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domingo, 21 de julho de 2013

RECEPÇÃO DE PERCEPÇÃO: COMENTÁRIO À OBRA INAUGURAL DE JARI



Em tua apresentação já aparece a natureza do artífice do teu êxito. Ao te designar como NEOLOGISTA, confessas tua plena candidatura a uma nova lógica e também a uma nova analogia entre a literatura e a vida. A nova lógica é questão de estilo diriam meus amigos que amam estes assuntos, para mim a vida é mais importante e fundamental que o estilo. Penso, assim, que esta é a principal disposição de quem quer escrever algo, após milhões de páginas que já foram escritas por todos (as) os escribas da humanidade. Sim digo isto desta forma mesmo: todo escritor é um candidato a uma nova síntese entre a vida e a literatura. Ou seja, o estilo está subordinado em tua obra à forma de vida.

Teus pares iniciais expressam isto: 1. ordem e desordem; 2. o fingir e sentir; 3.  contente ou descontente; 4. e o NADA e o TUDO. São pares do nosso velho gosto metafísico. Aquele gosto que quer deixar de ser triste deixar de sofrer e se resignar, que não quer no fundo contentar-se com coisa alguma, em que – apesar do preço alto que a vida nos cobra por isto – ainda quer TUDO. Ainda joga na vida um TUDO ou NADA.

Em seguida manda tua mensagem ao endereço certo do que dizes: LIBERDADE ABSOLUTA. Quer situação, quer briga por isto, ou não dá a mínima ao que lhe for contrário. Suponho ver em ti e em teu texto um sofrimento contente na exata medida em que te libertas ao gritar, usando a vozes das musas, no canto de uma poesia, aos sonetos e quase haikais, e numa crônica ou prosa miúda e quase mínima cujo nome textículos – textiklos – assumes, assina em baixo, em cima e aos lados.


O teu dEus, me evoca sempre uma imagem de espelho dos nossos "eus" que as vezes conseguem ser dEus.

Que legal – confirmas a assertiva, que bom que é isso - porque depois de um certo tempo o único dEus que resta é o nosso mesmo. É um dEus muito nosso que sobrevive à morte de todos os deuses e ao desaparecimento de uma palavra única, da única mensagem da verdade. No princípio era o verbo e nós já estamos na milionésima cententésima conjugação. E ele ainda é plural, pois que é sempre plural em nós suas formas de apresentação, suas formas de manifestação. E olha bem que ele não está sempre presente. As vezes tira férias e nos abandona e vai e volta em nossos corações, em nossas emoções. Muitas vezes o aguardamos e o procuramos e não encontramos. Ou seja, muitas vezes ele não está entre nós ou conosco. Lembro de Sócrates e seu Daimon. E do preço que ele pagava por pensar que possuía em si um Daimon só seu. Sim, Sócrates o ímpio. Jari teu êxito é bem superior talvez do que possamos imaginar e eu estou mesmo muito feliz com isto.

Lembro de Cazuza: "dias sim, dias não....e eu vou envelhecendo sem um arranhão..."

Mas o teu texto Jari merece – e você vai ver isto acontecer,  podes ter certeza – sim, vários comentários.

Dou meus parabéns ao Wagner que inaugurou  a recepção e a crítica e que abriu tão bem a temporada de recepção a ele.

Vejo no teu texto mais uma tranquilidade prosaica do que um desespero intelectual ou existencial.

Vejo muito no teu texto uma obra que já nasce madura Jarí. Fico imaginando o que mais há nas tuas gavetas e pastas e arquivos para ser publicado já e imagino que não te será nada difícil fazê-lo. É pouco provável – e isto só você pode responder – que quem publicou esta miscelânea de textos não tenha mais umas mil páginas guardadas. Teu texto é um indicio disto, pois representa um autor que já atingiu a maturidade e é interessante isto, porque em geral os autores ao lançarem seus primeiros livros parecem mais juvenis do que literários.

O fato de terem sonetos – formalmente dois - nesta tua obra também mostra uma grande elegia à forma mais nobre da poesia na minha opinião.

O que mostra também a abertura - quem sabe é você - para esta empresa tão admirável de fazer e tecer mais sonetos para os teus leitores.

Tenho tanto a dizer que vou escrever mais ainda em outra parte e depois te mando.

Uma bela obra não precisa ter uma bela recepção, e nem sempre tem, mas é uma dádiva que esta tenha a recepção que o Wagner deu em texto a ela e que teus amigos e amigas estão dando também e  isto é muito bom.

Sabes muito bem que não tenho nenhum motivo nobre para te elogiar ou te incensar, mas me satisfaz e muito fazer isto. Digamos que me sinto quase pegando uma carona no teu sucesso e no teu êxito o que, de fato eu creio nisto também, que todo crítico e todo resenhador acaba por fazer 

As letras em São Leopoldo chegaram aqui com vocês – Wagner o crítico e Jarí o escritor - dois grandes personagens chegaram até este ponto e não há nenhum dúvida para mim que vão bem mais longe.

E este efeito e expectativa positiva é muito digno – para mim - de reconhecimento.

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