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domingo, 11 de outubro de 2009

DOIS MESES SEM FUMAR - PARECE SEM VOLTA - MAS.....

Estou numa fase que eu não sei se existe para todos os ex-fumantes, mas me parece muito interessante, porque é nela que estou fazendo uma análise das minhas experiências simbólicas, imaginárias e reais com o cigarro.

É nela que aparecem todas as lembranças dos cigarros e marcas que fumei. Vale lembrar que falei que parei de fumar porque considerei já haver fumado todos os cigarros possíveis e em circunstâncias as mais diversas. Como exemplo, vou citar algumas marcas rapidamente. Comecei pitando Hilton longo, experimentei quase todos os cigarros lançados entre 1977 e 1991, tinha uma curiosidade sobre o sabor de marcas antigas. A partir dela, dessa curiosidade, fumei cigarros importados Galoisies (franceses clássicos), cigarros nacionais tipo Continental sem filtro (que tinha a embalagem e o logotipo mais charmoso que me lembro), Chanceler, Pall Mall (rsss), e tive a fase Noir e pesada de fumar Malhrboro (SIC rss) também.

Este último me levou a uma insuficiencia respiratória precoce aos 19 anos que me fez para de fumar por uns bons três anos e meio. Já tive até aquela fase clean (rsss.) dos fumantes de FREE que pensam que são mais livres e que fumam menos veneno que outros (nossa com esta meu blog vai ser punido e processado). Mas é claro pessoal que nenhuma empresa tem culpa da adicção ao vício de fumar ou hábito de fumar afinal, só fuma quem quer.

Nesta fase tenho pensado também em outras coisas. É nela que aparecem claramente os efeitos do marketing e da publicidade na relação com o meu vício, a minha adicção ao hábito de fumar. Devo lembrar que devemos pensar no marketing direto, na propaganda de Jornal, de Revistas, Rádio e Tevê, ao marketing indireto ou subliminar presente no cinema, nas novelas, e até em programa de auditório. Ainda que a legislação hoje seja muito mais restritiva em diversos aspectos. Lembro a vocês dos carros de fórmula 1 e outras competições em que havia marcas de cigarros competindo. Afinal desde Fittipaldi até o Senna, passamos por marcas como JPS, Camel, e M.

E, provavelmente, a maioria dos jovens que fazem parte da minha geração e de outras, também tiveram reforço em suas motivações para fumar através da linguagem simbólica dos vencedores e destemidos. Tinha propaganda em campos de futebol e haviam inclusive jogadores que fumavam lá nos anos 70. Hoje ser atleta é absolutamente antitético ao hábito de fumar. Mas o cigarro e suas propagandas tem alguns efeitos não muito sensatos.

Extrair estes efeitos e seus sinais originais talvez ajude a extrair convicções que estejam habitando a subjetividade de diversos fumantes por aí.

Desde o pré-adolescente que rouba um cigarro para experimentar até o adulto que chegou a comprar uma caixa com dez maços de cigarros para não faltar (confesso que fiz isto só uma ou duas vezes).

A ironia da história é que inadvertidamente comecei a fumar pensando que era uma coisa boa. Olhava os adultos fumando e pensava: fumar deve ser bom. Me perguntava: porque só os adultos podiam fumar. Se era coisa boa porque só quando eu for adulto vou poder fumar com liberdade. E daí vinha a imediata associação entre o hábito de fumar e o direito à certas coisas, a liberdade e a assunção de um jovem à vida adulta. Neste último sentido imagine que você será um homem feito se pendurar um cigarro ao canto da boca e aprender a falar com ele ali. Rsss (lembre-se de Humphrey Bogart em qualquer um de seus filmes da fase Noir, incluso Casablanca).

A relação entre cigarro e cinema também teve um efeito no meu imaginário e no domínio do simbólico. Quando eu era pré-adolescente ganhamos eu e meu irmão uma tevê preto e branco de 14 polegadas que foi parar no nosso quarto em virtude da aquisição de uma tevê melhor para a Cozinha e também porque minha irmã mais velha saiu de casa. No começo eu olhava pouca tevê, mas não demorou para eu virar um viciado completo em ver tev~e as altas horas da madrugada. Era o Corujão todas as noites. Bem, foi uma importante experiência porque vi filmes que você não vê em circuíto normal e me defrontei com filmes em que na maior parte das vezes o mocinho, o policial, o herói e qualquer outro personagem masculino digno de observação e de se seguir o exemplo, com alguma admiração, simplesmente fumava e fumava muito.

Uma análise dos filmes que mostram isto deveria ser feita para nos apercebermos de quão forte foi esta indução. E vale a pena lembrar os filmes dos anos 90 também, em que o apelo a masculinidade, à coragem e a independência dos personagens vinha com um maço de cigarros no bolso e um cigarro na boca. Lembro David Linch que fez um filme inteiro com closes num palito de fósforo chamuscando prestes a acender um cigarro. Um grande cineasta aliás (veja-se Blue Velvet). E nos anos 70 haviam diversas séries da tevê americana em que o mocinho fumava.

Estes dias revi alguns destes personagens tais como Columbo, Baretta e Kojak, só para ficar em grandes exemplos, e me dei por conta do charme e do papel do cigarro entre uma reflexão e outra, em meio a investigação. Tudo se passa como se a reflexão, a acribia, o discernimento e a precisão só tivessem lugar em meio a uma baforada deste ou daquele cigarro.

Aliás, um motivo banal para parar de fumar foi o que eu me lembrei estes dias quando descobri que o cigarro que eu fumava esta desaparecendo e sendo substituído por outra marca e nome. Eu fumava Carlton que agora vai virar Dunhill. Já é um outro motivo. rssss.

Vou terminar este texto de hoje dando um outro motivo para parar de fumar. Consegui reduzir razoavelmente uma quantidade de coisas que carregava nos bolsos. Um maço de cigarro a menos e um isqueiro e já deu espaço para o meu celular ficar mais à vontade.

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