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sexta-feira, 12 de julho de 2013

O QUE ME FEZ ESTUDAR FILOSOFIA E OUTRAS COISAS? - OUTRA TENTATIVA DE RESPOSTA

Duas perguntas de um grande aluno:

1º: O que te fez estudar Filosofia?

2º: O que te faz estudar outras coisas além de Filosofia?


Dediquei já alguns textos a falar sobre isto que estão no meu blog. O que me fez estudar filosofia foi uma experiência de vários encontros com ela ao longo da minha vida. Que começa do meu primeiro encontro com ela aos 8 anos de idade através da descoberta em uma banca de revista do volume dos pensadores dedicado a Sócrates e, também, através de um professor de história que temporariamente lecionou na escola que eu frequentava e que possuía formação em filosofia. Ao ler Sócrates me impressionei com o pensamento dele e com o episódio da sua morte ao ingerir cicuta em virtude de seu confronto com as autoridades da época. E meu professor de história tracejou por algum tempo a relação entre o pensamento humano e a história de uma forma que me impressionou também. Após isso comecei a prestar atenção a tudo que fosse relacionado à filosofia em jornais e também tive certo acesso a obras de filosofia de minha tia e a outros livros em casa. Ao iniciar minha militância estudantil ao final dos anos 70 acabei estudando as teorias de Marx em cursos de formação política e de forma autodidata acabei estudando muitas coisas de filosofia. Nesta formação política vez por outra acabava entrando em debates de caráter mais filosófico ou fundacionais ou conceituais do que propriamente políticos ou econômicos. Cito um episódio clássico para mim que foi vivenciado nas leituras de O Capital em que eu argumentava e questionava certas questões e o instrutor da época me respondia que aquilo que eu perguntava era mais filosófico do que propriamente econômico na teoria da mais valia. Dizia meu interlocutor que o buraco era mais embaixo e que a o que eu perguntava era filosofia. Devo citar também a forte impressão causada por Jean Paul Sartre no panorama do final dos anos 70 e inicio dos anos 80 e suas idéias na minha formação militante. As leituras de Leon Trotski e, também, de outros pensadores marxistas. Acabei lendo Michel Foucault e também Nietzsche e, ao mesmo tempo, fui fortemente provocado pela leitura bem precoce do texto de Kant sobre o Que é o esclarecimento? Em que o homem deveria entender a necessidade de sair da sua menoridade e ousar saber e pensar por si mesmo que me deixou convicto sobre a importância do pensamento filosófico. Mas devo confessar também que tinha muita simpatia e interesse em estudar medicina. Que era a atividade profissional que mais me atraia. Quando conclui o ensino médio, entretanto, acabei me conformando em estudar filosofia, mas também com algum entusiasmo em ser professor por conta daquilo que eu visualizava também como uma atividade profissional muito digna e que de certa forma também cuidava das pessoas. Vale comparar aqui a maiêutica socrática com a minha visão hoje muito clara de que o educador ou o professor cuida sim das pessoas, da saúde mental e física das pessoas ao educá-las. Assim o que me fez estudar filosofia foi a forte impressão que as idéias filosóficas tiveram sobre a minha forma de compreender o mundo, a vida, minha militância política e também minha relação com as outras pessoas. Curiosamente não tive um professor de filosofia durante toda a minha educação básica e tive contato pedagógico e formal com esta disciplina somente na faculdade.

O QUE ME FEZ ESTUDAR OUTRAS COISAS? Bem de certa forma devo dizer que as outras coisas vieram primeiro porque sempre fui muito curioso e sempre gastei um bom tempo da minha infância tentando investigar sobre mais coisas do que aquilo que me era ensinado em sala de aula. E devo admitir que tive vários estímulos para isto. Minha relação com as atividades profissionais dos meus pais, com meus irmãos, parentes e amigos. A oficina elétrica do meu pai e os diversos profissionais que lá aturam que me ensinaram um pouco disto e um pouco daquilo estimulando e tratando com muito carinho minha grande curiosidade que se manifestava de forma precoce. Na loja de minha mãe na estação rodoviária o contato com diversas pessoas, os diálogos, os assuntos cotidianos e a discussão das notícias e da vida e também do conhecimento. Na época a Unisinos ficava sediada próxima a rodoviária ser a freqüente entabular e trocar informações com professores e professoras universitários, bem como, com acadêmicos. E também a troca de informações com pessoas viajadas, pessoas do povo e pessoas que de passagem queriam jogar alguma conversa fora. A leitura de muitos jornais e revistas. Morar perto de uma casa de estudante e ter muitos vizinhos no edifico em que eu residia que eram acadêmicos e, além disso, a interação política cotidiano com eles. O acesso a muitos livros, revistas e informações em casa. A interação e a convivência com gerações de jovens mais velhos que eu. A tutela intelectual marcante da minha tia Clara – irmã da minha mãe que era ávida por conhecimento e informação e poliglota - sobre as bases da minha formação cultural em geral. Então, em resumo, sempre fui muito curioso e sempre gostei da experiência de descobertas e investigações e de certa forma fui privilegiado ou fui capaz de me beneficiar positivamente de um ambiente propicio a este desenvolvimento. Com vistas freqüentes e cotidianas ao museu histórico a uma quadra de casa, à biblioteca pública e também à Unisinos ou o Instituto Anchietano de Pesquisas cujos corredores frequentava desde muito jovem por curiosidade e por ser meio metido na minha área de alcance e acesso. E também tive uma plêiade de professores que hoje considero maravilhosos durante meus anos de escola e formação porque souberam, me impressionar e me deixar admirado com este ou aquele conhecimento muitas vezes. Bem, tudo creio que responde a questão proposta.


       

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