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sábado, 2 de abril de 2011

FILOSOFIA, PENSAMENTO, SOCIOLOGIA E NOSSAS MISÉRIAS

Na pergunta guia da aula de ontem: O que é uma idéia?

uma imagem, a forma de algo, uma construção mental, o pensamento? Há um desacordo aqui. Um desacordo que não se expressa como detalhe. A pergunta se transforma no que você está pensando agora?

Cada aluno lê a pergunta a partir de uma perspectiva não elaborada.

Então quer dizer que você nunca parou para pensar nisto?

Mas o que anda acontecendo com a gente afinal?

Renunciamos ao pensamento?

Cada vez que abordo uma questão como esta me dou conta da medida da grandiosidade da pergunta de Heidegger.

Ele chegou até ela se dando conta de que paramos de pensar.

A metafísica ocidental se afastou do pensamento. Se afastou da questão do pensamento. A questão do ser.

Semana passada teve uma reunião na escola. Estávamos discutindo o texto do PPP. O Projeto Político-Pedagógico. E voltou a baila a questão de porque a filosofia da escola não exibe logo a sua aplicação e não tanta teoria, ou abstração ou idéias. Me dei conta de algo semelhante aqui: As pessoas não gostam e não se dedicam ao esforço do pensamento. É muito desgastante, obtuso, retórico e etc.

Mas pô o pensamento é justamente aquilo que deveria propor os princípios, valores e critérios fundamentais da escola. Bem, elas só querem as orientações práticas. Entendemos este impulso como afastamento do pensamento. Mas prá que servem as orientações práticas se você não sabe de onde vai e para onde quer ir?

As pessoas não fazem isto por mal. Não é justo chamá-las de ignorantes ou mediocres. Elas se comportam aqui como a manada, renunciam ao pensamento e quando precisam pensar compram um pensamento pronto para botar naquele lugar em que o pensamento é exigido. Vai lá e copia o PPP pronto de outra escola. É mais fácil e nos afasta de contradições e de nossos problemas fundamentais.

É um hábito que tem origem nos hábitos da nossa elite. E que a nossa elite tenta passar com discurso altissonante para o povo. Afinal para que aprender filosofia ou sociologia? Você não precisa pensar precisa produzir. Você precisa se ocupar com coisas práticas para sobreviver. Vá trabalhar e para de pensar bobagens.

Um exemplo das aulas de sociologia. Passada a introdução a gente dá uma "paradinha" em Augusto Comte. Você se surpreende com o fato de que Comte foi capaz de expressar a necessidade de uma ciência da sociedade e, no entanto, a ciência da sociedade hoje praticamente prescinde de Comte. Nada mal. O pensamento de Comte nos resta como Doutrina: o Positivismo.

Positivismo este inscrito na nossa bandeira "Ordem e Progresso". Valem aqui duas críticas. A primeira da recepção e importação de idéias de fora, como se incapazes de pensar o social com nossos conceitos sociais. E isto foi feito por uma elite ilustrada do beletrismo. Aliás elite esta que representava o pensamento, haja visto que ao povo do século XIX não cabia as tarefas do pensamento.

DE outra banda a crítica ao mérito da idéia de que a ordem é garantia de progresso. Diria um filósofo indigena: Ordem de quem cara pálida? Progresso para quem cara pálida?

Continuo depois....

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