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sábado, 7 de janeiro de 2012

Reconhecimento, Gratidão e Esperança – Turma 3N2 DISCURSO DE PARANINFO – 7 DE JANEIRO DE 2012

É a terceira vez seguida que sou paraninfo nesta escola.

Saudações Iniciais ao Diretor, Professores, demais Homenageados, alunos, pais, irmãos, amigos e conhecidos.

Prometi que faria um discurso enxuto e vou cumprir esta promessa em parte me dirigindo diretamente aos meus afilhados da 3N2.

Quando a gente é indicado paraninfo de uma turma de formandos pensa sempre no porquê isso aconteceu? Independente se é uma turma de ensino médio, curso profissional, universidade ou que quer que seja.

Bem, para ser paraninfo é preciso ser professor num sentido muito próprio.

Por exemplo, Steve Jobs foi Paraninfo de uma turma de estudantes de uma das mais excelentes universidades do mundo e no seu discurso contou parte da história da vida dele.

Este discurso está na internet num arquivo do Youtube e recomendo.

Algo que ele usa como chave neste discurso é LIGAR OS PONTOS!!!

Bem VOU ligar os pontos então.

No nosso caso considero que sou o Paraninfo pelo simples fato de que neste ano a 3N2 me indicou seu conselheiro e orientador para o ano inteiro e que foi isso exatamente o que eu fiz com eles.

Algumas pessoas não conseguiram entender bem como é que virei conselheiro de dois segundos anos que se uniram para formar a 3N2, pois que estes dois segundos anos haviam me enfrentado por vezes em 2010, por diversas razões, algumas boas e outras nem tão boas.

Ora, mas isto é aquilo que podemos chamar de os cavacos do ofício.

Muitas vezes nós professores e professoras, alunos e alunas brigamos ou entramos em conflito pelas razões erradas e muitas vezes entramos em conflito por boas e excelentes razões.

Algumas concepções pedagógicas defendem que o processo pedagógico ou educacional deve ser muito tranqüilo, muito moderado e que jamais a autoridade do professor deve ser questionada.

Ora tal concepção é muito conservadora.

E, no meu caso, de forma muito especial, incompatível com minha história, minha formação e meus conceitos.

Aprendi a ser cidadão lutando contra autoridades que usurparam o poder legitimamente constituído, ou que chegaram até ele de maneira escusa, por motivos escusos, e que exerceram o poder de forma violenta e irracional.

Curiosamente estas autoridades se julgavam infalíveis. Supunham até que estavam salvando o Brasil da ameaça comunista. Os resultados disto são conhecidos.

O Brasil ficou 25 anos sem eleições livres e democráticas e em meio a isso o povo perdeu um bom tempo para aperfeiçoar-se na escolha dos seus governantes.

Aprendi a ser professor durante muitos anos. Tanto como aluno do ensino fundamental e médio, como quanto acadêmico do curso de filosofia da UFRGS.

Como aluno tenho a nítida lembrança dos exemplos de alguns professores. Darei Três exemplos somente.

Não vou nomeá-los aqui por conta de que se o fizesse teria que acrescentar mais detalhes e informações do que este tempo me permite

Tive um professor que era tão apaixonado por história e sabia história de cor e salteado que cada aula dele me trazia nítidas imagens dos acontecimentos.

E estas aulas e ensinamentos ficaram gravados em minha memória e, também, em meu subconsciente.

Mais tarde creio que passei no vestibular por conta disto mesmo. Gravações intensas na memória e a paixão que ele despertou em mim no conhecimento da história.

Tive outra professora que ensinava biologia, mas cujo maior destaque que eu posso dar era o apoio e o carinho que ela dava para a gente. E ela era muito justa comigo e com todos os meus colegas de então. Era uma excelente conselheira e nos fazia ponderar mais antes de ter opiniões.

A marca que ela me deixou foi um modo muito especial como ela me olhava me dando incentivo a acreditar no meu potencial, apesar de que quando ela foi minha professora eu era um aluno que de certa forma recém tinha assumido a responsabilidade efetiva sobre os meus estudos.

Ou seja, não estava na escola porque minha mãe ou meu pai queriam ou eram obrigados a me encaminhar neste rumo, estava na escola porque eu desejava estar na escola, eu desejava concluir os estudos e seguir em outras etapas até a universidade, como de fato mais tarde consegui.

E, por fim, tive um outro professor de geografia que tinha uma forma muito interessante de conduzir as aulas.

Ele fazia questão que as diferenças de opinião entre os alunos sobre diversos assuntos que incluem democracia, forma de governo, desenvolvimento econômico, gestão pública, organização da cidade, relação com a natureza e etc.,fossem postas às claras e não mitigadas – enfraquecidas - por suas próprias opiniões sobre as coisas ou apagadas pela adesão da maioria da sala a determinada forma de ver e interpretar os fatos.

Ele era professor de geografia e me marcou muito com isto, porque me parecia excelente este nível de honestidade e clareza sobre as coisas.

Ele evitava ao mesmo tempo excessivas convicções por parte dos alunos dizendo que quem sabe um dia poderíamos entender melhor isso que hoje julgamos assim ou assado.

Já na universidade aprendi – em uma perspectiva filosófica e crítica – que ocorre frequentemente a necessidade de nós seres humanos, adultos ou jovens, sermos filósofos em algumas coisas e nos auto-questionarmos se podemos ou não estar errados.

Pareceria absurdo dizer aqui o que vou dizer, mas verdade mais completa que adquiri na universidade é exatamente esta:

SEMPRE PODEMOS ESTAR ERRADOS!!!!

E A MELHOR MANEIRA de se evitar o erro é manter esta hipótese quase como uma guardiã de nossas crenças, opiniões, convicções e posições.

Voltando para o método de educação e aplicando nele o que disse.

È sempre possível estarmos errados meus alunos e afilhados, mas também é sempre possível que os outros errem com nós e a nossa única forma de resolver este problema é sermos muito honestos e sinceros.

Neste ano nós conseguimos um resultado incrível com vocês, pois superamos com este espírito de justiça, com a dúvida e o questionamento diversas situações difíceis.

Havia uma rivalidade interna na turma que foi superada com investimento e o debate honesto.

Ocorreram diversos conflitos entre alunos e seus colegas que foram superados de forma objetiva, sem se puxar a brasa para nenhum assado.

Houve momentos em que este professor teve que ser muito duro com todos os alunos e conseguimos chegar até aqui, ao final desta viagem como poucas perdas pelo caminho.

Acima de tudo, ficou a visão de que nem sempre o conflito é um elemento negativo no processo educacional.

Porque é melhor mesmo enfrentar o problema de frente do que escondê-lo ou fazer de conta que ele não existe.

E aprendemos juntos que não podemos permitir com que os erros se passem por acertos ou que a injustiça passe por justa.

Neste sentido, creio que sei exatamente porque sou o paraninfo deles e vejo nisto um muito bom motivo.

Parabéns a vocês todos meus afilhados. Me orgulho de Vocês!!

Devolvo a homenagem de vocês homenageando-os também.

Sei que alguns de vocês estão dando agora muito orgulho para os seus familiares e amigos por terem conseguido chegar onde chegaram e poderem agora ir mais adiante.

E me dirijo a todos os presentes agora pedindo que apoiem mais seus filhos, alunos e amigos.

Não deixem nenhum menino e nenhuma menina abandonar os estudos.

Porque esta aposta nos trará sempre belos frutos, ótimos resultados e nos tornara mais felizes e verdadeiros.

A educação é o melhor caminho para sermos mais felizes.

Muito Obrigado!

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