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domingo, 29 de agosto de 2010

DILMA AVANÇA - PARA UM RESULTADO INÉDITO E INEQUÍVOCO - ENQUANTO SERRA EMPACA NO PASSADO PRÉ-1964

Somente em 3 de outubro o resultado final destas eleições sairá das urnas de forma inequívoca. Por isto, é bom evitar sempre, e mais do que nunca, o salto alto. As pesquisas são sempre suspeitas porque podem acomodar a militância e trazer surpresas desagradáveis. A esquerda tem diversas experiências negativas com pesquisas, tanto favoráveis, quanto desfavoráveis. Isto não nos impede de reconhecer, interpretar e explicar o que está acontecendo. Todos,indistinta e sabiamente, se recusam a comemorar ou a baixar a guarda.

Mas já podemos ver sinais muito claros do êxito da Candidatura de Dilma Roussef em diversos aspectos.

A sucessora de Lula - do Lulismo de resultados, contra aqueles que prefeririam um Lulismo sem resultados, avança sim para a vitória. A grandeza dessa vitória, entretanto, não deve nos deixar levar para o terreno de que tudo estará resolvido. Como bem aponta o Idelber Avelar, no Biscoito Fino e a Massa, não tem essa de Tsunami ou vitória estrondosa, pois a esquerda em geral e o PT em especial enfrentarão por muito tempo diversos outros adversários bem armados e constituídos.

Mas Dilma consegue manter o tom correto na disputa. Tanto em pesquisas, como na reação da candidata às pesquisas, quanto nos debates apresentados, quanto nos programas de tevê e na forma como está sendo conduzida a sua campanha, Dilma rompeu todas as barreiras contra a sua plataforma e rompeu todos os diques de contenção ao crescimento e afirmação do projeto nacional, levantados contra o PT, Lula e o programa democrático e popular construído no Brasil.

A candidata responde sempre com qualidade, tanto às provocações, como às perguntas. E existem diversos exemplos disto. Ontem mesmo foi provocada e respondeu sobre o que faria com relação a oposição após a eleição caso fosse vitoriosa, ela simplesmente tascou: No dia 3 de outubro a gente desmonta o palanque e estende a mão para aqueles que vierem aceitar a compor o governo. Ou comno consta na Folha On Line: "A gente desarma o palanque e estende a mão para quem for de boa vontade". Incluindo nisto José Serra. É uma demonstração de grandeza e civilidade necessária em meio às diversas baixarias que agora surgem como pura apelação no processo eleitoral.

Não pode ser atribuída nenhuma soberba à esta expressão, salto alto ou falta de respeito. Esta expressão é um performativo simples: faz, de um lado, um gesto positivo em direção aos adversários e reconhece, por outro lado, não haver nenhum motivo substancial para prosseguir a disputa após 2010.

Muitos estão decretando o Fim da oposição nos moldes PSDB/DEM até então desenvolvida, mas, de fato, é um passo mais importante do que parece para a democracia brasileira em outro aspecto. No que toca a qualidade das disputas políticas mudanças estão ocorrendo. Daqui a alguns anos factoídes, jogadas de baixo calão, ataques insensatos ou expressões de raiva e outras desqualificarão a priori qualquer candidatura a qualquer mandato nas eleições gerais. Por enquanto é uma tendência que já começa a aparecer em disputas para Senado, Governador e Presidente. Pisou na bola tá fora!

Por exemplo, ontem José Serra fez uma jogada pusilânime para uma torcida muito particular. Evocou a república sindicalista de Jango, em pleno clube militar, o que é vergonhoso em dois sentidos. Primeiro porque ele fez isto dizendo que estavam errados os militares que julgaram o golpe necessário tendo em vista a eminência de uma república sindicalista no governo de Jango, porque segundo ele não havia isto lá em 1964. Segundo porque ele acusa o PT e a turma do Lula de fazer isto hoje, o que seria um bom motivo para derrotar a Dilma e...ou....

