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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O QUE ESTOU FAZENDO AQUI E AGORA?

Cá estou eu sentado na minha mesa de trabalho, envolto por este computador, tomando aquele clássico café de estalar neurônios. Pensando numa panorâmica das minhas razões, provocações e pensamentos atuais. 

Fazendo rápidas consultas e buscas de informações na rede sobre uma gama de assuntos que vão desde Nietzsche - A Vontade de Poder, que me atrai venenosamente a malvadamente - como sempre o fez, haja visto que a conta dos meus trocados fica alta; 

PIBID e Intervenções ou Instalações Filosóficas para o próximo ano letivo, um Programa de Filosofia que dê conta de incluir Direitos Humanos - com toda a carga semântica, histórica e política - no Programa; um Programa para Primeiro, Segundo e Terceiro Anos do Ensino Médio que envolva, aprofunde e forme num crescendo leitores, curiosos e vacinados de filosofia em todos os gêneros possíveis e que ajude também na formação de novos professores - o Grande Programa - diria assim para os meus próximos 4 anos de atividades pedagógicas e diletantes; 

Tendo também repentinos lampejos e lembranças do arrazoado projetado para uma pesquisa de um capítulo da história de São Leopoldo que dê conta da construção do PRR pré-Vargas, os anos 20 e aquela personagem incrível da política gaúcha e brasileira que me parece ser Mansueto Bernardi, que tinha a verve e a força literária e também estofo cultural suficiente para ter sim o direito de errar e de escolher qualquer caminho político - como o fez com muito custo com o Integralismo - sem que ninguém tenha o direito ou a peia de interpelá-lo julgando ou cobrando esta ou aquela posição na pequena quadra medíocre constituída por toda ignorância e arrogância política que só aparece na cachola daqueles que efetivamente jamais se dedicam integralmente aos assuntos políticos, daqueles que tem opinião, mas pouco envolvimento nos momentos ruins e bons pertinentes a este fazer; 

Pensando também nas minhas diatribes filosóficas anteriores, cá nos meus botões desbotados daquela velha jaqueta de couro arranhada que guardo no armário das minhas memórias, em que Wittgenstein e a filosofia da lógica, mais agudamente olhando, a conexão entre mundo, pensamento e linguagem, vis a vis, a teoria figurativa da linguagem me encantava e me desafiava a brincar de demiurgia filosófica, sob uma leitura do Tractatus Logico-Filosoficus variegada de influências locais e de standarts interpretativos que levariam o trabalho a ser mais uma SUMMA TRACTATAE do que propriamente uma DISSERTATIO,  com sacrifício algum do latim, mas antes disso com muitas pitadas lógicas e metafísicas; 

Sim, meu querido leitor - compartilho aqui minhas ocupações como uma forma não de me envaidecer, mas talvez de provocar em ti que o podes fazer mais ocupações e maiores libações neste belo período de férias em que os dias são belos, desde que você não se dê ao trabalho de ler a tonelada de besteiras que lhe vem pelo jornal, das quais não vou falar agora, nem aqui, sob pena de entrar em um debate precoce sobre a dialética entre lamentações do não fazer e obrigações e a bela e justa vontade de fazer. 

Tudo tem seu tempo e este tempo agora é meu, completamente meu e dos meus gostos, afazeres, chatices e bobices. 

Por fim, lendo desde ontem com muito prazer, com gigantesco entusiasmo a obra TRANSCENDENTALISMO E DIALÉTICA: Ensaios sobre Kant, Hegel, o Marxismo e outros ensaios. 

Obra de João Carlos Brum Torres que me caiiu entre as mãos um pouco antes da Hora do Gavião de ontem pela manhã na Livraria Cultura da qual não consegui me afastar desde então por diversas razões e interesses comuns. Primeiramente porque constato uma espécie de apresentação de um itinerário filosófico sendo narrado ali naquela seleção de textos dele que vão desde 1972 até 2004, assaz interessante e muito bem narrado. 

Serei sempre talvez o maior suspeito em meus elogios ao mestre, mas confesso me deliciar com a prosa deste senhor. Com a capacidade de trançar e armar argumentos logicamente coerentes e ainda dar pitadas e coloridos de elegância na obra. 

O grande Caçapava, como lhe referem os próximos e os seus contemporâneos dos anos 60, consegue ler e interpretar Kant e Marx - cujas ligações e conceitos são de muito meu interesse - e ainda perscrutar razões em todo e qualquer argumento filosófico que lhe paire sob os olhos. Diria que conseguiu construir uma espécie de técnica de desenvelopamento de conceitos que torna nua e crua  a razão e o valor dos argumentos que muitas vezes se escondem para a nossa imediata compreensão. 

Mas não fica somente no sentido e nas razões, consegue investigar também, quase sempre na mesma chave os motivos e as consequências destes argumentos. Não vou demonstrar aqui agora como e nem o porque, com mais detalhe, o elogio assim. Mas ainda o farei, ultimadas as leituras e sopesadas as confusões que encontro pelo caminho como narrei até aqui. E deveria fazê-lo cotejando com outras lições que tive o privilégio de ter com ele e outros insignes mestres da UFRGS. Porque meus cadernos estão com seus 20 anos já completos e merece que se visite-os agora mesmo neste belo período. 

Vou compilar aqui o resumo sinopse do autor disponível em qualquer um dos sites que o divulgam para concluir esta ladainha continua e propagandear esta bela obra: 

"Transcendentalismo e dialética' é uma coletânea de escritos filosóficos de amplo espectro, que inclui estudos sobre Kant, Hegel, o marxismo e os filósofos brasileiros Giannotti e Bornheim. As análises da filosofia crítica chamam atenção para a atualidade da teoria kantiana da intuição, destacando o modo em que ela se conecta às discussões contemporâneas sobre a referência indexical e sobre os ditos conteúdos não-conceituais. O primeiro dos estudos hegelianos procura mostrar em que sentido o estoicismo é a ética de escolha do pensamento finito e, sob certo aspecto, a posição mais íntima de Hegel. Já o segundo cuida de explicar como na teoria do patriotismo Hegel combina de maneira inesperada as concepções clássicas e moderna da cidadania. O conjunto de estudos dedicados ao marxismo procura mostrar como nas dificuldades e contradições da teoria do valor e da forma do valor se evidencia um ponto cego na concepção marxista da sociabilidade humana - uma falha que obriga a deixar definitivamente para trás as concepções meio especulativas, meio naturalistas da essência genérica do homem e seus sucedâneos na obra tardia de Marx. O livro ressalta ainda a importância ímpar de J. A. Giannotti no pensamento filosófico brasileiro e a originalidade do pensamento de Gerd Bornheim sobre as relações entre a filosofia e a história." 

Eu recomendo a leitura. 

Um grande abraço.         

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