto ao mundo da técnica que é o mundo das ciências e das artes. 

Ou seja, sou bem otimista quanto aos efeitos e ao impacto das revoluções tecnológicas. E aquilo que é uma pista dada na questão de Steve Jobs irá se generalizar. Isto é, muitos jovens vão querer falar com Sócrates no futuro, simbolicamente se fazendo a troca ou o trânsito do mundo tecnológico para o mundo das humanas.

Aliás, uma das maravilhas é que hoje dispomos – ao contrário do que outras gerações vivenciaram em seus anos de formação - de facílimo acesso e também acesso gratuito às obras e publicações em formato digital de autores de inestimável valor em filosofia, sociologia, história e etc. Neste ano foi possível compartilhar com os alunos e alunas e os bolsistas diversas obras, teses e trabalhos que em nosso tempo de formação exigiriam muitas pesquisas adicionais e esforços de busca, muitos custos e muito tempo dispendido até termos os exemplares entre as mãos. Minha opinião é que isto terá um impacto muito positivo e mesmo revolucionário na área de ciências humanas e na educação.     

Foi um ano de muitas descobertas importantes através de estudos, investigações e novas leituras. E entre estas descobertas devo registrar em meu balanço que foi o ano em que descobri efetivamente Platão. Pois os estudos e o plano de aula cabaram me levando para ele com muita força. 

Um ano, também, em que voltei a lecionar no turno da manhã no Olindo Flores. Exatamente dez anos após ter saído da convocação na escola em 2003 e passado a lecionar por um ano no turno da tarde na Escola Estadual Visconde de São Leopoldo. Neste ano fui nomeado em uma segunda matrícula e eis me pela manhã conhecendo novos alunos e iniciando uma nova jornada que me foi maravilhosa em conhecimentos e em amizades com os primeiros anos da manhã (1M1, 1M2, 1M3, 1M4, 1M5) e um terceiro ano (3M2). Foi um ano atípico no noturno em que nunca antes tivemos tantas situações que prejudicaram o desenvolvimento do ano letivo. Eu diria que foi o primeiro ano em que o uso intensivo e obsessivo do celular e do smartphone disputaram as aulas e a atenção dos alunos em sala de aula. E isso aborreceu e ocupou muito os professores. 

Tendo sido professor substituto na Escola Técnica da UFRGS, em 1995, 1996 e até meados de 1997, tive certa experiência com alunos de escolas técnicas e me relembrei do fato de que, tanto eles como os jovens atuais, tem prioridades práticas e pragmáticas, mas que, no entanto, não deixam de se surpreender com os temas humanos, quando eles são bem articulados e conectados com as realidades de interesse deles. E o paralelo é válido porque, neste ano, provavelmente tivemos em nossa escola o maior conflito entre uso de equipamentos digitais, celulares, tablets, smartphones e o desenvolvimento satisfatório das aulas. 

E esta é uma situação compartilhada por todos os professores da escola e que se impôs como um grande desafio. Disputar a atenção dos alunos, conseguir obter audiência e uma presença atenta em sala de aula de alunos com dispositivos eletrônicos às mãos é uma importante tarefa, para a qual a repetição de regras e o reinado da autoridade nada pode fazer mais. Esta é uma realidade que requer muita capacidade criativa nas aulas e argumentativa em relação ao domínio da máquina por parte do homem e não o contrário, o homem sendo dominado pela máquina.     

E com isso tentei atenuar e enfrentar este desafio, logo após a greve de três semanas, tentando reduzir também o impacto da volta às aulas, após algumas leituras sobre a Biografia de Jobs, e usando como guia a expressão e o slogan da campanha da Apple: Think Different, como case também e chave para a identificação do que há em filosofia que nos permite fazer isto. Mesmo lendo Platão ou Aristóteles que escreveram no século IV a.C. Por força de coincidências, também, havia assistido um documentário sobre a HIGHLINE de New York em que os moradores, contrariando a lógica e o pensamento do gestor municipal que queria pôr abaixo tudo, preservaram a mesma e revitalizaram e reprojetaram todo o uso daquela linha de trem aérea que cruzava Manhattan de modo a fazer um uso humano e muito inteligente do mesmo espaço (o que pode ser visto em: thehighline.org). E ainda adicionei uma breve introdução à vida de Che Guevara, como um exemplo para lembrar aos alunos que pensar diferente também é mais difícil do que parece. O caso dele (do que há abundante filmografia hoje para conhecê-lo melhor) representa o paradigma de um jovem que faz o curso de medicina em Córdoba e contrariando a lógica do pensamento dominante de sua época, pensa diferente e se lança à aventura muito arriscada de tentar mudar o mundo e emancipar os trabalhadores que ele viu sendo explorados por toda a América, o que é narrado e filmado em Diários de uma Motocicleta.