O que é um rematado absurdo que isso ainda bata na cabeça dele e que ele ainda se lembre disto e tenha esquecido que se fosse o caso não seria problema nenhum. Porque pelo menos os governantes teriam alguma forma de representatividade e não seriam meros usurpadores do poder do povo. Como aliás foram os militares e seus associados em 1964 e até 1989. Afinal de contas o que era aquilo? Na minha modesta opinião era um república de sindicato militar e de direita que se apropriou do poder não por amor a pátria ou em defesa do povo, simplesmente porque tinha seus interesses corporativos e de classe amplamente contrariados como se pode ver no discurso do ex-presidente João Goulart ou na carta testamento de Getúlio de agosto de 1954 (aqui no blog você teme estes dois textos).

O incrível é que esta expressão de Serra vem à tona agora justamente quando ele - que foi presidente da UNE - União Nacional dos Estudantes - em 1964, disputa a eleição contra Dilma que justamente foi em 1964 uma menina sensibilizada pela luta contra o golpe militar e, também, contra Plínio de Arruda Sampaio que era, justamente, um Deputado Federal decisivo na construção da Reforma Agrária no escopo das Reformas de Base propostas por Jango no discurso da Central do Brasil de 13 de março de 1964.

A impressão que me dá é que ele estava lá no palanque do João Goulart em 1964, mas não entendeu. Que ele se exilou no Chile durante a ditadura e não entendeu. E que ele voltou na redemocratização, fundou o PSDB com Mário Covas e FHC e não entendeu ainda nada disso. Disputou com Lula a eleição de 2002 e não entendeu. Conquistou a prefeitura de São Paulo, virou governador de São Paulo e, mesmo assim, ainda não entendeu. Não tá entendendo mesmo...

Que a diferença entre o que ele anda fazendo e a turma do Lula e do PT no Brasil inteiro é justamente: MAIS DEMOCRACIA!

A campanha de Dilma tem sido apresentada em programas de tevê de forma impecável. Confesso que eu imaginava que seriam programas de qualidade, mas não imaginava que a qualidade pudesse ser tamanha que de um ponto de vista técnico e de um ponto de vista político pudesse ser considerado irretocável e incorrigível. Não consegui encontrar nenhuma amostra de desleixo, irreflexão. Isto, na minha opinião soma também para a democracia, porque quanto mais claros e bem apresentados forem os candidatos mais eles facilitam o discernimento e a avaliação dos eleitores. Assim se ergue um paradigma de campanha e de fazer política para a democracia brasileira.

Dilma também tem se apresentado publicamente com mais desembaraço do que no início da campanha. Ouve uma evolução notável daquela senhora insegura no primeiro debate na tevê para a debatedora incisiva e límpida no primeiro debate da internet. E eu até penso que aquela entrevista tacanha do William Bonner no Jornal Nacional ajudou nisto. Pois ali ela acabou por entender como é que se comportam os adversários mais incisivos e desleais. Assim, no debate em seguida ela já passou a tirar de letra as bordoadas do Serra e no debate da internet demonstrou total segurança frente a alguams monstruosidades expressas por Serra que merece o prêmio destaque do ano na categoria monstruosidades verbais e substanciais. Nem precisa deitar e rolar sobre o exemplo do caso das APAES.

Dilma tem demonstrado compreensão assumida do passado, convicção explícita sobre o presente e um projeto de futuro muito claro na continuidade aos 8 anos do governo Lula. Dá para perceber claramente que ela sabe muito bem por onde prosseguir inclusive melhorando as políticas e programas do governo Lula. E Lula tem participado da campanha praticamente para endossar isto. O que aponta também o fato inédito de Lula ser o primeiro presidente a eleger o seu sucessor de forma consistente em primeiro turno, se tudo prosseguir no ritmo e na indicação que visualizamos hoje.

