DEBATES IDEOLÓGICOS E ELEITORAIS: ALIADOS E A TRAIÇÃO DO PROJETO

A partir de hoje se instaura um novo governo em São Leopoldo e o que menos nos importa é como ele é composto, mas sim como nós vamos nos comportar em relação a ele. A notícia que corre nos bastidores é que o futuro presidente da Câmara de Vereadores se chama Luiz Andrade, que o PSB, o PRB e sabe-se lá o que mais vão compor o governo do PSDB/PMDB/PP. Comentei aqui o texto do Bandeira, mas fiquei pensando que não dá para dar azo a uma discussão de forma tão simplista, porque não nos cabe cobrar posição dos nossos aliados agora que a vaca foi para o brejo. Já é muito tarde para isto e neste sentido discordo do Bandeira na cobrança de consistência ideológica nos nossos aliados que isto não convence nem criança e que isto não é mesmo nosso papel. Muito menos publicar artigo no jornal tratando disto o que seria uma confissão da nossa má política. A retórica de cobrar uma traição ao voto dos leopoldenses também não nos cabe. Penso que este é um juízo que cada eleitor deve fazer e que o máximo que nos cabe fazer é de aparecer desimpedidos e sem nenhuma obrigação com nossos ex-aliados. Aliás, penso inclusive que podemos afirmar claramente que nos livramos destas cargas. Creio que é uma baita lição isso para nós e que temos que assimilá-la bem. Sem choradeira, resmungação e ranger de dentes.

Sim o PP, o PSB, o PRB e o que mais? viraram a casaca. Mas vejam bem, só podemos nos abraçar no PDT e no que mais vier de tranqüilo e tocar a vida. Independente de ter ou não vereador em SL. E tocar a vida significa paramos todos de fazer política isolada ou individual. O que aliás é uma tenmdência bem grande agora e que deve ser evitada. Significa reunirmos nossos militantes e tirarmos as cartolas da cabeça e paramos de ficar sacando coelhinho da cartola. Como me parece que muitos fazem aqui e  ali com arzinho de experto ou de iluminados. Trata-se da velha política feijão com arroz no PT. Em que unidade ou não unidade só pode ser resultado de argumentação e não apenas de disposição ou opinião prévia.

Senão vejamos, o PP ficou belo e faceiro 7 anos e 6 meses no nosso governo, por convite nosso, e se foi. O PSB, nosso grande aliado, atrasou de forma maravilhosa a indicação do vice e cuidou da saúde por 8 anos com nossas modestas tentativas de correção e se foi também com corda e tudo. E não adianta aqui falar do deputado federal como se fosse uma questão local sem liderança superior nisto. O pragmatismo não é uma virtude mal distribuída nos partidos. É uma lógica que assim que é instaurada se generaliza. E o PRB com sua maravilhosa contribuição personalista e religiosa nas obras, se elegeu com nossos votos e se foi.

Se nos chamarem de Patolino nas ruas vamos ter que ficar bem quietinhos.  agora vale o que eu acho que é fundamental na política que nós defendemos: e melhor ser traído do que trair. Ainda que tenhamos que pensar que se o plano deu errado assim, então foi mal feito e mal concebido, mesmo assim ele teve larga duração de 8 anos o que não soubemos fazer foi sair dele ou continuar ele com eficácia. Aqui vale o mesmo desafio que o Lula passou em 2010 e todos sabem o quanto foi dura e difícil a eleição da Dilma.

As pessoas que nós conhecemos de longa data, se vendem e não tem ideologia e o nosso papel é tentar justamente construir uma ideologia contra tudo isto. Ma isto não pode ser uma tarefa de intelectuais ou de correntes tradicionais como tem sido tratado aquie ali. Também a frações e seus filiados devem passar por isto. Só que quando algumas pessoas entre nós passam o tempo todo comprando e vendendo, fica muito difícil criar ambiente para discussão de ideologia. E é daí que a porca torce o rabo, como torceu bem torcidinho, porque toda a discussão ideológica vira ou coisa de maluco ou retórica para encantar as pessoas com algum sonho e alguma esperança. E é bem assim que temos visto as coisas ultimamente.

Todo mundo acredita no sonho entre nós, mas acredita menos se não tiver seu quinhãozinho nos espaços de poder, se não tiver as suas benesses e favores na campanha e isso ainda vem com um discursinho de coitadismo e vitimismo que é insuportável, não pelos valores que representa ou as pessoas que representa, mas porque é chantagem. 

E é uma chantagem que diz assim: TUDO MUITO BEM, TUDO MUITO LEGAL, MAS SE NÃO TIVER O MEU NÃO PRESTA!!!!

E a pessoas, militantes e correntes que fazem isto devem buscar correção sob pena de afundar mais ainda o partido dos trabalhadores de São Leopoldo. Antes que alguém venha me atacar com o argumento de que atendemos mais os aliados do que os nossos, que atendemos mais os estrangeiros do que os nossos, eu perguntaria no que mesmo que foi investido recursos e obras dos últimos 8 anos? Que pautas, entidades e organizações foram contempladas nos últimos 8 anos. Que demandas foram construídas no OP nos nossos anos de OP a pleno?

Enquanto não tratarmos disto, vamos ficar olhando para os aliados e fazendo de conta que só eles são culpados, que só eles são beneficiários da nossa política e que só eles não cumpriram compromissos históricos com o projeto.