Além disto, gostaria de acrescentar sobre as aulas aqui ainda mais duas ou três considerações pessoais. A primeira é que desde o início do ano quando iniciei a preparação das aulas retomei algumas leituras da época de faculdade e fiz certa busca bibliográfica também sobre o desafio geral de introduzir à filosofia e sobre os autores e temas que vislumbrava no horizonte deste ano letivo. O que ocorreu efetivamente a partir disto foi uma grande revisão de minhas bases filosóficas articuladas com uma reconstrução da minha formação e também com a escritura disto aqui ou ali, colocando-se em disponibilidade para os alunos e alunas, amigos e amigas, antigos colegas e novos, todos os temas que iam surgindo ao longo do ano. Assim, após ser consultado sobre a possibilidade de assumir a supervisão me coloquei a disposição da então supervisora já ainda em dezembro e, ao fazer isto, visualizei também um desafio preliminar e preparatório essencial. Este foi o trabalho de refazer o itinerário de encontro e formação na filosofia que vinha desde minha juventude, passava pelos meus cinco anos de formação e invadia os últimos 20 anos em que pós-formado, iniciei a carreira de professor. Isto foi feito com o propósito de revisar conteúdos, rever métodos e também de refazer brevemente uma caminhada e passagem sobre aquilo que havia se acumulado neste tempo de tal modo a se apresentar sob nova forma e se reconstruir um Plano de Aula mais articulado e mais planejado para este ano letivo. Para fazer isto acabei ocupando boa parte das férias em revisões de minhas agendas de leituras, fichas de leitura, artigos, cadernos de anotações e também nos materiais didáticos e na bibliografia disponível pelo FNDE e outros programas nas escolas públicas. Após isto, defini algumas idéias gerais e propus uma espécie de Desenho de Plano de Aula para o Primeiro Trimestre que, de um lado, incorporasse o programa específico sobre direitos humanos e, por outro lado, desse uma nova luz com uma didática renovada à uma Introdução à filosofia com, na medida do possível, um forte alicerce na história e na tradição filosófica.

Não tenho todos os dados e registros para comprovar isto que vou dizer, mas também foi o ano em que a entrada foi antecipada para as 18:30 horas e penso que tivemos mais evasões, abandonos e atrasos. Foi o ano em que tivemos e isso ainda continua não resolvido -  a enésima luta por ônibus na escola com a mudança do itinerário do Vila Glória. Foi o ano em que a escola vivenciou uma certa transição razoavelmente crítica em virtude de fatores pessoais, pedagógicos, administrativos e financeiros e políticos na gestão e em que se construiu uma nova solução para a gestão. Mas também foi o ano do 50º Aniversário da Escola, que foi comemorado devidamente. Foi o ano em que passamos a tratar do Projeto de Escola a partir de Objetivos como a Inserção dos Alunos da escola no Tecnosinos, por exemplo. Neste ano o projeto Observatório da Educação, com a Unisinos, trouxe muitos resultados e informações importantes e também. E foi o ano em que recebemos informações mais claras sobre os números de ingressos de alunos egressos do Olindo Flores em universidades de toda a região. Também foi o ano em que demos continuidade ao PIBID de filosofia que até então era realizado com a participação da professora Márcia Mittmann aqui na escola. Ele consiste basicamente em proporcionar a Iniciação a Docência de  alunos dos cursos de licenciatura das universidades. No nosso caso, 4 alunos do curso de filosofia da Unisinos passaram a participar semanalmente do meu cotidiano escolar, planejando, discutindo e participando das minhas  aulas. O debates com eles sobre objetivos, conteúdos, métodos e leituras foram muito interessantes. E foi gratificante ver isto se traduzindo também nas aulas, nas minhas investigações e na minha produção. Bem como, espero que tenha permitido e estimulado o crescimento e amadurecimento dos alunos também. E que isso tenha gerado avanço na prática docente e na investigação filosófica deles e nossa.

A filosofia como atividade realizada coletivamente, apesar da importância da reflexão individual, é uma área ou campo maravilhoso de ocupação. Tem suas dificuldades próprias, porque envolve a apresentação de diferenças, envolve se compreender os tempos diversos de cada um e os processos próprios de cada um,  mas tem também suas peculiaridades e gratificações. Uma delas é a amizade e o sentido coletivo para um trabalho que parece ser individual e muito particular. Noto assim que todo trabalho realizado com disposição e tranquilidade é satisfatório e não nos causa desconforto.