Assim se vê que ela avança na campanha e, é claro, que um candidato que faz isto acaba por crescer de forma notável na preferência dos eleitores atentos e isentos em seus juízos. É o que tem demonstrado claramente todos os quatro institutos de pesquisa nas últimas duas semanas quando passaram a apresentar resultados convergentes e concordantes, com pequenas diferenças entro da margem de erro. Todos eles indicam uma vitória no Primeiro Turno. Neste item Dilma promoveu a correção do método e apresentou um desdobramento e evolução amplamente medidos estatisticamente.

Isso, entretanto não fez ainda desaparecer aquela plêiade de preconceitos e acusações típicas da banda podre de Serra, mas nos mostra que o eleitorado brasileiro não é mais suscetível a estratégias de terror. A opinião pública brasileira não tem mais a tendência a se curvar a tentativas de pânico ou factóides pelos meios de comunicação. Tanto o PIG (Partido da Imprensa Golpista) quanto o PII (Partido da Imprensa Ingênua - categoria que inclui os jornalista inocentes e ignorantes - que depois dizem que não sabiam de nada e que não fizeram nada), perderam seu estrondoso poder de fogo.

A forma como a campanha está sendo conduzida também chama atenção. Para uma candidata com plataforma de massas, ou seja, com propostas para amplos setores da população a campanha está coerente e a movimentação é amplamente superiorà movimentação de Serra. Por exemplo, dilma virá praticamente quatro a cinco vezes ao Rio Grande do Sul durante a campanha e sempre com agendas positivas e de ampla repercussão social.

A primeira agenda é bom lebrar foi o próprio Lançamento da Campanha e é bom lembrar a todos os gaúchos sim: O PRIMEIRO ATO DE CAMPANHA DE DILMA FOI AO MEIO DIA DO DIA 6 DE JULHO DE 2010 NA ESQUINA DEMOCRÁTICA DE PORTO ALEGRE. Eu estava lá com muito orgulho.

De lá para cá - como um bom augúrio, Dilma avançou e promete conquistar a presidêcia de forma inédita, tanto por ser mulher quanto por vencer no primeiro turno. Ao mesmo tempo é aqui no sul também que ela alavanca a vitória de Tarso Genro ao governo do estado e provavelmente vai eleger uma grande bancada estadual e federal de deputados. Assim, o debate da eleição nacional acaba por organizar hierarquicamente as eleições estaduais dando principalidade ao projeto e não simplesmente às singularidades regionais.

É um novo Brasil que vai sair das urnas em 3 de outubro de 2010, com maior clareza de projeto nacional e federativo. E com certeza novos tempos virão também para as oposições e as situações, porque se prenuncia um novo tempo também aqui no Rio Grande do Sul, condizente com a perspectiva que tenha apontado em outros textos: talvez esta seja a última batalha entre PT e PMDB aqui no sul e, ao mesmo tempo, os gaúchos se reconciliam com Lula votando em Dilma e elegerão Tarso Genro governador superando uma crise e o anti-petismo artificial lavrado em redações, editorias e siglas que não suportam a possibilidade de ter que acompanhar mudanças profundas na gestão pública e o surgimento de novos protagonistas na política.

Boa Luta e até a vitória.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

TRÓIA - OS HERÓIS, A CORAGEM, A FORÇA E A JUSTA MEDIDA

Vou colocando as coisas aqui e dialogando com vocês.

PS.: Também estou levantando mais informações sobre o Dr. João Carlos Haas Sobrinho. Muitas descobertas e interrogações a serem interpretadas e respondidas. Ma sme surpreendo com a fecundidade e a energia presente em qualquer narrativa sobre ele e sua história.
Vale um belo texto.Estou passando o filme Tróia para os meus alunos da turma 2N1. E penso que teremos belos debates. Já que não tem como fazê-los ler a Ilíada o filme substitui parcialmente a necessidade e a tarefa de compreender respostas para duas questões:

É possível a coragem sem a medida?

