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sexta-feira, 31 de maio de 2013

TEXTO DE FRANÇOIS RECANATI PELA FILOSOFIA ANALÍTICA: MINHA OPINIÃO PRELIMINAR E HISTÓRIA DE FORMAÇÃO NO TEMA GERAL DE DEBATE ENTRE A FILOSOFIA ANALÍTICA VERSUS FILOSOFIA CONTINENTAL

Vou compartilhar este texto de François Recanati - Pela Filosofia Analítica, FRANÇOIS RECANATI - PELA FILOSOFIA ANALÍTICA, apesar de não ter concluído a leitura porque é um debate que independe da minha posição e que toca na posição, formação e desenvolvimento de muitos estudantes de filosofia. 

Desde os auto-didatas aos acadêmicos creio que é um debate possível e necessário, não tanto para uma tomada de posição ou a precipitação de uma adesão, mas sim pela necessidade de compreensão das diferenças e das qualidades dos dois lados.

Minha opinião preliminar é de que a filosofia analítica cresce em virtude de uma espécie de persistência e diversidade.

Cresce assim para além do método e do espírito....e muito também pro conta de um processo interessante que lhe é interno, a saber, um espírito de razoabilidade e clareza que sacrifica conceitos em favor de um entendimento comum e exemplar, concreto de suas idéias.

Eu mesmo transito entre uma TRADIÇÃO ANALÍTICA & uma TRADIÇÃO CONTINENTAL, por formação e também porque minha matriz fundamental filosófica - pré-acadêmica - é uma espécie de Platonismo e Marxismo, sucedido por nuances de Nietzsche, Sartre e Foucalt, dos quais nenhum deles foi tratado devidamente na academia ou obtiveram qualquer atenção direta na acadêmica - isto não vale como queixa, é somente um fato.

E que estas nuances e influências pré-acadêmicas foram complementadas por forte influência analítica, e também da tradição "clássica" de Platão, Aristóteles, Descartes, Hobbes, Kant, Frege, Wittgenstein e, ainda assim, por um Heidegger como que resistentemente bem posicionado por força da Hermeneútica e também um Marx resistente por força da Escola de Frankfurt a partir de mestres que tinham como objetos de estudo e como componentes fundamentais de suas trajetórias estes autores. É a formação de um aluno da UFRGS entre os anos 80 e 90.

Hoje examinando as teses e dissertações de minha escola vejo a predominância de uma escola analítica que divide espaço com um Hegel e uma espécie de zona de permissão de 30% das obras dedicadas a assuntos diversos desta tradição. Mas mesmo assim não poderia se afirmar que a escola é puramente analítica porque ela é no fundo atravessada por temáticas continentais e também leituras continentais que parecem sempre se apresentar a partir de suas origens. 

Mesmo o afastamento, aposentadoria ou mudança mantém uma espécie de zona livre da filosofia continental. Apesar de saber que não tenho plenas condições de fazer uma sociologia das tradições filosóficas na UFRGS agora e no Brasil como um todo, me parece que este fenômeno é equilibrado. Sendo a escola analítica mais visível, mas vejo que a tradição continental resiste bravamente. A pergunta fundamental para nós deveria ser: como se faz este diálogo? e até que ponto estamos investindo nele? 

Eu considero este debate importante para que este processo não seja apenas reprodução de método ou manutenção de linhagem, mas que sua síntese seja resultado de um debate racional e respeitoso entre aqueles que defendem ou se esmeram em cada uma destas posições. Porque vejo muito esmero em ambos os lados. Assim, a única razão que me validaria a rejeitar uma ou outra tradição ou uma ou outra produção seria a percepção de uma fraude intelectual ou filosófica. O que não vejo em nenhum dos casos. Ainda que eu me mantenha na fronteira e também cultivando leituras de ambos os lados por prazer gosto, mas também pro engajamento político e histórico permanente.

Por conta disto fiquei muito feliz quando fiquei sabendo que havia um Marxismo Analítico. Não porque o entendia ou assinava em baixo de suas teses, métodos e perspectivas, mas porque compatibilizava nominalmente aquilo que eu entendi como possível e rigorosamente necessário para que o pensamento não fique confinado aos muros da universidade ou ao gabinete do filósofo e agora no gabinete da filósofa também. 

Mas esta é a minha opção de ter uma formação filosófica e de me manter militante tal qual um intelectual engajado e cheio de opiniões e posições para o espaço público. Sujeito à correções, divergências e contradições, mas empenhado sinceramente em fazer avançar a democracia, a ciência e a humanidade e incidindo politicamente e argumentativamente nas condições de vida neste planeta. E aceitando o risco de estar errado o que é pré-condição para topar esta parada.

Boa leitura de Recanati... 


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