Na minha família, que apesar de ser o terceiro ano seguido que perdemos um familiar muito próximo, meu irmão Rafael em 2011, meu pai Antônio em 2012 e neste ano minha irmã Verônica em 2013, penso que houveram progressos aqui e ali, conquistas e também trabalho e estudo para todos, em especial minhas duas filhas e meus dois enteados...eu agradeço muito isso e sei que  muito disso depende da fortuna e do destino do meu país, do meu estado e de minha cidade...e em tempos estranhos e imprevisíveis como os atuais, também depende da proteção e da salvaguarda frente à acidentes. O meu enteado Gui escapou de uma bem feia este ano – e acontecimentos naturais.

Na esfera local a nova política que assisto e testemunho, com protestos e tomadas de posição durante o ano inteiro, é um verdadeiro descalabro na gestão pública de São Leopoldo. Falei tanto disto este ano que nem vou me perder aqui avaliando isso mais.

Na esfera estadual e na esfera nacional, as coisas para mim estão andando e, mesmo tendo feito greve e apoiado as manifestações não vejo mesmo nada melhor no horizonte se apresentando como opção. No estado, penso que algumas mudanças de método e de mediação na educação estadual podem ajudar muito. E como estas coisas envolvem pessoas digo claramente que penso que deva mudar a equipe na gestão estadual de educação. No Plano Nacional tenho me admirado muito com a Dilma e eu poderia ser suspeito ao falar disto, mas não tenho a menor dúvida de que ela está fazendo aquilo que é necessário e sua resposta – os Cinco Pactos - às manifestações me foram convincentes. O meu sonho mesmo – desde menino aliás - é que houvesse uma Reforma Política no Brasil, mas isso vai depender do teu voto eleitor em 2014. Podes votar e repetir a mesma correlação de forças que existe no Congresso Nacional e vamos ficar esperando a Reforma Política de novo ou podes mudar a composição desbloqueando a reforma política das máquinas eleitorais já conhecidas e que obtém altos valores privados no financiamento de campanha.

Publiquei neste ano alguns artigos no blogue do Nassif até minha doença. E depois disto dei uma pausa, mas fiquei muito feliz com a acolhida lá e com a medida das repercussões deles.

No meu blogue pessoal (...) o movimento foi muito intenso neste ano em diversos sentidos. Qualitativamente minhas publicações melhoraram em muito e quantitativamente também. Fecho o ano com mais de seis mil visitas neste mês de dezembro o que eu considero uma explosão de audiência para um blogue que recebia no máximo mil visitas por mês. O número de postagens deste ano que se aproxima das 450, superando o número de postagens de 2007, ano em que abri o blog, mas que iniciei a postar somente em 2009 resgatando meus trabalhos de graduação, 2010, 2011 e 2012. Neste ano, aliás, digitalizei e dei uma revisada aos meus trabalhos do tempo da Graduação, em especial, o Trabalho de Conclusão do Bacharelado em Filosofia sobre a Crítica da Razão Pura de Kant e meu Relatório de Trabalho ao CNPq sobre o sujeito em Kant e a crítica de Adorno.

E ao final do ano comecei a tratar de um calhamaço de 370 páginas que reúne todas as minhas iniciativas filosóficas de um itinerário de 20 anos. Inclui-se nisso algumas digressões literárias e estéticas e também o tema do amor e dos afetos. Separando-se  tudo em três capítulos: Primeiro capítulo produção acadêmica e ensaística até 2012; Segundo Capítulo: Curso de Filosofia 2013; e, Capítulo Terceiro: Investigações Paralelas de 2000 a 2014. Tal calhamaço requer revisão bibliográfica, as devidas citações e o arranjo dos conteúdos de modo a dar coesão a uma investigação que vista hoje parece envolver dois eixos básicos para mim: COMPREENSÃO e PRAXIS & LIBERDADE E APRISIONAMENTO DA RAZÃO.    

Mas foi um ano também em que diversos outros interesses culturais se consolidaram na música, apesar de não ter participado de nenhum coral, é o ano que comecei a cantar e a tocar violão com certa facilidade após 33 anos de dedilhados e blim-blim como diz minha mãe.

E foi também o ano em que me dei conta da minha idade e pude também refletir mais sobre o modo como as coisas tem acontecido para mim desde a minha juventude. Foi um ano de muitas revelações, reavaliações e muitas lembranças e, também, o ano em que meu coração se abriu de certa forma para o novo, como nunca tinha se aberto antes. E eu estou muito feliz com isso, pois vejo que meu envolvimento maior com a educação, a filosofia e o desenvolvimento de minha sensibilidade me deu grandes e belas surpresas, pequenas e maravilhosas descobertas e muitas alegrias. Na amizade com meus alunos e alunas e com meus companheiros e camaradas de luta de caminhada e de jornada me senti fazendo parte de forma autêntica e generosa de um novo tempo...

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