A força tem êxito sem controle?

domingo, 22 de agosto de 2010

A CARTA DO DR. JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO A COMUNIDADE DE PORTO FRANCO, TOCANTINÓPOLIS E ESTREITO - 12 DE SETEMBRO DE 1972

Tenho realizado algumas pesquisas sobre o leopoldense e meu conterrâneo João Carlos Haas Sobrinho que tombou em luta fazendo parte da guerrilha no Araguaia em 30 de setembro de 1972. Passo hoje a publicar alguns resultados destas pesquisas IN MEMORIAM e com todo o respeito.

Toda vez que me falam da ditadura militar, eu me lembro dele, porque era razoavelmente próximo, do ponto de vista da minha comunidade de infância e adolescência. Não o conheci, nem frequentei seus grupos de convivência, mas conheci alguns jovens da sua geração os quais hoje passam dos 68 e 69 anos.

Quando o município de São Leopoldo, por decisão do prefeito municipal trata de edificar um monumento em homenagem a este jovem idealista e que sacrificou a própria vida por conta dos seus ideais, fui buscar mais informações. Quem quiser contribuir será bemvindo.

Aliás é bom lembrar que muitos outros da sua geração também merecem ter suas histórias contadas para tiramos da vala comum aqueles que foram capazes de lutar o que é incomum ainda entre nós.

Também olhei a capa da última revista Época desta semana que ao apresentar uma foto de Dilma Rousseff, parece querer, como um velho panfleto da TFP, criminalizar ou liquidar todos aqueles que resistiram de uma forma ou outra à ditadura. Esqueceu-se o seu editor - ou talvez nem saiba - que comunistas ou não, democratas ou revolucionários todos estes jovens acabaram por honrar a lei e a ordem na defesa da constituição violada e vilipendiada com o Golpe de 1964.

Ao contrário de muitos outros covardes que se encontravam em estruturas de poder Judiciário, Legislativo e Executivo, incluso aí nas forças armadas que assistiram a precipitação e a insanidade sem nenhuma reação organizada e politicamente consequente.

Eu sou daqueles que por conta da memória histórica e da admioração por estes jovens sempre canto o hino nacional com uma entonação mais forte na estrofe VERÁS QUE UM FILHO TEU NA FOGE À LUTA.

Em homenagem então a um destes filhos do Brasil que não fugiu à luta. E também como registro indireto que uma sua irmã de luta praticamente está - se tudo seguir assim - para se eleger presidenta deste pais, segue a carta:

A carta a seguir foi publicada no livro "Meu pé de tarumá florido", de Valdemar Gomes Pereira (Imperatriz: Ética, 1997, p.118-121). O autor foi amigo de João Haas, em Porto Franco. Segue como publicado, na íntegra:

AOS MEUS AMIGOS DE PORTO FRANCO, TOCANTINÓPOLIS E ESTREITO.

Após alguns anos de ausência, volto a dirigir-me à população dessa região, onde prestei serviços como médico durante mais de um ano.

Na atividade profissional, tive oportunidade de travar conhecimento íntimo com a difícil situação do povo dos sertões do Maranhão e Norte de Goiás. Qualquer morador é testemunha de que muitas pessoas morriam à míngua por falta de recursos para atendimento, mulheres faleciam por ocasião de partos, crianças eram vitimadas por verminoses, trabalhadores das matas sofriam violentos acessos de malária, e os que necessitassem de operação urgente não tinham tempo para alcançar o hospital mais próximo. Não havia um só médico nas localidades de Porto Franco, SãoJoão do Paraíso, Estreito, Araguatins, Itaguatins, Nazaré e Ananás. Tocantinópolis não dispunha de hospital.

Com a compreensiva ajuda dos habitantes, iniciei o trabalho em condições difíceis, chegando, com o tempo, a instalar pequeno hospital em Porto Franco. Doentes e acidentados procuravam socorro vindos de longínqüos recantos, muitas vezes sem dispor de transporte adequado. Atendi também a numerosos chamados viajando pelas precárias estradas e caminhos do sertão, ora em veículos, ora a pé. Sempre contei com a boa vontade e colaboração dos moradores e tornei-me amigo de todos. Muitas pessoas foram atendidas sem que dispusessem de um tostão para as despesas.

