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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

SOBRE MANSUETO BERNARDI: IN PROGRESS


Sobre Mansueto Bernardi me ocorreu algo neste ano que passou, que me levou a conhecer esta personagem da qual só conhecia a fama em parte literária e de outra integralista. 

Realizei uma pesquisa histórica com o objetivo de justificar o tombamento no patrimônio histórico nacional da praça do imigrante de São Leopoldo, o que me envolveu muito com a pesquisa da história, digamos assim, ideológica e política da cidade e do Rio Grande do Sul anterior a revolução de 30. 

Neste processo, descobri, sem nenhuma dúvida, que São Leopoldo era simplesmente no início dos anos 20 a cidade mais importante economicamente do estado e, na região metropolitana, só era superada neste quesito pela capital, haja visto lá a concentração econômica do estado positivista altamente centralizado. E que mesmo após a emancipação de Novo Hamburgo em 1927 a cidade preservava sua importância social, cultural e política.  

Pois bem, Mansueto foi intendente designado por Borges de Medeiros em São Leopoldo em 1919 em virtude de uma certa crise política local nas hostes do PRR. ESta crise teve início provavelmente - o que deve ser mais detalhado e investigado, no conflito que demarcava-se já entre os emancipacionistas de Novo Hamburgo liderados pelo Sr. Jacob Kroeff e seguido por Leopoldo Petry, Pedro Adams Filho e outros e aqueles leopoldenses que relutavam  a aceitar este processo. 

A pedra de toque havia sido recebida pelo próprio Mansueto Bernardi na condição ainda de secretário de gabinete de Borges de Medeiros da petição subscrita por lideranças hamburguenses pela emancipação e, também, trazia consigo a rejeição ao nome do distrito de Genuíno Sampaio.  

Dentro deste período conflituoso Mansueto é eleito pelo povo da cidade em uma disputa acirrada – ou por quem votou naquela época. E tudo indica que esta disputa prosseguia após sua posse. O próprio discurso de posse de Mansueto é uma espécie de libelo contra os adversários e uma manifestação impessoal típica de um homem de partido. E foi a partir da gestão dele de 1919 a 1923, que se criaram as condições para um certo pacto político na cidade também representado pelas comemorações do centenário da imigração alemã que levaram a construção da bendita praça. 

Me surpreendi com varias coisas das quais nada sabia que iam desde a importância da personagem até os interesses políticos que a colocaram justamente em São Leopoldo naquele período. 

Quando falo da importância dele isto passa desde seu concurso para o estado, passando pelo noivado com a menina Idalina (uma espécie de diva ou musa dos anos 10 de Porto Alegre),  a nomeação como secretário de gabinete do Borges, a sua indicação como interventor em São Leopoldo, sua saída, paralelamente a relação dele com a Gráfica, Editora e Livraria do Globo desde os anos 16 até a sua posse como Presidente da Casa da Moeda de Getúlio e – por suposto – sua espécie de desterro no episódio posterior ao levante integralista. 

É um intelectual extraordinário por diversas outras razões também pelo que publicou, estudou, escreveu e pensou lá nos idos dos 20 aos 50. Ainda que assaz conservador a certa altura do campeonato, foi um pensador em alguma grande medida tão Cristão, mas Positivista e um Republicano decisivo em minha opinião na construção de Vargas da Revolução de 30. Mas é algo bem interessante também para uma análise o fato de que ele é de certa forma o primeiro grande interprete e crítico do Simbolismo literário, em especial no seu ensaio sobre a poesia de Alceu Wasmosy e Eduardo Guimaraens.

Boa parte dos aspectos literários e políticos dele já foram devidamente, assim me parece esquadrinhados em pesquisas acadêmicas. Sérgio Farina - este memorável professor - fez Tese de Doutorado sobre o Mansueto Autor. Mas a passagem política e, portanto, intelectual dele por São Leopoldo conta com raras informações, incluso sobre a sua saída da cidade, após renunciar a intendência e virar secretário de obras de Borges de Medeiros. 

Ainda que Mansueto não seja um dos grandes baluartes reconhecidos por Joseph Love na famosa "geração de 1907", que inclui João Neves da Fontoura, Oswaldo Aranha, Flores da Cunha, Lindolfo Collor,  talvez seja uma daquelas personagens intelectuais riograndenses a ser mais investigada como de importância na formação e no pensamento de Vargas e da Revolução de 30.

O grande mestre Sérgio da Costa Franco coloca Mansueto entre o rol de intelectuais que se situam no início do século XX no espaço político a serviço do Castilhismo-Borgismo. E no caso de Mansueto anota que este "desfrutava de plena confiança" de Borges. 

Bem este é o personagem que me provoca na  investigação desta primeira quadra da história de nossa cidade. 

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