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sábado, 13 de abril de 2013

O HOMEM UMA INVENÇÃO RECENTE - PENSAMENTO, TEMPO E O NOSSO LUGAR NESSA CONVERSA


“Uma coisa, em todo caso, é certa: que o homem não é o mais velho e nem o mais constante problema que se tenha colocado ao saber humano ...O homem é uma invenção cuja recente data a arqueologia de nosso pensamento mostra facilmente. E talvez o fim próximos. Se estas disposições viessem a desaparecer tal como apareceram, se, por algum acontecimento de que podemos quando muito pressentir a possibilidade, mas de que nosso momento não conhecemos ainda nem a forma nem a promessa, se desvanecessem, como aconteceu, na curva do séc XVIII, com o solo do pensamento clássico - então se pode apostar que o homem se desvaneceria, como, na orla do mar, um rosto feito de areia ao ser tocado pela maré..”

Michel Foucalt.  As Palavras e as Coisas.

Sempre me lembro da abertura de uma aula do admirável Balthazar Barbosa Filho sobre René Descartes,  em que ele cita indiretamente esta passagem dizendo que o conflito da razão consigo mesmo, assim como o homem, é uma invenção recente e que talvez nem tenhamos passado ainda o tempo necessário para compreender o significado disto, mas que mesmo assim, por sermos o que somos, nós tentamos. E lembro também de Jorge Luis Borges que se deu ao trabalho de perceber que na sabedoria chinesa para mudar uma ideia ou discutir de novo uma idéia se levam no mínimo dois mil anos, quando é talvez tolerável repensar, ainda que de uma forma muito discutível para os sábios, após longo tempo, mais uma vez em um velho problema, O que parece mais notável ai não é a surpresa com que recebemos notícias como estas - o homem uma invenção recente; a razão em conflito consigo mesma ou a longa jornada que uma ideia deve passar para sofrer a discussão, mas sim o assombro com que nos damos conta de onde estamos neste debate. Talvez não estejamos em lugar algum dele, nem na sua origem, nem na sua maturidade, muito menos no meio do caminho, mas sim como expectadores de algo que requer muito mais do que palavras para ser tocado. Ó Glória do Pensamento!! Que prova assim como precisamos pensar muito mais ainda e sempre.

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