Era insuficiente um só médico para atender a um número de clientes que aumentava a cada dia; havia necessidade de um hospital bem aparelhado, corn instalações melhores, energia elétrica permanente, aparelhos de raio X, oxigênio etc. Muitas doenças poderiam ser evitadas se o Governo fornecesse verbas e desse assistência, distribuísse vacinas e medicamentos e realizasse campanhas educativas. Numerosas enfermidades eram causadas pela má alimentação, principalmente das crianças. Havia casos em que os pacientes atendidos não podiam adquirir os remédios indicados por causa do elevado preço. Tal situação continua até hoje inalterada, no essencial.

Na convivência com a população de Porto Franco, Tocantinópolis e Estreito, aprendi a conhecer seus problemas. São cidades pobres cujas prefeituras não contam com recursos suficientes para realizar obras que melhorem a vida do povo, como a pavimentação das ruas, a instalação de redes de esgotos e água encanada. A energia elétrica disponível é precária e incerta. São insuficientes as escolas públicas, cujos professores, além de contarem com vencimentos muito baixos, só os recebem com vários meses de atraso. Lembro bem que os habitantes de Porto Franco mantinham seu Ginásio com grande esforço, às próprias custas, sem ajuda do Governo. O grosso dos impostos recolhidos nos municípios fica retido pela administração federal e estadual, o que limita as verbas disponíveis para a realização das benfeitorias necessárias. Há grande falta de empregos, sendo em geral os salários muito baixos. Isso leva muitos jovens a deixarem suas famílias para virem ganhar a vida nas cidades maiores e numerosas moças pobres caírem na prostituição. Mesmo os poucos que conseguem concluir os cursos ginasial e colegial, se quiserem prosseguir seus estudos, precisam abandonar a região porque lá não existem faculdades.

Assim, a juventude local não tem condições para desenvolver sua capacidade de trabalho e não pode colaborar para o progresso de sua terra. Vê-se limitada a uma vida sem futuro e sem qualquer perspectiva.

A população mais pobre, além de viver na miséria, atravessa uma situação de insegurança sobre o dia de amanhã, sobre a alimentação e educação de seus filhos, pois as oportunidades de trabalho são poucas e incertas, com ganhos muito reduzidos.

Incomodado com tal situação dramática, que se agrava com o tempo, comecei a denunciar o descaso dos governantes em face das dificuldades do povo, a reivindicar recursos para a assistência médica, o que me tornou alvo das perseguições das autoridades. Vivia-se então como agora, sob uma ditadura feroz, sob o domínio dos militares, que não toleram vozes discordantes de sua política, não admitem a verdadeira oposição popular, oprimem o povo, prendem, torturam ou matam os patriotas, aqueles que lutam pelo progresso e se pronunciam em defesa do povo pobre.

Forçado a deixar a região do Tocantins, não pude então explicar aos amigos as causas daquele afastamento, nem atender aos reclamos da população, inclusive de S. Excia. Revma., o Sr. Bispo de Tocantin6polis, e outras pessoas de destaque, capazes de compreender os prejuízos que acarretaria a falta de médico no lugar. As demonstrações de apoio e propostas de ajuda, que recebi, então, são claro indício da presente necessidade de maior assistência médica para o interior de nosso país. Ainda hoje sou grato aos moradores de Porto Franco e cidades vizinhas por aquelas atitudes.

