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domingo, 21 de junho de 2009

ARISTÓTELES - TRADUÇÕES E VERSÕES PARA O PRINCÍPIO DE NÃO CONTRADIÇÃO

VERSÃO E OPÇÕES NOSSAS


“Porém há alguns que, segundo dizemos, pretendem , por uma parte, que uma mesma coisa é e não é, e que, por outra parte, o concebem assim. E usam esta linguagem muitos inclusive dos que tratam acerca da Natureza. Porém nós acabamos de ver que é impossível ser e não ser simultaneamente, e deste modo temos mostrado que este é o mais firme de todos os princípios. Exigem, certamente, alguns, por ignorância, que também isto se demonstre; é ignorância, em efeito, não conhecer de que coisas se deve buscar demonstração e de que coisas não. Pois é impossível que exista demonstração absolutamente de todas as coisas ( já que se procederia ao infinito, de modo que tão pouco assim haveria demonstração); e, se de algumas coisas não se deve buscar demonstração, acaso podem dizer para nós que princípio necessita menos demonstração que este?

Porém se pode demonstrar por refutação também a impossibilidade disso ( da impossibilidade de que o mesmo algo é e não é simultaneamente ), contando somente com que diga algo o adversário; e, se não diz nada, é ridículo tratar de discutir com quem não pode dizer nada, enquanto que não possa dizê-lo; pois esse tal, enquanto tal, é por ele mesmo semelhante a uma planta. Porém digo que demonstrar refutativamente não é o mesmo que demonstrar, pois pareceria reinvindicar, aquele que quer demonstrar, que se aceite o que está contido no princípio em questão; porém sendo outro o causante de tal coisa, haveria refutação e não demonstração.

E o ponto de partida para todos os argumentos dessa classe não é exigir que o adversário reconheça que algo é e não é ( pois isto sem dúvida podería ser considerado como uma petição de princípio), senão que signifique algo para ele mesmo e para outro; isto, com efeito, ele necessariamente tem de reconhecê-lo se realmente quer dizer algo; pois, se não, este tal não poderia raciocinar nem consigo mesmo nem com outro. Porém, se concede isto, será possível uma demonstração, pois já há algo definido. Porém o culpável ( pela petitio principii ), não será o que demonstra, senão aquele que se submete à demonstração; pois, ao destruir o raciocínio, se submete ao raciocínio. Além disso, aquele que concede isso já tem concedido que há algo verdadeiro sem demonstração [ por conseguinte não se pode afirmar que tudo seja assim e não assim ].”

Metafísica, LIVRO GAMMA, 4, 1005 b 35 - 1006 a 29.



TRADUÇÃO DE VALLANDRO (1969)

Há, como dissemos quem afirme a possibilidade de a mesma coisa ser e não ser a um tempo, e que assim se pode pensar. E, entre outros, muitos físicos usam essa linguagem. Mas, quanto a nós, acabamos de estabelecer que é a qualquer coisa impossível ser e não ser simultaneamente, mostrando, assim, que este é o mais indiscutível de todos os princípios. - Alguns, na verdade, exigem que também ele seja demonstrado, mas isso provém da sua ignorância, pois não saber de que coisas se deve requerer prova e de quais não se deve, revela falta de instrução. Efetivamente, é impossível dar demonstração de tudo (teríamos, então, uma série regressiva infinita, e nenhuma prova poderia haver); mas, se há coisas de que não se deve exigir prova, nenhuma mais evidente do que esta poderiam eles apontar.

Podemos, sem embargo, demonstrar negativamente que essa opinião é impossível, contanto que o nosso adversário afirme alguma coisa; e, se ele nada disser, é absurdo querer dar razão de nosso modo de pensar a quem não dá razão de nada, por não ter nenhuma. Pois um tal homem, desse ponto de vista, não seria mais que um vegetal. Ora, a prova por via de refutação eu distingo da prova propriamente dita, porque nesta última se poderia talvez descobrir uma petição de princípio, mas se uma outra pessoa for responsável pela asserção, teremos a prova negativa e não a prova direta. O ponto de partida de todos os argumentos desta espécie não é pretender que o nosso adversário diga que alguma coisa é e não é (o que poderia talvez ser tomado por uma petição de princípio), mas que diga algo que tenha significação tanto para ele próprio como para um outro; pois isso é necessário, se realmente ele quer dizer algo. Se nada quer dizer, um tal homem não será capaz de raciocínio, quer consigo mesmo, quer com um outro. Mas, uma vez admitido isto, a demonstração se torna possível, pois nesse caso teremos uma asserção definida. O responsável pela petição de princípio, contudo, não é o que demonstra, mas o que escuta a demonstração; porquanto, ao mesmo tempo que refuta o raciocínio, submete-se a ele. E, por outro lado, quem admite isso já admitiu que há algo de verdadeiro fora de qualquer demonstração [ de modo que nem tudo será “assim e não assim”].



