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domingo, 6 de dezembro de 2009

PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS ENTRE ALUNOS E PROFESSORES

O que segue é um pequeno excerto do comentário inicial introdutório ao PROJETO DE REDUÇÃO DO USO DE DROGAS DO OLINDO FLORES. Trata-se das bases da discussão sobre o projeto. Boa parte dos conteúdos tem origem na Formação à distância realizada entre setembro e dezembro de 2009. O estudo foi feito em grupo. Segue o texto:

Entre os Aspectos Teóricos estudados no curso precisamos destacar que na relação do adolescente e do educador com as drogas sempre há uma situação de ambivalência entre repressão e compreensão do fenômeno.

De um lado, o educador sente-se tocado pela fragilidade do aluno e pela condição de risco do mesmo e, assim, procura compreender o fenômeno inserido num processo em que sua posição também fica fragilizada, exposta e sensibilizada . De outro lado, o educador vê no aluno também um delinquente, um sujeito que ameaça a sua integridade e tranquilidade dentro de um processo social.

Esta ambivalência – esta situação de dois valores – traz ao professor o desafio de enfrentar o que ocorre e de ser capaz de compreender sem fazer excessivas concessões ao comportamento e sem se omitir perante uma realidade que pode, para alguns educadores, ser invisível e pouco percebida.

Temos aí justamente um dos primeiros problemas do enfrentamento ao tema. Reconhecer que ele ocorre à nossa frente, reconhecer que a sua visibilidade requer de nós mais observação, maior conhecimento do aluno e a superação de uma impessoalidade confortável, visto que muitos educadores e gestores promovem um discurso em que reduzem o seu e o nosso envolvimento com o aluno e, portanto, nos desincumbem de encarar certas situações que, na maior parte das vezes, são vistas como problemas pessoais do aluno e de sua família, e não como problemas escolares e sociais.

Esta é a primeira barreira a ser superada, o primeiro debate a ser levantado, a ser construído com todos os educadores e membros da comunidade escolar. O problema das drogas é um problema da escola sim, é um problema social sim, não é um problema “deles”, dos “outros” ou “daquela gente”. É um problema de todos nós.

Esta ambivalência também toca à perspectiva dos alunos e dos familiares. Não é por força da lei que os educadores devem tratar do tema das drogas. O tema das drogas deve ser enfrentado na escola como pré-condição para uma educação mais saudável.

Ainda que seja um crime tipificado o uso, porte e tráfico de drogas, a nossa relação com este tema deve ser a de procurar saber por que tal hábito – a adicção ao uso de determinadas substâncias legais e ilegais – se desenvolve com este, aquele e qualquer jovem. Em outra formação, tomamos conhecimento de uma concepção em que este hábito se apresenta em contextos de insatisfação, desprazer e inconformidade com determinadas circunstâncias de vida, lazer e atividades sociais.

No curso, este tema aparece como uma inadaptação, ou seja, um processo no qual o jovem – e também aqui, o adulto, os educadores e todos os outros sujeitos deste processo social – não conseguem obter prazer das relações e dos hábitos mais conformados ou adaptados. De um lado temos um sujeito e suas frustrações, de outro lado, temos uma falta de abertura para relações autênticas e sem uma mediação ou instrumentação de relações para desenvolvê-las.

Um exemplo disto é também a fixação de alguns indivíduos em só tomar ou reconhecer como momento de prazer momentos em que ocorre alguma forma de distorção da realidade ou momentos em que as fantasias dominam, desde que esteja à mão aquele copo de bebida alcoólica ou outras substâncias desinibidoras. Ora, se isto é assim, é porque os indivíduos, ao natural, encontram-se sempre inibidos e bloqueados na fruição de suas fantasias e desejos. Portanto, trata-se aqui também de um efeito de uma constelação repressiva sobre os indivíduos. É a necessidade de desinibir que traz consigo como única possibilidade de fruição o uso de determinadas substâncias.

É importante tratar destes temas singelos (sic), também porque precisamos como educadores reconhecer nossas mazelas próprias e nossa relação com as substâncias lícitas. Não temos dúvida de que o uso do tabaco e das bebidas alcoólicas por parte dos educadores também é um desafio importante a ser tocado na prevenção ao uso de drogas. Aliás, isto é algo que, em especial, observamos num dos momentos da formação, o fato de que o uso de determinadas substâncias por parte dos educadores também deve ser questionado.

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