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domingo, 10 de março de 2013

SAUDADES DOS MEUS AVÕS MATERNOS E DE MINHA TIA CLARA

Hoje visitei com minha mãe e minha irmã Rachel os túmulos de meus avôs maternos em São Sebastião do Caí. Wilhelm Adolf Adams (1893-1976) e Marie Krahe Adams (1902-1972) e de minha tia Clara Maria Adams (1929-1981) e fiquei por um bom tempo pensando nas lembranças e nas coisas que eles me ensinaram e que me provocaram de forma decisiva em minha primeira infãncia.

Do mesmo modo que olho para minha irmã mais próxima - Rachel, minha sogra e mãe pensando no que elas estão ensinando aos seus netos e netas olhei para aquelas lembranças que me assaltaram de súbito ali no caminho até o túmulo deles. 

E me dei conta em um lampejo de como o meu mundo mudou nestes 32-40 anos, isto é, de como meus afazeres e cotidiano mudaram. No sentido de que eu tinha algumas tarefas que recebia deles e que não vejo nada parecido aquilo hoje. Pareceu-me que simplesmente as pessoas estão ai, mas que aquela relação adultos e crianças do meu tempo se desfez. Aquela conexão entre educar sobre coisas na família e fazer coisas se desfez. 

Noto também que aumentou mais ainda a distância entre eles - os avôs de hoje - e o tempo dos seus netos. Mas eu ainda sinto saudades daquele envolvimento e fico tentando imaginar os conselhos que eles me dariam para as situações que enfrentamos hoje na vida cotidiana, familiar, profissional e também pública. 

Não porque não me sinta confortável com minha autonomia e responsabilidade atual, mas porque dá vontade de ter um pensamento diferente para variar e ter um outro tipo de reflexão sobre as cosias porque as vezes me parece que toda esta autonomia e independência de um conselho alheio me parece tão artificial e também com um tanto de insuficiência para responder com sabedoria frente a vida atual. 

Ao lembrar disto me vem à tona que ambos sobreviveram à guerra, ao nazismo e também a adaptação devida ao processo de migração para o Brasil. Eles, assim como minha mãe, devem ter passado certas dificuldades que dificilmente qualquer um de nós passaríamos hoje. 
Também pensei que por outro lado isso dá um sentimento também de perda de alguma coisa. Além da saudade das pessoas e de seus humores e modos de ser que eram bem peculiares e interessantes, lembro de muitas coisas que eram bem deles e que sinto falta. Coisas e modos que nunca mais encontrei na minha vida. Do meu avô a conduta muito meditada, reflexiva e tranquila, da minha avó uma espécie de impulso matinal inventivo que eu vejo muito em mim e da minha tia a grande capacidade de conectar as notícias dos jornais com os vastos  conhecimentos que possuía e a crítica dura às imperfeições e aos detalhes mal trabalhados das edições e dos textos de informação. Ela apontava o dedo para as páginas e matérias de um grande jornal sobre a mesa e me ensinou a ler e a pesnar no mundo.

Os restos físicos deles repousam lá e visitá-los hoje me levou a pensar também nas suas grandezas e nas influências que eles tiveram sobre mim e outros membros da família.

Acabei falando disto aqui pensando também na estupidez e tibieza dos jovens que hoje tentam defender, atuar e erguer valores como o Neonazismo aqui no sul.

E lembrei que meus avôs e minha tia que viveram a guerra de verdade e não este conflito ideológico imaginário e subjetivo de jovens que só ostentam símbolos, e que aquela insanidade coletiva na Alemanha jamais fez eles terem qualquer pingo de orgulho disto ou sequer  carregavam em sua vida o desejo ou ilusão de ver algo assim se repetindo.

Estes jovens de hoje ignoram a dimensão nefasta e os gigantescos horrores do que estão a propor para fazer ao nosso futuro e a agressão que promovem orientados por estes valores estúpidos merece nossa profunda rejeição, reprovação e denúncia. 

Tenho muita preocupação com isto porque ofende a possibilidade de termos um futuro e uma sociedade melhor e, ao mesmo tempo, é fruto de pessoas  que não passam de covardes e fanfarrões aos quais faltam bons conselhos e conhecimento da história que talvez um avô, uma avó ou uma tia e tio mais experientes poderiam evitar se tivessem ainda alguma informação ou conexão com seus netos e sobrinhos. 

Então esta narrativa parece uma expressão de terror e saudade ao mesmo tempo. E uma proposta de reflexão sobre o papel de cada um de nós para as novas gerações.    

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