TRADUÇÃO DE ROSS - 1928

There are some who, as we said, both themselves assert that it is possible for the same thing to be and not to be, and say that people can judge this to be the case. And among others many writers about nature use this langage. But we have now posited that it is impossible for anithing at the same time to be and not to be, and by this means have shown that this it the most indisputable of all principles. Some, indeed demand that even this shall be demonstrated, but this they do throught want of education, for not to know of what things one should demand demonstration, and of what one should not, argues want of education. For it is impossible that there should be demonstration of absolutely everithing (there would be an infinite regress, so that there would still be no demonstration); but if there are things of which one should not demand demonstration, these persons could not say what principle they maintain want to be more self-evident than the present one.

We can, however, demonstrate negatively even that this view is impossible, if our opponent will only say; and if he says nothing, it is absurd to seek to give an account of our views to one who cannot give an account of anything, in so far as he cannot do so. For such a man, as such, is from the start no better than a vegetable. Now negative demonstration I distinguish from demonstration proper, because in a demonstration one might be throught to be begging the question, but if another person is responsible for the assumption we shall have negative proof, no demonstration. The starting-point for all such arguments is not the demand that our opponent shall say thet something either is or is not (for this one might perhaps take to be a begging of the question), but that he shall say something which is significant both for himself and for another; for this necessary, if he really is to say anithing. For, if he means nothing, such a man will not be capable of reasoning, either with himself or with another. But if any one grants this, demonstration will be possible; for we shall already have something definite. The person responsible for the proof, however, is not he who demonstrates but he who listens; for while disowning reason he listens to reason. And again he who admits this has admitted that something is true apart from demonstration [ so that not everything will be ‘so and not so’ ].



TRADUÇÃO DE KIRWAN - 1993

There are those who, as we said, both themselves assert that it is possible for the same thing to be and not to be, and [ assert that it is possible ] to believe so. Many even of writers on nature make use this statement. But we have just accepted that it is impossible to be and not to be simultaneously, and we have shown by means af this that it is the firmest of all principles. Some, owing to lack of training, actually ask that it be demonstrated: for it is lack of training not to recognize of which things demonstration ought to be sought, and of which not. For in general it is impossible that there should be demonstration of everything, since it would go on to infinity so that not even so would it be demonstration. But if there are some things of which demonstration ought not to be sought, they could not say what they regard as a principle more fully of that kind.

But even this can demonstrated to be impossible, in the manner of a refutation, if only the disputant says something. If he says nothing, it is ridiculous to look for a statement in response to one who has a statement nothing, in so far as he has not; such a person, in so far as he is such, is similar to a vegetable. By ‘demonstrating in the manner of a refutation’ I mean something different from demonstrating, because in demonstrating one might be thought to beg the original [ question ], but if someone else is cause of such a thing it must be refutation and not demonstration. In response to every case of that kind the original [ step ] is not to ask him to state something either to be or not to be (for that might well be believed to beg what was originally at issue), but least to signify something both to himself and to someone else; for that is necessary if he is to say anithing. For if he does not, there would be no statement for such a person, either in response to himself or to anyone else. But if he does offer this, there will be demonstration, for there will already be something definite. But the cause is not he who demonstrates but he who submits; for eliminating statement he submits to statement. Again, anyone who agrees to this has agreed that something is true independently of demonstration.

First, then, it is plain that this at least is itself true, that the name signifies to be or not to be this particular thing, so that it could not to be that ecerything was so-and-so and not so-and-so.


TRADUÇÃO DE TRICOT - 1953

Démonstration indirecte du principe de contradiction

Il y a des philosophes qui, comme nous l’avons dit, prétendent, d’une part, que la même chose peut, à la fois, être et n’être pas, et, d’autre part, que la pensée peut le concevoir. Ce langage est aussi celui d’un grand nombre de physiciens. Quant à nous, nous venons de reconnaître qu’il est impossible, pour une chose, d’être et de n’être pas en même temps, et c’est en nous appuyant sur cette impossibilité que nous avons montré que ce principe est le plus ferme de tous. Quelques philosophes réclament certes une démonstration même pour ce principe, mais c’est par une grossière ignorance: c’est de l’ignorance, en effet, que de ne pas besoin. Or il est absolument impossible de tout démontrer: on irait à l’infini, de telle sorte que, même ainsi, il n’y aurait pas démonstration. Et s’il y a des vérités dont il ne faut pas chercher de démonstration, qu’on nous dise pour quel principe il le faut moins que pour celui-là?

