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sábado, 21 de setembro de 2013

FILOSOFIA E AMOR À FILOSOFIA

A palavra filosofia é sempre e geralmente cunhada e analisada etimologicamente pelas expressões amor (em grego filia) e sabedoria (em grego sofia), o filósofo seria um amigo ou amante da sabedoria. Sempre preferi dizer que o filósofo é o amante da sabedoria ou aquele que tem amor pela sabedoria e sei já que para alguns isso tem um significado ultrapassado ou não corresponde às suas preferências ou predileções conceituais e lógicas. Pois eu continuo neste caminho de procurar dar sentido afetivo a esta atividade e não tenho me afastado de um encontro com ela em que além do estranhamento e admiração, o espanto – me foi dado gosto pela atividade, o qual a medida que fui desenvolvendo e praticando se pode chamar também de um certo amor.

Aristóteles abre curiosamente uma de suas diversas lições sobre o conhecimento afirmando que “todos os homens tem desejo de conhecimento” e que “uma prova disto é o prazer das sensações”. Já gastei e vou ocupar ainda algumas aulas abordando esta pequena passagem e procurando mostrar o quanto é preciso que esta expressão de Aristóteles seja entendida não como uma esperteza de professor que procura cativar ou capturar a curiosidade de seus alunos e a atenção deles. Mas sim porque devemos atentar como uma gigantesca e muito severa solução para o problema de demonstrar como nossa alma intelectiva se ocupa com os objetos dos sentidos, com as coisas, e tem algum prazer ao conhecê-las. E como, em uma pequena anotação agora, de uma pequena curiosidade ou admiração nós ascendemos ao conhecimento das causas últimas e primeiras e contemplamos a verdade conquistando a sabedoria. No caso aqui conquistar sabedoria só é possível com gosto, com atenção, com perseverança e se realiza sim como uma forma de amor. Com um único senão de que precisamos diferenciar o gosto pelo conhecimento do amor à sabedoria no sentido de que este último é um fim em si mesmo e que o primeiro se realiza também tendo em vista outras coisas, ainda que para aqueles que o produzem seja também um fim em si mesmo. É assim que posso diferenciar o desejo de conhecimento tendo em vista sua aplicação do desejo de conhecimento que se realiza em si mesmo, per si.    

Assim, digo a filosofia, não é somente um processo de obtenção de conhecimento per si, mas que é um processo recíproco de conquista da sabedoria em que ocorre uma certa sedução mútua entre o sujeito e seu próprio objeto de conhecimento, ainda que este objeto não tenha vontade própria, ressalvada a hipótese de que o pensamento possa ser um grande coletivo de idéias que ao longo da história se materializam ou se instanciam neste mundo.

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