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segunda-feira, 11 de março de 2013

A ENTREVISTA DE FREUD NA BBC


Bom Dia....

A entrevista de Freud na BBC, seu tom de fala e as posições que ele expressa, aqui FREUD BBC 1938 me parece muito boa para aqueles que gostam de observar detalhes e perceber diferenças qualitativas entre os dizeres.

E Freud é um senhor ai ao fim de sua vida, mas ainda preserva um rigor em sua fala e s enota a seleção pensada das palavras que ele usa. 

Freud dá aqui um depoimento pessoal da sua história e apresenta um tom de fala muito interessante que me desperta muitas formas de compreensão.

Sobre as desventuras, amarguras e conquistas de uma trajetória que começa contra a corrente dominante do pensamento de uma época e acaba se constituindo como um alternativa a isso por persistência, inteligência, habilidade, paciência  e muito trabalho.

Alguns falam em um marketing freudiano, mas ousaria dizer que não é bem assim. Ainda que você possa e deva admitir, em minha opinião, e de muitos especialistas, a grande capacidade expressiva e literária de Freud como um grande triunfo na sua empreitada de conversão e ruptura frente a um pensamento dominante de uma época.

É que aquilo de resistência que ele enfrentou no seu início de jornada parecia muito mais inercial e habitual do que propriamente militante, ainda que saltassem muitos advogados contrários as suas idéias, este tabu com relação à sexualidade e à sua abordagem psicanalítica foi sendo derrubado pelo tempo.

O tempo, sim, a passagem dos trabalhos e dos dias que ia levando à derrocada ads resistências e não pela melhor estratégia.

È impossível não lembrar aqui de Thomas Kuhn e sua obra A Estrutura das Revoluções Científicas, em que chega um ponto em que um paradigma só perde a vez porque justamente seus principais defensores desaparecem. Mas isto não tira nenhum mérito do trabalho e do pensamento de Freud. Ao contrário, constituir um paradigma alternativo e forjar uma alternativa ao pensamento dominante é sempre uma grande obra.

Mesmo que todos os critérios para a sua demonstração sejam difíceis, mesmo impossíveis de serem encontrados; mesmo que a verificabilidade de suas proposições, sentenças e princípios seja inaceitável e fortemente recusada por uma razão da moral dominante e mesmo que nenhuma ciência seja capaz de dar às mesmas aquilo que todas as proposições científicas desejam ostentar como seu máximo atestado “uma verdade justificada e comprovada formalmente e materialmente”.
   
Talvez assim alguns comentários e leitores se dêem conta de que a melhor estratégia precisa muito do tempo e que a nossa vida dure um pouco mais que aquela de nossos adversários ideológicos, científicos ou filosóficos.

Mas então seria uma ventura que isto ocorresse?

Parece que sim.....e nada mais absurdo do que imaginar que isto é fácil.

Freud conseguiu...

ainda que ali em 1938 - ao final da vida - ele diga que continua lutando...que a luta para afirmar suas idéias deva continuar ainda mesmo assim, após tudo....


VEJAMOS O TEXTO DA ENTREVISTA:

“Eu comecei a minha atividade profissional como um neurologista tentando trazer alivio para os meus pacientes neuróticos. Sob a influência de um amigo mais velho e por meus próprios esforços, descobri alguns fatos novos e importantes sobre o inconsciente na vida psíquica, o papel dos impulsos instintivos, e assim por diante. A PARTIR destas descobertas surgiu uma nova ciência, a psicanálise, um novo ramo da psicologia, e um novo método de tratamento das neuroses. Eu tive que pagar caro por isso e tive também um pouco de sorte. As pessoas não acreditam nos meus fatos e pensam que minhas teorias são desagradáveis. A Resistência era forte e implacável. No final, consegui conquistar discípulos e criar uma Associação Psicanalítica Internacional. Mas a luta ainda não acabou.”  ENTREVISTA A BBC 1938 - Sigmund Freud.

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