Desde aquela época, em fins de 1968, estive radicado nas proximidades de São Geraldo, em frente a Xambioá, onde me dediquei à assistência médica e ao comércio de medicamentos. Passei, assim, a residir em zona extremamente abandonada pelas autoridades federais e estaduais, carente das mínimas condições para que seu povo tenha uma vida sadia e feliz. Seus moradores enfrentam enormes dificuldades na derrubada das matas, no serviço da roça, no trabalho dos castanhais e das fazendas, no garimpo e no marisco. Não conseguem, entretanto, melhorar de vida, alimentam-se mal, são atingidos pelas doenças e não podem consultar um médico ou comprar remédios necessários. Muitas crianças crescem sem escola, quase não há estrada e os poucos caminhos existentes foram abertos pelos próprios moradores. Numerosos posseiros têm sido expulsos de suas terras por grileiros ambiciosos, com a ajuda de bate-paus e soldados, que maltratam e humilham os lavradores.

Em abril último, agravaram-se os sofrimentos daquela população, com a feroz investida de numerosas tropas do Exército, Aeronáutica e Polícia Militar do Pará, contra muitos moradores ali radicados. Apoiados por aviões, helicópteros e lanchas, equipados com armas modernas, essas tropas prenderam e espancaram muitos lavradores, assassinaram outros, queimaram suas casas e paióis, saquearam suas propriedades e continuam ainda hoje sua perseguição, perturbando a vida da população e procurando semear o terror naquela área.

Entretanto, muitos perseguidos decidiram não se entregar, refugiaram-se nas vastas matas ali existente e armaram-se com o que puderam para enfrentar a violência das forças armadas da ditadura. Também perseguido, juntei-me a eles, organizamo-nos, e hoje constituímos uma força armada disposta a lutar, não só pela própria sobrevivência, mas pelos interesses do povo, pelo progresso do interior, pela derrubada da ditadura militar e instalação de um governo democrático, que conduza nosso país pelo caminho da prosperidade, da liberdade e do bem-estar.

Nossas forças armadas, as FORÇAS GUERRILHEIRAS DO ARAGUAIA, estão lutando já há cinco meses no Sul do Pará, Norte de Goiás e Oeste do Maranhão e já tivemos vários choques com os soldados da ditadura, tendo-lhes causado perdas em mortos e feridos.

Elaboramos também um programa político, baseado nas necessidades mais prementes da população, divulgado em manifesto intitulado “Em Defesa do Povo Pobre e Pelo Progresso do Interior”. Em torno deste programa foi organizada a União Pela Liberdade e Pelos Direitos do Povo (ULDP), da qual participarão todas as pessoas, tanto as mais pobres - peões, castanheiros, mariscadores, garimpeiros, posseiros como estudantes, funcionários, comerciantes ou qualquer elemento que deseje lutar pela liberdade, pela emancipação nacional e pelo progresso das regiões atrasadas. Dirijo-me aos amigos e a toda a população de Porto Franco, Tocantinópolis e Estreito, bem como aos conhecidos dos municípios de Carolina, Imperatriz, Araguatins, Xambioá e Araguaína, conclamando-os a participarem desta luta. As Forças Guerrilheiras do Araguaia estão prontas a receber todo injustiçado, todo revoltado e inconformado com a atual situação, desde que queiram empunhar armas para libertar o Brasil. Aceitam, também, qualquer colaboração, seja como ajuda material, apoio político ou divulgação do programa da ULDP,

Com as mais variadas formas de participação nessa luta patriótica, crescerá a União Pela Liberdade e Pelos Direitos do povo (ULDP), aumentará sua influência e engrossará suas fileiras. Estou certo de que a grande maioria da população da região juntar-se-á à luta de todo o povo brasileiro por um governo realmente democrático e popular, por um país livre e próspero.

Em algum lugar das matas do Araguaia, 12 de setembro de 1972.

João Carlos Haas Sobrinho.

sábado, 14 de agosto de 2010

DILMA ALERTA PARA O SALTO ALTO NO RIO GRANDE DO SUL

Vi nossa candidata a presidente dizer em alto e bom som que NÃO ADIANTA AS PESQUISAS SORRIR PARA NÓS E É BOM QUE FAÇAM ISSO, A ELEIÇÃO SERÁ VENCIDA EM 3 DE OUTUBRO.

