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domingo, 29 de agosto de 2010

DILMA AVANÇA - PARA UM RESULTADO INÉDITO E INEQUÍVOCO - ENQUANTO SERRA EMPACA NO PASSADO PRÉ-1964

Somente em 3 de outubro o resultado final destas eleições sairá das urnas de forma inequívoca. Por isto, é bom evitar sempre, e mais do que nunca, o salto alto. As pesquisas são sempre suspeitas porque podem acomodar a militância e trazer surpresas desagradáveis. A esquerda tem diversas experiências negativas com pesquisas, tanto favoráveis, quanto desfavoráveis. Isto não nos impede de reconhecer, interpretar e explicar o que está acontecendo. Todos,indistinta e sabiamente, se recusam a comemorar ou a baixar a guarda.

Mas já podemos ver sinais muito claros do êxito da Candidatura de Dilma Roussef em diversos aspectos.

A sucessora de Lula - do Lulismo de resultados, contra aqueles que prefeririam um Lulismo sem resultados, avança sim para a vitória. A grandeza dessa vitória, entretanto, não deve nos deixar levar para o terreno de que tudo estará resolvido. Como bem aponta o Idelber Avelar, no Biscoito Fino e a Massa, não tem essa de Tsunami ou vitória estrondosa, pois a esquerda em geral e o PT em especial enfrentarão por muito tempo diversos outros adversários bem armados e constituídos.

Mas Dilma consegue manter o tom correto na disputa. Tanto em pesquisas, como na reação da candidata às pesquisas, quanto nos debates apresentados, quanto nos programas de tevê e na forma como está sendo conduzida a sua campanha, Dilma rompeu todas as barreiras contra a sua plataforma e rompeu todos os diques de contenção ao crescimento e afirmação do projeto nacional, levantados contra o PT, Lula e o programa democrático e popular construído no Brasil.

A candidata responde sempre com qualidade, tanto às provocações, como às perguntas. E existem diversos exemplos disto. Ontem mesmo foi provocada e respondeu sobre o que faria com relação a oposição após a eleição caso fosse vitoriosa, ela simplesmente tascou: No dia 3 de outubro a gente desmonta o palanque e estende a mão para aqueles que vierem aceitar a compor o governo. Ou comno consta na Folha On Line: "A gente desarma o palanque e estende a mão para quem for de boa vontade". Incluindo nisto José Serra. É uma demonstração de grandeza e civilidade necessária em meio às diversas baixarias que agora surgem como pura apelação no processo eleitoral.

Não pode ser atribuída nenhuma soberba à esta expressão, salto alto ou falta de respeito. Esta expressão é um performativo simples: faz, de um lado, um gesto positivo em direção aos adversários e reconhece, por outro lado, não haver nenhum motivo substancial para prosseguir a disputa após 2010.

Muitos estão decretando o Fim da oposição nos moldes PSDB/DEM até então desenvolvida, mas, de fato, é um passo mais importante do que parece para a democracia brasileira em outro aspecto. No que toca a qualidade das disputas políticas mudanças estão ocorrendo. Daqui a alguns anos factoídes, jogadas de baixo calão, ataques insensatos ou expressões de raiva e outras desqualificarão a priori qualquer candidatura a qualquer mandato nas eleições gerais. Por enquanto é uma tendência que já começa a aparecer em disputas para Senado, Governador e Presidente. Pisou na bola tá fora!

Por exemplo, ontem José Serra fez uma jogada pusilânime para uma torcida muito particular. Evocou a república sindicalista de Jango, em pleno clube militar, o que é vergonhoso em dois sentidos. Primeiro porque ele fez isto dizendo que estavam errados os militares que julgaram o golpe necessário tendo em vista a eminência de uma república sindicalista no governo de Jango, porque segundo ele não havia isto lá em 1964. Segundo porque ele acusa o PT e a turma do Lula de fazer isto hoje, o que seria um bom motivo para derrotar a Dilma e...ou....

O que é um rematado absurdo que isso ainda bata na cabeça dele e que ele ainda se lembre disto e tenha esquecido que se fosse o caso não seria problema nenhum. Porque pelo menos os governantes teriam alguma forma de representatividade e não seriam meros usurpadores do poder do povo. Como aliás foram os militares e seus associados em 1964 e até 1989. Afinal de contas o que era aquilo? Na minha modesta opinião era um república de sindicato militar e de direita que se apropriou do poder não por amor a pátria ou em defesa do povo, simplesmente porque tinha seus interesses corporativos e de classe amplamente contrariados como se pode ver no discurso do ex-presidente João Goulart ou na carta testamento de Getúlio de agosto de 1954 (aqui no blog você teme estes dois textos).

O incrível é que esta expressão de Serra vem à tona agora justamente quando ele - que foi presidente da UNE - União Nacional dos Estudantes - em 1964, disputa a eleição contra Dilma que justamente foi em 1964 uma menina sensibilizada pela luta contra o golpe militar e, também, contra Plínio de Arruda Sampaio que era, justamente, um Deputado Federal decisivo na construção da Reforma Agrária no escopo das Reformas de Base propostas por Jango no discurso da Central do Brasil de 13 de março de 1964.

A impressão que me dá é que ele estava lá no palanque do João Goulart em 1964, mas não entendeu. Que ele se exilou no Chile durante a ditadura e não entendeu. E que ele voltou na redemocratização, fundou o PSDB com Mário Covas e FHC e não entendeu ainda nada disso. Disputou com Lula a eleição de 2002 e não entendeu. Conquistou a prefeitura de São Paulo, virou governador de São Paulo e, mesmo assim, ainda não entendeu. Não tá entendendo mesmo...

