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terça-feira, 31 de julho de 2012

O BOM JUÍZO, AUTOCOMPREENSÃO, EDUCAÇÃO ESTÉTICA E POLÍTICA


Algumas pessoas são mais importantes pelo que fazem do que pelo que pensam.

E a gente demora muito tempo para entender e aceitar isto.

Um exemplo disto são os artistas, os escultores, pintores, músicos e também os homens de ação: os políticos.

Sim, meu caro, os políticos.

A gente gostaria que estas pessoas tivessem um pensamento superior, que o seu pensamento refletisse o poder das suas ações.

Mas não, somente as ações delas são superiores.

É como olhar para um herói que não tem consciência do seu próprio heroísmo.

Me lembro aqui de Nietzsche, quando esta verdade é o avesso daquilo que estamos acostumados a esperar.

Queremos que o gênio tenha uma máxima razão, que o herói tenha uma máxima razão, mas isso é incomum.

É mais frequente que a razão deles seja enviesada como que por uma paixão.

O mito do home integral, daquele que reúne muitas qualidades se dissolve na nossa história.


Não encontramos com frequência neles uma compreensão, ou uma clareza de idéias.

Nada daquilo que há de mais nobre no seu gesto ou ação e compreendido por eles num sentido completo.

Se tem o conceito de valor, ocorre lapso de medida e assim vai.

É nós que atribuímos valor às suas ações e eles nos olham surpresos por nosso reconhecimento.

Quando faço constatações como esta volto a pôr água no moinho de uma determinada tese filosófica sobre a necessidade de educarmos a sensibilidade das pessoas.

Não é a lógica brilhante ou a racionalidade soberba que deveria então ser admirada, mas sim a sensibilidade pura, aquilo que nos toca nos gestos de grandeza das pessoas que possuem o dom e a dádiva de agir corretamente guiadas pela boa e sã sensibilidade de delicadeza mais humana.

Humano Demasiado Humano.

Hoje, em outra direção deste mesmo ponto, estive pensando em alguns exemplos que encontrei na minha curta vida e experiência.

Cheguei a pensar - por alguns momentos - que é só no Rio Grande do Sul que você encontra pessoas que ficam aborrecidas com bajulação e elogios vazios de conteúdo, ou seja, pessoas que recusam méritos que julgam não possuir, por mais lisongeiros que eles lhes pareçam.

Mas ora bolas!?

Eu nem conheço toda a humanidade.

Então não posso afirmar isto.

Posso afirmar apenas que conheci homens e mulheres no Rio Grande do Sul que não aceitam em hipótese alguma qualidades e adjetivos que não lhes cabem.

E olham desconfiados para elogios vazios de conteúdo.

Parece que há subjacente a isto um gosto pela verdade.

Uma necessidade do bom juízo.

Uma exigência suprema de m´perito real e verdadeiro.

Deve ser um  bicho que não se contenta com um mérito fortuíto, com um prêmio injusto.

Quer olhar para si mesmo e dizer: foi merecido!

Estou aqui postando idéias - com o doce acento e o suave peso do ser que é e que ias ser - e alguns podem pensar que isto é filosofia, que aquelas esculturas ali embaixo são um alento no banho de imagens políticas do facebook ou do meu blogue agora.

Mas há uma incompreensão nisto.

Quem disse que não estou fazendo política com idéias e formas estéticas tão perigosas quanto santinhos, números, siglas e promessas aqui?

As pessoas deveriam pensar mais aonde o artista e o pensador realmente quer chegar ou nos levar com seus gestos e obras.

Mesmo que ele negue isto, que ele negue o caráter político de seu gesto.

FREUD sobre o Moisés de Michelangelo: 

“as obras de arte exercem sobre mim um poderoso efeito, especialmente a literatura e a escultura e ,com menos, freqüência, a pintura. Isto já me levou a passar um longo tempo contemplando-as, tentando apreendê-las á minha própria maneira, isto é, explicar a mim mesmo a que se deve o seu efeito (…) Uma inclinação psíquica em mim, racionalista ou talvez analítica, revolta-se contra o fato de comover-me com uma coisa sem saber porque sou assim afetado e o que é que me afeta”

Percebemos a grandeza portanto e isto é um bom juízo.

Ou seja a ação, o gesto ou a obra impõe um valor que ultrapassa o agente e nos atinge em cheio. 

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