Il est cepedant possible d’établir par refutation l’impossibilité que la même chose soit et ne soit pas, pourvu que l’adversaire dise seulement quelque chose. S’il ne dit rien, il est ridicule de chercher à discuter avec quelqu’un qui ne peut parler de rien [ en tant qu’il ne le peut] : un tel homme, en tant que tel, est dès lors semblable à un végétal. Mais établir par voie de réfutation, je dis que c’est là tout autre chose que démontrer : une démonstration proprement dite aurait toute l’apparence d’une pétition de principe, tandis que si c’est un autre qui était responsable d’une telle pétition de principe, nous serions en présence d’une réfutation, et non d’une démonstration. Le point de départ pour tous les arguments de cette nature, c’est de requerir de l’adeversaire, non pas qu’il dise que quelque chose est ou n’est pas ( car on pourrait peut-être croire que c’est supposer ce qui est en question), mais qu’il dise du moins quelque chose qui ait une signification pour lui-même et pour autrui. Cela est de toute nécessite, s’il veut dire réellement quelque chose; sinon, en effet, un tel homme ne serait capable de raissoner, ni avec lui- même, ni avec un autre. Si, par contre, il concède ce point, une démonstration pourra avoir lieu, car on aura déjà quelque chose de vrai independant de toute démonstration, d’où il suit, que rien ne saurait être ainsi et non ainsi.


TRADUÇÃO DE COLLE - 1931

Mais, comme nous le disions, certains soutiennent et que la même chose peut être et ne pas être, et qu’on est capable de penser cela. Telle est, notamment, la thèse de beaucoup d’entre ceux qui traitent de la nature. Mais quant à nous, nous venons de considérer comme impossible qu’une chose, tout à la fois, soit et ne soit pas; c’est même ainsi que nous avons prouvé que c’etait là le plus assuré de tous les principes. Maintenant, il en est qui, manque de formation, prétendent démontrer ce principe. Car c’est manque de formation, que d’ignorer de quelles choses il faut chercher une démonstration et de quelles choses il n’en faut point chercher. Il est, en effet, impossible qu’il y a ait une démonstration de toutes choses absolument. Car on irait à l’infini, si bien qu’il n’y aurait même plus, alors, de démonstration possible. Or, s’il y a certaines choses dont il ne faille pas chercher de démonstration, assurément les personnes dont il s’agit ne pourraient pas indiquer quel autre principe, selon elles, serait dans ce cas plus que le principe considéré. Mais ce que l’on peutfaire même au sujet de ce principe-là, c’est de démontrer par réfutation l’impossibilité en question, pour peu que l’adversaire veuille dire quelque chose. S’il ne veut rien dire, chercher à discuter contre quelqu’un qui ne peut parler de rien serait ridicule. Car un tel homme est, à ce point de vue, pareil à une souche. Voici la différence que je mets entre démontrer par réfutation et démontrer: c’est que, si l’on démontre, on paraîtra faire une pétition de principe, tandis que, si quelqu’un d’autre est cause de cela, il y aura moyen de faire, non pas una démonstration, mais une réfutation. Le point de départ, contre toutes les thèses de ce genre, ce n’est pas de postuler que l’adversaire dise que quelque chose est, ou bien que quelque chose n’est pas ( car on considérerait cela, sans doute, comme une pétition de principe ) mais de supposer comme accordé que les paroles de l’adversaire signifient quelque chose et pour lui-même et pour autrui. Car c’est là une conséquence nécessaire, du moment que l’adversaire parle. De fait, si cela n’etait pas accordé, on aurait affaire à un homme qui ne peut point parler, ni à lui-même ni à autrui. Mais si on l’accordé, la démonstration devient possible. Car on aura, dès lors, quelque chose de déterminé. Mais la faute en sera, non à celui qui démontre, mais à celui qui se prête à la démonstration. Car, quoiqu’il veuille rendre la démonstration impossible, il s’y prête. [ De plus, celui qui accorde cela, accorde par la même que quelque chose est vrai sans être démontré, d’où il suit que tout n’est pas, à la fois, ainsi et pas ainsi].


