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domingo, 3 de fevereiro de 2013

DA NATUREZA SELVAGEM: AINDA NA MINHA INTRODUÇÃO BIOGRÁFICA À FILOSOFIA


"Uma grande verdade, mesmo mal sugerida, comove-nos mais do que uma verdade medíocre completamente exprimida."
Henry Thoreau


A vida é "punk" em muitos momentos. 

Todos nós sentimos com certa regularidade o choque entre aquilo que a sociedade nos impõe, com sua forma, valores, modos e "limites" e a nossa própria liberdade, consciência, vontade e intuições. Em geral, todos se adaptam de tal modo que aquilo que bem analisado seria insuportável ou inadmissível vai aos poucos sendo assimilado, administrado e contornado. 

Não posso dizer definitivamente de que lado a racionalidade está, agora, tem algo de estranho no fato de que aqueles que tomam partido contrário se dão mal com tanta regularidade. É como se fosse um fado ou uma danação aos rebeldes. Um destino, uma sina traçada para derrotar os impulsos mais nobres dos homens e mulheres que ousam contestar e viver de outra forma. 

Eu não li o livro NA NATUREZA SELVAGEM e nem vi o filme, mas fiz uma pesquisa atrás de notícias, informações e críticas, investiguei o autor desta obra e ainda fiquei escutando as músicas que Eddie Vedder fez para o filme, as letras e tal e não vejo a hora de ler o livro e o filme. 

Estes pensamentos anti-sociais e anti institucionais já me ocuparam entre a adolescência e a minha formação acadêmica. Fazem parte da minha experiência pessoal de introdução à filosofia, a qual teve suas parcelas de filosofia, poesia, música e muitos tipos de devaneios naturalistas e orgânicos, com muitas idéias de arte e cultura. Eu já desejei muito voltar a ser um  "bom Selvagem" como nos diz Rousseau. Li de forma apaixonada os DEVANEIOS DE UM CAMINHANTE SOLITÁRIO, e muitas vezes o pessimismo em relação ao futuro da humanidade me abate, me derruba e me deixa acabrunhado, apesar de ser um otimista invencível de certa forma. Otimista que frente às leituras mais pesadas e duras de MARQUES DE SADE, SIGMUND FREUD, SCHOPENHAUER & NIETZSCHE, sofre para constituir um horizonte de caminhada sem culpa e sem maldade. 

Temos que pensar nisto sim: NO FUTURO DE UMA ILUSÃO & NO MAL ESTAR DA CIVILIZAÇÃO,  Freud nos alerta para o limite da nossa racionalidade e das possibilidades de redenção, portanto, para os limites do sonho idealista de um mundo melhor com estes homens e estas mulheres de carne e osso. Com esta CULTURA & esta CIVILIZAÇÃO. Mas, eu gosto de me inspirar - mesmo assim - nestes pessimistas. Porque as vezes me parece que o cordão da maldade começa justamente com as leituras ingênuas da nossa sociedade e da nossa moral. 

Quando vejo alguém bradando contra contradições e erguendo e alta voz a necessidade de coerência me lembro muito de Parmênides e seu mundo congelado sem dinâmica alguma, portanto sem possibilidade de mudanças. Prefiro enfrentar estas contradições do que me proteger na ilusão de uma vida linear e planificada. 

E devo admitir sempre que as tragédias do destino e mesmo os acidentes que levam um jovem a fazer o que este jovem fez em suas trajetória de sonho de uma liberdade, são lições verdadeiras de como se libertar e vencer este fado de aceitar todas estas grandes bobagens que são sustentadas no STATUS QUO e na forma da nossa CIVILIZAÇÃO. Sempre pensei que entender isto é uma pré-condição para se ser realmente anti-capitalista. 

Também aproveito para concluir estas linhas mal traçadas, neste domingo mal acordado, nesta vida bem acidentada, recomendando a leitura de HENRY DAVID THOREAU, porque é nele que via o maior esforço de ruptura individual com as tenazes da nossa sociedade. WALDEN: OU A VIDA NO BOSQUE & DESOBEDIÊNCIA CIVIL parecem para alguns, obras de formação juvenil, mas para mim são obras para a formação de homens e mulheres verdadeiramente consequentes em suas idéias e corajosos em suas vidas, e entendam que mesmo que você leia estas palavras como uma simples desorientação literária, deves pensar bem mais para encontrar a liberdade e o sentido para a tua vida. 

DA NATUREZA SELVAGEM, em uma obra de verdade, é uma biografia feita com muito esforço da vida de um jovem que arriscou a levar a sério suas ideias. O final não é feliz, mas cabe aqui perguntar se nesta vida e quando ocorre de fato um final feliz?

P.S.: O título do Livro é NA NATUREZA SELVAGEM...eu prefiro tratar aqui DA NATUREZA SELVAGEM porque na minha opinião o que o jovem fez foi um reencontro consigo mesmo e com a natureza selvagem e a sua própria natureza selvagem que lhe deu muitas alegrias como poderá ser visto, apesar do seu fim doloroso. Foi um ato falho que mostra mais sentido do que parece a primeira vista.

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