É a quinta vez que vejo ela neste ano aqui no Rio Grande do Sul e a cada vez ela me surpreende mais pela capacidade de dizer e fazer a coisa certa.

Assim como Lula não deixava a peteca cair em momento algum, ela também segue a mesma escola, jamais considerar vencida uma corrida não realizada e jamais considerar derrota um processo que não terminou.

Aliás, ela esteve aqui para um Ato da Frente Pluripartidária de Prefeitos e também para o lançamento do Comitê estadual na Sede do PDT. Não vão achando que a vida tá fácil para todos não.

O PDT sofre muito com a aliança com Fogaça, pois o aliado estadual é incapaz de retribuir o apoio dado e sequer consegue responder ao desafio muito objetivo de tomar posição, também, em relação ao seu candidato a vice presidente na chapa com Dilma.

Eu lembro que tem sido esta a tendência do PMDB do Sul ultimamente e que isto só agrava a dispersão dos seus militantes e, por outro lado, aumenta também a continuidade e imutabilidade dos seus quadros.

Tarso Genro em campanha e o PT, PSB, PCdoB PR e PPL confirmam a cada dia que estão também se encaminhando para a eleição com plenas condições de vencer. Aumenta a dissidência pelo estado inteiro nas bases de partidos que não tomaram posições ou que tomam posições ambíguas e irresolutas.

O que se viu no debate da última quinta-feira. Tarso em seus melhores dias, com intervenções claras e capacidade, mesmo num debate, de um diálogo com todas as forças. Fogaça aparentemente muito embaraçado e estranho, não se sabe se é isto resultado da sua imparcialidade ativa ou de informações mais atualizadas sobre as últimas pesquisas. E Yeda, por fim, entregando o jogo ao acusar Medina de um ataque civil, na discussão da defesa civil. Nõa passa de um ato falho dela. De fato, ela sofre um ataque civil sim, e quem ataca ela é o povo. Visualizo aí menos de dez por cento no primeiro turno para ela. Ou seja, só votam nela os correligionários mais avessos ao reconhecimento - muito racional - de que o seu governo foi um desastre político e cultural. Dos demais candidatos merecem destaque algumas propostas do Montserrat Martins (PV) em relação à saúde e os libelos de Pedro Ruas (PSOL) contra Yeda.

Então sem salto alto e com muita campanha vão se passando os dias.

Na próxima terça-feira inicia o Horário Político eleitoral e então veremos mais intensa ainda a consolidação da Dilma, de Tarso e a constituição de uma campanha com maior visibilidade.

Hoje pela manhã fizemos um caminhada pelas Ruas da Avenida São Borja levando Dilma, Tarso, Paim Abigail, Marcon e Ana para o eleitorado.

Me chamou a atenção a boa receptividade às bandeiras do PT e aos nossos candidatos da Unidade Popular e à candidatura da Ana.

sábado, 7 de agosto de 2010

TUCANOS E DEMOS DESNORTEADOS E DESSULIZANDO

Praticamente todas as últimas pesquisas VOX POPULI, SENSUS e IBOPE tem apontado que Dilma cresce e já vence em todos os segmentos e que, portanto, a boca do jacaré está abrindo de forma consistente.

Assim, os Tucanos e Demos que já estavam desnorteados começam a desenbarcar da candidatura Serra no norte do pais e começam a perder o sul também que era o único trunfo que eles tinham junto com o sudeste.

Parte muito importante do sudeste já se foi, isto é, Minas Gerais já vota majoritariamente em Dilma. O Rio e Janeiro já está com ela e só falta empatar em São Paulo.

Aqui no Rio GRande do Sul estou apostando numa vitória de mais de dois pontos.

Pois vem a campanha na tevê e eu duvido que o povo gaúcho não vai se reconciliar com o Lula nesta eleição e fazer isto votando na Dilma.

Isto é bom para o Tarso também.

Bom Fim de Semana

Hoje vamos para a campanha na Vila Brás aqui em São Leopoldo. É muito bom este contato com as pessoas.