TRADUÇÃO DE AZCARATE - 1947

Ciertos filósofos, como ya hemos dicho, pretendem que una misma cosa puede ser y no ser, y que se pueden concebir simultáneamente los contrarios. Tal es la aserción de la mayor parte de los físicos. Nosotros acabamos de reconocer que es imposible ser y no ser al mismo tiempo, y fundados en esta imposibilidad hemos declarado que nuestro princípio es el principio cierto por excelencia.

También hay filósofos que, dando una muestra de ignorancia, quieren demostrar este principio; porque es ignorancia no saber distinguir lo que tiene necessidad de demostración de lo que no la tiene. Es absolutamente imposible demostrarlo todo, porque seria preciso caminar hasta el infinito; de suerte que no resultaría demostración. Y si hay verdades que no deben demostrarse, digasenos qué princípio, como lo sea el expuesto, se encuentra en semejante caso.

Se puede, sin embargo, asentar, por vía de refutación, esta imposibilidad de los contrarios. Basta que el que niega el principio dé un sentido a sus palabras. Si no le da ninguno, sería ridículo intentar responder a un hombre, que no puede dar razón ninguna. Un hombre semejante, un hombre privado de razón, se parece a una planta. Y combatir por vía de refutación, es en mi opinión una cosa distinta que demostrar. El que demostrase el principio, incurriria, al parecer, en una petición de principio. Pero si se intenta dar otro principio como causa de este de que se trata, entonces habra refutación, pero no demostración.

Para desembarazarse de todas las argucias, no basta pensar o decir que existe o que no existe alguna cosa, porque poderia creerse que esto era una petición de principio, y necesitamos designar un objeto a nosotros mismos y a los demás. Es imprecindible hacerlo así, puesto que de este modo se da un sentido a las palabras, y el hombre para quien no tuviesen sentido, no podría ni entenderse consigo mismo, ni hablar a los demás. Si se concede este punto, entonces habrá demostración, porque habrá algo de detreminado y de fijo. Pero el que demuestra no es la causa de demostración, sino aquel a quien ésta se dirige. Comienza por destruir todo lenguage, y admite en seguida que se puede hablar. Por último, el que concede que las palabras tienen un sentido, concede igualmente que hay algo de verdadero, independiente de toda demostración. De aquí la imposibilidad de los contrarios.

TRADUÇÃO DE YEBRA - 1970

Pero hay algunos que, según dijimos, pretendem, por una parte, que una misma cosa es y no es, y que, por otra parte, lo conciben así. Y usan este lenguage muchos incluso de los que tratan acerca de la Naturaleza. Pero nosotros acabamos de ver que es imposible ser y no ser simultáneamente, y de este modo hemos mostrado que éste es el más firme de todos los principios. Exigen, ciertamente, algunos, por ignorancia, que también esto se demuestre; es ignorancia, en efecto, no conocer de qué cosas se debe buscar demostración y de qué cosas no. Pues es imposible que haya demostración absolutamente de todas las cosas ( ya que se procedería al infinito, de manera que tampoco así habría demostración ); y, si de algunas cosas no se debe buscar demostración, acaso pueden decirnos qué principio la necesita menos que éste?

Pero se puede demostrar por refutación también la imposibilidad de esto, con sólo que diga algo el adversario; y, si no dice nada, es ridículo tratar de discutir con quien no puede decir nada, en cuanto que no puede decirlo; pues ese tal, en cuanto tal, es por ello mismo semejante a una planta. Pero demostrar refutativamente, digo que no es lo mismo que demostrar, porque, al demostrar, parecería pedirse lo que está en el principio; pero, siendo otro el causante de tal cosa, habría refutación y no demostración.

Y el punto de partida para todos los argumentos de esta clase no es exigir que el adversario reconozca que algo es o que no es ( pues esto sin duda podría ser considerado como una petición de principio), sino que significa algo para él mismo y para otro; esto, en efecto, necesariamente ha de reconocerlo si realmente quiere decir algo; pues, si no, este tal no podría razonar no consigo mismo ni con otro. Pero, si concede esto, será posible una demostración, pues ya habrá algo definido. Pero el culpable no será el que demuestra, sino el que se somete a la demostración; pues, al destruir el razonamiento, se somete al razonamiento. Además, el que concede esto ya ha concedido que hay algo verdadero, sin demostración [ por consiguiente no se puede afirmar que todo sea así y no así].



PS.: Há uma tonelada de lógica e de metafísica sob meras diferenças semânticas e estilísticas. Tarefa: faça a análise das diferenças terminológicas e procure construir um mapa das diferenças metafísicas e lógicas daí derivadas.

TEMA GERAL: O PRINCÍPIO DE NÃO CONTRADIÇÃO DE ARISTÓTELES (PNC em Aristóteles)

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