Que a diferença entre o que ele anda fazendo e a turma do Lula e do PT no Brasil inteiro é justamente: MAIS DEMOCRACIA!

A campanha de Dilma tem sido apresentada em programas de tevê de forma impecável. Confesso que eu imaginava que seriam programas de qualidade, mas não imaginava que a qualidade pudesse ser tamanha que de um ponto de vista técnico e de um ponto de vista político pudesse ser considerado irretocável e incorrigível. Não consegui encontrar nenhuma amostra de desleixo, irreflexão. Isto, na minha opinião soma também para a democracia, porque quanto mais claros e bem apresentados forem os candidatos mais eles facilitam o discernimento e a avaliação dos eleitores. Assim se ergue um paradigma de campanha e de fazer política para a democracia brasileira.

Dilma também tem se apresentado publicamente com mais desembaraço do que no início da campanha. Ouve uma evolução notável daquela senhora insegura no primeiro debate na tevê para a debatedora incisiva e límpida no primeiro debate da internet. E eu até penso que aquela entrevista tacanha do William Bonner no Jornal Nacional ajudou nisto. Pois ali ela acabou por entender como é que se comportam os adversários mais incisivos e desleais. Assim, no debate em seguida ela já passou a tirar de letra as bordoadas do Serra e no debate da internet demonstrou total segurança frente a alguams monstruosidades expressas por Serra que merece o prêmio destaque do ano na categoria monstruosidades verbais e substanciais. Nem precisa deitar e rolar sobre o exemplo do caso das APAES.

Dilma tem demonstrado compreensão assumida do passado, convicção explícita sobre o presente e um projeto de futuro muito claro na continuidade aos 8 anos do governo Lula. Dá para perceber claramente que ela sabe muito bem por onde prosseguir inclusive melhorando as políticas e programas do governo Lula. E Lula tem participado da campanha praticamente para endossar isto. O que aponta também o fato inédito de Lula ser o primeiro presidente a eleger o seu sucessor de forma consistente em primeiro turno, se tudo prosseguir no ritmo e na indicação que visualizamos hoje.

Assim se vê que ela avança na campanha e, é claro, que um candidato que faz isto acaba por crescer de forma notável na preferência dos eleitores atentos e isentos em seus juízos. É o que tem demonstrado claramente todos os quatro institutos de pesquisa nas últimas duas semanas quando passaram a apresentar resultados convergentes e concordantes, com pequenas diferenças entro da margem de erro. Todos eles indicam uma vitória no Primeiro Turno. Neste item Dilma promoveu a correção do método e apresentou um desdobramento e evolução amplamente medidos estatisticamente.

Isso, entretanto não fez ainda desaparecer aquela plêiade de preconceitos e acusações típicas da banda podre de Serra, mas nos mostra que o eleitorado brasileiro não é mais suscetível a estratégias de terror. A opinião pública brasileira não tem mais a tendência a se curvar a tentativas de pânico ou factóides pelos meios de comunicação. Tanto o PIG (Partido da Imprensa Golpista) quanto o PII (Partido da Imprensa Ingênua - categoria que inclui os jornalista inocentes e ignorantes - que depois dizem que não sabiam de nada e que não fizeram nada), perderam seu estrondoso poder de fogo.

A forma como a campanha está sendo conduzida também chama atenção. Para uma candidata com plataforma de massas, ou seja, com propostas para amplos setores da população a campanha está coerente e a movimentação é amplamente superiorà movimentação de Serra. Por exemplo, dilma virá praticamente quatro a cinco vezes ao Rio Grande do Sul durante a campanha e sempre com agendas positivas e de ampla repercussão social.

A primeira agenda é bom lebrar foi o próprio Lançamento da Campanha e é bom lembrar a todos os gaúchos sim: O PRIMEIRO ATO DE CAMPANHA DE DILMA FOI AO MEIO DIA DO DIA 6 DE JULHO DE 2010 NA ESQUINA DEMOCRÁTICA DE PORTO ALEGRE. Eu estava lá com muito orgulho.

De lá para cá - como um bom augúrio, Dilma avançou e promete conquistar a presidêcia de forma inédita, tanto por ser mulher quanto por vencer no primeiro turno. Ao mesmo tempo é aqui no sul também que ela alavanca a vitória de Tarso Genro ao governo do estado e provavelmente vai eleger uma grande bancada estadual e federal de deputados. Assim, o debate da eleição nacional acaba por organizar hierarquicamente as eleições estaduais dando principalidade ao projeto e não simplesmente às singularidades regionais.

É um novo Brasil que vai sair das urnas em 3 de outubro de 2010, com maior clareza de projeto nacional e federativo. E com certeza novos tempos virão também para as oposições e as situações, porque se prenuncia um novo tempo também aqui no Rio Grande do Sul, condizente com a perspectiva que tenha apontado em outros textos: talvez esta seja a última batalha entre PT e PMDB aqui no sul e, ao mesmo tempo, os gaúchos se reconciliam com Lula votando em Dilma e elegerão Tarso Genro governador superando uma crise e o anti-petismo artificial lavrado em redações, editorias e siglas que não suportam a possibilidade de ter que acompanhar mudanças profundas na gestão pública e o surgimento de novos protagonistas na política.

Boa Luta e até a vitória.

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