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domingo, 14 de junho de 2009

PURSUIT OF HAPINESS

PURSUIT OF HAPPYNESS

É tanto um título de filme quanto um conceito presente na Declaração da Independência americana de 4 de julho de 1776. Num filme em que vemos a aventura de um homem na construção do seu destino. Numa Declaração de liberdade e de direitos. Liberdade em relação à metrópole colonial inglesa e de direitos humanos em relação à submissão tradicional constituída no absolutismo que era herdeira do sistema feudal de produção.

Um conceito amplo que envolve tanto o direito de autodeterminação dos povos quanto o direito a busca da felicidade dos cidadãos individualmente considerados. Creio que este conceito é base da democracia bem formada, a saber, aquela que reconhece que o direito de escolha é subjetivo e incontrastável, por principio universal e por direito natural. E que ao reconhecer isto considera invioláveis a vontade geral dos cidadãos e a vontade individual dos mesmos. É a base, aliás, do direito a livre expressão das idéias e do direito à rebelião, ou como foi reconhecido depois, do direito à desobediência civil. Não é um conceito fácil. Pois admite um conflito entre o geral e o particular.

Esta Declaração merece mais atenção nossa, não pelo que eles, os americanos, em relação ao resto dos povos e países são hoje – imperialistas e dominantes, mas pelo que eles queriam ser antes e pelo fato de que ela possui um conceito fundamental para a democracia e as assim chamadas liberdades individuais.

E não adianta cair naquela balela de que só os pais fundadores entendiam o que escreviam. O conceito é como diz Thomas Jefferson algo auto-evidente e perceptível ao homem comum.

Você encontra na mentalidade americana certa convicção sobre o direito e a liberdade de escolher o seu próprio caminho, ainda que isto não seja muito respeitado por seus atuais representantes em relação a auto-determinação dos povos (fundamental para a Declaração da colônia em relação à metrópole).

Ou seja, a diferença entre buscar, procurar e perseguir é conceitualmente mais relevante para eles e talvez para nós do que aparenta a primeira vista. Até porque no nosso caso a tradução usual é busca da felicidade e não perseguir a felicidade.

Na nossa gramática da práxis cotidiana ela fica quase invisível por causa desta tradução, mas neste caso podemos perguntar se esta invisibilidade encobre um fundo subjetivo importante e relevante na interpretação das escolhas políticas e morais ou se tentar compreendê-la é um artifício superficial e piegas. Eu creio na primeira opção.

Sempre lembro uma máxima de que uma pequena e sutil diferença semântica pode ser a ante-sala de uma importante diferença conceitual. E esta é no caso aqui a diferença entre perseguir e procurar.

Ali fica tácita a idéia de que quem persegue sabe exatamente o que procura e tem convicção sobre o caminho a seguir para atingir o que almeja, quer e deseja. Enquanto quem procura está a tatear uma coisa e outra na convicção que a afirmação da escolha está presente na base do perseguir.

Mas se esta convicção é intransferível então é nisto que reside a sua dimensão individual seja para o coletivo, o POVO, seja para o indivíduo livre.

– veja bem – o sujeito sabe bem como chegar aonde quer, tem uma idéia.

Disto, ao mesmo tempo, não se segue que tal caminho é compatível com a busca de outrem ou que possa orientar a busca de outrem. Há aqui uma exclusão de natureza especial entre um e outro. Pode, como já se sabe na prática, haver certa competição ou concorrência de objetivos. Nesse sentido esta competição pode ser pela mesma coisa como por coisas diferentes.

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Podemos aceitá-la como alternativa mas não como regra.

Cada um é cada um reza o principio ocidental do direito à liberdade e à diferença.

Assim o direito a busca da felicidade ou a perseguir a sua própria felicidade é um direito individual e subjetivo e independe do reconhecimento ou compreensão alheia do caminho a seguir ou perseguir.

Por mais difícil que seja aceitar isto – e é uma lacuna racional desta teoria – temos que entender a sua base melhor, ou aceitar melhor esta nuance subjetiva que não é pequena nem pouco importante.

No personagem do filme, interpretado por Will Smith, observamos o insight dele ao ver um executivo do mercado acionário na rua com a boca nas orelhas, um charme com as mulheres e um carro novo (uma Ferrari), e decidir que é isso que ele quer ser na vida.

A força da sua convicção de que o caminho que ele escolheu leva exatamente para onde ele quer ir e ele vai in happiness.

Neste personagem e na vida certezas e crenças são sentimentos com indícios em componentes subjetivos e objetivos indemonstráveis.

Você não tem como provar que ele vai chegar lá, você não consegue aceitar o risco que ele aceita e você também não faria o sacrifício que ele faz para ousar, tentar sonhar chegar aonde quer.

Mas ele consegue.

Acabo de voltar a pensar filosoficamente sobre isto por efeito das minhas experiências e observações da vida política dos últimos dez anos e também em virtude de algumas leituras e manifestações que tenho encontrado na imprensa em geral, mas é claro que isto não significa nada nem para o leigo e nem para o sábio e nem deveria.

Primeiro porque o leigo não corre certos tipos de riscos, segundo porque o sábio evita estes riscos.

Concluindo está digressão, pursuit of happiness é uma atitude e um direito de um tipo de homem intermediário, nem comum nem superior, mas aquele que consegue crer no seu sonho.

Assim, a declaração e o homem intermediário diz PURSUIT OF HAPPINESS, persigo e sei que encontrarei o meu caminho.

Uma boa vida aos meus amigos que aqui passarem hoje, se estiverem procurando talvez não tenhamencontrado ainda, para além de um jogo de palavras pense e persiga o sentido duplo e elucidativo delas.

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